Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Instantâneos - por José do Vale Pinheiro Feitosa

A busca da luz

E primeiro veio a luz. Depois tudo o mais. Qual um espécime do coletivo adicional, vez que posterior, deu-se por buscar o primeiro de tudo. A luz. O século das luzes, a luz divina, a iluminação dos errantes caminhos que se enganam em penumbras e escuridão.

Uma parede perfeitamente caiada. Luminosa aos Watts da eletricidade. E vem da penumbra de galhos, de ventos, de sopros e assobios. Vem a borboleta em busca da luz. Atraída pela luz. Impreterivelmente ao encosto branco da parede. Em sua busca da luz encontra a língua rápida e digestiva da lagartixa de parede.

A posse

Numa baixa do terreno a água mina e forma um poço no qual se banha. Um choro. A água é muda ainda mais pelo canto do vento na folhagem, é o contraponto para os sons do choro dela. Tira as roupas, molha no poço e nua sai até a margem onde as estende ao sol.

E chorando, novamente vestida, vai até uma cerca do outro lado da rua onde sobre um arame farpado espalha todo o seu guarda roupas. E chora. Agitada retorna ao poço e chora. E novamente com outras peças pingando água, chora. Chora.

Acusação

Enquanto o vento do litoral cearense revela o quanto é litoral, do Ceará, as estrelas iluminam e a noite beira mais de vinte e duas horas: ela dorme. Num canto de muro. Um muro qualquer de alguma rua da cidade.

Nas calçadas acusa pessoas por roubo. Não aos transeuntes presentes aos seus gritos acusatórios, mas a alguém especificamente. Uma ou duas pessoas às quais cita os nomes. A cidade inteira com um riso amarelo, esquece os acusados, mas não a acusação.

O Carnaval da Saudade – 2010 - Por Roberto Jamacaru



O anúncio divulgado em dezembro de 2009 de que em fevereiro próximo voltaria ser realizado, nos salões do Crato Tênis Clube, mais um evento do Carnaval da Saudade, foi o suficiente para deixar em estado de alerta os foliões do Cariri, muitos dos quais residentes em Fortaleza, Recife e tantas outras cidades espalhadas por esses Brasil afora.
Às 22h do sábado, dia 06, quase todas as ruas do bairro Pimenta já estavam tomadas de carros sinalizando que, lá dentro, nos salões do CTC, o número de gente seria bem maior... Não deu outra! Numa simples olhadela dava para ver que todas as dependências do velho clube estavam lotadas de piratas, xeiques, pierrôs, colombinas e tantas outras fantasias, típicas dessa folia momina.
Com o toque inicial do tradicional prefixo musical, gritos, assobios e risos incontidos ecoaram salão adentro onde, na base dos passes, cordõzinhos, dedinhos para o céu e arremesso para o alto de confetes e serpentinas, o ambiente transformou-se num verdadeiro quartel da folia. A partir desse momento foram mandados para o espaço as tristezas, a falta de bom humor, as mágoas, as depressões e as vergonhas contidas de pular, cantar e sorrir gratuitamente em nome da alegria e da vida.
A cada música, uma identificação e uma reação:
“Quanto riso, oh! Quanta alegria...!”,... E isso se via estampado nos rostos dos garotões e garotonas maneiras de 15 a 20 anos, assim como também nos “gatões e gatonas” de 30, 40, 50, 60, 70, 80...

“Se você pensa que cachaça é água...!”, ... Não havia exceção! Até eu, que não bebo, tava lá meio meladão!

“Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é?”. ... Convenhamos, sem essa turma, chefiada pelo glamouroso Wellington Cabeleireiro, onde a tradição das plumas, dos paetês, das exuberantes fantasias e das irreverências, que são suas marcas maiores, o carnaval do Crato fica pobre e sem graça. Só que, graças a Deus, todas “elas” estavam lá.

“Bandeira branca, amor, eu peço paz...!”. ... Essa foi a hora mágica da reconciliação onde todos enamorados procuraram se abraçar numa atitude clara de que o amor, no desamor, não vale a pena.

“Aquele lencinho, que você deixou, foi um pedacinho da saudade que ficou...!”. ... Quem nasceu nas décadas de 50, 60 e 70 sabe que as lembrancinhas guardadas de um grande amor às vezes falam mais que mil palavras.

“Oi balancê, balancê... Quero dançar com você...!”. ... De volta os agitos, os gritos, os trenzinhos e mais uma vez todo mundo saiu pulando e cantando se conseguir se segurar.

