Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Projeto "Água pra que te quero"!- Por Nívia Uchôa




EXPERIÊNCIA DE CAMPO

Água pra que te quero! esse é o mote do projeto que está percorrendo distritos e localidades do interior do Ceará como o objetivo de documentar a relação do homem com a água, como o próprio nome sugere. Como parte da equipe, participei desta expedição na Bacia do Banabuiú, pesquisando as comunidades que vivem no entorno da bacia e vivenciam no cotidiano uma relação dicotômica com a água. Em algumas localidades, a água encanada tão comum nos centros urbanos, tinha chegado há poucos dias como no Sítio Olho D´Água em Canutos; já no Sítio Boqueirão, a água tem hora marcada pra chegar, depois vai embora e pode levar até uma semana para voltar a abastecer a comunidade. Ao mesmo tempo, experiências exitosas de uso racional da água como os quintais produtivos, horticultura irrigada, técnicas de cultivo da “mandala” como a utilizada pela aldeia indígena dos Tabajaras podem ser vistas nesta região como modelos inteligentes de uso da água e geração de emprego e renda para a população. Nas inúmeras e ricas conversas na calçada com estas comunidades, percebemos a ingênua crença que as enchentes e suas conseqüências são frutos da vontade divina. Ao mesmo tempo, nos centros urbanos, com toda a facilidade de acesso à mídia de massa e campanhas educativas sobre meio ambiente, o desperdício faz parte do cotidiano da população que parece ainda não se preocupar com essa questão tão urgente e vital para a vida do planeta.

A pesquisa proposta pelo projeto Água pra que te quero! utiliza da transversalidade da cultura como ferramenta de sensibilização e educação, além da pesquisa de documentação fotográfica, realiza ações pontuais de animação cultural como palestras sobre fotografia e meio ambiente, exposições e caminhadas fotográficas, o resultado desta experiência será publicado no “Caderno de Viagem” o qual será distribuído nas bibliotecas de todo o Estado como fonte de registro e pesquisa sobre o tema. Iniciativas independentes desta natureza são importantes, mas não dão conta do enorme desafio a ser superado sobre esta histórica questão, contudo, deve ser somado a outros esforços da esfera pública a exemplo da ação estratégica “Pacto das Águas” onde pesquisadores, técnicos, especialistas, governantes e sociedade civil, vem discutindo amplamente os estudos e programas de forma compartilhada voltados para a implantação de uma política pública no Estado no sentido de solucionar questões tão básicas e necessárias como abastecimento de água, saneamento e desenvolvimento sustentável, e desta forma, possam atuar como ação transformadora no que cerne a mudança no comportamento e hábitos de crianças, jovens e adultos em suas práticas cotidianas sobre a preservação e conservação de nossas nascentes e especialmente, sobre o uso racional da água nas populações rurais e urbanas para que nos próximos 20 anos não tenhamos repetido o mesmo ritual antropológico dos sertanejos e suas mulas em busca de água nos craquelês desse imenso Ceará.

O projeto Água pra que te quero! Consiste na documentação fotográfica da água e sua relação com o ser humano, no sentido de sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação de nossas nascentes como fonte de vida para as futuras gerações.
O projeto tem como objetivo realizar uma documentação fotográfica em bacias hidrográficas do Ceará, num contraponto entre práticas positivas e negativas do uso da água no cotidiano urbano e rural. Também pretende estimular e difundir a arte fotográfica como exercício de sensibilização, reflexão e estética através de ações de animação cultural, com exposição fotográfica, conversa sobre fotografia, sua relação com a água e caminhada fotográfica nos municípios participantes.
As bacias hidrográficas para essa primeira fase do projeto são as de Banabuiú, Salgado e Alto Jaguaribe, as quais estarão em fase de documentação os municípios de Quixadá, Banabuiú, Monsenhor Tabosa, Boa Viagem, Salitre, Arneiroz, Tauá, Crato, Barbalha, Juazeiro do Norte, Orós e Brejo Santo.
Este trabalho pretende envolver além das Prefeituras, as Escolas, Bibliotecas Públicas, Centros Culturais, Galerias de Arte, Secretarias Municipais de Educação, Cultura, Saúde e Meio Ambiente; SECULT-CE e parceiros do projeto como forma de informação e democratização do acesso às ações educacionais e culturais do projeto.
O projeto Água pra que te quero! Tem o apoio cultural da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Lei Mecenas), com o agradecimento da COELCE, apoio institucional da SEMACE, Expresso Guanabara, consultoria da Anima.Cult, colaboração das Prefeituras Municipais, realização Poesia da Luz Fotografia.

