Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Histórias da Dona Valda (Maria caixa de pó)- por Socorro Moreira


Ele de Itambé (Pe); ela de Pedra do fogo(PB). Cidades fronteiriças.

A família dela transferiu-se na década de 20 para o Crato. Seu Lima começou uma indústria caseira de vinhos e doces, e assegurou a subsistência da sua prole. Mas naquele tempo a varíola comia de esmola. Quando um adoecia, os outros também caíam doentes.

Chico Nunes, viajante de medicamentos, parou no Crato, e tomou conhecimento de que uma família das suas bandas estava sofrendo horrores, vitimada pela bexiga . Resolveu fazer-lhes uma visitinha para prestar apoio, e conferir, se os conhecia.

Encontrou a filharada deitada no chão, em folhas de bananas. Maria Lima , mesmo coberta de feridas e olhar febril, não escondeu a beleza aos olhos do rapaz. Nas revisitas foi-se apaixonando, e logo a pediu em casamento. Voltou poucos meses depois para a celebração do matrimônio. Pedro Maia, que tinha o melhor ,ou quase único, carro de aluguel da cidade, conduziu a noiva até à Igreja. Disse na ocasião que fora a noiva mais bonita que o Crato já conhecera.

Depois da festa partiram para uma nova vida , numa fazenda de carnaúba, no município de Picos(PI).

Ali, Maria passou 20 anos , sem ver pai, nem mãe. Nos dias de feira, Seu Chico Nunes trazia-lhe de presente, caixinhas de pó, que ela usava sem parcimônia, noite e dia. Por conta disso, ganhou do marido , o apelido de Maria Caixa de Pó !

Do casal nasceram 9 filhos. Á medida que completavam 7 anos saiam pra estudar na cidade. Foi assim com a minha mãe.

Dona Valda lembrou-me hoje, quando a visitei, essas passagens , dando ênfase ao atributo maior de Maria, que salva guardava a sua beleza : a paciência !

Durante todos aqueles anos rogou à Santa Rita, a graça de poder voltar para o convívio dos seus. E antes de morrer, aliás, muito antes, alcançou tal graça.

Hoje a lição me foi repetida : ter paciência ! Qualidade da minha avó, herdada p0r minha mãe, que eu desejo também aproveitar, nos anos que me restam.

'Quem deseja, e espera ...Sempre alcança !"

Diz a minha mãe, justo para mim, sempre tão inquieta, irreverente , impulsiva ,e imediatista !Terei jeito ? Confio na velhice !
* Ofereço este texto ao primo Edmar Lima Cordeiro, colaborador do Cariricaturas, que vive há muitos anos no Paraná. Hoje pelas graças da Internet, mais próximo do nosso convívio !
Maria Caixa de Pó, minha avó materna ,é também a sua tia Bibia.

Aborígene

Pergunte ao homem
posto pra fora do palácio

se já encontrou paz
debaixo da ponte

apesar da lua cheia agora
e das estrelas faiscantes.

Não há alegria.
Meu velho.

E sempre será assim toda noite
esse jeito mesquinho de sofrer
lembrando dos batons dela.

Nesta hora dançam-lhe os lábios
ao encontro daquele rosa.

Ou prefira ela hoje sexta o vermelho
que lhe ferra a fogo a boca.

Coisas da vida – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Que a vida é breve, somente percebemos quando estamos rolando ladeira abaixo na montanha do tempo. Há pouco mais de dez anos, fui com minha primeira irmã, ela não gosta que eu diga “minha irmã mais velha”, pois bem, fomos eu e ela resolver um pequeno problema num órgão público, quando a funcionária que nos atendia perguntou se ela era a minha mãe. Claro que ela não gostou. E eu saí me sentindo novinho em folha.

Mas nada como um dia atrás do outro. Mês passado, essa minha querida irmã esteve aqui hospedada em nossa casa. Veio para uma consulta médica. Então eu a acompanhei até o consultório. Os modernos consultórios médicos têm agora salas com televisão digital, com o volume do som tão baixo, que nos dá uma estranha sensação de surdez. Têm também modernas cafeteiras eletrônicas, que só faltam falar, oferecendo-nos café expresso, café com leite, chocolate, leite maltado e não sei mais quantas delícias, tudo em troca de umas míseras moedinhas que complementam a receita financeira dos médicos.

Aguardávamos o atendimento, sentados lado a lado, quando resolvi inserir alguns centavos na bonita cafeteria em troca de um simples cafezinho expresso. Mal me levantei, um senhor de idade ocupou o meu lugar, sentando-se, portanto ao lado da minha irmã.

