Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 26 de maio de 2011

ENCONTRO COM AMIGOS


Dr. Humberto Macário e Edilma
Sem palavras...

Veto ao kit contra a homofobia se baseou numa armação? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Como tomamos conhecimento de uma informação diz muito como a informação é trabalhada. Em outras palavras, toda informação tem um trabalho que lhe dar um sentido. Um interesse por trás da informação e por isso mesmo, na rede de informações em que se transformou a cultura vigente, não é muito bom fundir informação com verdade de modo a priori.

Ontem estava almoçando no centro do Rio com um grupo de advogados, intelectuais e médicos quando surgiu a história do “Kit-gay” que se estaria implantando nas escolas. O “informante” narrava um vídeo em que duas crianças do sexo masculino se encontravam num banheiro e uma delas ao olhar o pênis do outro entraria num debate sobre as opções sexuais que poderia, livremente, ter na vida.

No modo como se apresentaria o vídeo, seria um estímulo à homossexualidade. Isso como instrumento de governo é grave, uma vez que a solução ocorre na cultura e não no proselitismo de um comportamento ou outro. Aliás, a solução do vídeo, se verdadeira, estaria na própria contramão da luta contra a homofobia, pois não apresentaria nenhuma fobia, mas apenas uma mera questão de opção sexual. Daí que o governo poderia fazer vídeos apenas reforçando a heterossexualidade. Faltaria equilíbrio político numa proposta como apresentada pelo “informante”.

Como não conhecia o vídeo e estava escaldado com a história do tal livro que ensinaria nas escolas a falar errado, afinal fui ler um PDF do tal livro para concluir pela falsidade da mídia, perguntei ao “informante”: você viu o vídeo? Ele me respondeu que não e lhe disse que tivesse cuidado, pois havia muita manipulação na internet e entre as pessoas.

Cheguei em casa e ao abrir a televisão a Presidenta Dilma Roussef, tendo como porta voz o Gilberto Carvalho, secretário da Presidência, mas muito ligado à Igreja Católica, havia vetado o tal kit do MEC, agora explicado como contra a homofobia. Aí eu me perguntei: o “informante” teria razões implícitas?

Qual o quê? Tudo leva a crer que a presidenta foi enrolada numa grande armação vinda de grupos evangélicos e tendo como líder o ex-governador Anthony Garotinho. Eles levaram à presidenta um kit que seria do Ministério da Saúde, voltado para programas de adultos e outros para Agentes de Saúde que têm de trabalhar com conhecimentos mais específicos. Uma armação de má fé que não conduz senão às trevas na evolução histórica da humanidade.

É bem verdade que este grupo tão logo saiu da audiência com a Presidenta aproveitou para deixá-la em saia justa. Insinuaram que fora uma troca em não abrir investigação contra Palocci. Se isso não dá nenhuma lição de ética ao grupo de Garotinho, mas demonstra que eles querem sangrar a Presidenta sujeitando-a, publicamente, a uma suposta aceitação de chantagem.

Independente de qual opinião cada um tenha sobre este assunto, no mínimo deve ter a consciência que não se evolui com práticas iguais a esta.

O êxito como valor de vida - José do Vale Pinheiro Feitosa

O mundo está preso em um sistema de valores que coloca o êxito acima de todas as virtudes. Ele é uma fonte de virtudes. Em troca, condena o fracasso. Perder é o único pecado para o qual, no mundo de hoje, não há redenção. Estamos condenados a ganhar ou ganhar. Os dois homens mais justos da história da humanidade, Sócrates e Jesus, morreram condenados pela Justiça. Os mais justos foram condenados pela Justiça. E nos deixaram coisas muito importantes como amor e coragem”. Eduardo Galeano numa entrevista à Televisão da Catalunha sobre o movimento dos jovens espanhóis.

A cultura do êxito. Que não é exatamente a de superar a fome e conquistar as necessidades básicas. O êxito é ter total identidade com o mundo produtor de mercadoria, com base na acumulação desmedida de dinheiro e na exploração dos “fracassados”.

O êxito é o pódio do consumismo muito além da individualidade física. É como aquele complexo de centopéia que havia em Imelda Marcos, esposa de um ex-ditador das Filipinas, que tinha milhares de sapatos.

O êxito é passar a perna em todos que estiverem à frente, ao lado ou atrás do exitoso. É atingir a glória da clareira que interrompe a continuidade reprodutiva da floresta. É a vitória de um campo de batalha da antiguidade, coalhado de corpos insepultos.

O êxito é ansiar por uma exposição de mídias que torne famoso o finito personagem vencedor. Quando no auge é como os fogos de Copacabana: emocionam. Depois o espetáculo se torna uma fumaça incômoda a quem respira.

A cultura do êxito é o maior engano da humanidade: tem os rococós dourados da eternidade a enfeitar os ataúdes da mortalidade.