.

Fotografia Nívia Uchôa

De Teresina a Crato uma saudade só...


Socorro,


Recebi sua cartinha. O correio andou lento, moroso. Talvez porque quando estamos distantes e em plena abstração, as horas pareçam caminhar mais devagar. Estamos aqui em Teresina ainda vivendo em plena sauna cada vez que ousamos pôr o pé na rua ... Mas, temos o privilégio de estar estudando em salas climatizadas sem muito sofrimento. Apesar da "frescura", porém, as cadeiras são incômodas e obrigam a platéia a se mexer o tempo todo.
.
Afinal... o que não suportamos para realizar nossos sonhos? O que não fazemos por uma realização?
.
Estou aguardando para amanhã a revelação do segredo que resolveu criar para me atiçar. Teria a autora do livro nome de flor? Deixei minha bolinha de cristal por aí perdida... não consigo imaginar ao certo quem poderia ser essa pessoa cheia de arte que nos agraciou com essa prenda.
.
Bom, resta-me deixar aqui um abraço a você e aos Cariricaturenses (xi, já temos adjetivo pátrio?)
.
Retorno ao trabalho!
.
Claude

Templário - Por Socorro Moreira - Foto de Heládio Duarte Teles


Chegou de um tempo incontemplável
Ficou gelado pra chegar depois
Chegou na hora, em que o vazio aguarda
Chegou agora, tanto já tardou

Usei meus verbos, minhas reticências...
Todas as aspas, e escondi acrósticos
Não sei se fica, nem sei o que dita
Meu coração não leu sua resposta.

Mas eu aposto num querer eclético
Se me fez falta, falta eu também cobro
Nem toda noite, a lua espreita a serra
Nem todo dia, o sol invade a sorte.

Seja bem vindo, nos mistérios claros
Seja bem vindo, nos meus versos soltos
Nos meus repentes, faltam as suas loas
Nos seus repentes, faltam os meus açoites.


------------------------------------------
Aquieta-te em mim ,

silêncio... !
Invento e recrio o amor,
enquanto penso

Windows...
Abro e fecho
Busco o oásis
Onde já vivemos

Aquieta-te em mim...
Não contritamente
Moras nesses três x quatro
loteado em mim

Toca eremita
sem chave, nem porta
Tosca ,
fincada no mato
que cresceu em mim.
.
Socorro Moreira


Desafio - Leia e participe ! - Cariricaturas

( foto do acervo de Magali Figueiredo)

Observe a foto , e aventure-se a entrar em seu domínio, em sua essência...


Socorro e eu (Claude) sempre temos em mente que a interatividade entre amigos que colaboram e/ou passeiam pelo nosso Cariricaturas é algo que certamente torna o contato e o convívio neste espaço muito mais prazeroso. Essa interatividade pode acontecer de várias formas. Usamos as trovas bem nos primeiros dias do Cariricaturas, mas agora veio-nos uma nova idéia para provocar e desafiar os demais.

Hoje o desafio é o seguinte: será postada uma foto e você, colaborador e/ou amigo é convidado a escrever nos comentários a sua impressão ou o sentimento que lhe causa esta foto.

Acreditamos que seja esta uma forma de interagirmos como num bom papo, numa boa prosa. Não deixe de participar. Sua presença é ouro.

(Uma simples frase, uma trovinha, um mini-texto estas são formas de colaborar)

Vamos lá ! "mão na massa"!

Estamos esperando! Ei, cadê você?

