Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Luz - Por Claude Bloc



Meus olhos se voltaram para a luz... Vai, vai e voa! Voa rápido! mas... o silêncio tomou conta do lugar. E então essa luz, não era ela a saída? Não soube atinar. Ela estava fora de meu campo visual, mas sobrevoei com aquela luz os retratos, todos tão bem organizados, vivos. Um homem me olhava na foto e uma mulher pousava seus olhos no infinito... Era a lembrança eterna de um abraço. E quem disse que as lembranças não são vivas?

A luz pousou levemente sobre a beira de uma xícara. Meu batom ainda degustava o café gostoso e forte. No fundo de um copo, os restos de açúcar e chocolate no que sobrou do leite gelado. Doce. Doce vida.

Reflexos pelas paredes,pareciam uma infinidade de olhos seguindo a noite. Olhos que me viam, que me seguiam e me encurralavam no par de asas onde me escondia... Bati as asas rumo à segurança livrando-me dos maus sonhos, e da desordem dos livros espalhados sobre a escrivaninha; observei um deles aberto, com a caneta ao lado... Para onde fugiu minha imaginação?

No papel escurecido pelas sombras descansei minhas mãos, a caneta não tinha tinta.
Minhas asas de repente começaram a bater novamente, a janela estava aberta. Enfim a saída! Enfim a verdadeira luz. Saí, rumo a sabe-se lá onde.

.... Texto por Claude Bloc ....

Glóbulos Vermelhos

Meu coração cozinha sem cheiro
tenta ouvir a geladeira.

Mas não há ruídos.

As geladeiras de hoje
não se queixam dos pesares.

A solidão mais fria
calculada, distante.

Arrasto de volta
meu chinelão vísceras
até o quarto.

Cruzo os braços
e as pernas -

deixo o teto
beijar-me as faces.

Muros & Pontes

Não terá sido, certamente, por mero acaso que se considera a Grande muralha da China , por consenso, a maior obra da engenharia humana. Os seus mais de 8000 kilometros, construídos por mais de quinze séculos, além de ser a única construção humana visível do espaço sideral, credenciam-na a este posto. Acredito, no entanto, que existe, como em tudo neste mundo, uma razão subjacente, para tamanho encantamento. A humanidade é fascinada por muralhas. Desde o Gênesis, quando nossos ascendentes primevos – Adão e Eva—foram escorraçados “para fora dos jardins do Éden” , subentende-se que alguma fronteira existia entre o paraíso e o resto do terra: quem sabe uma muralha? A queda de Tróia pressupôs um drible nas suas muralhas através das peripécias de um Cavalo oco, atapetado de guerreiros no seu bojo. O crescimento das nossas antigas civilizações aconteceram pela a construção de fortes, muros , cercas, com o objetivo claro de protegê-las contra o ataque dos inimigos. Um Muro, também, - o “das Lamentações—é o lugar mais sagrado dos judeus, nos dias de hoje. O desenvolvimento da Sociedade Feudal e depois Capitalista erigiu o muro como seu tótem: o símbolo da propriedade privada. Após a Ia. Grande Guerra, a França criou também a sua muralhinha na Fronteira entre ela, a Itália e a Alemanha: a Linha Maginot. A Guerra da Coréia criou um muro virtual : o Paralelo 38. Mesmo com o advento do comunismo, nos primórdios do Século XX, o muro continuou plenamente em voga, basta lembrar a Construção do mais famoso deles, o de Berlim, em 1961. A queda do de Berlim , em 09/11/89, há exatos vinte anos, não cessou a construção de muitos outros muros . Os Estados Unidos erigiram um imenso na sua fronteira com o México na tentativa desesperada de impedir a entrada de migrantes hispânicos. Israel elevou em 2002, na Cisjordânia, um outro muro com o fito de afastá-la dos palestinos. Nos tempos atuais, as grandes cidades dividem-se entre os criminosos presos por trás dos muros das prisões e o resto da humanidade presa atrás de muros altíssimos construídos ao redor de suas residências. Os maiores conflitos mundiais entre nações e entre pessoas encontram-se centrados em limites de fronteiras: até onde vai o meu muro e onde começa o seu ? O adolescente, na esquina, se pergunta : deve ou não usar um muro plástico ( a camisinha) , na tentativa de evitar a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis ? Existem ainda as paredes que construímos sem nenhuma argamassa: intuitivamente cada um dos nós delimita um espaço. Até aqui é meu, até aqui é seu : no ônibus, na rua, no trabalho, na escola, em casa. Sem falar nas imensas paredes que erguemos ,psicologicamente, entre nós mesmos e as outras pessoas: inimizades, picuinhas, despeito, inveja, competição. A raiz da intolerância no mundo encontra-se no soerguimento paulatino de muitas barreiras : ideológicas, religiosas, culturais, étnicas, econômicas.
A queda do Muro de Berlim, há vinte anos, representa muito mais que o esfacelamento de uma ideologia, de uma outra maneira fechada e maniqueísta de interpretar o mundo. O Muro talvez seja o maior símbolo histórico da humanidade. A respiração do planeta depende da queda de infinitas muralhas construídas física, virtual e psicologicamente ao longo de toda nossa história. O futuro depende da nossa capacidade de fabricar pontes, passarelas, no lugar de muros e cercas. Quando levantamos uma fortaleza , nem percebemos, mas na outra sala, simultaneamente, já começamos a confeccionar o nosso próprio Cavalo de Tróia.