Quando terminei meu café, aquele senhor já havia saído e a minha irmã estava com um ar de felicidade estampado no rosto, expresso por um sorriso intenso. Ao sentar-me novamente no lugar que havia sido ocupado pelo cliente idoso, minha irmã, muito contente, me disse: “Aquele senhor tão simpático que sentou aqui, me perguntou se você era meu marido.” Agora quem não gostou nada fui eu, pois sou treze anos mais novo do que a minha irmã. O meu consolo é que estávamos num consultório de um oftalmologista.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Rumores

Não é novidade:
sei que não bato bem do juízo.

Há uma mola, parafuso, pino
fora do encaixe.

Da mesma forma que poesia
não é prerrogativa da natureza.

Ou seja,
pôr do sol,
chuvinha fina,
estrelas.

Encontro poesia com frequência
no meu cotidiano entre objetos
e bichinhos caseiros.

Raramente me debruço
sobre o parapeito da varanda
a suspirar por uma lua cheia.

Meus chinelos marcados
pelo suor dos dedos
a toalha mofada
sobre o cesto de roupa suja
o prato debaixo do pingo da torneira

é tudo uma paisagem poética
tão grandiosa que me causa
falta de ar e falta de apetite.

Sem respirar fica impossível escrever.
Sem comer uma pizza o sujeito não vive.

Então prossigo minha ventura.
Roubando do inanimado alma.
Aplicando serotonina nas paredes.

Traição

Canta um passarinho
na varanda do vizinho.

Nem sempre ouço.
Mas sei que canta.

O passarinho me pede
por telepatia
que lhe salve
da gaiola.

Sou um covarde.
Sorrio para o vizinho
e até lhe agradeço
pelo canto do passarinho.

Deveria mesmo cravar-lhe
uma chave de fenda
no pescoço.

Mas sou um covarde.
Calo-me.

Sequer esboço
olhar de censura.

Chego ao cúmulo
de elogiar os sagrados hinos
que ecoam da sua varanda.

O vizinho se enche de orgulho.
Diz que todos os seus passarinhos
bem tratados com água doce
e farelos pão de mel.

Ouço sua voz de gralha.
Enquanto minha vontade
é lhe esmurrar a cara.
Quebrar-lhe os dentes.

Mas sou um covarde.
Estendo-lhe a mão.
Disfarço.

"até logo, vizinho,
seus passarinhos uma joia..."

Conchambranças

Balduíno , entrado nos anos, arranjou um quebra-galho. Fora casado, pusera no mundo uma récua de filhos que se espalharam pelo Brasil, tangidos pela necessidade. O casamento acabou por decurso de prazo. Ele e a mulher mantiveram-se debaixo do mesmo teto, por mera formalidade. Arrefecidos os ânimos mais exaltados e o fogo que um dia já havia incendiado as caldeiras das entranhas; resolveram, por economia de recursos e de solidão, dividir a mesma casa, a mesma mesa e multiplicar apenas as camas. Comunicavam-se através de uma gama básica de palavras, geralmente monossílabos e dissílabos. Evitavam as interrogativas. A esposa , mais lépida, juntava-se a umas outras tantas colegas da mesma geração: na igreja, no SESC, em atividades físicas no Corpo de Bombeiros. Balduíno, aposentado, carregava o fardo da melhor idade (?) nas rodinhas de praça, nos bares, num joguinho de gamão. Pois, sabe-se lá como, apareceu de chofre aquela novidade de todo inesperada. E bota inesperado nisso!

Os colegas caçoavam : Balduíno, na verdade era um kit de encostados no INSS. Carregava ele mesmo e mais um outro aposentado no meio das pernas. Parece que tudo começou por conta do sonho misterioso. Uma noite, ele sonhou dirigindo uma camionete carregada de jaca. Ele mesmo era o motorista e andava quilômetros e quilômetros de ré. Pela manhã, saiu com aquela imagem pregada como chiclete. Lembrou, então, de fazer uma fezinha no Jogo do Bicho. Procurou uma cambista: D. Imeuda. Explicou-lhe a revelação onírica e ela rápido matou a charada. Camionete carregada de jaca, andando de ré : Jaca-ré ! Balduíno fez a pule : lascou dez reais na milhar e deu jacaré na cabeça . Ficou tão feliz com o prêmio de R$ 20.000,00 que deu R$ 5000,00 para a mestra na dificílima arte de interpretação do sonho.