Concurso para Anjo da Guarda

O Anjo da morte está ali, não há como escapar, não avisa e nem dá prazo: é perverso. Que argumentos teríamos a persuadi-lo para ainda não nos levar? Provavelmente tentaríamos iludi-lo com razões afetivas, familiares, esquecendo-nos que já estamos sujos demais.
E de uma criancinha, que esperaria o Anjo das viagens não perdidas que dissesse ela? É um “cara de pau “esse” papa anjo “! Criança não avalia a vida, apenas corre pela sua superfície, vivendo sabiamente o presente, sem projetos. Livre! Precisa ser melhor amada, melhor cuidada por nós adultos, pais e avós, fazendo a nossa parte e pedindo a Deus benção e proteção. Crianças são maravilhosas máquinas de afeto, esperança da raça e do planeta, como Isabela, Luana, Madeleine, Anne Frank, Rossana e tantas e tantas outras.
Onde se encontrava o Anjo da Vida, o que estava a fazer quando elas foram colhidas antes do futuro?Por que trabalha com mais “competência” e dedicação o outro anjo, o da Morte, sempre à espreita, sempre tão rápido?De onde adquire tamanha performance? Estará o Anjo da Guarda com osteoporose, artrítico, surdo, cego ou com Alzeheimer? Será ele sócio do outro em alguma funerária? Sendo um guardião, o Anjo da Guarda não deveria esperar pelo livre arbítrio de uma criança, já que a mesma não tem discernimento nas escolhas e dos perigos... Se caminhas lado a lado do teu pequeno protegido nas aventuras dele, deverias não descuidar um só segundo, ser mais rápido. Afinal, para que as asas?
Que o criador mande publicar edital de concurso publico para novos anjos da vida, visto que o homem se reproduziu demais, após o “Crescei e multiplicai-vos”, sobrecarregando os já existentes. Que exija para inscrição apenas quem não tenha ascendência corrupta ou não distorça nem elabore mal as leis, não minta e não se disfarce sob o manto de qualquer ordem, religiosa ou liberal. Queremos para nossos filhos anjos mais presentes, podendo ser mesmo de carne e osso, - matéria feita para o braço, - que atendam suas necessidades e protejam sua dignidade, como os que já existem nas noites de algumas cidades (Anjos da Noite), acudindo moradores de rua, ou os representados por ótimos professores, ótimos médicos, ótimos policiais, ótimos funcionários públicos etc., mal remunerados, porém de grande coração.
Os novos anjos ouviriam de seus pequeninos protegidos, a todo o pulmão, confiantes, a oração que os consagram:

“Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador,
que a ti me confiou, a Piedade Divina,
Sempre me rege ,me guarde,
me governe e me ilumine".
AMÉM.

Postador por João Marni de Figueiredo.

A Volta Olímpica - Por Roberto Jamacaru



Mesmo que não queiramos, às vezes nos deparamos com certas cenas do cotidiano que, pelas suas formas atípicas, terminam prendendo nossa atenção.

Senão vejamos!

Um dia, em meio à circulação das pessoas pelas ruas da cidade, notei que a maioria delas parecia estar insegura. Naquele quadro de aglutinação e contato mútuo, que parecia ser de confronto, havia um paradoxo: embora bem próximas elas – as pessoas - pareciam repelir-se numa atitude de pura defensividade. Era verdade, também, que mesmo estando no epicentro da multidão, muita gente parecia envolvida na mais intensa das solidões. Presas dentro de si elas pareciam estar, figurando naquela grande oceano de transeuntes, como verdadeiras ilhas existenciais.

Vi, ainda, nessa singular circunstância, que os seres humanos mal se cumprimentavam... Quase não riam, esqueciam de pedir desculpas, ou licença uns aos outros, por seus atos às vezes inoportunos. Enfim, viviam correndo, fugindo e se atropelando em nome do temor, do individualismo e da ganância natural típica da sua própria espécie.

Perceber esse processo não foi lá tão difícil assim. Afinal a violência, vista em todas suas formas, é hoje a instituição de maior crescimento no seio da humanidade.

No entanto, um fato especial veio explicitar melhor um outro lado dessa dura realidade. “Privilegiou-me”, por assim dizer, com um registro desfechado e protagonizado por um homem de idade avançada... Um velho, na concepção de alguns.

Naquela tarde, este cidadão, sempre em busca da felicidade, cumpria a sua rotina diária que consistia em passear pelas ruas centrais da cidade. Mesmo senil, ele mais lembrava um remador lutando contra aquela grande onda humana vinda de e ao encontro de sua rota.

Nesse seu avanço em relação ao meu ponto de observação, muitos detalhes de sua imagem foram, aos poucos, se tornando mais claros para mim.

Sensibilizei-me, por exemplo, com sua elegância de extremo bom gosto, pois embora não sendo “O último dos Rodolfos Valentins”, com certeza era o último dos garbosos de sua época de jovem, esta situada no tempo nas décadas de 40 e 50.

Mais aproximação entre nós...

Agora sim, ele estava bem em frente a mim. Dava para sentir o seu cheiro.