J. Flávio Vieira

REENCONTRO COM SOCORRO MOREIRA


Lí certa vez que : o reencontro tem muitas faces.Há reencontros que machucam, que alimentam cicatrizes, que sugerem novas lágrimas e muitas vezes até despertam a aridez de emoções desagradáveis .Outros no entanto possuem a beleza rara de ressucitar por entre´núvens do passado , a juventude hoje tão longe.Foi exatamente essa face que me foi apresentada quando depois de 40 anos reeencontrei uma velha amiga dos meus verdes anos , hoje poetisa afamada na cidade do Crato: Socorro Moreira. Socorrinho ( como sempre a chamei )foi minha vizinha por algum tempo aqui em Recife .Naquela época eu devia ter uns 18 anos , e Socorrinho aproximadamente 12 anos, e eu achava curioso aquele menina gostar tanto de ler minhas poesias , e até acompanhar matérias que então eu escrevia em jornais ; isso sem falar no tempo que ela ficava a me escutar tocando violão, e me pedindo para que eu falasse sobre as cidades onde morei na Italia ...Mas , como costumo dizer que não podemos fugir ao caminhar da fila da vida , o tempo passou e a familia vizinha voltou para o Crato , enquanto destinos diferentes passamos a trilhar. E hoje passados 40 anos , aquela "menina " dos anos 60, me reencontrou através da Net, e qual não foi minha surpresa quando recebí uma mensagem dela no meu blog.

Desde então não perdemos mais contato , e foi imensa a minha alegria de recebê-la hoje , aqui em minha casa em Recife. Sinceramente , não tenho dúvidas que foi a poesia ( minha eterna companheira ) que ocasionou esse reencontro. E apesar do pouco tempo que passamos juntas , lembramos e sorrimos juntas dos frutos e das lembrnaças gostosas da nossa juventude. Hoje Socorrinho , mais conhecida no Crato como a poetisa Socorro Moreira , possui um blog maravilhoso , e eu uma frequentadora assídua dos seus escritos .

É isso aí ....o tempo passou ...mas repito : a poesia fez questão de ocasionar esse reencontro, e nele a certeza tanto minha como da minha amiga Socorrinho , de que ainda temos muitos versos a escrever . Apesar das rugas , apesar do tempo e apesar dos cabelos brancos .
.

