Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Coisas da vida – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Que a vida é breve, somente percebemos quando estamos rolando ladeira abaixo na montanha do tempo. Há pouco mais de dez anos, fui com minha primeira irmã, ela não gosta que eu diga “minha irmã mais velha”, pois bem, fomos eu e ela resolver um pequeno problema num órgão público, quando a funcionária que nos atendia perguntou se ela era a minha mãe. Claro que ela não gostou. E eu saí me sentindo novinho em folha.

Mas nada como um dia atrás do outro. Mês passado, essa minha querida irmã esteve aqui hospedada em nossa casa. Veio para uma consulta médica. Então eu a acompanhei até o consultório. Os modernos consultórios médicos têm agora salas com televisão digital, com o volume do som tão baixo, que nos dá uma estranha sensação de surdez. Têm também modernas cafeteiras eletrônicas, que só faltam falar, oferecendo-nos café expresso, café com leite, chocolate, leite maltado e não sei mais quantas delícias, tudo em troca de umas míseras moedinhas que complementam a receita financeira dos médicos.

Aguardávamos o atendimento, sentados lado a lado, quando resolvi inserir alguns centavos na bonita cafeteria em troca de um simples cafezinho expresso. Mal me levantei, um senhor de idade ocupou o meu lugar, sentando-se, portanto ao lado da minha irmã.

Quando terminei meu café, aquele senhor já havia saído e a minha irmã estava com um ar de felicidade estampado no rosto, expresso por um sorriso intenso. Ao sentar-me novamente no lugar que havia sido ocupado pelo cliente idoso, minha irmã, muito contente, me disse: “Aquele senhor tão simpático que sentou aqui, me perguntou se você era meu marido.” Agora quem não gostou nada fui eu, pois sou treze anos mais novo do que a minha irmã. O meu consolo é que estávamos num consultório de um oftalmologista.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

13 comentários:

Domingos Barroso disse...

Cara, deixa-me te dar um abraço
pela naturalidade, leveza, sagacidade do teu escrito.

Imagino teu sorriso
ao concluir a última linha.

Abraço.

Zé NIlton disse...

Excelente esta crônica de Dr. Carlos. Sinceramente, nem Fernando Sabino escreveu tão bonito.

Claude Bloc disse...

Eita, Carlos Eduardo!!!!

A primeira parte da história eu conhecia, pois você me contou quando fui na sua casa, mas a segunda parte foi hilária... Um verdadeira contraproposta do destino.

Abraço,

Claude

socorro moreira disse...

Beleza, Carlos !

Aloísio disse...

Carlos,
Seus textos são bastantes engraçados,mas se console, tem tantas mulheres hoje em dia casando com homens mais novos que elas!

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caros Amigos: Domingos Barroso, Zé Nilton, Claude Bloc, Socorro Moreira e Aloísio.

Puxa! Vocês me deixaram nas nuvens! Não esperava tamanha manifestção de pessoas tão estraordinárias como vocês, para um texto tão simples e alinhavado na hora, mais por falta de assunto. Fiquei cheio de corda, mas tenho certeza que nada mais foi do que a enorme generosidade de todos. Um grande abraço para cada um.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Gente, desculpem os dedos do "velhote" aqui, que quando foi digitar, sem se dar conta trocou o X pelo S na palavra "extraordinárias". São letras uma filinha abaixono teclado!

Daniel Boris (Jacques) disse...

Caro Carlos Esmeraldo,agradou a todos nós que estamos fazendo estes comentários,mas também a muita gente que leu esse seu depoimento. Para você ver,isso prova que as coisas mais simples da vida são mais gostosas,agora....!Eu não queria esta na sua pele quando sua irmã ler (risos).Parabéns e um forte abraço.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Prezado Danaiel Boris

Partindo de um grande artista plástico, como você é, só podemos ficar orgulhosos com palavras tão incentivadoras. Muito obrigado pela gentileza. Quanto a minha primeira irmã, espero que ninguém vá contar a ela. Confio que ela não tomará conhecimento, pois não tem computador. O perigo é para algumas coisas que desejamos manter em sigilo, não falta quem conte. Em todo caso estou preparado.
Um abraço.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Jacques e Eduardo: mas que coroa mais malandro. Foi até ao lado da irmã do Eduardo não com uma dúvida etária. A dúvida era outra: queria saber se a "gata" estava compromissada ou não. Acontece isso mesmo: quando o tempo estica, a relativade do mesmo o faz igual. Quando a velhice estava acima dos 30 anos, imaginem que histórias o Carlos iria contar. Hoje quando os tempos estão no velocímetros dos 85 anos e mais, tudo o mais se alongou. Calma pessoal ainda tem tempo para o tempo.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Zé do Vale

Pois não é que eu pensei a mesma coisa que você? Acho que o camarada ficou com medo do irmão.
Abraços

Daniel Boris (Jacques) disse...

Meus amigos, Carlos e Zé do Vale,o melhor dessa crônica não é o fim da história,mas sim os nossos sorrisos! A minha alegria e gostosura de ler e ter vocês,com esses contos,prosas,crônicas e versos maravilhosos.Mais uma vez,ou centenas de vezes que for,obrigado pelas delícias.Mais vou revelar uma coisa para vocês,Carlos você teve foi sorte,se fosse eu com a minha irmã Claude,que o tempo foi generoso com ela, e comigo não,apesar que sou um pouco mais novo,o camarada ia perguntar se eu era o pai dela.Só tem uma solução,ou nós não saimos mais com elas,ou não saimos de perto delas (risos). Abraços para ambos

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Jackes

Essa minha irmã também é muito conservada. Além de diabética, é safenada e já fez n cirurgias, do olho ao dedão do pé e ningúém diz que ela sofre todos esses males.
Abraços