Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 12 de setembro de 2009

Nú Provençal, Paris 1949 e Auto-Retrato - Fotografias de Willy Ronis

( auto-retrato de Willy Ronis)
(Nú Provnçal, Paris 1949- fotografia de Willy Ronis)


PARIS - Willy Ronis, o último dos fotógrafos franceses do pós-guerra que capturou a essência de Paris em fotos preto e branco da vida cotidiana, morreu neste sábado aos 99 anos.

Ronis morreu em um hospital em Paris onde havia sido internado há dias, informou Stephane Ledoux, presidente da agência Eyedea.

Amantes, nus e cenas das ruas de Paris eram os temas principais das fotografias de Ronis, que refletiam a chamada escola humanista de fotografia em uma carreira premiada que começou em 1930.



www.Privalia.com

Parafuso aos quatro queijos - para um domingo preguiçoso


Se der preguiça, eis um prato para o domingo.

Impossível não fazer, impossível não gostar!

Bem descomplicado!


Ingredientes


· 1 pacote de macarrão tipo parafuso
· 2 colheres (sopa) de manteiga
· 1 dente de alho picado
· 1 cebola picada
· 1 copo (americano) de leite quente
· 200 g de queijo mussarela ralado
· 100 g de queijo provolone ralado
· 100 g de queijo parmesão ralado
· 150 g de queijo tipo Catupiry
· Sal a gosto
· 1 lata de creme de leite sem soro

Modo de preparo

Cozinhe o macarrão al dente (macio, porém firme). Calcule o tempo para que o macarrão fique pronto junto com o molho. À parte derreta a manteiga em uma panela e junte o alho e a cebola. Refogue por três minutos e acrescente o leite, a mussarela, o provolone e o parmesão. Mexa e ponha o Catupiry.

Quando os queijos estiverem derretidos e incorporados ao molho, tempere com sal e desligue o fogo. Acrescente o creme de leite e mexa vigorosamente. Escorra a massa e junte o molho.

Sirva imediatamente.

Memórias: Vicente Celestino, Raul Roulien e a Rádio Nacional - Por Norma Hauer


VICENTE CELESTINO

Foi em Santa Teresa, em uma rua de nome Paraíso, que ele nasceu no dia 12 de setembro de 1894. Foi uma voz mais possante que este país conheceu. eu nome VICENTE CELESTINO. Só não foi um tenor de renome universal porque não quis deixar seu Brasil, para estudar na Itália e lá se dedicar ao canto lírico. Foi para tal convidado pelo tenor Enrico Caruso, quando este aqui se Apresentou em 1916.
Preferiu cantar operetas e música brasleira, em teatros e circos e depois no Rádio, quando este passou um ser o grande Divulgador de nossos cantores.

Suas primeiras gravações mecânicas foram, até 1927. Neste ano, a eletricidade passou a fazer parte das gravações e ele foi obrigado a gravar de costas para que o timbre de sua voz possante não "estourasse" os cristais dos microfones Sensíveis.

Ficou muito marcado por suas letras com composições trágicas, como "Coração Materno", "Fatalidade", "Matei" Rasguei o Teu Retrato "," O Ébrio ".. Até em uma de suas últimas gravações (Vingança) Ele colocou tragédia ". . Devido a "O Ébrio", muitos o consideravam um Ébrio, principalmente por sua interpretação no filme de mesmo nome. Mas ele era abstémio.

Os principais compositores de músicas românticas de seu tempo, como Cândido das Neves ( "Noite Cheia de Estrelas"), Catulo da Paixão Cearense ( "Luar do Sertão"), Mário Rossi ( "Terra Virgem"), Marcelo Tupinambá ( "O Cigano ") Freire Júnior
Santa ")... conheceram VICENTE sendo o sucesso Através de suas gravações,
CELESTINO o cantor que mais gravou Cândido das Neves e Catulo.

No cinema, interpretou dois filmes inspirados em nomes de canções de sua autoria: "O
Ébrio "e" Coração Materno ". Atuou Também em uma Peça Teatral de nome" Coração Materno ".
Faleceu em 23 de agosto de 1968, no camarim do teatro em que se apresentava em
São Paulo, em um show de Caetano Veloso.

No interior do Campo de Santana, aqui no Rio de Janeiro, há um busto dele
Inaugurado em 1970. Passei lá no último fim de semana para deixar-lhe uma "flor de
saudade ", como ele pediu em um de seus últimos LPs.


Raul Roulien

No dia 8 de setembro de 2005, faleceu aqui no Rio de Janeiro o cantor, ator e diretor teatral e cinematográfico Raul Roulien. Hoje, poucos sabem quem foi Raul Roulien e sua importância na fase inicial do cinema brasileiro.

Iniciou sua carreira teatro não, em 1928, formando dupla com Abigail Maia, depoios com quem se casou.
Raul Roulien Participou de cerca de 20 filmes, tanto nacionais, como de Holywood, onde Trabalhou ao lado de Greta Garbo e Fred Astaire em um filme que aqui recebeu o nome de "Voando para o Rio". Foi um grande sucesso na época.

Viveu grande parte de sua vida nos Estados Unidos, mas aqui realizou filmes que marcaram nossa indústria cinematográfica, como "Aves Sem Ninho", "Jangada"; "Maconha, Erva Maldita" e "O Grito da Mocidade", este, de 1937, que mais marcou sua carreira.
Como cantor, gravou, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, posteriormente duas composições gravadas por outros cantores, mas que fez grande sucesso em sua voz, como seu primeiro intérprete. Trata-se de "Favela" e "Adeus, Guacira".

Vejamos uma letra de
FAVELA
No carnaval
me lembro tanto da Favela, oi
Onde ela, oi, Morava
Tudo o que eu tinha
Era Uma esteira e uma panela, oi
Mas ela, oi, gostava

Por isso, eu ando
pelas ruas da cidade
Vendo que a felicidade
foi uma vida que passou
E a Favela
que era minha e dela era
Só deixou muita saudade
Porque o resto, ela levou

Me lembro tanto
fazer numa tigela café, oi
ela que, oi, me dava
E de umas reza
por mim que, lá na capela, oi
Ela só, oi, husice

No outro dia
eu fui lá em cima, na Favela, oi
e ela, oi, não estava
Onde casa era
Só achei uma chinela, oi
ela que, oi, usava.

(Repete uma primeira estrofe)

Nossa amiga Thais Matarazzo, de São Paulo, uma jovem de 26 anos que aprecia tudo de belo que foi feito em nossa música popular, mandou-me uma cópia do filme "O Grito da Mocidade e pude" rever Raul Roulien.

RÁDIO NACIONAL-ANO 73

Era 12 de setembro, era o ano de 1936, quando uma canção tradicional já ecoou em nossos céus e uma voz firme abriu uma nova emissora dizendo: "está entrando no ar, neste momento, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro". A canção era "Luar do Sertão" era voz ea de Celso Guimarães.

O que seria o rádio antes? Quantas emissoras, Pioneiras, abriram espaço para que surgisse mais uma? O espaço foi uma visão de futuro de Roquette Pinto, que, nos idos de 1923, Inaugurou a primeira emissora de rádio no Brasil: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Roquette, como professor, percebeu uma facilidade da Educação Através de um elemento novo e desconhecido: o rádio. Daí seu lema "pela cultura dos que Vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil".
Seu objetivo foi tomando vulto, vieram outras emissoras oriundas de pequenos núcleos familiares e clubes ou sociedades, sem muito prestígio. Além disso, os aparelhos receptores que possuíam alguns privilegiados, eram feitos de cristais de galena, um derivado de chumbo, receptiva Capacidade que tinha filhos e conseguia captar os Emitidos pelas ainda pouco conhecidas ondas hertezianas.