Lá para as cinco da madrugada, veio a culminância!
O Cotejo da folia, ainda cheio de energias e alegrias, liderado pela banda que não parava de tocar, seguiu rumo à praça Siqueira Campos, no centro da cidade, onde, nesse velho corso, o Crato reviveu a sua velha apoteose.
Nesse logradouro, o som dessa felicidade subiu por entre as folhas de suas velhas palmeiras e fez acordar, lá no céu, os anjos e os foliões cratenses de sempre como Zeba, Juvêncio Mariano, Pedro Maia, Capela, Mestre Azul, Silvinha Pirão, Cândido Figueiredo, Salgado, Ossian Araripe, Hildegardo, Seu Irineu, Zé dos Prazeres, Paulo Frota, Tércio Cabeleireiro, Vicente Ludugero e tantos outros.
“Ai! Ai! Ai, ai... Ta chegando a hora, o dia já vem raiando meu bem e eu tenho que ir embora...!”.

De volta para o futuro, em 2011 teremos mais, muito mais!
Roberto Jamacaru

Carybé


Carybé (1911-1997), nome artístico de Hector Julio Paride Bernabó, pintor figurativo brasileiro de origem argentina, cuja estilização gráfica aproximou-se da abstração.

Nasceu na cidade de Lanús e, após ter vivido na Itália dos 6 meses aos 8 anos de idade, radicou-se no Brasil, inicialmente no Rio de Janeiro, onde estudou na Escola Nacional de Belas Artes.

Baiano de puro sangue

Em 1938, foi para Salvador, fixando-se definitivamente na Bahia a partir de 1950. Sete anos mais tarde, naturalizou-se brasileiro.

Recebeu o apelido de Carybé (nome de um peixe de água doce pelo qual é internacionalmente conhecido) na época em que era escoteiro, porque esse era o nome de sua barraca de acampamento.

Suas obras, tanto pinturas como desenhos, esculturas e talhas, refletem a chamada baianidade, através da representação do cotidiano, do folclore e de suas cenas populares. Em 1955, foi escolhido como o melhor desenhista nacional na III Bienal de São Paulo.

Inspirado pela cultura afro-brasileira, no início da década de 1970 dedicou-se a fazer talhas que focalizavam seus rituais e orixás, em obras como Festa de Nanã, Alá de Oxalá, Ajerê e Pilão de Oxalá.

Em seus desenhos e aquarelas, predominam a cor sépia, como no álbum Sete portas da Bahia. Além desses trabalhos, destacou-se pela criação de murais, hoje expostos em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Montreal, Buenos Aires e Nova York.

Artista multifacetado

Também fez ilustrações de obras literárias, como Macunaíma, de Mário de Andrade, O sumiço da santa, de Jorge Amado.

Exibiu seus trabalhos em mostras coletivas e individuais desde 1940. Entre elas, destacam-se as realizadas no Museu Municipal de Buenos Aires e nas galerias Nordiska, Amalta e Viau, na Argentina; na Galeria Oxumaré, em Salvador; no Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio; e na I Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia.

Freqüentador assíduo dos terreiros de candomblé baianos, embora dissesse não acreditar na vida após a morte, faleceu, no dia 1º de outubro de 1997, no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, depois de sofrer um enfarte.

Fonte: Encarta-BR 2000

Pedrinho Mattar


Pedro Mattar, conhecido como Pedrinho Mattar, (São Paulo, 20 de agosto de 1936 — Santos, 7 de fevereiro de 2007) foi um pianista brasileiro.

Sua família o chamava de Pedrinho por ser o caçula de dez irmãos. Filho de libaneses, começou com o estudo de piano muito cedo, na escola de Magdalena Tagliaferro. Frequentava com seu pai o Restaurante Trianon, casa de chá da avenida Paulista, onde se tocava piano ao vivo. Começou os seus estudos em piano clássico somente em 1962. Tocava em inferninhos (escondido do pai) com o conjunto Os anjos do Inferno, tendo como componente João Gilberto.

Em 1953 já acompanhava os festivais de música realizados na União Cultural Brasil-Estados Unidos, onde estudava. Em 1959 viajou a Las Vegas, acompanhando a cantora Leny Eversong, que, apesar de brasileira, só cantava em inglês. Em 1960 acompanhou o cantor Agostinho dos Santos em turnês pela Argentina e Uruguai.

Presença marcante na música brasileira, frequentava junto com outros músicos o João Sebastião Bar do jornalista Paulo Cotrin, no bairro da Consolação, uma usina de nomes que eram ou seriam destaque no mundo da música, como: Chico Buarque, Elis Regina, Maysa, Claudette Soares, César Camargo Mariano, Taiguara, Marisa Gata Mansa etc.