E neste capitalismo de algibeira o êxito é como o sucesso ao se equilibrar na volúpia da velocidade de uma moto. O êxito de se equilibrar não é nada no insucesso de uma queda fatal, que mata ou mutila o sujeito.

Não é por outro motivo que as luzes do shopping anunciam o consumo. No interior luminoso os fótons se esvaem continuamente e se mantêm apenas pela geradora de eletricidade.

O dicionário revela toda a farsa do êxito como ele elemento vital, igual vendem no American Way of Life. Eis o Houaiss que não me deixa mentir a estripar a etimologia da palavra: lat. exìtus,us 'ação de sair, saída; morte, falecimento; resultado, sucesso, acontecimento, conclusão, termo, fim', do rad. de exìtum, supn. de exíre 'sair'; ver 2i-

Intercessão valiosa - Emerson Monteiro

Das inúmeras ocorrências verificadas no decurso da Confederação do Equador, no Ceará, idos de 1824, episódio impressionante ficou registrado por Esperidião de Queiroz Lima, no livro Tempos Heróicos, que narramos aos que ainda não leram a referida publicação.
Trata-se da execução de um dos sentenciados pelo tribunal militar conhecido por Comissão Matuta, no mês de outubro daquele ano, instalado para punir as hostes rebeldes. Depois de julgados e condenados, cinco líderes republicanos seriam fuzilados no pátio da Cadeia Pública de Icó. Um desses, Antônio de Oliveira Pluma, autodenominado Pau Brasil, conforme sua assinatura no manifesto do movimento, insatisfeito com o resultado a que se via submetido, reagiu em altos brados, protestando misericórdia de quem ali se achava.
Recusara mesmo permanecer de pé, mas, sendo assim, forçaram-no em cordas a se sentar numa cadeira, onde, com olhos vendados, ainda pedia que o deixassem viver.
De nada lhe valeram as rogativas, pois logo em seguida o pelotão recebeu a ordem de preparação:
- Apontar!
E, ante os disparos iminentes, o pânico pareceu querer tomar a alma do condenado em face da morte inevitável, sob o monto de todo o idealismo que até ali dominara os atos de sua razão da existência. Outra vez, um gesto cresceu de sua voz, explodindo mais alto em reclamações de amparo, lançadas aos planos superiores:
- Valei-me, Senhor do Bonfim!
Nisto foi secundado pelo toque de comando: - Fogo!
Cessada a fumaceira, as balas achavam-se cravadas no muro onde o revolucionário permanecera incólume, sacudindo de espanto os presentes. Seguiu-se nova carga de munição. Restabeleceu-se a ordem preparatória, e se fez no ar outro grito de socorro:
- Valei-me, Senhor do Bonfim!
- Fogo! - foi a ordem marcial.
Resultado: o alvo manteve-se intacto. Os tiros voltaram a ferir tão só e apenas o muro, para desânimo da escolta. Em meio do inesperado, tonto, pálido, o comandante reclamava prática melhor de tiro a seus homens, visando manter os praças no cumprimento do dever, tratando de retomar as determinações da próxima tentativa, que foi precedida pelo mesmo grito do condenado, tão pungente quando sincero:
- Valei-me, Senhor do Bonfim!
Os disparos se deram, de acordo com a obediência. Desta vez Pluma fora atingido por algumas balas, mas continuava vivo, segundo narra em seu livro Queiroz Lima.
Os soldados de pronto se movimentavam para um quarto fogo. Nesse instante, a população presente, tocada de simpatia pelo confederado, se ergueu coesa e exigiu o direito do réu ser libertado, qual merecesse o valimento dos céus. Em seguida, essas pessoas levaram-no consigo, alheado e preso à cadeira do martírio, até à Igreja do Senhor do Bonfim, distante cerca de 200m do ponto onde a cena ocorrera, entre preces e benditos fervorosos.
Há registros do ano de 184l que dão conta de que o sobrevivente veio a ser titular da Promotoria Pública da comarca de Baturité, no Ceará, o que bem comprova sua resistência aos ferimentos naquele dia recebidos, na tentativa de execução de que fora objeto e sobrevivera, no município de Icó, 17 anos passados.

Nosso Cariri no pódio da ANE (Associação Nacional de Escritores) – por Napoleão Tavares Neves (*)




O nosso bem caririense José Peixoto Júnior, foi agora eleito Presidente da Associação Nacional de Escritores–ANE, com sede em Brasília. Caririense dos melhores e dos mais talentosos, José Peixoto Júnior é fecundo poeta, talentoso escritor e extraordinária figura humana.

Nascido em Caririmirim, na Fazenda Jenipapo, bem na raiz da nossa Chapada do Araripe, José Peixoto Júnior tem formação fundamental no “Ateneu Jardinense” e no saudoso Ginásio do Crato. Formado em Direito, é funcionário Público Federal aposentado, em Brasília.