No final dos anos 20, aqui no Rio, já funcionavam como Educadora e Rádios Clube do Brasil e Mayrink Veiga. Todas seguindo o lema de Roquette, uma vez que só com o fim educativo tinham permissão de funcionar. Não Admitida era propaganda comercial nas emissoras, o que dificultava sua manutenção, por falta de capital.

Foi no início dos 30 que uma empresa holandesa "Philips", já que
investia em aparelhos receptores de rádio, resolveu instalar-se aqui, importar esses aparelhos, ao mesmo tempo em que teve permissão de Criar uma nova estação Radiofônica: um Philips Rádio.

Com esse investimento e com uma permissão, a partir de 1932, da transmissão de anúncios comerciais, como Tomaram emissoras impulso ea Rádio Philips investiu em um programa firme de outro pioneiro: Adhemar Casé.
.
Pois foi exatamente a Rádio Philips, que deu origem à Rádio Nacional. Embora o prefixo da Philips fosse PRC-6, a Nacional nasceu como PRE-8.

Um ano antes da Nacional foi inaugurada a Rádio Tupi, em um galpão em Santo Cristo.
Até o início dos anos 40, a Nacional se Manteve não sendo que mesmo nível das outras emissoras, na época, a de maior prestígio era um Mayrink Veiga, principalmente a partir de 1933, com o ingresso ali de César Ladeira, outro pioneiro.

A Nacional, que passou a funcionar no edificio do jornal "A Noite", foi anexada às Empresas e incorporadas ao Patrimônio Nacional, com o apoio do então Presidente Vargas, deu um salto, transformando-se na maior emissora da América Latina.
Ao mesmo tempo, outras Importadoras entraram na disputa pelo comércio de aparelhos de rádio, atingindo quase todas as classes sociais.

Enquanto isso, a Nacional foi lançando programas que alcançavam o grande público, já então fanático pelo rádio. Eram cantores, rádio-atores, instrumentistas, programadores, animadores de auditório, maestros, locutores ... Francisco Alves, liderava os cantores; Celso Guimarães dos Santos e Ismênia, os rádio-atores, Jacó do Bandolim, os instrumentistas, Paulo Roberto OS Programadores; César de Alencar, os animadores de auditório, Radamés Gnatalli, os maestros impulsionando uma grande orquestra da Nacional; Saint-Clair Lopes, os locutores ...

Pela Rádio Nacional passaram os maiores gênios do rádio, como Paulo Tapajós, Almirante, Mário Lago, Renato Murce, Lamartine Babo, Iara Salles e Herber de Boscoli e seu "Trem da Alegria", Paulo Gracindo, Manoel Barcelos; Brandão Filho ... cantores e cantoras alucinavam Auditórios OS ... Orlando Silva, das Multidões o cantor, Emilinha Borba, Linda Batista, Dalva de Oliveira, Marlene, Caubi Peixoto, Francisco Carlos, Bob Nelson, Jorge Goulart, Nora Nei, Alcides Gerardi, Nuno Roland, Gilberto Milfont ... Não dá para citar todos. Seu elenco "foi o maior da América do Sul, quiçá do mundo.

Teriam as emissoras americanas, inglesas, francesas, um elenco tão grande e tão eclético? Não creio!

Os programas humorísticos, finos, bem feitos, como o "Edifício Balança, Mas Não Cai", "Neguinho e Juraci", "Tancredo e Trancado", que ofereciam os prêmios, como "A Felicidade Bate A Sua Porta", os de auditório , como os de César de Alencar, Paulo Gracindo e Manuel Barcelos, como das Disputas "fãs" de Emilinha e Marlene ...

E as novelas? As novelas do rádio eram mais interessantes que as da TV.
Como os artistas não eram vistos, nossa imaginação idealizava os personagens.

Assim, cada ouvinte tinha o seu "Albertinho Limonta e" sua "Mamãe Dolores (de" O Direito de Nascer "). Mamãe Dolores era representada por uma atriz branca e moça (Iara Salles). E um imaginávamos uma simpática Preta e rochonchuda. Outras novelas marcaram época, como a primeira "Em Busca da Felicidade que" rendeu "um ano;" Renúncia "; Vidas Mal traçadas "....
Transmissões esportivas, com Oduvaldo Cozzi, Jorge Curi traziam "o Maracanã para nossa casa, da mesma forma que" Alma do Sertão "e" Jerônimo "nos" traziam "E o sertão" O Sombra O suspense "..." Quem sabe o mal que se esconde no coração humano? ... O "Sombra sabe", ah, ah, ah ...".

É, não dá para falar um mínimo sobre a extensão ea Importância da Rádio Nacional. O que podemos fazer é dar "asas" lembrança nossa e trazermos à memória "a grandeza do rádio brasileiro ea exuberância da Rádio Nacional.

Por Norma Hauer

Curiosidades Linguísticas

CONHEÇA A ORIGEM DE ALGUMAS EXPRESSÕES QUE NOS REMETEM A TRANSFORMAÇÕES LINGUÍSTICAS BASTANTE COMPLEXAS E CURIOSAS

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Por que o homem brasileiro simples chama a esposa de "PATROA"?

A idéia é sutil. Um patrão não é apenas um dono. O patrão é uma pessoa para quem se trabalha, aquele que é beneficiado com o produto do trabalho assalariado de alguém que está a seu serviço.
Ora, a esposa, que, na socidade patriarcal, não trabalha fora de casa, é a beneficiária do trabalho do marido assalariado. Em outras palavras, a mulher que é dona de casa é a patroa, porque o marido trabalha para ela!

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Por que velhos são "COROAS" ?

Quando houve a Proclamação da República, tudo o que era imperial passou a ser sinônimo de coisa antiga. Em seu "Novo Dicionário da Gíria Brasileira", Manuel Viotti define coroa como gíria militar, com o sentido de "Antiguidade, a monarquia decaída". Por força do recrutamento obrigatório dos jovens de 18 anos, que, findo o treinamento, voltam às atividades civis e difundem a linguagem da caserna , muitas palavras da gíria militar acabam adquirindo foro de universalidade. Foi o que ocorreu com "rancho" que designa o restaurante e, por extensão, a comida ou a refeição, como em "hora do rancho", ou o que ocorreu com o batebute, uma corruptela do inglês battle boot, " bota de batalha" que designa o coturno ou o chapim.
Assim, tudo o que era antigo ou era velho era da coroa, ou, simplesmente, por metonímia, era "coroa" . Um homem velho, portanto, é antiguidade, é coroa.