A Lâmina

Espreita-se uma dorzinha de cabeça
no limiar do córtex pré-frontal.

Por isso as lágrimas lavam meus óculos.

Não é saudade.
Não é desejo.

Apenas uma dorzinha de cabeça
agora resvalando-se por minha nuca.

A lágrima mais eficaz que sabão neutro.

Os óculos brilham
sequer vejo os arranhões.

Um Poema Lírico

Farejo carne na esquina.
Batom cereja.
Água de Cheiro.

[Confortável no meu quarto
ou na sala de cinema?]

Ofereço-lhe moedas
e bombons -

é tudo que tenho
no bolso.

A presa tenta desvencilhar-se,
agarro-lhe pelo pulso,
sussurro-lhe aos ouvidos:

"seu professor de Le Parkour
não é mais criativo que eu..."

A presa treme,
antes que caia
abraço-lhe a alma.

A cabeça quase encosta na calçada
então suspendo-a:

é lindo um beijo no pescoço.

Programa Cariri Encantado destacará Mostra Sesc Cariri de Cultura


O programa Cariri Encantado de amanhã, 13 de novembro, destacará a 11ª Mostra Sesc Cariri de Cultura, entrevistando Dane de Jade (foto), coordenadora e uma das idealizadoras do evento que é considerado a maior mostra de cultura do interior do Ceará,.

O programa de amanhá veiculará as seguintes músicas:
- Raio de Fogo (Banda Montage)
- Mais Tarde, Mais Forte (Abidoral Jamacaru)
- Asas da Poesia (Gildário de Assaré)
- De Lenda e Cantigas (Zé Nilton)
- Retalhos (Luiz Carlos Salatiel e J. Flávio Vieira)-
- Fraternex (Leonardo Leo, Calazans Callou e Carlos Rafael)
- Calar o Amor (Leninha)
- Kariri com K (Moreira), com Moreira & Morais
- Não Haverá Mais um Dia (Pachelly Jamacaru)

O programa trará ainda as poesias "que futuro tem a poesia", de Chagas, e "livro de veludo", de Domingos Barroso, além de uma crônica de Lupeu Lacerda.

O programa Cariri Encantado é veiculado pela Rádio Educadora do Cariri AM 1020 todas as sextas-feiras, das 14 às 15 horas, com apoio do Centro Cultural BNB Cariri.

A apresentação é de Luiz Carlos Salatiel e Carlos Rafael.

Diversões do Crato nos anos sessenta. – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Quem já ouviu falar das tertúlias que ocorriam em Crato nos anos sessenta? Qual o adolescente ou jovem da época, que não freqüentou uma tertúlia? Nesse tempo o divertimento dos jovens do Crato era animado, além de econômico. Quem viveu nessa época sabe como essa diversão era saudável, não havia bebida alcoólica, nem outras drogas. O objetivo era dançar, se divertir, flertar ou namorar. Quem tivesse uma casa com sala ampla chamava os jovens que estavam na Praça Siqueira Campos, para participarem de uma tertúlia. Ninguém sabe como, mas de repente, todo mundo sabia onde haveria tertúlia naquele dia. Depois dos jovens reunidos, a radiola era ligada com os discos mais tocados na época: Roberto Carlos, os Beatles, e todas as músicas da jovem guarda. Lembro-me bem que participei de muitas tertúlias na casa dos meus primos Jefferson Albuquerque Júnior e irmãos. Como a casa era da tia Letícia, mamãe permitia que eu fosse. Entretanto, muitas vezes tinha que fugir, pois ela me proibia de ir, dizendo que não queria que eu fosse “um piolho de festas”. Lembram desse termo? Acho bastante engraçado! Embora eu tivesse certeza que meus dois irmãos mais velhos estariam lá e, eles contariam a mamãe da minha presença na tertúlia; mesmo sabendo que ia receber uma reprimenda, valia à pena participar de tão agradável diversão. A idade de treze anos faz os pais se preocuparem com os filhos. Entretanto, nessa época esse tipo de festa, não tinha perigo nenhum. Uma vez fui a uma tertúlia na casa de seu Pierre. Dancei com Carlos e hoje ainda lembramos que não imaginávamos naquela época, que um dia, seríamos marido e mulher. Ele afirma que já simpatizava comigo. Mas ainda não era o momento de iniciarmos o namoro devido à minha pouca idade.