Viajou por diversas vezes com a cantora Claudette Soares, no eixo Rio-São Paulo. Em 1962 tocou para a cantora Maysa em Portugal e na Espanha. Foi responsável pela produção musical do Programa Bibi Ferreira na televisão. Excursionou pelo Brasil, acompanhado de Luís Carlos Miele e Sandra Bréa - 1976 - Caso Water-Closed e Dzi Croquettes.

Na superboate paulistana Gallery (1982), que reunia boêmios e fãs da boa música, de quem se dizia que poderiam gastar mais de dois salários mínimos numa noite, a imagem do Pedrinho Mattar era a do pianista de smoking, impecável na execução de um repertório internacional.

Era apresentador e solista do programa de televisão Pianíssimo - da Rede Vida, desde 1990.

Uma das canções que mais gostava de tocar era "As Time Goes By do filme Casablanca, música tema da abertura do seu programa Pianíssimo.

Uma de suas irmãs - Mercedes Mattar - pianista é responsável pela organização do Concurso Internacional de Piano, em São Paulo.

Um de seus irmãos, João Augusto Mattar Filho, foi um médico de destaque na área de Terapia Intensiva no Brasil, fundando a AMIB - Associação de Medicina Intensiva Brasileira e a SOPATI - Sociedade Paulista de Terapia Intensiva, do qual foi o primeiro presidente.

O flautista e saxofonista Derico e o pianista Sérgio Sciotti (que com Derico forma o Duo Sciotti) são seus sobrinhos.

O pianista Paulo Mattar é também seu sobrinho.

Pedrinho Mattar e seu pai freqüentavam a confeitaria e Restaurante Trianon, no Belvedere Trianon, local que, no passado, havia sido ponto de encontro de Mário de Andrade e seus amigos modernistas e onde fica atualmente o Museu de Arte de São Paulo - MASP.
Apresentou-se na Casa Branca para o presidente Jimmy Carter e esposa.
Fez uma apresentação para o povo, na escadaria externa do Teatro Municipal de São Paulo.
Em 1993, Pedrinho Mattar morava no edifício Baronesa de Arary, na avenida Paulista esquina com a rua Peixoto Gomide, que tinha sido condenado pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo por falta de segurança e de manutenção da rede elétrica. Pedrinho Mattar, para resgatar seu instrumento, mandou derrubar a parede da sala de visitas que dava para a av. Paulista, descendo o piano com cordas e roldanas. A operação parou, literalmente, a avenida. Mudou-se, então para sua casa no Embaré, Santos.
Pedrinho Mattar desenvolveu relacionamento aberto com músicos de vertentes bastante populates da cultura Brasileira. Gravações recentemente divulgadas apresentaram o pianista interpretando músicas de mestres como Gonzagão, Gonzaga e Gonzaguinha bem como sucessos mais atuais da MPB (É o Tchan, Banda Cheiro de Amor, Carlinhos Brown, dentre outros artistas). Quebra-se assim o mito da erudicidade como principal vertente dos expoentes pianistas Brasileiros contemporâneos. Músicos que dizem-se fãs de Mattar afirmam que as sonoridades e técnicas peculiares do pianista já davam indícios de uma profunda apreciação e estudo das técnicas musicas da MPB.
Pedrinho Mattar foi contratado para criação e execução de centenas de trilhas sonoras para comerciais televisivos de grandes empresas. Curiosamente, destacam-se produções para comerciais de empresas da área de softwares de gestão integrada (ERP, CRM, BI, etc) - principalmente grandes coporações multinacionais do setor.
Pedrinho Mattar mantinha, em seu último apartamento, equipamentos para astronomia amadora. Embora não tenha se dedicado profissionalmente ao estudo dos astros e do espaço, costumava fazê-lo por hobby nos últimos 10 anos. Especula-se que a paixão por este hobby tenha sido parte das influências musicais e mudanças em estilo de composição percebidas no final de sua carreira.
Grupos de aficcionados, que se comunicam através de redes sociais, têm desenvolvido teorias alternativas sobre Pedrinho Mattar. Enquanto alguns o apontam como o principal músico brasileiro e/ou latino americano contemporâneo, outros questionam inclusive as circunstâncias de seus últimos anos de vida. Há alegações de que Mattar teria optado por isolar-se da mídia e da sociedade em seus dois últimos anos de vida e carreira, com o objetivo de criar uma obra prima final. De acordo com esta teoria, esta obra seria revelada apenas 20 anos após seu falecimento, conforme instruções do pianista dadas a seus empresários e descendentes. Funcionários de uma empresa de manutencão de pianos que prestava serviços ao pianista afirmam que a nova e misteriosa obra seria "de sonoridades jamais ouvidas nas criações de nenhum outro pianista". Dividida em quatro longos atos, a obra retrata o cenário social e político do Brasil de forma crítica e é encerrada com a representação musical de uma experiência mística de "contato com o criador", no último ato, chamado de "O Portal".
Pedrinho Mattar morreu de infarto fulminante em Santos(SP) no dia 7 de fevereiro de 2007 aos 70 anos. O corpo foi levado para a capital paulista e enterrado no Cemitério do Araçá. Na época ele apresentava o programa Pianíssimo da Rede Vida de Televisão