Investi na minha curiosidade. Vi, naquele semblante lânguido, sua real aparência... Ela era configurada por um olhar relutante, mas triste e assustado.

Solitário, aquele homem falava apenas com seus pensamentos, pois, embora culto e extrovertido, temia comunicar-se com a nova geração. Não que estivesse fechado para as novas idéias ou mesmo relutasse em aceitar o novo, mas porque estava sendo difícil entendê-la na sua linguagem quase interativa. Esses e outros fatores da época decretavam, cada vez mais, sua morte social.

Não resisti!

Resolvi seguir os seus passos... O fiz à meia distância, pois temi ser inoportuno e com isso abortar sua privacidade.

Em sua trilha, pois já não existiam mais trilhos que o levassem com segurança a lugar nenhum, a lei do mais forte fazia o mando de campo. A sensação era de atropelo, uma espécie de salve-se quem puder! Mesmo assim ele persistia, bravamente no seu caminho.

Avançamos, cidade adentro...

Em seu percurso ele quase que não conseguia identificar um rosto conhecido, ou mesmo um ponto de referência que lhe trouxesse uma lembrança mais próxima. Perdidos no tempo estavam a família, os velhos amigos (a grande maioria havia morrido ou estava em estado de invalidez dentro de seus lares), a tradicional barbearia, o competente engraxate, o bazar, a retreta, o atuante jornal; os festejos típicos e, acima de tudo, as incomparáveis calmarias de outrora. Assim, nos rastros de suas referências, ele terminou chegando, melancolicamente, a um ponto qualquer da cidade.

Naqueles quatro cantos de um cruzamento, bem no centro da cidade, talvez corso dos seus velhos carnavais, o vi parado por alguns minutos, talvez contemplando, a esmo, vários locais de um passado perdido no tempo.

Sem querer criticar os “design e layout” do presente, ele apenas lamentava o desaparecimento da história contida nos velhos casarões.

A tarde foi chegando ao seu fim e com ela o cansaço de alguém que via na vida um grande presente de Deus. Se ali estava, mesmo com todas suas limitações, era porque queria aproveitar tudo que ela podia lhe oferecer. Para ele, parar de lutar e amar significava envelhecer e isso não fazia parte de seus planos.

Finalmente chegou a hora de voltar!

De todas as decepções enfrentadas em mais um dia de sua vida, nas ruas e em meio às pessoas, a que mais lhe fez sofrer foi a da sua exclusão social.

Confirmei isso observando que, em todo seu trajeto, ninguém ousou ou teve a delicadeza de lhe dirigir uma só palavra, mesmo que fosse um simples e necessário bom dia.

Rejeitado pelos seus semelhantes e refém de um salário previdenciário, para aquele patrimônio humano, viver estava sendo uma tarefa difícil, pois a senilidade parecia enojar e agredir o novo e ativo.

A noite caía!

Nesse momento ele deu início ao fim de mais uma Volta Olímpica pelas ruas da cidade. Na reta final, porém, sua tristeza aumentou.

Ali, em seus aposentos, local de glorificação de seus feitos, a torcida organizada, o público em geral, os amigos e os familiares não estavam reunidos para recebê-lo com vivas e palmas.

Mesmo assim, cansado e desiludido, aquele herói resolveu subir ao seu pódium... Ele era um úmido dormitório situado em um decadente pensionato do centro da cidade.

Consolou-se, porém, com sua integridade cidadã, mantida ao longo de sua corrida existencial. Ela estava simbolizada por uma medalha de ouro a brilhar na escura solidão de seu peito.

Embora resignado e destemido, ele lamentava ter conquistado outros tristes recordes no final de sua vida:

O de viver com muita tristeza os seus últimos dias...
O de ser esquecido pela própria família...
O de ser considerado um pária descartável pela sociedade...
O de ser amparado pelas Bolsas Sociais de seu país...
O de ser considerado, por todos, como um velho!
Melancólica “Volta Olímpica” de alguém que só desejava ser feliz e que, baseado no seu talento e sabedoria de vida, ainda tinha muitas contribuições e lições de amor para dar a todos... Em todos os dias de sua vida!
Por Roberto Jamacaru

Pachelly Jamacaru no programa Cariri Encantado de logo mais


O programa Cariri Encantado de logo mais (14 às 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri) terá Pachelly Jamacaru como convidado.