Fonte de pesquisa: Revista Língua Portuguesa - Ed. Escala Educacional

Fuscomaníaca - Por: Rosa Guerrera



Em matéria de carro , não posso negar sou realmente uma “fuscomaníaca”. Minha paixão pelo Fusca vem de quando ganhei do meu pai ao completar 18 anos o meu primeiro carrinho.Sei que para alguns ele não passa de um projeto arcaico, para mim no entanto um projeto eterno.Já possuí nesses anos muitas outras marcas de carros , mas sempre gostei de ter um fusquinha na minha garagem. Sua criação ( embora poucas pessoas saibam ) aconteceu na década de 30 quando na Alemanha Ferdinand Porsche a pedido de Hittler deu início ao seu trabalho., cujo rendimento não foi satisfatório, tendo sido no entanto aprimorado com sucesso em 1935, e batizado então como o “ carro do povo”.Sua importante atuação aconteceu na eclosão da Segunda Guerra Mundial quando agiu como veiculo de guerra devido a sua refrigeração a ar , que facilitava até a travessia em desertos .No entanto terminado o conflito, o modelo foi quase a falência , tendo sido retomada a produção alguns anos depois pelo inglês Henry Hirst .Os primeiros fuscas importados chegaram ao Brasil nos anos 50, e o interesse pelo carro foi tanto que em 1957 ele começou a ser produzido também no nosso país.E a procura desse “carrinho” foi tão grande que entre 1959 até 1996 ( mesmo tendo sido suspensa pela Wolkswagen a sua fabricação desde 1986 até 1992) foram vendidos no Brasil 3,3 milhões de fuscas .Para mim, eterna amante do fusca,mesmo com os seus 70 anos de idade esse carrinho vovô será sempre um dos mais queridos na historia do automobilismo,único automóvel que em 1993 a pedido do Presidente Itamar Franco voltou a sua linha de produção, que lamentavelmente foi encerrada em 1996. Inegavelmente sou mesmo uma fuscomaníaca ! E ninguém pode imaginar o que sentí quando exatamente quatro meses passados tive o meu fusquinha 94 roubado.Infelizmente não consegui até hoje recupera-lo.Mas na minha garagem já possuo outro fusca ,dessa vez um 96,e assim desafiando os novos modelos e os mais variados lançamentos das grandes indústrias automobilísticas, eu continuo com esse vovô, que mais que um carro ,é símbolo de uma historia linda a se contar .

Rosa Guerrera

O coração posto a nu - Por Antonio Olinto Marques da Rocha

A tradição romântica da poesia brasileira fixou-se, em muitos momentos, mais no simbolismo do que no parnasianismo. Fosse nos versos de seu representante máximo, Cruz e Sousa, fosse na floração posterior de Cecília Meirelles, manteve a corrente simbolista, com maior evidência, um desejado tom sentimental que evitou, de um lado, a senda fácil do pieguismo e, de outro, o às vezes difícil construtivismo da poesia tecnicamente impecável de um Bilac de ontem ou de um João Cabral de hoje. Ao longo do processo, um Jorge de Lima se exercitava nas várias modalidades do verso brasileiro e erguia uma obra que foi de tudo um pouco, inclusive simbolista.

No movimento ligado à tendência concretista, as experiências de um Wladimir Dias Pino ainda não esgotaram de todo as suas possibilidades, mas ficaram um tanto marginalizadas pelo desenvolvimento recente de uma linguagem, visivelmente mecânica, da era da informática. Estamos ingressando num período de pós-modernidade na poesia brasileira? Ou ele já veio, disse ao que veio, e sumiu, sem que o notássemos? Se a palavra "modernidade" não pode, segundo inúmeros tratadistas, ser definida com precisão, a "pós-modernidade" o seria ainda menos. Vejo, contudo, no riquíssimo panorama da poesia brasileira deste momento, uma representante da mais desabrida e forte pós-modernidade. Falo de Hilda Hilst, cujo livro "Do Amor", agora publicado, é de uma perfeita adequação ao desejo, normal numa poesia liberta, de ir além do que foi feito antes e chegar à conquista de um verso inconfundivelmente original.

Os poemas desse volume, selecionados de uma obra mais vasta, aparecem numerados, sem título. Leia-se o primeiro:

Como se te perdesse, assim te quero
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro


Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.


Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.

O uso das palavras - simples, mas desusadamente ligadas -, a sintaxe até certo ponto esdrúxula, o ritmo que se dissolve logo, mas deixa um rastro melódico perfeitamente perceptível - tudo revela mais uma vez que a poesia de Hilda Hilst está firmemente plantada neste ponto de transição de nossa caminhada poética.

Se é verdade que T. S. Eliot, no dizer do ensaísta D. E. S. Maxwell, contemplava o mundo com um "olhar moralista", misturado a "uma observação irônica" (e, por causa ou apesar disso, mudou a poesia deste século), pode-se afirmar que, seja qual for o método adotado, a "visão" singular de um poeta poderá libertá-lo de si mesmo e de sua técnica e, com isso, ajudá-lo a decifrar o "claro enigma" de cada avanço.

No caso de Hilda Hilst, sua visão é de angústia e, ao mesmo tempo, de êxtase. O assunto é "Do Amor", contudo também de afastamento e conturbada ausência, no desespero quase kierkegaardiano de ser uma coisa e seu contrário - e de transformar esse duplo reconhecimento em verso e reverso de um cântico. Veja-se o soneto que vem a ser o poema nº40 do volume:

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha).

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel.
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

Além de uma leitura normal, página por página, de um livro de poemas, que possamos fazer naturalmente, em busca dos versos que nos revelem a visão do autor, no caso de Hilda Hilst isso acontece em qualquer página, que seus versos, numa seleção como este, promovem sempre uma invenção da verdade. E êxtase de existir está no modo como se apossa dessa(s) verdade(s), transformando a palavra em detonador de uma descoberta que ficará na memória, devido principalmente a imagens dissimilares de que a autora lança mão a fim de surpreender aquilo que Edmund Wilson chamava de "ocultas semelhanças entre coisas aparentemente diversas". No poema nº68, por exemplo, essa diversidade se acentua:

Hoje te canto e depois no pó que hei de ser
Te cantarei de novo. E tantas vidas terei
Quantas me darás para o meu rosto outra vez amanhecer?
Tentando te buscar. Porque vives de mim, Sem Nome,
Sutilíssimo amado, relincho do infinito, e vivo
Porque sei de ti a tua fome, tua noite de ferrugem
Teu pasto que é o meu verso orvalhado de tintas
E de um verde negro teu casco e os areais
Onde me pisas fundo. Hoje te canto
E depois emudeço se te alcanço. E juntos
Vamos tingir o espaço. De luzes. De sangue.
De escarlate.

Numa aventura de pós-modernidade talvez simbolista, o que Hilda Hilst faz na sua poesia pode estar próximo do Baudelaire de "Mon coeur mis a nu". Numa poesia que se proclama "de amor" - que o é, embora não só - esse "coração desnudado" integra toda a sabedoria imagística da poeta, que se ergue acima de si mesma e se abre por dentro para conseguir dizer o às vezes indizível que cerca todo poema de amor.

No posfácio ao livro, feito por Edson Costa Duarte, reproduzem-se estes quatro versos de Hilda Hilst que sintetizam toda a sua entrega ao ato de desnudar o coração em poesia:

Essa lua enlutada, esse desassossego
A convulsão de dentro, ilharga
Dentro da solidão, corpo morrendo
Tudo isso te devo.

(Antonio Olinto é escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.)