O acompanhamento do sorteio e os preparativos para recebimento do prêmio fizeram com que D. Imeuda e Balduíno se aproximassem. Sabe-se lá como, rolou um clima. E aí vem um outro fato inesperado. Ela era mais velha do que a esposa do aposentado. No entanto, ainda conservada e fogosa carregava aquele olhar de lince de outrora, escamurçava como veado à aproximação ainda que distante da onça. E mais: Imeuda estava totalmente desimpedida, separara-se do marido há alguns anos e não tinha filhos.

Balduíno começou pelas beiradas como quem come sopa. Aproximou-se ,devagarzinho, como se tomasse chegada pra atirar em passarinho. De repente, desembestou um namorico que percorreu, provando que o amor é cego, todo o alfabeto Braille. Em pouco, mergulharam na mesma cama e a experiência parece ter sido, de lado a lado, prazerosa. Só um pequeno contratempo. Imeuda , apesar dos anos, mostrava-se quentíssima na cama, tinha, no entanto, o hábito de gritar como uma louca na hora do orgasmo. Este costume trouxe para Balduíno enormes dificuldades. Se por um lado aquilo massageava seu machismo, por outro , toda a vizinhança dava notícia das intimidades do casal. Uma vez, no Motel, terminaram por chamar o Ronda do Quarteirão imaginando que se tratasse de um crime passível de enquadrar-se na Lei Maria da Penha. Mesmo quando buscavam lugares mais recônditos para o namoro, como a serra, um matagal distante, terminavam por causar celeuma. Pessoas que passavam, mesmo longe, punham-se a correr imaginando tratar-se de alguma alma penada. Aos poucos, Balduíno começou a ficar cabreiro com os comentários jocosos que iam tomando conta das rodinhas e se foi afastando discretamente de D. Imeuda. A propaganda em demasia, também, acabou por criar várias admiradoras à performance aparentemente imbatível do nosso D. Juan. E ele , na verdade, não estava com essa bola toda: a pelota do velho Balduíno já vazava pelo pito, tinha já uns quatro remendos e andava meio murcha.

Anos depois, Balduíno encontrou-se com o ex-marido de D. Imeuda e ele explicou que suas agruras tinham sido piores que a do amante. Todos o olhavam com olhos de chacota e sussurravam piadinhas pelo canto da boca. A gota d´água, no entanto, tinha sido o apelido que lhe haviam posto : “Tampa de Caixão”. Para um Balduíno incrédulo, ele decodificou a origem do epíteto que pegara como catarro em parede:

--- Você não já viu um velório? Antes do corpo chegar na casa do decujos , os familiares ficam ali pelos cantos chorando baixinho como se tivessem chupando cana : snif... snif... snif.. De repente, chega a funerária com o defunto na urna, aí o povo todo de se agita, num é? Então, tiram a tampa do caixão de repente... E a gritalheira toma de conta do mundo Ai, ai, ai! Oh! Oh!Oh! Ui! Ui!Ui ! . Pois eles diziam que era eu que tirava a tampa do caixão de Imeuda, nas horas das conchambranças...

J. Flávio Vieira

Pérolas dos bastidores... Por Edilma

Ei! Saudade da fonte luminosa do meu avô, dos rodopios da Praça da Sé, do parque Maia com a sua roda gigante nos festejos da Padroeira, dos corações enamorados que o passado levou para longe...

Mas temos o nosso tempo de agora para reencontrar os amigos nos barzinhos em torno da praça, nos restaurantes espalhados pelos bairros, no trem para nos levar ao Juazeiro, o carro vermelho de Socorro Moreira, novinho para dar voltas e nos levar a casa de João Marni e Fátima, Roberto Jamacaru e Fanca sempre hospitaleiros, revelando um pouco de suas vidas numa casa aconchegante com a vista maravilhosa da serra do Araripe verde azul sem igual...

Hoje temos esta maravilha que se chama internet para encontrar os amigos que a vida levou pro futuro. No lugar do velho livro dário fechado a cadeado que escondia nossos escritos, temos um moderno computador note book para revelar as pérolas dos bastidores em versos e prosas e que depois vão virar livro com direito a festa e tudo... Oba!

Vivemos o tempo de agora com as festas no Tênis Club, no lançamento dos livros de memórias, o reencontro dos artistas promovido por Salatiel numa noite sem igual valorizando a cultura. Temos os blogs recheados de noticias mantendo uma conexão intelectual e informativa com a gente do Crato.

Voltamos cheios de prêmios na figura dos filhos amados, médicos, arquitetos, economistas, advogados, publicitários, aviadores,administradores de empresas, professores... que nos enchem de orgulho.