Pachelly é um dos mais importantes artistas do Cariri. Cantor, compositor, músico, poeta e fotógrafo, Pachelly está em cena desde meados dos anos de 1970, quando, ainda garoto, integrava o Grupo Nessa Hora, liderado pelo seu irmão Abidoral Jamacaru, e assíduo participante dos famosos festivais da canção, realizados no Crato. Por sinal, em 1978, na última edição do Festival, Pachelly foi o vencedor com a música "Não haverá mais um dia", posteriormente registrado no disco Massafeira, que reuniu grande parte da então nova geração musical do Ceará. O projeto Massafeira foi coordenado pelo cantor Edinardo, do Pessoal do Ceará.

O Remorso, o modelo da mente segundo Freud e a Psicopatia.


A palavra remorso é de origem latina, vem de remorsus, particípio passado de remordere, que significa tornar a morder. Liga-se a satirizar, ferir, atormentar, torturar, atacar, dilacerar. Pela própria etimologia da palavra dá pra ter uma idéia, ainda que vaga, de como esse sentimento é – ou pode ser – doloroso e da angústia ou até mesmo vergonha que o acompanha. Isso vem da consciência de termos agido mal. Em outras palavras, o remorso é um sentimento sobre acontecimentos e atitudes do passado. É a sensação do que não era para ser dito, não era para ser feito. Mas, como esse sentimento nos invade? O que determina a “noção” do certo e do errado em nossa consciência e porque sentimos culpa e remorso?

Há inúmeras teorias sobre o assunto, desde as teorias freudianas até as recentes descobertas da neurologia sobre o processo de formação da personalidade, assimilação de conceitos sociais e morais de conduta, princípios éticos e comportamentais e, claro, seus desvios ou desequilíbrios. Uma em especial me encanta: a teoria do Id, do Ego e do Superego de Freud. Na verdade, esta teoria pretende ser um modelo de representação da mente humana. Acredito que a teoria pode ajudar na compreensão do fenômeno psíquico da manifestação do remorso. Em termos gerais trata-se do seguinte. O Id é a fonte de energia psíquica de uma pessoa, de origem orgânica e hereditária e que está ligada principalmente à libido, isto é, ao impulso sexual. O Id se apresenta na forma de instintos que impulsionam o organismo, estando relacionado a todos os impulsos não civilizados, de tipo animal. Em outras palavras, o Id é regido pelo princípio do prazer, ou seja, sua função é procurar o prazer e evitar o sofrimento. Localiza-se na zona inconsciente da mente, por isso não conhece a realidade objetiva, a “lei” ética e social. Por outro lado, temos o Superego. Este é o representante interno das normas e valores sociais que foram transmitidos pelos pais através do sistema de castigos e recompensas a nós impostos quando éramos crianças. Foi a partir deste sistema de castigos e recompensas que começamos a internalizar os valores e normas sociais. São nossos conceitos do que é certo e errado. O Superego nos controla e nos pune (através do remorso, do sentimento de culpa) quando fazemos algo errado, e também nos recompensa (sentimos satisfação, orgulho) quando fazemos algo meritório. O Superego é, portanto, o componente moral e social da personalidade. Na dimensão meso (intermediária) está o Ego, termo que significa “eu”, em latim. O Ego é o responsável pelo contato do psiquismo com a realidade, o mundo externo ao indivíduo. O Ego atua de acordo com o princípio da realidade, estabelecendo o equilíbrio entre as reivindicações do Id (inconsciente) e as exigências do Superego com relação ao mundo externo.

Estes conceitos acima podem parecer muito abstratos, mas podemos utilizar um exemplo prático para ilustrar como sentimos remorso a partir deles. Imaginemos a seguinte situação: hoje, segunda-feira, dia ensolarado. Se dependesse do Id eu deixaria de comparecer ao trabalho, dedicando-me a uma aprazível atividade de lazer como ir à praia ou ao parque. O Ego aconselharia ter mais prudência, talvez buscando uma oportunidade mais adequada para estas atividades. Já o Superego diria ser inaceitável faltar a um compromisso assumido com o chefe, os colegas de trabalho e outros empregados. Se deste conflito entre o que eu quero fazer e o que eu devo fazer prevalecer o “eu quero”, é muito provável que meu Superego me acusará, me fará sentir culpa, ou seja, a sensação de ter agido mal, remorso, vergonha.