10.05.1919 a 12.09.2009

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Dicas para o Cardápio de Domingo - Por Socorro Moreira


Acabei de chegar do Supermercado , e comprei uma peça linda de lagarto. Deixei - o todo light, sem gordurinhas ( fica menos gostoso, mas é mais saudável). Depois furei, fiz uma grande cratera e coloquei o molho do tempero e uma cenoura inteira ( quem puder , coloque pequenos pedacinhos de bacon).

Molho do tempero : alho em pasta, sal, pimenta do reino,cebola batida , suco de limão.Amarrei com barbante, enrolei em papel alumínio e deixei na geladeira.

Amanhã, eu esquento óleo numa panela de pressão, e deixo dourar o lagarto por inteiro. Feito isso, acrescento água , uma folha de louro e ponho para cozinhar na pressão, cerca de 55 minutos. Separo a carne do caldo. Deixo apurá-lo, incrementando com cebolas em rodelas e batatas .

Corto a carne em fatias finas , deito-as no molho , e espero , em fogo brando , que se encorporem. Decoro com folhas de alface, ovos cosidos, e tomates .

Acompanha um arroz branco e uma farofa de mandioca bem torradinha com pedaços de ameixa.

Obs: Dá direiro a INSS.


Uma sobremesa bem rápida e fácil ?

Sorvete de ameixa :

Bata no liquidificador uma lata de leite condensado, uma lata de creme de leite, uma xícara grande de ameixas , um copo de guaraná. Leve ao congelador .
Enquanto isso, os diabéticos e obesos , sirvam-se de gelatina diet com pedaços de frutas. Eu adoro !
.

Para os amigos de Almery - Por Socorro Moreira


Ainda ontem , ainda quase ontem passavas na calçada, espiavas a lua da janela.
Parecias tudo ter , inclusive saúde. Parecias tudo ter, inclusive solidão.
Dona de uma gaiola aberta e de um imenso coração.
Parecias querer ainda algo , que nunca chegou nas tuas mãos... Parecias tudo saber da paz , e do vazio do coração.
Parecia que engolia versos ...
Parecia já não querer soltá-los , mas eles voavam e nutriam o universo. Parecia nunca achar , o que dentro de si estava certo.
E essa mulher mistério, que falava com a minha mãe todo dia ao telefone, parecia precisar, e ser , a mais doce companhia.
Vida breve, suada, e compromissada... Foi muito além da sua missão : foi mãe, avó, e ainda irmã de todas as primas, e ainda tia dos nossos filhos.
Parecias ser eterna !
Apostei tanto no seu completar cem anos... Olhava as suas telas, adquiridas uma a uma, como um presente maior, uma joia superior ao brilhante, feita de tintas e fantasias. Parecia gostar tanto, e nunca pintou o sonho , a rosa, a casa...Só pintou na tela da imaginação.
Dadivosa, parecia tão forte,e era quase frágil ou talvez infinitamente forte, mas foi vencida pelo anjo da morte.
Dizem que um anjo vem buscar, quem merece o céu, e que lá existe o amor abundante, encontrado pelo encanto de amar, silenciosamente, a vida inteira.
Parecia que não era ela, mas era... Só resolveu partir sem aviso prévio. Ficou seu perfume... Quem esquece ?
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Para : Edmar,Lourdes, Humberto, Ronaldo, Luiza, Irmã Maria, Chica, Vera, Ana, Lídia, Nazaré, Armando, Valda, Hélia, Aldenir, Fátima, Claúdia, Geraldo, Mary, Rosângela, Edson, Catarina, Zélia, Verônica, Teresa, Alfredo, Silvana, Mary Anne, Maria Clara, Mundinha, Marisa, Rodrigo, Marcelo, e todos os seus amigos, e todas as pessoas que lhe queriam bem . Para Victor , meu filho, em especial !
Hoje ele pediu-me um retrato de Almery pra colocar dentro do seu livro .O livro que ele não tira das mãos. Contemplou a foto e disse: ela era tão bonita !
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* Foto com Maria Clara, sua neta

Schönberg... HARMONIA!



Arnold Franz Walter Schönberg, Ou Schoenberg, (Viena, 13 de setembro de 1874 -- Los Angeles, 13 de julho de 1951) Foi um compositor Austríaco de música erudita e criador do Dodecafonismo, Um dos mais revolucionários e influentes estilos de composição do século XX. Suas primeiras obras, apesar de ligadas à tradição pós-romântica, já prenunciavam um método composicional inovador, que Evoluiu para um Atonalidade e, mais tarde, para um estilo próprio, o Dodecafonismo. Schönberg foi também pintor e importante teórico musical, Autor de Harmonia e Exercícios Preliminares em Contraponto.

Da primogênito de uma família judaica ortodoxa natural Hungria, Arnold Schönberg desde cedo entrou em contato com as artes, Influenciado por seu tio Fritz Nachod, grande admirador da poesia e da literatura francesas. Aos oito anos de idade, iniciou sua educação musical e passou um ter aulas de violino, Compondo, nessa época, suas primeiras músicas. Mais tarde, tornou-se Autodidata na aprendizagem de piano e violoncelo.

Com a morte do patriarca, em 1889, A família passou um Enfrentar dificuldades financeiras e Schönberg, para ajudar, tornou-se empregado de um banco, onde Trabalhou até 1896. Seu interesse pela arte entretanto, não DIMINUÍU nesse meio tempo: David Josef Bach, cunhado de seu primo, acompanhava-o em discussões sobre música, Filosofia e Literatura. Bach encorajou-o a seguir uma carreira de músico e despertou-lhe o interesse em buscar ideais artísticos Próprios.
Em 1894, Passou um ter aulas de composição com Alexander von Zemlinsky. Referência importante em toda a carreira de Schönberg, Zemlinsky foi o responsável por sua formação musical e teórica, além de dar-lhe os Princípios Gerais de composição.

No final do século XIX, começa a dar aulas ea trabalhar em Companhias e conservatórios musicais. Data dessa época (mais especificamente de 1899) Sua primeira composição de relevo, o Sexteto de Cordas Verklärte Nacht. Em 1898, Converte-se ao Luteranismo. Em 1933, depois de deixar a Alemanha Devido a ascensão do nazismo ao poder, retorna ao Judaísmo em Paris.

Várias de suas obras remetem um temas do Judaísmo, como sua ópera inacabada Moses und Aron, Um sobrevivente de Varsóvia, Para recitante, orquestra e coro, e como suas últimas obras, os três coros do opus 50 (Dreimal tausend Jahre - Três vezes mil anos, Salmo 130 e Salmo Moderno n. 1). O segundo desses coros foi dedicado ao Estado de Israel. Ele ainda estava a trabalhar nenhum deles terceiro, quando morreu, eo coro ficou inconcluso.

Arnold era fascinado pela numerologia. Este fascínio o perseguiu por toda sua vida, pois ele pensava que poderia saber o futuro Através de complexos calculos numéricos. E estes calculos o levaram uma zagállica uma certa obsessão "pelo numero 13. Arnold tinha nascido em 13 de setembro de 1874 e por conta disso, era perseguido pela idéia constante de que o numero 13 estaria Diretamente ligadoà sua morte.Como os numeros somam seis e sete 13, Arnold Schonberg resolveu acreditar que ele iria morrer quando fizesse 76 anos de idade. Ao Verificar o calendário, Arnold viu horrorizado que o dia 13 de julho cairia numa sexta-feira.