Outra grande diversão eram as matinais do domingo no Crato Tênis Clube. Ali também se reunia mocidade. Essa eu podia participar, uma vez que papai e mamãe gostavam de ir, levando toda a família.

Havia também as grandes festas do Crato Tênis Clube à noite, tocadas pelos conjuntos: “Hildegardo e Seu Conjunto”, “Ases do Ritmo” de Hugo Linard e do seu pai, seu Irineu, “Ivanildo e seu Conjunto”, o “Águias” e outros.

Muitas pessoas mesmo sem gostar de dançar iam às festas para apreciar os pares que dançavam muito bem. Quem não se lembra de Salete Libório, dançando com Seu Libório, Paulo Leonardo e Vanda, Mariquinha Feitosa e seu esposo, todos eles casais “Pés de Valsa” do Crato daquela época.

No carnaval havia festas no Crato Tênis Clube que eram bastante conhecidas. Muitos foliões vinham de fora para passar o carnaval em Crato. Durante os festejos carnavalescos, além das matinais do domingo e da terça-feira, à noite o clube ficava iluminado para mais um baile de carnaval. Na quarta-feira de cinzas, todos que estavam na festa saiam acompanhando a orquestra para o encerramento do carnaval na Praça Siqueira Campos. A Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) promovia também muitas festas e carnavais. No carnaval de rua, havia o corso. Eram vários carros desfilando com todos bem fantasiados.

Lembramos também dos cinemas que eram muito freqüentados, o Moderno, o Cassino e a Educadora.

Outra coisa que ficava lotada era a Quadra Bicentenária para as partidas do futebol de salão.

A Praça Siqueira Campos enchia-se de jovens nos fins de semana. Era de lá que os jovens marcavam encontro para irem aos cinemas, às tertúlias ou outros programas como serestas e luaradas.

A Praça da Sé era um local para os casais namorarem nos bancos, à sombra dos oitiseiros e outras árvores. Era mais sossegada do que a Praça Siqueira Campos. Em setembro, durante a Festa da Padroeira, a praça ficava toda iluminada, repleta de barracas de cachorro quente, pipoqueiros, vendedores de filhós, charutos, roletes de cana, bombons, enfim comida para todos os gostos. Uma multidão de cratenses enchia a praça, para assistir a novena e participar das atrações.

Outro evento conhecido no Crato e que já era muito animado nos anos sessentas, era a Exposição Agropecuária. A casa dos meus pais fica localizada na Rua Leandro Bezerra, subida para a Exposição. Eu e minhas amigas sentávamos em uma pequena mureta que acompanhava o jardim da nossa casa. Ficava impressionada com a quantidade de pessoas que passava em direção a Exposição. Hoje o fluxo de pessoas é muito maior.

Falar do Crato dos anos sessenta, não é tirar o mérito do Crato de hoje. É só para lembrar que os jovens ou adolescentes daquela época, que hoje estão chegando aos sessenta anos, que aquele era um tempo feliz. Podemos contar para os filhos e netos que no futuro também irão relembrar os momentos felizes da juventude deles, pois “recordar é viver”.