Clementina de Jesus



Cantora brasileira
Clementina de Jesus
07/02/1901, Valença (RJ)
19/07/1987, Rio de Janeiro


Durante mais de 20 anos, Clementina trabalhou como lavadeira e passadeira

A vida de Clementina de Jesus tinha tudo para ser igual à de milhões de pobres brasileiros se não fossem a sua insistência em cantar, a sua voz e o destino. Ainda menina, costumava acompanhar a mãe, uma lavadeira que gostava de cantar corimas, jongos, lundus, incelenças e modas, enquanto trabalhava. Foi provavelmente nesta época que aprendeu os cantos de escravos que, anos mais tarde, fariam a sua fama.

Com apenas dez anos, foi morar com a família em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Um vizinho, que sempre escutava a menina Clementina de Jesus cantando dentro de casa, ofereceu para a garota o papel de solista em procissões e festas religiosas. Após a morte do pai, a situação financeira da família ficou muito complicada e Clementina de Jesus não teve outra alternativa a não ser trabalhar como empregada doméstica, lavadeira e passadeira. Durante mais de 20 anos, esta foi a atividade que a sustentou.

Pouco tempo antes de morrer, em um depoimento, Clementina de Jesus disse que todos os integrantes da casa onde trabalhou como empregada doméstica gostavam de ouvi-la cantar, com exceção da proprietária, que dizia que a sua voz era irritante, por parecer um miado de gato. No final dos anos 20, passou a freqüentar blocos de Carnaval que, depois, seriam transformados em escolas-de-samba.Depois de dois casamentos, um deles com Albino Correia da Silva, o Pé Grande, um torcedor fanático da escola de samba da Magueira, o destino bateu à porta de Clementina de Jesus e a empregada doméstica deu lugar a uma cantora que marcou época na música popular brasileira.

Seu canto rouco e quase falado, fora dos padrões estéticos, conquistou a crítica, compositores, artistas e, principalmente, o povo. Um dos retratos do sincretismo brasileiro, Clementina de Jesus estabeleceu uma ponte entre o folclore dos terreiros de candomblé com a linguagem contemporânea. Finalmente, em 1964, quando já contava com 62 anos, a cantora teve a sua grande oportunidade profissional.

O compositor e produtor Hermínio Belo de Carvalho, que já tinha visto Clementina de Jesus se apresentar em bares do Rio de Janeiro, convidou-a para fazer alguns shows. No dia 7 de dezembro do mesmo ano, depois de ouvir um recital clássico (Mozart e Villa-Lobos), o público que lotava o Teatro Jovem, em Botafogo, ficou assustado ao ver entrar no palco uma cantora de voz anasalada, acompanhada por Paulinho da Viola, César Faria e Elton Medeiros.

O sucesso foi imediato, a ponto de Hermínio Belo de Carvalho criar o musical "Rosas de Ouro", que percorreu as principais capitais brasileiras. Chamada de "Tina" ou "Quelé" pelos amigos, Clementina de Jesus gravou mais de 120 músicas e participou de discos de outros artistas, como Milton Nascimento, por exemplo.

O compositor Paulinho da Viola, que teve duas músicas de sua autoria, "Essa Nega Pede Mais" e "Na Linha do Mar" incluídas no disco "Marinheiro Só", um dos maiores sucessos de Clementina de Jesus, contou em diversas entrevistas que a cantora era fascinante. "Tudo o que se fala de Clementina de Jesus não tem a dimensão da presença dela. Ouvi-la cantando, sentada, com o seu vestido de renda, era algo absolutamente fascinante, difícil de transmitir, de traduzir em palavras." Pobre, Clementina de Jesus morreu aos 85 anos, no dia 19 de julho de 1987.

uoleducação

Hector Babenco


conteudo@algosobre.com.br

Publicidade Cineasta brasileiro de origem argentina (7/2/1948-). Autor de filmes que valorizam o ser humano, recebe vários prêmios internacionais. Filho de comerciantes judeus vindos da Polônia e da Federação Russa, nasce em Buenos Aires, onde passa parte da infância.
Aos 8 anos, muda-se com a família para Mar del Plata e, aos 18, deixa a Argentina por se recusar a servir no Exército. Vive durante cinco anos entre a Espanha, a França e a Itália, trabalhando como lavador de pratos, pintor de paredes e figurante.