Quando tentou ludibriar aquele fatídico dia chegou, Arnold a morte, permanecendo deitado durante todo o dia, para desespero de sua mulher, que não aceitava aquelas "maluquices". Arnold dizia para todos que estava decidido a passar o dia inteiro na cama, de um modo Evitar Eventuais acidentes. Poucos minutos antes da meia noite, sua esposa foi ao quarto dele para brincar com ele, pois nada de ruim havia acontecido. Ao chegar no quarto, ela encontrou shonberg deitado. Ele olhou para uma esposa e pronunciou apenas "Harmonia" e então morreu.

A hora de sua morte foi 23:47, 13 minutos antes da meia-noite, numa sexta-feira 13, no seu septuagésimo sexto ano de vida.


Wikipédia

Metáforas - Por Claude Bloc

Gosto de degustar as metáforas. Para mim, as metáforas têm gosto de algodão doce ou de sorvete de chocolate.

Ando por elas quando me ponho a escrever ou quando busco escrever com tintas novas, com ar de quem mudou de estilo...

Brinco com as metáforas, brinco com as palavras, sem perder o senso nem me deixar perder no vazio, na insignificância. E sempre volto a elas. Porque as metáforas se juntam e aglomeram meus pensamentos. Depois, brincam com meus delírios, para cruzar e embaralhar meus sonhos todos. De repente, se ausentam, esmaecendo os mais diferentes tipos de sentimentos.

Pelas metáforas, descrevo meu destino, emborco minha vida, revelo meus sonhos e também crio minha realidade, tentando explicar uma outra parte de mim.

Com ou sem metáforas estou aqui com você. Com ou sem mistério! E faço um convite. Que tal um sorvete de chocolate? Sem metáforas!
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Texto por Claude Bloc
Imagem do Google Imagens
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Ayla Maria Canta "Ausência"- de Ednardo

Ausência
Ednardo
Tu lembras a rua estreita estrada tão antiga, e eu mostrava a ti uma cantiga
Uma cantiga antiga do lugar
Na rua, na paz da lua o som não se fazia, e sem querer então eu esquecia
Que já não temos tempo pra sonhar

Sorrias e a tua voz a cada instante amiga, a um só tempo em um abraço estreito
Fazia à vida, um violão, um jeito de se fazer amar

Sorrias e a tua voz estranha estrada antiga, perdeu-se ao longe na partida
E não ficou ninguém no seu lugar
La La Laia.....

JOSÉ LINS DO REGO

JOSÉ LINS DO REGO (Por ele mesmo)
Década de 40

Acervo . Iconografia da FJN

1947 - TRAÇOS AUTOBIOGRÁFICOS

Tenho quarenta e seis anos, moreno, cabelos pretos, com meia dúzia de fios brancos, um metro e 74 centímetro, casado, com três filhas e um genro, 86 quilos bem pesados, muita saúde e muito medo de morrer. Não gosto de trabalhar, não fumo, durmo com muitos sonos e já escrevi 11 romances. Se chove, tenho saudades do sol; se faz calor, tenho saudades da chuva. Vou ao futebol, e sofro como um pobre-diabo. Jogo tênis, pessimamente, e daria tudo para ver o meu clube campeão de tudo. Sou um homem de paixões violentas. Temo os poderes de Deus, e fui devoto de Nossa Senhora da Conceição. Enfim, literato da cabeça aos pés, amigo dos meus amigos e capaz de tudo se me pisarem nos calos. Perco então a cabeça e fico ridículo. Não sou mau pagador. Se tenho, pago, mas se não tenho não pago, e não perco o sono por isso. Afinal de contas sou um homem como os outros e Deus queira que assim continue.
MEUS VERDES ANOS(EXCERTOS)

José Lins do Rego

Chamei de verdes anos os tempos da minha primeira infância. E em livros de memórias procurei reter tudo o que ainda me resta daquela "aurora" que para o poeta Casimiro fora a das saudades, dos campos floridos, das borboletas azuis. Em meu caso as borboletas estiveram misturadas a tormentos de saúde, a ausência de mãe, a destemperos de sexo. E tantos espantos alarmaram os meus princípios que viriam eles me arrastar às tristezas que não deviam ser as de um menino. A vida idílica se desviava em caminhos espinhentos. O neto de um homem rico tinha inveja dos moleques de bagaceira. A separação violenta de minha segunda mãe marcou-me a sensibilidade de complexo de renegado. A ausência do pai que não era bem visto pelos parentes maternos fez de mim uma criatura sem verdadeiro lastro doméstico. Sempre fui um menino criado pelo avô, assim como um enjeitado, apesar de todas as grandezas do avô. A vida no engenho não me libertou de certos medos. A asma fez de mim um menino sem fôlego para as aventuras pelo sol e pela chuva. Tinham cuidados demasiados com a criança franzina que não podia levar sereno e tomar banho de rio. O meu temperamento não era de um contemplativo. Tinha vontade de correr os campos como os de minha idade. E se saía dos limites impostos, acontecia o ataque de "puxado" e teria que sofrer as agonias de um afogado. E mais ainda as reclusões forçadas com as negrotas a me aguçarem desejos e concupiscências. As borboletas azuis aí criavam asas de vampiro. Pus nesta narração o menos possível de palavras para que tudo corresse sem os disfarces retóricos. E assim não recorri às imagens poéticas para cobrir uma realidade, às vezes brutal. Fiz livro de memória, com a matéria retida pela engrenagem que a natureza me deu. Pode ser que me escape a legitimidade de um nome ou de uma data. Mas me ficou a realidade do acontecido como o grão na terra. A sorte está em que a semente não apodreça na cova e que o fato não tenha o pobre brilho do fogo fátuo. É tudo o que espero dos "verdes anos" que se foram no tempo, mas que ainda se fixam no escritor que tanto se alimentou de suas substâncias.


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POR GILBERTO FREYRE
Acervo ·Iconografia da FJN

A notícia da morte de José Lins do Rego chega-me aos ouvidos como o mais brutal dos absurdos. Nunca me pareceu que ele pudesse ser senão vida. De modo que não consigo imaginá-lo morto. Morto como qualquer outro homem. Morto do fígado e dos rins num quarto de hospital.

Sua vida transbordou de tal maneira na minha que desde que o conheci deixei de ser um só para ser quase dois. Nunca ninguém, sendo do meu sexo, mas não do meu sangue, me deu mais compreensão e mais afeto. Compreensão e afeto nos momentos mais difíceis para uma amizade no Brasil; país de muitas camaradagens fáceis, mas de raras amizades profundas.

Sempre que nos reuníamos sua voz era uma festa para mim. Sua voz, sua palavra, suas risadas, seus gestos - tudo nele era festa para mim. Sua presença era das que traziam bom ânimo aos amigos. A todos os seus amigos. A Cícero Dias, a Olívio Montenegro, a José Olympio, a Antiógenes Chaves, a Gastão Cruls, a José Américo, a Valdemar Cavalcanti, a Sílvio Rabelo, a Luís Jardim, a Odilon Ribeiro, a João Condé, a Tiago de Melo. Mas com relação a mim era mais do que isto: era uma presença que me completava.