Membro do Instituto Cultural do Cariri, de Crato, José Peixoto Júnior ocupa a Cadeira Padre Joaquim de Alencar Peixoto, sendo o principal biógrafo do irrequieto sacerdote, artífice maior da independência política de Juazeiro com o vibrante jornal por ele fundado, “O Rebate”.

Ademais, José Peixoto Júnior é ainda aparentado do cratense, padre Alencar Peixoto, tendo sido por ele batizado na Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, de Granito (PE), aí por volta de 1925.

Assim sendo, temos um grande caririense no pódio da Associação Nacional de Escritores–ANE. José Peixoto Júnior, por seu telurismo e amor ao sertão nordestino, foi vaqueiro no topo da nossa paradisíaca Chapada do Araripe, que chama, maviosamente, de “Rainha das Chapadas do Nordeste”.
Bravos por subida ao pódio da entidade máxima dos escritores brasileiros!
(*) Napoleão Tavares Neves é médico. Historiador, memorialista, cronista e escritor com vários livros publicados. Reside em Barbalha (CE).

Aparências - Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

A sociedade valoriza muito a maneira de se vestir da pessoa. Uma pessoa vestida com roupas caras e de marca famosa é bem melhor recebida em restaurantes, bancos, “shopping centers” ou em qualquer outro ambiente. Agora vá alguém vestido simplesmente ou um pobre com a sua chinela japonesa entrar num ambiente luxuoso que logo é discriminado. O segurança vem logo perguntar o porquê daquela pessoa estar ali. Aconteceu com alguém que eu conheço. Ela foi ao um shopping levar um filme para revelar. Além de pobre é morena. Na primeira vez entrou, não houve problema, pois não havia segurança por perto. No outro dia foi buscar o filme revelado e o segurança a abordou perguntando para onde ela ia. Sentiu-se constrangida e foi fazer um boletim de ocorrência. Já com Carlos, aconteceu o contrário. Teve de viajar para uma reunião de trabalho em Salvador. Era apenas um dia. A sua passagem de volta estava marcada para dez horas da noite. Acontece que a reunião terminou às duas horas da tarde e ele se dirigiu ao aeroporto com a intenção de guardar uma pequena valise e procurar telefonar para um ex-colega da sua turma de engenharia de quando ainda era estudante em Salvador. Ao chegar ao aeroporto, estava acompanhado de alguns diretores da Eletrobrás que participaram dessa reunião e, iriam embarcar para o Rio de Janeiro. Após o embarque desse pessoal da Eletrobrás, Carlos teve a idéia de perguntar aos funcionários da Varig se havia alguma forma de retornar a Fortaleza antes das cinco horas da tarde. Como ele estava vestido de terno e gravata foi muito bem atendido pelos funcionários do balcão da empresa aérea. Imediatamente o colocaram na primeira classe de um vôo para Milão, com escala em Recife, de onde ele seguiria em outro avião para Fortaleza. O avião já estava para levantar vôo, mas a funcionária mandou esperar. Talvez pensando que Carlos fosse um político importante.

Em outra ocasião Carlos e eu saímos para comprar um carro. Estávamos interessados em comprar um Fiat Uno, à vista. O funcionário da loja nos atendeu muito bem e mostrou o carro. A nossa roupa era simples, pois com um calor que fazia, não íamos nos empacotar com roupas sociais para agradar ao dono da loja. Quando entramos para fechar a compra com o proprietário, ele disse que o carro já estava vendido. Contrariados, constrangidos e sentindo na pele o que sentem as pessoas que são discriminadas. Então nos dirigimos a outra loja e, fomos recompensados, pois o proprietário nos recebeu muito bem, e fechamos o negócio por um preço menor que o da loja anterior. Ainda bem que existem pessoas que não ligam para aparências.

Em Fortaleza, há algum tempo, um grupo de homens, todos bem vestidos de terno e gravata entraram num banco. Os seguranças não tiveram nenhuma desconfiança deles. Resultado: eles assaltaram o banco.

Ás vezes as pessoas honestas são rejeitadas simplesmente pela aparência de simplicidade. É este o mundo em que vivemos, somente vale quem tem e quem ostenta. Entretanto, podemos refletir sobre o versículo sete do livro de Samuel que nos diz que “Deus não age segundo os critérios humanos, que olha as aparências, Deus olha o coração”. Cabe a cada um de nós, que vivemos nesse mundo de exclusão e injustiça, mudarmos de atitude para que tenhamos uma sociedade mais justa, igualitária e sem exclusão. Quem sabe, se com a nossa transformação no modo de agir, ajudaremos outros através do nosso testemunho, a tornar a nossa sociedade mais humana e mais justa para que todos tenham voz e vez?

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo.

Barbalha prepara-se para sua maior festa : o pau da bandeira - Por Heládio Teles Duarte

Foto: Heládio Teles Duarte