Proibido de voltar a seu país, muda-se para São Paulo, em 1969. Faz o primeiro filme, O Rei da Noite, em 1975. Seu segundo trabalho, Lúcio Flávio-Passageiro da Agonia, é recordista de bilheteria no Brasil em 1977. Em 1981 dirige Pixote - A Lei do Mais Fraco, considerado o melhor filme estrangeiro do ano pela Associação dos Críticos de Los Angeles e de Nova York, e terceiro melhor filme estrangeiro da década pela Associação Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos, depois de Ran (Akira Kurosawa) e Fanny & Alexander (Ingmar Bergman).

Em 1985 roda em inglês O Beijo da Mulher Aranha, que recebe quatro indicações para o Oscar, inclusive a de melhor filme, e dá a William Hurt o Oscar e a Palma de Ouro do Festival de Cannes de melhor ator. Em 1987 realiza Ironweed, indicado para o Oscar de 1988 nas categorias melhor ator (com Jack Nicholson) e melhor atriz (com Meryl Streep).

Sua obra seguinte é Brincando nos Campos do Senhor. Em 1997, dois anos após sofrer um transplante de medula para combater um câncer no sistema linfático, produz o autobiográfico Coração Iluminado. Vive atualmente em São Paulo.

Charles Dickens



Charles Dickens
07/02/1812, Portsmouth, Inglaterra
09/06/1870, Gadshill, Rochester, Inglaterra

Dickens costumava fazer leituras públicas de suas obras

Charles John Huffam Dickens foi o mais popular dos romancistas da era vitoriana e contribuiu para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa. A fama dos seus romances e contos pode ser comprovada pelo fato de todos os seus livros continuarem a ser editados. Entre os seus maiores clássicos destacam-se "Oliver Twist", "A Christmas Carol" e "David Copperfield".

Dickens era filho de John Dickens e de Elizabeth Barrow. Educado por sua mãe, tomou gosto pelos livros. Durante três anos freqüentou uma escola particular. Contudo o seu pai foi preso por dívidas e, ainda adolescente, Dickens teve que trabalhar em uma fábrica que produzia graxa para sapatos.

Alguns anos depois, a situação financeira da família melhorou, graças a uma herança recebida pelo pai. Mas sua mãe não permitiu que ele saísse logo da fábrica, o que fez com que Dickens não a perdoasse por isso. As más condições de trabalho da classe operária tornar-se-iam um dos temas recorrentes da sua obra.

Em 1827, Dickens começou a trabalhar em um cartório. Apaixonado pela filha de um banqueiro, Maria Beadnell, suportou a desaprovação do romance pelos pais da moça, que acabou se tornando indiferente a ele.

Em 1832 conseguiu um emprego como repórter no jornal "Morning Chronicle". Passou a publicar crônicas humorísticas sob o pseudônimo de Boz, reunidas mais tarde como "Esboços feitos por Boz". Com isso Dickens ganhou espaço no jornal para apresentar os capítulos de "As Aventuras do Sr. Pickwick", que estabeleceu o seu nome como escritor.

A 2 de Abril de 1836 Dickens se casou com Catherine Hogarth., com quem teve dez filhos. Dois anos depois começou a divulgar, em folhetins semanais, "Oliver Twist" onde, pela primeira vez, apontava os males sociais da era vitoriana. O romance era ilustrado por Cruikshank.

Em 1838, Dickens escreveu "Vida e Aventura de Nicholas Nickleby", e, depois, "Loja de Antiguidades" (1840), "Barnaby Rudge" (1841) e "Martin Chuzzlewitt" (1843/44), escrito após uma viagem aos Estados Unidos.

Em 1843, publicou o seu mais famoso livro de Natal, "A Christmas Carol", ao qual se seguiriam outros, como "The Chimes" (1844), que escreveu durante uma viagem a Gênova e "O Grilo da Lareira" (1845). Em 1849 publicou um de seus mais conhecidos romances, "David Copperfield", inspirado em grande parte, na sua própria vida. Aos poucos sua obra se tornou mais crítica em relação às instituições inglesas. Seguem esta linha os seus livros "Assim São Dombey e Filho" (1847), "A Casa Sombria" (1852) e "Tempos Difíceis".