É desta tensão, deste contínuo relacionamento entre as três forças da mente humana que surgem os conflitos e distúrbios psicológicos, pois o Superego é repressor e moral, enquanto o Id é movido pela busca incansável do prazer, e o Ego fica tentando arbitrar os inevitáveis conflitos entre o que a pessoa quer fazer e o que ela deve fazer.

Do ponto de vista social a culpa e o remorso são aceitáveis e necessários, desde que nas condições de “normalidade”. Em algum momento de nossas vidas sentimos remorso. Ele pode ser uma espécie de sinalizador de que nos preocupamos ou deveríamos nos preocupar com algo importante que temos a aprender. E assim servir de aprendizado para que possamos fazer melhores escolhas no futuro. Assim como os desejos sexuais, a vida em sociedade exige a repressão de alguns instintos. Portanto, se você nunca sentiu remorso em sua vida, das duas uma: ou você é um santo - o que significa que o Ego está sabendo equilibrar as reivindicações do Id com as exigências do Superego - ou é um psicopata, ou seja, você pode até saber que fez algo errado, mas não sentirá que fez algo errado, o que se explica como uma doença mental grave.

Pensamento para o Dia 02/10/2009


“A educação deveria estar divorciada dos empregos. Seu propósito deveria ser a aquisição do conhecimento mais elevado (Vijnana). Esse é o conceito sustentado pela cultura da Índia (Bharathiya). Os estudantes só se tornarão cidadãos ideais do país quando desenvolverem autoconfiança e o sentimento de unidade espiritual. Desenvolvam o espírito de sacrifício e tornem-se os defensores da integridade e da honra do país. Vocês devem esforçar-se para promover o bem-estar da sociedade. Evitem idéias de ‘eu’ e ‘meu’. Vocês, então, se tornarão unos com o Divino. Quando se identificarem com todos, vocês obterão alegria infinita.”
Sathya Sai Baba

Vitrine Fotográfica - Encontro marcado - Por Heládio Teles Duarte

Foto por Heládio
.
Um encontro marcado
Um instante
Um recado
Um átimo do tempo
o momento exato.
Texto por Claude Bloc

As rosas falam...e muito.


Poeminha em homenagem a Cartola
As rosas falam...e muito.
Cartola homem,
As rosas falam faz tempo!
Há na cor de cada pétala
Uma palavra para quem estiver atento.

Há rimas de pura magia
No bojo de cada corola .
Eu diria uma antologia
No âmago de cada rosa.
Há sim versos ali contidos
Como a magia do parto
Dos poemas como passe de mágica
Nasciam de tua cartola.


Foto: Milton Montenegro

No Vale das Águas... Fotopoesia: Por, Pachelly Jamacaru e Claude Bloc

Dedicado a José do Vale
..........................................

Nada é definitivo
No código das águas
Mornas, lascivas...
Como os pensamentos.
Movidas pelo vento
Marés insondáveis
Passam por mim



E as pedras passivas
Definham em silêncio
E o vento retorna
E passa frenético
Soprando segredos
Á doçura dos lagos



E assim nunca sei
Quando o sonho se achega
E não quero perder-me
Neste sono entre vales
Sobre restos de um tempo
Águas passarão...



Nessas águas correntes
Pelo desvão da vida
A planície repousa
Rastros de tempestade





É que trago comigo
O estigma de outros tempos
Águas que se agitam
Remoendo saudades
Encortinando o céu
Refletindo as estrelas
...E nas águas, os sonhos
Repousam, repousam
E me vem tanto medo,
De perder-me no vale
E na planície restar.



Fotos: Pachelly Jamacaru e poesia: Claude Bloc

A arte de ver e viver hoje em "dia".

Na vigilância dos sonhos,
Na arte de meus pecados
Crepita o que me é medonho
Salta aos olhos por meio de brados

Salta num real delírio
Exalando fragrâncias falsas
Como a fragrância do lírio
Sintético que trago no bolso da calça

Toma forma e corpo
Na argamassa dos músculos
Nos vergalhões dos ossos
Mentira erguida num esforço hercúleo

Toma formas de vida
Toma formas de arte
Percorre tantas veias
Marcha por toda parte

Assim,
Procura-se a verdade em forma de arrebol
Em face de tantas mentiras fadadas
Sigo então qual um girassol
Cego, perdido numa eterna madrugada.