Sei que influi e muito sobre ele; e ninguém o confessou mais insistentemente do que o próprio José Lins em palavras, em cartas íntimas, em artigos; o que se disser em contrário será vã ou inócua tolice. Mas sei também que fui influenciado por ele e que em sua compreensão e seu afeto eu dificilmente teria vencido a acídia que no meu regresso ao Brasil, da Europa e dos Estados Unidos, se apoderou durante algum tempo de mim. Pois nunca um nativo regressou à sua terra, mais repudiado de que eu pelos mandões dessa terra, mais hostilizado pelos seus literatos, mais negado pelos seus moços. José Lins do Rego foi com Aníbal Fernandes, Carlos Lyra Filho, Olívio Montenegro, José Tasso, Odilon Nestor, Pedro Paranhos, uma das raras exceções. Devo-lhe muito. Devo-lhe tanto que, sabendo-o morto, sinto-me como que ferido de morte. E com certeza, incompleto. Com ele morto, sou um vivo incompleto.

A perda que sua morte representa para o Brasil - esta é na verdade imensa. Ele era ainda um homem no viço do poder criador. Capaz, portanto, de nos dar outro Fogo Morto, escrito quando alguns supunham finda a sua obra extraordinária de evocação e de interpretação da vida das casas-grandes do Nordeste, nos dias de decadência dos velhos engenhos. Ou esgotado seu gênio, ainda no esplendor, de intérprete desse passado, por ele próprio vivido na meninice.

Suas memórias apenas em começo - Meus Verdes Anos - talvez se intensificassem, na evocação da sua mocidade no Recife e da sua idade madura no Rio de Janeiro, num depoimento de importância máxima, quer para a revelação da sua personalidade, quer para a clarificação de aspectos obscuros das relações desse autêntico homem de gênio com o meio. Seriam a "confissão" com relação à "ficção" a que se refere a propósito de Graciliano Ramos, o admirável crítico literário que é o paulista Antonio Candido.

Tenho do grande amigo, agora morto, muitas cartas que esclarecem alguns desses aspectos. Também respostas a umas perguntas que uma vez lhe dirigi sobre assuntos relacionados às suas idéias e às suas crenças de homem então próximo dos cinqüenta anos. É documentação que talvez revele um dia em estudo sobre o escritor brasileiro da minha época que mais intensamente admirei, contente de que ele fosse também o melhor, o mais íntimo, o mais fraterno dos meus amigos. O mais constante, o compreensivo, o mais leal dos meus companheiros de geração. Aquele a quem mais me abandonei e aquele de quem mais recebi. Aquele em que mais confiei e aquele que mais confiou em mim. Aquele em quem eu mais me senti e aquele que mais se sentiu em mim. Aquele que, vivo, era parte da minha vida e morto é o começo da minha morte. Mais do que isto: o começo da morte de toda uma geração. São vários os que começam a morrer com sua morte.

Diário de Pernambuco. 15 de setembro de 1957

Fotos e textos do Acervo ·Iconografia da FJN

Exu do Gonzagão - O Portal do Sertão - Por Heládio Teles Duarte




O Silêncio - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Para Claude Bloc em seu ruidoso silêncio



Calar-se, não dizer palavras.
Privar-se de pronúncias,
Escritas, cantos e ruídos,
Inexpressão dos pensamentos.

Eis que o silêncio pode ser a paz,
A paz da conformidade ao entendido,
Pois jamais há em nós mais que mudez,
Uma vez que somos o mundo contido.

Uma vez contendo o mundo,
Todos os ruídos dele estão em nós,
Mesmo quando se faz silêncio,
Silêncio de cordas vocais.

Mesmo que todos os sentidos cessem,
Haveria o ressoar do tempo vivido,
A corrida do sangue na trama ingente,
Os gases respirados, os sólidos mastigados,
Os líquidos deglutidos e a pele ensolarada,
Todos os elementos da velha história.

Maurice Chevalier - Louise, Mimi e Valentine

"Maurice Chevalier (Paris, 12 de setembro de 1888 – 1 de janeiro de 1972) era um ator, cantor e humorista francês. Chévalier compôs muitas músicas famosas como "Louise", "Mimi", e "Valentine."

Seu pai era pintor de construções. Sua mãe era belga. Chévalier ficou famoso após cantar de maneira engraçada uma música popular e muito conhecida na época.

Quando tinha 13 anos, em 1901, ele cantava em uma cafeteria, num show de negócios. Até que um dia um membro do teatro do show o viu e deu a sugestão de que Chévalier poderia cantar em um local apropriado, próprio para músicos e cantores. Assim, foi para Paris onde fez muito sucesso.

Em 1914, Chévalier foi chamado para o serviço militar. Ele não queria ser militar. Querendo voltar para França, em sua primeira semana de serviço, acabou sendo preso por durante dois anos na Alemanha.

Em 1917, começou a cantar no Cassino de Paris, onde conheceu o jazz. Depois foi para Londres. Teria aprendido inglês quando fora preso na Alemanha. Assim, acreditava que teria mais sucesso na Inglaterra do que outros artistas franceses. Assim, ficou mais conhecido ainda.

Na década de 1920, foi para Hollywood, nos EUA. Assinou um contrato com a Paramount Pictures. Logo depois, foi nomeado na Academia de Award de melhor ator, para dois filmes: The Love Parade (1929) e The Big Pond (1930).

Em dezembro de 1971, Chévalier passou mal nos EUA. Foi para o hospital, onde faleceu no primeiro dia do ano de 1972.

Em 1951, Maurice Chévalier foi em toda sua vida apenas uma vez ao Brasil . Nessa época era um dos mais famosos cantores do mundo. Veio especialmente aqui para ser entrevistado na festa de lançamento da TV Tupi do Rio e cantar na inauguracao do "Golden Room" do Copacabana Palace. Foi entrevistado pelo jornalista Arnaldo Nogueira, em seu programa Falando Francamente, o primeiro talk-show da TV Brasileira. "

Bailarina - Por Almery Cordeiro Lima


(Almery Cordeiro Lima)

Eleazar de Carvalho - Maestro Cearense


Eleazar de Carvalho (Iguatu, 28 de julho de 1912 — São Paulo, 12 de setembro de 1996) foi um regente brasileiro. Seus pais eram Manuel Afonso de Carvalho e Dalila Mendonça.

Transferiu-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, tocando tuba na Banda do Batalhão Naval. Teve sua primeira ópera, O Descobrimento do Brasil, estreada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1939, recebendo, no ano seguinte, o diploma de maestro. Foi para os EUA em 1946. Em 1963 tornou-se doutor em música pela Washington State University, nos Estados Unidos. Fez doutorado em Letras e Humanidades, pelo Hofstra College, em Hempstead.

Nos Estados Unidos, estudou regência com Sergey Koussevitzky, no Berkshire Music Center, em Massachusetts. Em 1947 dividiu com Leonard Bernstein a função de assistente do maestro Koussevitzky, que o sucedeu após sua morte ficando até 1965. Estreou em 1950, na Europa, no Palais Beaux-Arts em Bruxelas.

Atuou longamente como regente titular na Orquestra Sinfônica Brasileira, no Rio de Janeiro. Foi diretor artístico e regente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e fundador da cadeira número 32 da Academia Brasileira de Música.

Teve relevante atuação pedagógica tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, onde seu nome é indissociável do Festival de Inverno de Campos do Jordão.

Em seu tempo de vida, Eleazar de Carvalho era conhecido por seu temperamento forte e pelo vigor de seu fazer musical, respeitado tanto no repertório tradicional quanto em dois campos que ele sempre se empenhou divulgar: a música contemporânea e a brasileira.