Dickens separou-se da sua mulher em 1858. A causa da separação teria sido a atriz Ellen Ternan, que acompanhou o escritor até ao final dos seus dias, apesar de a união nunca ter sido reconhecida oficialmente.

Dickens escreveu ainda "História de Duas Cidades" (1859), "Grandes Esperanças" (1861) e "Nosso Amigo Comum" (1864). Nos últimos anos de sua vida iniciou o livro "O Mistério de Erwin Drood", mas morreu antes de concluí-lo.


UOLEDUCAÇÃO

Bolo de Batata Doce




Ingredientes
1 kg de batata doce cozida
100 g de margarina
3 ovos
1 xícara de chá de coco ralado fresco (tem que ser fresco)
3 colheres de sopa de açucar
1 lata de leite condensado
1 colher de sopa de fermento em pó

Modo de Preparo
Cozinhar a batata doce e amassar com o garfo
Colocar a manteiga na batata amassada e agregar muito bem
Acrescentar os ovos e continuar mexendo, acrescentar o coco ralado e mexer bem, colocar o leite condensado e mexer até formar uma pasta
Por último, colocar o açúcar e o fermento misturando tudo muito bem
Levar para assar em forma untada e enfarinhada (aro mais ou menos 25 cm)
Servir com uma bola de sorvete de coco

Fritada de Caranguejo



Ingredientes:

500 g de carne de caranguejo
6 ovos
2 cebolas médias
1 tomate
½ pimentão vermelho
2 dentes de alho
4 colheres (sopa) de óleo vegetal
¼ xícara de leite de coco
1 colher (sopa) de farinha de rosca
sal e pimenta-do-reino a gosto
Modo de Preparo:

Pique a cebola, o alho e o pimentão e leve ao fogo em uma frigideira com óleo quente. Se gostar, pode acrescentar um pouco de folhas de coentro. Refogue bem em fogo baixo, e assim que estiver macio, acrescente a carne de caranguejo, aumente o fogo e refogue por 5 minutos, regando com o leite de coco. Misture bem e tempere com sal e pimenta-do-reino, apague o fogo e deixe esfriar. Separe os ovos e bata levemente as gemas em uma tigela com um pouco de sal e pimenta-do-reino. Acrescente o refogado de caranguejo e misture muito bem. Bata as claras em neve e acrescente, misturando delicadamente. Unte levemente um refratário com um pouco de óleo e despeje a mistura. Decore com fatias da cebola restante e fatias de tomate. Salpique com um pouco