Somos senhores e senhoras respeitados e fizemos valer a educação e formação recebida dos nossos pais e educadores como: Dr. José Newton, Hermógenes, Alderico Damasceno, Dona Ruth, Divane Cabral, Monsenhor Montenegro, Alzir e tantos outros...

Ao pisar no nosso torrão o fazemos com a certeza de termos saído um dia para ser alguém na vida e retornamos vitoriosos , cheios de saúde e reconhecidos pelo nosso povo pela nossa gente.

Ei, Cratinho bom danado !

Lançamento DVD Cariri Cangaço - Lampião no Ceará "Verdades e Mentiras"


Manoel Severo

Pérolas nos bastidores - Jacques (Daniel) Bloc Boris

Jacques é artista plástico em Crato

Relaxa-me ver os meus pensamentos
voarem até outrora
infância,
riscos,
rabiscos,
formas e cores que circulam
como uma roda gigante
ou um pião
defronte do íntimo do meu ser.

A bem da verdade
é como um trem mágico
nos transportando de um lugar
de onde que jamais deveríamos ter saído.

"Lembranças e nada mais"? que nada,
lembranças e muito mais!
lembranças em que voltamos a sorrir,
lembranças que nos fazem ver,
sentir o apogeu da amizade,
lembranças como água
da fonte cristalina e pura,
que lembranças...que amadas lembranças!



Jacques (Daniel) Bloc Boris


Obrigado MANA por me oferecer e fazer essa viagem via eter, que me fez sorrir e chorar de saudades...

( A propósito do texto "Pé de Baraúna" - por Claude Bloc)

Viver e dialogar - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Não conheço outra forma de melhorar o debate que não seja debatendo, inclusive a qualidade do mesmo. Antes que me entendam mal, o que não conheço não quer dizer que não existe, diz apenas que não conheço.

Outra questão é sobre a necessidade do debate. Ele é central, a contradição das idéias, das visões de mundo, a contraposição dos elementos e assim por diante. Inclusive é preciso que não se extraia daí a idéia de paz, pois o debate é movimento de contradição. Que é mais virtuoso quando consegue construir uma “realidade” que represente todas as contradições.

Seja qual tenha sido a interpretação filosófica, o confronto nas contradições guarda a idéia de superação dele e a síntese ou dinâmica dialógica das contradições. Então, em que pese ser doloroso, o embate entre idéias, o que significa pessoas, ele é inerente à dinâmica social e política.
Quando o Salatiel e o Rafael promovem o encantamento do cariri, não apenas fazem uma síntese pacífica da nossa realidade. Muitos não serão lembrados, alguns lembrados não serão bem vistos, assim como a própria Rádio Educadora do Programa Cariri Encantado pode ser questionada por não ter cumprido esta ou aquela promessa.

Algo bem pacífico como o Programa do Zé Nilton, escolhendo um grande compositor brasileiro e desenvolvendo um argumento que explicita estética e história da MPB já trás em si uma abordagem do tema. É exatamente na realização do programa, quando o ouvinte o escuta, que o processo se sintetiza, com todos os contraditórios que existem.

Quando o pianista Dihelson Mendonça executa sua obra musical, o Pachelly expõe suas fotografias, a Socorro faz um poema, a Claude um texto, a Edilma a Stela e todos nós postamos estamos num ponto ao mesmo tempo pacífico e exposto. Nisso estamos fazendo o que é necessário e contribuindo para uma dinâmica maior.

Agora não existe como superar o primarismo, a infantilidade, a grosseria ou outra prática qualquer que não seja apenas pelo exercício da exposição como ponto pacífico. Apenas ela nos ensinará a clamar por normas e práticas éticas para que tudo flua com maior liberdade e clareza.
Apenas posso superar a minha própria vaidade se expô-la aos outros e estes a colocarem na margem em que a própria se excede. Apenas posso entender a fragilidade das minhas idéias se as anunciar. Não existe como superar dificuldades no mundo sem as outras pessoas. Por isso prezo tanto estes blogs daqui.

Sávio que besteira é esta de ir embora? - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Sávio,
O Dihelson merece toda minha consideração e isso já explicitei várias vezes, é um empreendedor, luta com afinco pelo seus empreendimentos e trabalha muito. Não vou responder à mágoa dele, pois isso é um processo interno dele e qualquer resposta no mesmo tom só piora a mágoa.

Agora de você eu, sinceramente e sem gratuidade espero mais. Acho que lhe falta equilíbrio ao achar que tenho algo contra você, pois não foi esta a minha prática em relação a você, especialmente com sua poesia e seus temas. Quando você publica a sua tendência é de fato liberal e de direita, até, talvez, pela obrigação de estar estudando e lendo e a depender do que estuda. Do mesmo modo a minha tendência todo mundo reconhece e não me sinto reduzido por isso.