Eleazar foi casado com Jocy de Oliveira, também músicista, e com ela teve Eleazar de Carvalho Filho, hoje eminente economista carioca.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Eleazar_de_Carvalho"

Geraldo Vandré- Canção Nordestina




Geraldo Vandré, nome artístico de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, paraibano, (João Pessoa, 12 de setembro de 1935) é um cantor e compositor brasileiro.

Foi o primeiro filho do casal José Vandregísilo e Maria Eugênia. O nome artístico Vandré é uma abreviatura do segundo nome do pai.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, tendo ingressado na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Militante estudantil, participou ativamente do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Em 1966, chegou à final do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com o sucesso Disparada, interpretado por Jair Rodrigues. A canção arrebatou o primeiro lugar ao lado de A Banda, de Chico Buarque.

Em 1968, participou do III Festival Internacional da Canção com Pra não dizer que não falei de flores ou Caminhando. A composição se tornou um hino de resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura militar durante os governo militar, e foi censurada. O Refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores. No festival a música ficou em segundo lugar, perdendo para Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim.

Simone foi a primeira artista a cantar Pra não dizer que não falei de flores após do fim da censura.
Censura, AI-5
Ainda em 1968, com o AI-5, Vandré foi obrigado a exilar-se. Depois de passar dias escondido na fazenda da viúva de Guimarães Rosa, morto no ano anterior, o compositor partiu para o Chile e, de lá, para a França. Voltou ao Brasil em 1973. Até hoje, vive em São Paulo e compõe. Muitos, porém, acreditam que Vandré tenha enlouquecido por causa de supostas torturas que ele teria sofrido. Dizem que uma das agressões físicas que sofreu foi ter os testículos extirpados, após a realização de um show, por policiais da repressão. O músico, no entanto, nega que tenha sido torturado e diz que só não se apresenta mais porque sua imagem de "Che Guevara Cantor" abafa sua obra.
A canção Pra não dizer que não falei de flores foi usada em 2006 pelo Governo Federal como trilha musical para publicidade de suas Políticas de Educação como o ProUni e o ENEM, sendo executada em um ritmo diferente. Dessa forma, a música que foi considerada uma ameaça ao governo ditatorial passou a ser usada para publicidade do governo no período democrático.


Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Geraldo_Vandr%C3%A9"

Vicente Celestino - "A voz orgulho do Brasil"


Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1894 — São Paulo, 23 de agosto de 1968) foi um dos mais importantes cantores brasileiros do século XX.

Nasceu no bairro de Santa Teresa, filho de italianos da Calábria. Dos seis homens (eram onze irmãos), cinco dedicaram-se ao canto e um ao teatro. Desde os 8 anos, por causa de sua origem humilde, Celestino teve de trabalhar: sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, já rapaz, chefe de seção numa indústria de calçados.

Começou cantando para conhecidos e era fã de Enrico Caruso. Antes do teatro cantava muito em festas, serenatas e chopes-cantantes. Estreou profissionalmente cantando a valsa Flor do Mal no teatro São José e fez muito sucesso e também entrou no seu primeiro disco vendendo milhares de cópias em 1916 na Odeon (Casa Edison).

Em 1920 montou uma companhia de operetas, mas sem nunca deixar o carnavalesco de lado, emplacando sucessos como Urubu Subiu. Rapidamente, depois de oportunidade no teatro, alcançou renome. Formou companhias de revistas e operetas com atrizes-cantoras, primeiro com Laís Areda e depois com Carmen Dora. As excursões pelo Brasil renderam-lhe muito dinheiro e só fizeram aumentar sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como ídolo da canção. Na década de 30 começou a demonstrar seus dotes como compositor resultando em clássicas de seu reportório, como 'O Ébrio', sua música mais lembrada até hoje (inclusive transformada em filme por sua esposa). Vicente Celestino teve uma das mais longas carreiras entre os cantores brasileiros. Quando morreu, às vésperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em São Paulo, estava de saída para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa gafieira "Pérola Negra", que seria gravado para um programa de televisão.

Na fase mecânica de gravação, fez cerca de 28 discos com 52 canções. Com a gravação elétrica, em 1927, sentiu uma certa inaptação quanto ao rendimento técnico, logo superada. Aí recomeçaria os sucessos cantados em todo o Brasil. Em 1935 foi contratado pela RCA VICTOR, praticamente daí sua única gravadora até falecer. No total, gravou em 78 RPM cerca de 137 discos com 265 músicas, mais dez compactos e 31 LPs, nestes também incluídas reedições dos 78 RPM.

Vicente Celestino, que tocava violão e piano, foi o compositor inspirado de muitas das suas criações. Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme público: O Ébrio (1946) e Coração Materno (1951). Neles Vicente foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu (1904 - 1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.

Celestino passaria incólume por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50, fiel ao seu estilo, gravou "Conceição", "Creio em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Você". Seu eterno arrebatamento, paixão e inigualável voz de tenor, fizeram com que o povo o elegesse como A Voz Orgulho do Brasil.

Nunca saiu do Brasil e manteve sua voz grave que era marca registrada independente do estilo musical que estava executando. Teve suas músicas regravadas por grandes nomes, como Caetano Veloso e Mutantes.


Entre os seus maiores sucessos :
À Luz do Luar, de sua autoria (1928)
Ai, Ioiô (Linda Flor), Cândido Costa e Henrique Vogeler
Bem-Te-Vi, Melo Morais Filho e Emílio Pestana (1928)
Malandragem, Ari Barroso (1933)
O Ébrio, de sua autoria (1936)
Ontem ao Luar, Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara (1918)
Patativa, de sua autoria (1937)
Porta Aberta, de sua autoria (1946), e outros.


Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_Celestino"

12 de Setembro- Dia da Seresta - Por Socorro Moreira


Manhã quieta e nostálgica. Acompanhei Almery até sua morada final.
Minha avó, meu pai, cantavam muito quando estavam tristes , quando perdiam algo - " quem canta seus males espanta". Até pensei em "canto triste " de Edu Lobo. Mas hoje é o dia da seresta.
Quisera que o Crato reunisse sempre , na praça, em qualquer uma delas, um grupo de seresteiros. Essa programação acabou faz tempo. Os bares aboliram a música de seresta. A gente que gosta foi ficando em casa, e o pessoal jovem, na sua maioria, não a suporta.
Vale lembrar alguns dos nossos bons e inesquecíveis seresteiros : Vicente Padeiro, Fernando , Célio Silva, Siebra, Reinaldo Cangalha, Correinha, Audísio Teles, Lira, Zé dos Prazeres, Flaviano Calou, Ana Neri de Joaquim Patrício , Socorro Alencar,Gilberto Milfont, Zé Flávio Teles,Geraldo Maia, Francisco Peixoto, Orlando Peixoto, e tantos outros !
Minha geração ( Jovem- Guarda) , gozou as influências da música de seresta ( graças a Deus !).
Antigamente, se eu passasse num lugar, e um grupo estivesse tocando violão, eu parava, entrava na roda, e só desistia, quando guardavam os instrumentos. E foi bem assim, em todos os lugares por onde morei, andei. Automaticamente, a gente internalizou o repertório. O que alguém tocasse, a gente sabia acompanhar ( com ou sem afinação), aplaudindo entusiasticamente , e extrapolando a emoção.
Meu pai foi um grande seresteiro( Alfredo Moreira Filho- Moreirinha). Conquistou a minha mãe cantando na sua janela, as músicas da época. Foi nesse tempo talvez, que a minha alma escolheu o pai , que ela queria ter. Vida boa : rua, madrugada, violão, canto e paixão. Ora, ora...
Ainda gosto !
Minha rua é bem curtinha. São poucos os moradores. Hoje ela está saudosa , lacrimejosa , e cala o assobio.Não dá pra cantar com um nó na garganta , e uma saudade grande , entalada no peito.
Mas, cantar é preciso !