Foto: Bruno Santos
Título: Quase um Girassol

Um salgado e um doce - Por Socorro Moreira


Quibe

Ingredientes :

1 xi de trigo para quibe
3 cs de cheiro verde picados
2 cs de azeite
1 ovo
1/2 xi de ricota esfarelada
1 cebola ralada
sal

Modo de fazer :

Colocar a farinha para quibe de molho, em água, limão e shoyo por 30 minutos. Escorrer. Acrescenta-se o ovo, sal, cheiro verde ( incluir hortelã), cebola azeite. Faz-se os quibes, recheando-se com ricota. Fritar ou levar ao forno para assar.

Amor em pedaços ( receita da minha mãe)

Ingredientes:

2 copos de açúcar
2 copos de farinha de trigo
6 ovos
1 copo de leite
1 c de fermento

Para o glacê :
Caldo de 2 laranjas
2 cs de açúcar

Um pouco de açúcar cristal para polvilhar.

Modo de fazer:

1.Bater os ovos como para pão-de-ló ( primeiro as claras , depois as gemas). Acrescentar o açúcar, a farinha de trigo e o leite .
Obs: o fermento deve ser agregado à farinha de trigo.

2. Assadeira untada e polvilhada. Levar ao forno quente , pré-aquecido ,por 25 minutos.
3. Extrair o suco das laranjas e adoçá-lo. Reserve.
4. Cortar o bolo em quadradinhos. Molhar com o suco de laranja , e polvilhar com açúcar cristal.

*Nunca faltou esse bolo , na mesa dos nossos aniversários. Custei em decorar a receita. Sempre ligo pra Dona Valda , na confirmação dos ingredientes. É a cara dela , se bem que o seu amor é por demais inteiro !

Rainer Maria Rilke


Rainer Maria Rilke nasceu em Praga em 4 de dezembro de 1875. É considerado como um dos mais importantes poetas modernos da literatura e língua alemã, por sua obra inovadora e seu incomparável estilo lírico.

"Poeta fundamental, Rilke é a voz de uma época em transição. Talvez seja a última voz do seu tempo, aquela que anunciou o "fim dos tempos modernos", como quer Romano Guardini, e ao mesmo tempo a primeira voz e o primeiro poeta dessa nova era que estamos começando a viver."

(Paulo Plínio Abreu - parte de uma introdução
sobre a obra de Rilke publicado no jornal paraense:
"Folha do Norte" entre os anos de 1946 e 1948)

"No mundo, a coisa é determinada, na arte ela o deve ser mais ainda: subtraída a todo o acidente, libertada de toda a penumbra, arrebatada ao tempo e entregue ao espaço, ela se torna permanência, ela atinge a eternidade. (...)"

"Quero viver como se o meu tempo fosse ilimitado. Quero me recolher, me retirar das ocupações efêmeras. Mas ouço vozes, vozes benevolentes, passos que se aproximam e minhas portas se abrem..."

"Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, a dizer o que vê, vive, ama e perde. (...)"

O torso arcaico de Apolo

Não conhecemos sua cabeça inaudita
Onde as pupilas amadureciam. Mas
Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado

Detém-se e brilha. Do contrário não poderia
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.

De outro modo erger-se-ia esta pedra breve e mutilada
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.

E nem explodiria para além de todas as fronteiras
Tal como uma estrela. Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.

(Tradução: Paulo Quintela)

Imensidão - Por : Ana Cecília S.Bastos


Transbordo.
Poros abertos ao tanto que posso ver.
Ver através da pele, sem formato ou palavra.
A pura imagem, nela repouso.
Conter-me ali, quando tudo se dissolve e se esvai
a certeza do ser.



Imensidão. Foto de MVìtor.