Agora pondero algumas coisas:

a) se você me rduz e um mero especulador que o faz por prazer, então porque me responde e até se diminui com esta idéia pequena de deixar de postar. Não fiz censura a você, apenas li o seu texto, li a suas fontes e li ainda mais para escrever o que escrevi. Não ataquei suas idéias com prazer, pelo contrário comemorei alguém que posta assuntos diferentes porque estimulam os outros a pensar e a dialogar com isso.

b) Há um centro argumentativo naquela fonte que você pesquisou que se encontra no blog do Olavo de Carvalho e que se trata dos "pensamentos da moda" e daquela suposta exposição da falha intelectual do Caio Prado Júnior, exatamente ele um pensador marxista. Ora pegar um evento em que o orador seguinte rebate com brilho o que lhe antecedeu, sem citar o que sucedeu, inclusive se o Prado respondeu a alguma coisa, é meramente expor o Prado. Foi isso o que disse e que estava na tua postagem. Além do mais, acrescentei, perguntando qual era a real importância de toda análise que o Caio Prado tinha feito do material histórico brasileiro?

c) Quero ser ensinado e não ensinar. Acho que você ao postar estas coisa ajuda ao ensino, ao contrário do que possa ter sentido. Quando no final do meu comentário pedi para examinarmos os dez pontos da decadialética apenas testei se você topava manter o debate. Isso, inclusive, para quem escreve uma tese de mestrado, não deixa de ser um exercício, até porque haverá uma banca acadêmica com a qual dialogará.

Volto à carona que o Dihelson pegou em você só porque está com raiva de mim. Vamos nos tratar com respeito e isso é preciso esclarecer o que é. O maior respeito que posso ter por você é lê-lo e não ignorá-lo. Como não o ignoro, falo com você, mas não faça seleção de todos os comentários que faço. Seja honesto com você mesmo, até porque tem valor e não deve cair nesta asneira de se achar pronto e acabado. Nem eu e nem você estamos, apesar do lapso de vida entre as nossas idades. Nunca fuja de um debate, releia o que escrevi no meu comentário e queira ter mais firmeza de afirmar o que pensa. Não caia nesta besteira de gênio e caráter que o Dihelson citou, isso não diz nada, nem a genialidade para "vender" imagem e nem o "caráter" para galgar posições. Acho que estamos em algo um pouco mais complexo e por isso mais estimulante.

O Cantor das mil e uma fãs- por Norma Hauer


Ele nasceu no dia 28 de maio de 1913, no bairro do Rocha, aqui no Rio de Janeiro. Seu nome:CIRO MONTEIRO.

Falarei pouco sobre ele, citando assuntos que, penso, representaram mais sua vida artística.

Exemplo: Foi o primeiro a gravar o samba "Beija-me", de Roberto Martins e Mário Rossi, em 1943. Samba hoje mais uma vez fazendo sucesso na voz de Zeca Pagodinho.

Foi também o primeiro a gravar "Se Acaso Você Chegasse", de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, que abriu a porta tanto para o Ciro, como para o Lupicínio.

Foi este samba que projetou o nome do compositor gaúcho. Isso em 1937. Nessa época, Ciro Monteiro já despontava no programa "Picolino", de Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga.
No início de 1949 Ciro transferiu-se para a Rádio Nacional, com a então sua esposa, que também atuava na Mayrink, Odete Amaral.

Nesse ano a Mayrink sofreu o então maior golpe em sua existência. Quase todos seus "cartazes" a deixaram.

O samba "O Bonde de São Januário", de Ataúlfo Alves e Wilson Batista, além de fazer apologia ao bonde, elogiava o trabalhador. Imposição da censura da época. A letra original dizia que o "bonde São Januário, leva mais um grande otário, sou eu que vou trabalhar." O DIP não permitiu e Ataúlfo substituiu para "o bonde São Januário, leva mais um operário, sou eu que vou trabalhar".

Mas o "povão" fez outra letra:"o bonde São Januário leva mais um grande otário p'ra ver o Vasco apanhar".

A figura de "Seu Oscar", um estivador, também marcou o repertório de Ciro Monteiro , que, "chegando cansado do trabalho, logo a vizinha lhe falou que sua mulher tinha ido embora, deixando um bilhete que dizia"não posso mais, eu quero viver na orgia".

Também Geraldo Pereira marcou o repertório de Ciro Monteiro, que foi o primeiro a gravar "Escurinho".

