Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 12 de setembro de 2009

Conservatória-Rj- "Um sonho musical"











Origem do nome:
A palavra conservatória faz parte, ainda hoje, do vocabulário corrente de Portugal. Equivale a uma repartição pública ou cartório de registros. Com a organização de um aldeamento indígena no lugar, através da concessão de sesmaria pelo Vice-rei Luiz Vasconcelos em 1789, instalou-se uma conservatória para controle e registro dos índios (araris). Assim, o arraial começou a ser chamado de "Conservatória dos Índios". Foi somente em 1938 que o nome "Conservatória" (já encurtado por razões óbvias), passou a abranger todo o distrito que, até então, chamava-se Santo Antônio do Rio Bonito.

Em 1824, nesse aldeamento indígena, foi fundado o curato de Santo Antonio do Rio Bonito, que foi elevado a paróquia em 1839. A partir dessa época o lugar e toda a região do Vale do Paraíba, viveu seu apogeu econômico, baseado no plantio e exportação do café. Na "Carta Chorográphica da Província do Rio de Janeiro", levantada de 1858 a 1861, consta indicação de onze fazendas na região do atual distrito, e que seriam as mais extensas propriedades rurais e de maior produção de café, naquela época.
O período de opulência permitiu aos fazendeiros trazer músicos da Corte para animação de suas festas. Há registros da existência de aulas de música, afinadores e professores de piano, incluindo André Schmidt, de quem, diz-se, teria partido a iniciativa de apresentar-se ao público espontaneamente, como acontece hoje nas serenatas.

A libertação dos escravos em 1888, deixou sem ação os fazendeiros acostumados ao trabalho fácil e disciplinado da infeliz raça negra. Houve uma debandada geral dos escravos e a decadência econômica foi imediata.
Até o crescimento do interesse turístico por Conservatória e suas serenatas, a economia sustentou-se, principalmente, da pecuária e indústria de laticínios. Sua excelente condição climática atraía pessoas com doenças respiratórias, além de veranistas, durante o período de outubro a março, melhorando também a oferta de empregos para a população local.

A Serenata:
Joubert Cortines de Freitas (8-9-1921) e José Borges de Freitas Netto (9-11-1922 / 29-11-2002), nascidos no distrito vizinho de Santa Izabel do Rio Preto (Região da Serra da Beleza), foram iniciados na música ainda crianças, pelo pai Antônio Borges de Freitas Sobrinho. A família chegou a Conservatória em 1938, quando "seu" Antonico, agente ferroviário da Central do Brasil, aposentou-se. Os dois irmãos, ainda adolescentes, integraram-se ao movimento musical que já existia.

Foi na década de 50, com a partida do notável seresteiro Emérito Silva ("Merito"), que Joubert e José Borges assumiram, gradualmente, a liderança da serenata. José Borges formou-se advogado e Joubert professor de matemática.

Trabalharam nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa época as serenatas aconteciam apenas no período das férias escolares e nos feriados prolongados, porém diariamente. A casa onde hoje se localiza o Museu da Seresta e Serenata, tornou-se ponto de encontro dos seresteiros a partir da década de 60 e conserva sua forma original até hoje. Foi também nesta época que teve início o projeto "Em toda casa uma canção", idealizado por José Borges e Joubert, objetivando perpetuar nas fachadas das casas o nome dos compositores cujas canções são cantadas nas ruas de Conservatória preservando, assim, a alma lírica brasileira. A escolha da música, sempre de amor, é feita pelo morador. As placas não se repetem e o projeto foi concluído em Dez/2003, com 403 placas.

É pela persistência e dedicação desses irmãos, apoiados por novos idealistas que, ao longo dos anos, juntaram-se aos dois, que o movimento musical vem resistindo até os dias de hoje. A serenata de Conservatória, começou a sensibilizar a imprensa na década de 50, mas foi o célebre jornalista Nestor de Holanda (companheiro de quartel do seresteiro Joubert), em 1967, no Jornal Diário de Notícias, criando a expressão "Vila das Ruas Sonoras", e a matéria da renomada revista O Cruzeiro, em 1968, que deram início a uma seqüência de reportagens que, mais adiante, mobilizou também a imprensa estrangeira. O resultado foi a vinda de um número cada vez maior de visitantes, abrindo espaço para a iniciativa privada e o desenvolvimento do distrito, transformando o turismo cultural na principal atividade econômica do lugar.

O substancial número de turistas todos os finais de semana provocou modificações na serenata, que evoluiu do canto à janela da amada, no silêncio da madrugada, até a emocionante confraternização musical que acontece atualmente, pelas ruas do centro urbano, nas noites de sextas e sábados, a partir das 23:00h.

Fiéis a tradição, os "cantadores" e "violeiros" apresentam-se sem qualquer ajuda de equipamento eletrônico, contando exclusivamente com a participação dos visitantes, seja para acompanhar na cantoria, ou para fazer silêncio, de forma que todos possam ouvir. Ao visitar Conservatória, descobre-se a diferença entre seresta e serenata: a primeira refere-se ao canto em ambiente fechado, a segunda, ao canto noturno, ao ar livre, sob o sereno, à luz das estrelas e do luar. É a serenata que diferencia Conservatória de qualquer outro lugar do país. Divulgações equivocadas, referem-se a Conservatória como "Cidade das Serestas" quando o mais correto seria "Cidade das Serestas e Serenatas", ou simplesmente "Capital da Serenata ", no dizer do jornalista Gianni Carta, em publicação na Inglaterra.

O Museu da Seresta e Serenata é uma entidade particular e independente. Seus fundadores não aceitam doações ou subvenções, mantendo, assim, o movimento musical afastado de interesses políticos ou comerciais, buscando manter sua pureza e o seu caráter de preservação cultural.


CANTO LÍRICO
Página produzida pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores / Rio de Janeiro

3 comentários:

Cesar Augusto disse...

Socorro,

Conservatória é muito linda e me troxe agora boas memórias.

beijos, Cesar Augusto

Estou indo ao Brasil, se me for possível e Deus me permitir, quero conhecer a sua cidade.

socorro moreira disse...

Vindo ao Brasil é bom deixar os olhos descansados para olhar a Chapada do Araripe.

Um abraço.

Cesar Augusto disse...

Socorro, aquém da Chapada do Araripe, quero primeiro conhecer e cumprimentar as pessoas que me receberam de braços abertos, para uma amizade que seguramente vai perdurar por muitos e muitos anos, depois então, na companhia desses amigos, quero disfrutar as belezas que me são contadas por todos vcs em prosa e em versos.
Meu muito obrigado, me dobro a todos vcs que enriquecem a minha vida, com toda essa beleza cultural de que eu tanto careço.

Beijos,

Cesar Augusto