Conservatória-Rj- "Um sonho musical"











Origem do nome:
A palavra conservatória faz parte, ainda hoje, do vocabulário corrente de Portugal. Equivale a uma repartição pública ou cartório de registros. Com a organização de um aldeamento indígena no lugar, através da concessão de sesmaria pelo Vice-rei Luiz Vasconcelos em 1789, instalou-se uma conservatória para controle e registro dos índios (araris). Assim, o arraial começou a ser chamado de "Conservatória dos Índios". Foi somente em 1938 que o nome "Conservatória" (já encurtado por razões óbvias), passou a abranger todo o distrito que, até então, chamava-se Santo Antônio do Rio Bonito.

Em 1824, nesse aldeamento indígena, foi fundado o curato de Santo Antonio do Rio Bonito, que foi elevado a paróquia em 1839. A partir dessa época o lugar e toda a região do Vale do Paraíba, viveu seu apogeu econômico, baseado no plantio e exportação do café. Na "Carta Chorográphica da Província do Rio de Janeiro", levantada de 1858 a 1861, consta indicação de onze fazendas na região do atual distrito, e que seriam as mais extensas propriedades rurais e de maior produção de café, naquela época.
O período de opulência permitiu aos fazendeiros trazer músicos da Corte para animação de suas festas. Há registros da existência de aulas de música, afinadores e professores de piano, incluindo André Schmidt, de quem, diz-se, teria partido a iniciativa de apresentar-se ao público espontaneamente, como acontece hoje nas serenatas.

A libertação dos escravos em 1888, deixou sem ação os fazendeiros acostumados ao trabalho fácil e disciplinado da infeliz raça negra. Houve uma debandada geral dos escravos e a decadência econômica foi imediata.
Até o crescimento do interesse turístico por Conservatória e suas serenatas, a economia sustentou-se, principalmente, da pecuária e indústria de laticínios. Sua excelente condição climática atraía pessoas com doenças respiratórias, além de veranistas, durante o período de outubro a março, melhorando também a oferta de empregos para a população local.

A Serenata:
Joubert Cortines de Freitas (8-9-1921) e José Borges de Freitas Netto (9-11-1922 / 29-11-2002), nascidos no distrito vizinho de Santa Izabel do Rio Preto (Região da Serra da Beleza), foram iniciados na música ainda crianças, pelo pai Antônio Borges de Freitas Sobrinho. A família chegou a Conservatória em 1938, quando "seu" Antonico, agente ferroviário da Central do Brasil, aposentou-se. Os dois irmãos, ainda adolescentes, integraram-se ao movimento musical que já existia.

Foi na década de 50, com a partida do notável seresteiro Emérito Silva ("Merito"), que Joubert e José Borges assumiram, gradualmente, a liderança da serenata. José Borges formou-se advogado e Joubert professor de matemática.

Trabalharam nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa época as serenatas aconteciam apenas no período das férias escolares e nos feriados prolongados, porém diariamente. A casa onde hoje se localiza o Museu da Seresta e Serenata, tornou-se ponto de encontro dos seresteiros a partir da década de 60 e conserva sua forma original até hoje. Foi também nesta época que teve início o projeto "Em toda casa uma canção", idealizado por José Borges e Joubert, objetivando perpetuar nas fachadas das casas o nome dos compositores cujas canções são cantadas nas ruas de Conservatória preservando, assim, a alma lírica brasileira. A escolha da música, sempre de amor, é feita pelo morador. As placas não se repetem e o projeto foi concluído em Dez/2003, com 403 placas.

É pela persistência e dedicação desses irmãos, apoiados por novos idealistas que, ao longo dos anos, juntaram-se aos dois, que o movimento musical vem resistindo até os dias de hoje. A serenata de Conservatória, começou a sensibilizar a imprensa na década de 50, mas foi o célebre jornalista Nestor de Holanda (companheiro de quartel do seresteiro Joubert), em 1967, no Jornal Diário de Notícias, criando a expressão "Vila das Ruas Sonoras", e a matéria da renomada revista O Cruzeiro, em 1968, que deram início a uma seqüência de reportagens que, mais adiante, mobilizou também a imprensa estrangeira. O resultado foi a vinda de um número cada vez maior de visitantes, abrindo espaço para a iniciativa privada e o desenvolvimento do distrito, transformando o turismo cultural na principal atividade econômica do lugar.

O substancial número de turistas todos os finais de semana provocou modificações na serenata, que evoluiu do canto à janela da amada, no silêncio da madrugada, até a emocionante confraternização musical que acontece atualmente, pelas ruas do centro urbano, nas noites de sextas e sábados, a partir das 23:00h.

Fiéis a tradição, os "cantadores" e "violeiros" apresentam-se sem qualquer ajuda de equipamento eletrônico, contando exclusivamente com a participação dos visitantes, seja para acompanhar na cantoria, ou para fazer silêncio, de forma que todos possam ouvir. Ao visitar Conservatória, descobre-se a diferença entre seresta e serenata: a primeira refere-se ao canto em ambiente fechado, a segunda, ao canto noturno, ao ar livre, sob o sereno, à luz das estrelas e do luar. É a serenata que diferencia Conservatória de qualquer outro lugar do país. Divulgações equivocadas, referem-se a Conservatória como "Cidade das Serestas" quando o mais correto seria "Cidade das Serestas e Serenatas", ou simplesmente "Capital da Serenata ", no dizer do jornalista Gianni Carta, em publicação na Inglaterra.

O Museu da Seresta e Serenata é uma entidade particular e independente. Seus fundadores não aceitam doações ou subvenções, mantendo, assim, o movimento musical afastado de interesses políticos ou comerciais, buscando manter sua pureza e o seu caráter de preservação cultural.


CANTO LÍRICO
Página produzida pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores / Rio de Janeiro

Pensamento para o Dia 12/09/2009



“A palavra ‘Vairagya’ significa literalmente aquilo que é oposto a ‘Raga’ (apego). ‘Vairagya’ não quer dizer que você deveria abandonar tudo e se retirar para uma floresta. ‘Vairagya’ significa realmente que você deveria permanecer onde está, seja qual for a fase de sua vida, e entender a natureza sutil das coisas, abandonando os desejos mundanos. Isso significa que, com o uso do discernimento, você deveria saber o que aceitar e o que rejeitar. Você deveria esforçar-se para reconhecer a Divindade em cada objeto que você vê e desfruta. ‘Vairagya’ não significa simplesmente abandonar as coisas, mas consiste em desfrutar sem apego as coisas que anteriormente eram desfrutadas com apego. Este é o verdadeiro significado de ‘Vairagya’. Esta é a marca de um verdadeiro ser humano.”

Sathya Sai Baba