Como compositor, seu maior sucesso foi "Madame Fulana de Tal".
Até Luiz Gonzaga, o "rei do baião" fez um samba para Ciro Monteiro:"Meu Pandeiro".
Em 1965 apresentou-se na TV Record, em São Paulo, com o "show" Bossaudade"

Em 1965 apresentou-se na TV Record, em São Paulo, com o "show" Bossaudade".

Nesse mesmo ano, com Dilermando Pinheiro, ainda em São Paulo, apresentou o espetáculo “Telecoteco-opus 1” , da autoria de Sérgio Cabral. E com Eliseth Cardoso gravou um LP de nome “A Bossa Eterna de Eliseth e Ciro”.
E vários outros LPs na Odeon, um deles com Jorge Veiga.

Ciro Monteiro faleceu em 13 de julho de 1973, aqui no Rio de Janeiro, aos 60 anos.

No ano em que faria 90 anos (2003) vários cantores o homenagearam no Teatro Sesi.

Nota: Por mais que quisesse, era difícil falar pouco sobre alguém que muito marcou sua passagem por nossa música. Ele era o "cantor das mil e uma fãs",como o denominou César Ladeira.
Norma

Sistema Financeiro precisa mudar- por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes



O Sistema Financeiro no Brasil foi criado em 1964, quando o País era governado pelo General Castelo Branco. Na época, as autoridades não tinham a menor preocupação com a cidadania e o direito do consumidor não existia como Lei. O principal pressuposto para sua criação foi a segurança dos bancos, tornando-os aptos a acumular recursos, financiar os segmentos de interesse do governo, e, obviamente, gerar lucros. Neste contexto, nasceu o Banco Central, com a missão de autorizar o funcionamento das instituições financeiras e supervisionar suas atividades.
É inegável que o sistema foi bem sucedido. O Brasil conta com sólida rede bancária, altamente eficiente, gerando lucros elevadíssimos. O Banco Central brasileiro é referência no mundo e modelo para os demais.
A questão que se levanta é: tratando-se de concessão pública, o sistema financeiro atende aos interesses da coletividade?
De acordo com a opinião dos funcionários do Banco Central do Brasil, reunidos em Assembléia Nacional Deliberativa, a resposta é não.
O principal objetivo dos Bancos é a obtenção de lucros cada vez maiores, por meio de tarifas abusivas e pagamento de rendimentos reduzidos a quem aplica enquanto cobram juros altos de quem necessita recursos para investir em seu negócio ou comprar produtos a prazo.
Segundo levantamentos do Banco Central, existem mais de 40 milhões de brasileiros na faixa economicamente ativa sem contas bancárias. Mais de 1.300 municípios não contam com agências bancárias. Milhares de brasileiros são obrigados a se deslocar para cidades distantes para receber suas aposentadorias e pensões. Constata-se também que, enquanto a economia cresce, a população aumenta e os negócios se expandem, os Bancos reduzem a quantidade de agências.
O problema é que a Lei 4.595, de 31.03.64, que criou o Banco Central, não lhe deu poderes para estabelecer mecanismos que fizesse o sistema financeiro funcionar visando os interesses da maioria da população nem lhe permite interferir no relacionamento entre Bancos e clientes, evitando abusos.
Conforme a Constituição Federal, artigo 192, “o sistema financeiro nacional deve ser estruturado para promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade”, metas distantes dos objetivos dos bancos.
Tentando chamar a atenção para defasagem da legislação, o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC lançou o projeto 192, visando atualizar a matéria, criando o Sistema Financeiro Cidadão.
Quem quiser se aprofundar no assunto pode consultar o site:
http://www.sinal.org.br/artigo192/
Por Joaquim Pinheiro

"A palavra depois de escrita é de quem dela precisa ..." - Colaboração de Zélia Moreira