ZÉ MARCOLINO - Por Marcos Barreto



ZÉ MARCOLINO – UM POETA ESQUECIDO



Quando juntos lançaram o Baião, em 1946, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira promoveram uma verdadeira revolução na história da música popular brasileira, até então dividida entre o samba-canção e outros ritmos importados. E por um período de quase dez anos o Baião foi a dança da moda, sendo responsável por 80% das execuções nas maiores Rádios do Brasil, além de garantir a Luiz Gonzaga a coroa de Rei do Baião.
Não só o Baião, mas também os outros ritmos que lhe seguiram, tais como o forró, o xote, o xamego e o xaxado, tiveram a mesma aceitação quando lançados por Luiz Gonzaga naquele período fecundo de sua carreira.
Ainda que cientes do indiscutível talento e da invejável musicalidade de seu grande criador Luiz Gonzaga, não podemos deixar de mencionar a participação de grandes parceiros musicais, a exemplo de Humberto Teixeira, Zé Dantas, Hervê Cordovil, Rosil Cavalcanti e Luiz Guimarães, dentre outros, que também deram valiosa contribuição para o engrandecimento da música nordestina em diferentes fases do Baião.
Um outro nome da galeria de importantes parceiros do velho LUA é o paraibano José Marcolino, o “Poeta” como era carinhosamente chamado por seus amigos.
É lamentável que a morte o tenha impedido de prosseguir na sua carreira de poeta e cantador de uma forma tão brutal. Mas, lamentável também é o fato de que quase nenhum órgão da imprensa tenha dado o destaque merecido ao acontecimento, mesmo tratando-se de um poeta da extirpe de José Marcolino, autor de NUMA SALA DE REBOCO, PÁSSARO CARÃO, CACIMBA NOVA, SERROTE AGUDO entre outras canções genuinamente sertanejas
José Marcolino Alves, mais conhecido por Zé Marcolino, era um autêntico sertanejo, tendo nascido na pequena cidade de Sumé, na Paraíba, a 28 de junho de 1930. Depois que saiu de sua terra, morou por alguns anos em Petrolina, para finalmente fixar residência em Serra Talhada(PE), onde viveria até seus últimos dias.
Em maio de 1961, Luiz Gonzaga excursionava pelo Nordeste e, de passagem por Sumé, foi procurado pelo poeta Zé Marcolino, àquela época já grande fã e admirador do rei do baião. Na ocasião, Zé Marcolino mostrou-lhe algumas de suas composições, que deixaram Luiz Gonzaga entusiasmado ao ver em sua poesia a mesma linha melódica de Humberto Teixeira e de Zé Dantas
“......Quando terminou de apresentar todo o seu potencial artístico, Gonzaga riu satisfeito e interrogou com voz brejeira:
- E quantas músicas você vai me dar?
- Quatro, por enquanto.
- Pois agora escute: gostei de você, de suas músicas e de sua voz. Prepare os trens porque daqui a dois meses virei aqui para levá-lo para o Rio de Janeiro. Você é um grande artista e a música nordestina não pode lhe perder.
Como palavra de Rei não volta atrás, dois meses mais tarde, já o caboclo Zé Marcolino cruzava os caminhos nordestinos rumo ao Sul....”.
Em janeiro de 1962, Luiz Gonzaga lançou o seu novo LP, intitulado Ô VEIO MACHO, e junto com ele, o nome do poeta e compositor Zé Marcolino, parceiro em seis das doze músicas contidas neste disco: SERTÃO DE AÇO (xote), PÁSSARO CARÃO (baião), A DANÇA DO NICODEMOS (xote), NO PIANCÓ (xote), MATUTO APERREADO (baião), e SERROTE AGUDO (toada-baião).
No ano seguinte, em seu LP A FESTA DO MILHO, Luiz Gonzaga gravou mais duas músicas de autoria do poeta de Sumé: os baiões PEDIDO A SÃO JOÃO e CABOCLO NORDESTINO.
No ano de 1964, quando gravou o LP A TRISTE PARTIDA, mais quatro músicas de Zé Marcolino foram interpretadas pelo Rei do Baião: CACIMBA NOVA (toada-baião), MARIMBONDO (forró), CANTIGA DE VEM-VEM (baião) e uma de suas mais famosas composições em parceria com Luiz Gonzaga, o xote NUMA SALA DE REBOCO.
Um ano depois, Luiz Gonzaga lançou FOGO SEM FUZIL e QUERO CHÁ, duas polquinhas feitas em parceria com Zé Marcolino e que obtiveram grande aceitação.
Em 1978, uma nova versão da conhecida toada-baião SERROTE AGUDO foi gravada por Luiz Gonzaga. Em 1981 o mesmo ocorreu com CACIMBA NOVA, numa gravação que conta com a participação do próprio Zé Marcolino. Suas últimas parcerias com Luiz Gonzaga ocorreram em PROJETO ASA BRANCA (1983), BOCA DE CAIEIRA e EU E MEU FOLE, todas gravadas em 1986.
Além de Luiz Gonzaga, o seu intérprete mais assíduo, Zé Marcolino teve composições suas gravadas também por Dominguinhos, Quinteto Violado e Trio Nordestino, dentre outros.
Com produção do Quinteto Violado, Zé Marcolino chegou a gravar o disco NUMA SALA DE REBOCO, sem contudo ter obtido a atenção e a divulgação merecidas.
Poeta nordestino de indiscutível valor e de grande autenticidade, Zé Marcolino foi também violeiro e repentista. A sua poesia, que sempre teve o sertão como fonte maior de inspiração, retrata com muita riqueza o universo sertanejo, sua gente e seus hábitos. Suas músicas brejeiras, com temas telúricos e pregações naturalistas, têm o cheiro da terra molhada, da flor da catingueira e do mandacaru. Sua música é o próprio sertão, ora seco e triste, ora verde e alegre. Ouvindo os baiões e as toadas em composições suas ou em parceria com Luiz Gonzaga, somos transportados à nossa terra de origem, ao nosso saudoso e distante pé de serra.
Zé Marcolino foi um poeta que, dono de uma poesia rica e espontânea, soube como poucos, representar o sertão na sua forma mais pura e primitiva. Com o seu desaparecimento num acidente de carro no interior de Pernambuco em setembro de 1987, perdeu Luiz Gonzaga mais um de seus grandes parceiros, e a música nordestina, já tão desfalcada, ficou ainda mais pobre.
Sem Zé Marcolino, ficou mais triste a CANTIGA DE VEM-VEM. O PÁSSARO CARÃO, inconformado, já não canta nem faz adivinhação. E até o CABOCLO NORDESTINO, forte e introvertido, esqueceu o seu jeito rude de ser, para também chorar com saudades do “POETA”.