Leila Diniz, uma mulhe inesquecível - Por : Rosa Guerrera


Bonita, sensual, provocante, rebelde, corajosa e talentosa atriz Leila Diniz revolucionou os anos 70 no mundo feminino brasileiro.Conhecida como a mulher defensora do amor livre e do prazer sexual , Leila rompeu conceitos e tabus então existentes , através de suas idéias e atitudes .Nascida em Niterói no ano de 1945 , muito jovem formou-se no magistério e foi ser professora primária num subúrbio carioca, casando logo após com o cineasta Domingos de Oliveira, surgindo assim a oportunidade de ingressar no teatro e em tele novelas. Separada depois de 3 anos do marido , Leila ingressou no cinema , tendo participado de 14 filmes .Sempre foi uma mulher que apesar de muito jovem , era considerada por muitos por sua ousadia e por detestar convenções , como um mito de liberdade feminina.Foi criticada, difamada , chamada de “vulgar” por homens e mulheres da época , principalmente quando se deixou fotografar grávida de oito meses, usando um biquíni numa praia carioca. Sempre se considerou uma mulher de atitude, e sem constrangimento dizia um palavrão ou falava de sua vida pessoal. Deu entrevistas marcantes á imprensa e jamais se importou em causar qualquer tipo de recriminação fosse de quem fosse.Casada pela segunda vez com Ruy Guerra , Leila apaixonou o mundo cinematográfico e teatral com o seu talento e o seu jeito sincero de ser. Numa entrevista concedida ao Pasquim , Leila disse uma frase que então lhe trouxe sérios problemas de censura.Ao ser questionada sobre o amor , Leila proferiu a seguinte frase , considerada então “vergonhosa” para a época : “Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo.”..... Sua trajetória pela vida infelizmente foi bastante curta.Morreu num desastre aéreo no dia 14 de junho de 1972, quando voltava de uma viagem a Austrália aos 27 anos de idade, deixando uma filhinha de nome Janaina, que foi criada pelo casal Chico Buarque de Holanda e Marieta Severo seus maiores amigos. Sua rebeldia, seu talento, a sua defesa em favor do amor livre e seus palavrões jamais serão esquecidos.Leila Diniz foi e será para sempre o símbolo da mulher livre . Minha homenagem a sua luta e as suas conquistas.


rosa gurrera

Águas nascentes - Para o menino Roberto Jamacaru - Por Claude Bloc


O que há por trás dessas águas? Perguntava-se o menino olhando com curiosidade para a nascente. Olhava para aquelas águas desconfiado com os olhos mais abertos e menos cotidianos. Olhos açucarados tentando enxergar as nervuras do chão através da lenta e silenciosa correnteza. Observava aquela água minando das pedras, pelas brechas, pelos vãos. Eram as nascentes da Serra que brotavam do chão como numa mágica...

Sempre tivera a curiosidade de ver o que havia lá dentro daquele mundo transparente das águas. Mas sonhava além. Peixes, areias claras arrastadas pelo aluvião. Enxurradas no tempo das chuvas. Tudo num ciclo sem fim de finais e recomeços.

Morava pelas redondezas, em outras encostas, perto das águas. Da janela via as subidas e descidas da serra e o infinito azul do céu... E a água ia jorrando espumas, cuspindo peixinhos. Vez por outra o menino punha seus pés nas águas para sentir-lhe a frescura enquanto o sol seguia pelo arco celeste curtindo-lhe a pele.

Por um longo tempo ficava absorto. Ouvia o canto sutil das águas. A música que viajava em seus ouvidos. Queria apenas continuar molhando seus pés na nascente, sentindo seu cheiro molhando a terra, o mormaço ardendo em suas narinas. Queria só ficar olhando os minutos passarem além da nascente, do sol, da coreografia das águas.

Sabia que não podia viver longe da serra, nem daquelas águas cristalinas. As águas eram seu destino. Olhava para a serra ofegante e para as águas frescas e queria dar-lhes vida em seus sonhos.

E dentro de si, no encalço da atitude mais silenciosa queria ouvir a voz do universo naquelas águas benditas. Águas da nascente.

Texto e formatação da imagem por Claude Bloc

Desafio - Leia e participe !


Desafio - Leia e participe !

Observe a foto , e aventure-se a entrar em seu domínio, em sua essência...


Socorro e eu (Claude) sempre temos em mente que a interatividade entre amigos que colaboram e/ou passeiam pelo nosso Cariricaturas é algo que certamente torna o contato e o convívio neste espaço muito mais prazeroso. Essa interatividade pode acontecer de várias formas. Usamos as trovas bem nos primeiros dias do Cariricaturas, mas agora veio-nos uma nova idéia para provocar e desafiar os demais.

Hoje o desafio é o seguinte: será postada uma foto e você, colaborador e/ou amigo é convidado a escrever nos comentários a sua impressão ou o sentimento que lhe causa esta foto.

Acreditamos que seja esta uma forma de interagirmos como num bom papo, numa boa prosa. Não deixe de participar. Sua presença é ouro.

(Uma simples frase, uma trovinha, um mini-texto estas são formas de colaborar)


Vamos lá ! "mão na massa"!


Estamos esperando! Ei, cadê você?
.