"...Nossa vida vale pelo olhar que é posto nela. Os olhares de juiz nos enchem de culpa. Há olhares benevolentes, misericordiosos e ao mesmo tempo, justos. Precisamos desses olhares porque todos nós temos necessidade de verdade e de sermos amados. Por vezes, os olhares que encontramos são muito amorosos, muito doces, mas falta a eles a exigência desta verdade. Outras vezes, os olhares que se colocam sobre nós são plenos de verdade e justiça, mas falta a eles a misericórdia e o amor.
Há um olhar integral do qual temos necessidade a fim de nos vermos tal e qual somos. Porque a verdade sem amor é inquisição e o amor sem verdade é permissividade.
Estas são reflexões gerais e cada um pode entrar em particularidades que lhes são próprias, sentindo se existe em sua vida alguém que pode suportar sua sombra sem julga-la, apesar de não se mostrar complacente com ela. Creio que todos nós temos a necessidade, pelo menos uma vez em nossas vidas, de um tal olhar pousado sobre nós. Nesse momento não teremos mais necessidade de mentir, de nos iludirmos, de usarmos máscaras. Podemos mostrar nossa verdadeira face, nosso verdadeiro corpo, com seus desejos e seus medos. Podemos mostrar nossa verdadeira inteligência com seus conhecimentos e suas ignorâncias. Mostrar-se com o coração verdadeiro, capaz de muita ternura e também capaz de dureza e indiferença. Mostrar-se como não-perfeito, mas aperfeiçoavel. Sob este olhar nossa vida pode crescer.
Porque o olhar que nos julga e nos aprisiona em uma imagem faz-no ficar parados, enquanto que o outro olhar nos impulsiona a dar um passo adiante desta imagem que os outros têm de nós. (p.100) "
um texto do Livro de Jean -Yves Leloup

Velho Piano - Dori Caymmi ( Para Claude Bloc )



Ah! O amor muda tanto
Parece que o encanto
o cotidiano desfaz
Feito um verso jogado num canto
De um velho piano
Que não toca mais

E ele estende seu manto
Feito um soberano
E vem como um santo
Mas parte profano
Parece um cigano
Não volta jamais

Ah! O amor causa espanto
O amor é o engano que traz
Desengano por trás
E no entanto
Todo ser humano
Por ele faz plano demais
Erra demais

Ai, é o amor, barco tonto
Num vasto oceano
De riso e de pranto
De gozo e de dano
E como é mundano
Não pára no cais
E quando quer paz
É tarde demais

Batuque é um privilégio. Ninguém aprende samba no colégio - Noel Rosa


Feitio de oração
Composição: Noel Rosa e Vadico

"Quem acha vive se perdendo
Por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel desta saudade
Que, por infelicidade,
Meu pobre peito invade

Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia

Por isso agora lá na Penha
Vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feito de oração

O samba na realidade não vem do morro
Nem lá da cidade
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce do coração."

Desmanchando Uma Mentira - Por: Dihelson Mendonça


Ou como diz o Sávio - ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS - II

O Senhor José do Vale escreveu, com o alvoroço que lhe é característico de querer julgar-se acima dos mortais como crítico sobre qualquer coisa, sobre o Blog do Crato que:

"Anoiteceu e não amanheceu uma postagem do Zé Flávio que não passava do que já era conhecida na grande imprensa, uma matéria do Le Monde."

É uma deslavada MENTIRA que eu enquanto administrador teria apagado tal artigo por contrariar aquilo que acredito ou que tenha "batido o martelo" sobre a postagem. A bem da verdade, o referido artigo do Zé Flávio jamais foi apagado por mim. Ele deve estar na segunda ou terceira página a essa altura. E em cima desse argumento falso, o Zé do Vale construiu todo um artigo falacioso em nome da chamada "liberdade" entre aspas de opinião em que não observa a possibilidade do caos em uma sociedade sem leis e sem órdem. É bom que se fale sempre a verdade das coisas. É sempre bom ter certeza de tudo antes de atacar alguém e escrever bobagens. Só pude ver essas postagens maldosas hoje, pois tive algum tempo para ler os outros Blogs do Cariri.

Quanto à decisão tomada por mim enquanto administrador do Blog do Crato de baixar uma resolução proibindo a veiculação de PROPAGANDA POLÍTICA VELADA e ANTECIPADA, disfarçada de comemorações, ostentações de partidos, etc, foi simplesmente para se tentar evitar ao máximo problemas na Justiça com propaganda eleitoral antecipada ( que já tivemos no passado ) e a preservação das amizades. Temos tido no Blog do Crato inúmeras brigas por causa de politicagem com p minúsculo oriundas de pessoas que antes eram bastante amigas. Quantas amizades já não foram desfeitas por causa disso! Todos os esforços e pedidos no sentido de reduzir esse tipo de postagem e as consequentes confusões ( em que alguns falaram em procurar a justiça ) foram feitas. Não conseguimos bons resultados. A única solução que me restou agora para que pudéssemos gozar de alguma PAZ no Blog foi proibir durante o período eleitoral aquele tipo de matéria, sendo permitida a livre expressão nos comentários. Mas as injúrias, as calúnias e as difamações continuam sendo proibidas e desestimuladas. Nunca prometi que o Blog do Crato seria um Mar de Rosas. Prometi que faria o possível para tornar o lugar o ponto de encontro do Crato na Internet, e minha mediação visa a promoção da Cidade no Brasil e no Mundo. E isso temos conseguido a duras penas, muito trabalho, muito esforço para atingir o equilíbrio.