Marcos Barreto de Melo

Correio Musical

Crônica

Meu filho adora brincar com massinha colorida.
Não é tóxica. Mas gruda nas unhas.
Eu adoro escrever versos.
É tóxico e mancha a alma.
Meu filho fácil fácil gripa.
Tosse, tosse, tosse.
Dou-lhe xarope,
um expectorante gelado.
Enquanto meus pulmões
continuam chorando cinzas.
Meio-dia, domingo,
meu filho foi à missa com a tia.
Eu me ajoelho diante do teclado.
Rezo baixinho o que permite a mente.
De acordo com a vontade dos dedos.
Meu filho acabou de chegar:
"Pai... meu coração está doendo..."
"Playstation ou you tube de jogos?"
"Computador, pai... termina logo esse poema..."
Meu filho está ótimo.
Empurrou-me da cadeira giratória.
Apoderou-se do meu confessionário.

A noite de ontem, no Crato Tênis Clube - Carnaval da Saudade !

Amigos novos e antigos ... Encontros e Reencontros !



Recepção : boas vindas aos foliões !

Uma das fantasias destaque ( Sávio)

Figura !
Quem não viu?
Frevo, samba, e muitas lembranças !

No pátio externo, uma paradinha pra comprar balas...
E as fotos que só ficaram nos nossos olhos e memórias ?
As ausências que usaram personagens para se fazerem presentes?
Abracei Sônia, Roberto e Fanca , outros afetos de mais de 40 anos ... !
E , num clima de alegria , um replay de tantos carnavais passados, lembranças de amores findos , mas bem lembrados !
Conta a história, que João Marni e Fátima Figueiredo, se apaixonaram , numa noite como esta , com perfume de festa !
" Amor de carnaval desaparece na fumaça ?
Saudade é coisa que dá e passa?"
O Carnaval justiica o beijo sem compromisso. Pensei que eles tinham deixado de existir ...Mas continuam soltos no salão, e nos pegam desprevenidos !
Ainda bem ... ! Carnaval sem abraços e beijos é festa perdida !
fotos by Mônica Cabral
texto: Socorro Moreira

Abstrato- por Socorro Moreira

Foto e arte : Caio Marcelo
Entro em contato com as minhas diversas realidades, e contabilizo o passado passivo e o presente ativo. As reservas futuras alcançam os prognósticos naturais , e o imprevisível !
Mesmo assim sinto medo do desconhecido. Medo maior , destarte, das verdades conhecidas, mesmo que sejam administráveis.
Tudo que vai, volta. A gente só enxerga o que foi significante . As voltas na tortuosidade da vida, chegam foscas ou resplandescidas !
Ontem eu revi, vi, revi-me !
O que poderia ter sido e não foi; o que foi e poderia ter sido... E o que nunca foi , eu apenas imagino !
Sai da canseira do entendimento.Estou na plenitude da aceitação... Mas sei que , daqui a pouco a roda da vida indispõe minha paz, e eu preciso dizê-la , que ela não aceite os convites das novas tempestades !


A Volta
- Claude Bloc -

A volta sempre dói. Ficam pra trás os carnavais, os canaviais, a vidinha pacata, a certeza do amor pela terra... O avião vai rolando na pista e o nó na gaganta aperta e engasga. Dá vontade de voltar... Dá vontade de ficar, de gritar e fazer birra. Dá vontade de exorcizar a tristeza teimosa e cruel.


O sorriso fica abafado no peito e vai sumindo da alma. Suspiros sufocam a vontade imensa de chorar.
.
Uma voz avisa pequena turbulência na nave, mas não tem idéia do que se passa com aquela passageira de olhos grudados na paisagem. A serra ainda azula na vista, mas vão ficando para trás as cidades e as terras cariris.

As nuvens brincam, saltitam, mudam de forma e de lugar, mas nessa hora não as vejo lindas nem graciosas. Refletem-se nas lágrimas, na janela e vão simplesmente passando na minha indiferença e ficando também pra trás.

Meus olhos perscrutam o mundo. Vasto mundo. Estou quieta. Meu coração se cala. Fabrica mais um sonho e vai bordando a saudade na paisagem e na distância .


Fecho os olhos. Pela janela apenas o azul. O azul da chapada. O azul do meu Crato. O azul de todos os sonhos bons...
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Claude Bloc
Ensaio - Aquarelando fotos
- por Claude Bloc -






Ensaio a partir de fotos do restaurante "Coisas do Sertão"
by Claude Bloc