Portanto, se chegamos a esse ponto de termos que proibir a veiculação de matérias eleitoreiras, há que considerar-se primeiramente todo um passado de muita confusão, de brigas, maldades e malícias. Causa-me ESPANTO e ASCO quando alguém que não reconhece o nosso trabalho, que não vê o quanto temos feito pela cidade parte para considerações totalmente mentirosas e grotescas. São 04:23 agora. Não dormi ainda, arrumando as matérias de hoje, que sei que muitos irão ler, e faço isso com toda a certeza de que estou fazendo um serviço para esta cidade que tanto amo e que na realidade, merece esse esforço.

“A alma não tem segredo que o comportamento pessoal não revele” – Lao Tse

Dihelson Mendonça

ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS

Há alguns pontos sobre o que faço e escrevo que o senhor José do Vale desconhece e que gosta prazerosamente de especular. Pela educação que tive em casa, sob a tutela do meu avô, senhor Raimundo Alberto Nunes e por meio do meu irmão, aprendi que: Se você não se dá nem ao trabalho de levantar todas as fontes sobre algo que você afirma ou nega... Por qual motivo você acha que deve ser ouvido? Ignorar sobre o que se fala ou acusa já seria o bastante para ficar num limbo ouvindo a própria voz. Se estou me dando ao trabalho de responder é pelo motivo de que algum leitor desatento possa se deparar com a afirmativa injuriosa que o senhor me faz tentando me reduzir a uma caricatura do senhor Olavo de Carvalho. A acusação primária se reduz a mesma lógica: todos os patos são bípedes, todos os galos são bípedes, todos os galos são patos. Uma afirmativa baseada numa lógica formal, mas, uma lógica formal nem sempre é verdadeira. Infelizmente. A mesma se interessa apenas pelas características aparentes das idéias e não verifica, não pesquisa, não observa a verdade para tirar suas conclusões apressadas. Outra acusação que me faz é que eu seja “direitista”, ficando sua simples afirmação mais uma vez no prazer das aparências. Gostaria de ver postado no blog de modo tão claro como foi postado algum documento que prove que sou de partido X ou Y, ou melhor, gostaria que postassem onde sou vetado pela constituição de poder escolher qualquer partido e/ou expressar qualquer crença que seja. Tenta-se inutilmente colocar-me dentro de um padrão facilmente reconhecido, ou uma camisa de força de argumentações que partem de um ponto falso e prossegue sem lógica do começo ao fim da afirmação. Quem quer que discuta algo em tais termos está dentro de uma gaiola, onde o que quer que diga será entendido de modo errado. Nestes termos eu não dou um “bom dia”.Sobre o que postei do Mário Ferreira dos Santos não é nada mais do que o desejo de expressar a obra de uma pessoa que tem autenticidade bem além das aparências. Tenho contato com a obra do Mário, pois o contraste de algumas de suas obras mais a escola de economia austríaca e as bases filosóficas da geografia serão tema do projeto de minha tese de mestrado, que, caso não seja feito este ano será no próximo. As referidas obras serão: “A origem dos grandes erros filosóficos”, “Filosofia da Crise” e “Análise de Temas Sociais” associadas com as obras do Allam Bloom, “O Declínio da cultura ocidental” e as obras que estão sendo por mim adquiridas ainda como: “ A tradição intelectual do ocidente” de J. Bronowski e Bruce Mazlisch, “Ciência Moderna y Sabiduría Tradicional” Titus Burckhardt, mais as algumas dos economistas austríacos. O contato com a obra do referido filósofo pode ser adquirida por outros tantos meios que reduzir a propagação do Olavo (que pelo que sei não tem espaço algum na mídia, editoras ou jornais) é querer reduzir o universo num átomo. A e-realizações, blogs, um site do próprio Mário mantido por seus familiares e alunos notáveis como Maurício Tragtenberg. A propósito, foi ao fazer um trabalho de pedagogia onde se referia a obra “Burocracia e Ideologia” que tive contato com a obra do Mário e só assim retomei os estudos da filosofia do Mário. Não vejo que mal lhe fiz senhor José para sempre ter o privilégio de ter um comentário maldoso, pequeno, sem propósito algum que não seja o de tentar me reduzir de qualquer modo a uma caricatura do que imagina e que desconhece do começo ao fim. Espero tão somente que não seja por meio de minhas postagens que o CaririCaturas se transforme também numa praça de guerra. Se for para ler certas acusações falsas e sem propósitos é só falar que eu saio na mesma velocidade que entrei.