A infância, a adolescência e a juventude, são fases da nossa vida que servem para alicerçar a vida adulta. São essas experiências vividas na infância e juventude, que nos fizeram amadurecer para nos tornamos adultos equilibrados e felizes.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Pensamento para o Dia 12/11/2009


“A atitude correta de um devoto deveria ser de uma total rendição. Como um devoto declarou, ‘Estou lhe oferecendo o coração que Você me deu. Não tenho nada que possa chamar de meu, pois tudo pertence a Você. Eu Lhe ofereço o que é Seu.’ Enquanto este espírito de entrega não for desenvolvido, o homem terá que nascer repetidas vezes. Deve-se oferecer o próprio coração ao Divino e não se contentar em oferecer apenas flores e frutos.”
Sathya Sai Baba

Centro Cultural BNB Cariri: Programação Diária



Dia 12/11, quinta-feira

Música – COMPOSITORES DO BRASIL
14h Programa de Rádio na Educadora do Cariri AM. 180min.

Atividades Infantis - HORA DO RECREIO
Local: Liceu Anderson B. Carvalho (Juazeiro do Norte)
13h30 Reisado Manoel Messias. 30min.

Local: E.E.M Gov. Adalto Bezerra (Juazeiro do Norte)
14h30 Reisado Manoel Messias. 30min.

Local: E.E.F.M Maria Amélia Bezerra (Juazeiro do Norte)
16h Reisado Manoel Messias. 30min.

Literatura/Biblioteca - OFICINA DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA
15h Contadores e Contamores. 240min.

Literatura/Biblioteca - BIBLIOTECA VIRTUAL
18h Noções Básicas de Utilização da Internet. 180min.

Rua São Pedro, 337 - Centro - Juazeiro do Norte
Fone (88) 3512.2855 - Fax (88) 3511.4582

Livro de Veludo

Eu berro, uivo, corto o dedo
acho a vida intragável
já acendi velas
vomitei no travesseiro
nunca fui amado
nem amei criatura alguma

Eu forjo provas do crime
minto, iludo quem me cerca
tenho inveja do homem belo
meu sonho é traçar divas superstars
sugar-lhes a alma, roubar-lhes os diamantes

Eu não presto atenção ao outro
aproveito-me da amizade sincera
adoro minhas flatulências
não tenho paciência com idosos
nem com mancebos arrebatados
amo minhas paredes
já comi na infância muito barro
engordei solitárias
fui um mísero sonhador
sempre levando chutes na bunda
das musas estonteantes e cruéis
experimentei alfenim quente
mastiguei raízes químicas
bebi, fumei, queimei o nariz

Sou um sujeito horrendo
e entre mortos, feridos e loucos
a Poesia sempre vence
nunca vacila.

Amarelo ouro - Foto por Heládio T. Duarte


Suspiros feitos ao vento.
Suspiros feitos de sol.
Pequenos farrapos de tempo.
Pequenas gotas de vida...
Dias claros amarelos,
outros, amarelo fogo...
Mas o que dizer das flores
que embriagam assim a gente?
Ouro puro, puro ouro
nesse amarelo das flores.
Tanto ouro, tanta vida.
Que nenhum ser vivente
passa, assim impunemente,
diante desse amarelo,
dessas flores amarelas,
sentimento transparente...


Foto: Heládio T. Duarte
Texto: Claude Bloc

João Nogueira


João Nogueira (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1941 — Rio de Janeiro, 5 de junho de 2000) foi um cantor e compositor brasileiro. Desde o início de sua carreira ficou conhecido pelo suingue característico de seus sambas. É pai do também cantor e compositor Diogo Nogueira.

Filho do advogado e músico João Batista Nogueira e irmão da também compositora, Gisa Nogueira, cedo tomou contato com o mundo musical. Logo aprendeu a tocar violão e a compor em parceria com a irmã.


Com apenas 17 anos, já era diretor de um bloco carnavalesco no bairro carioca do Méier. Nesta época, a gravadora Copacabana gravou sua composição Espera, ó nega, que João cantou acompanhado pelo conjunto depois chamado Nosso Samba. Em 1970, Elizeth Cardoso ouviu a gravação de sua composição Corrente de aço e resolveu regravá-la.

Em 1971, teve obras suas gravadas por Clara Nunes (Meu lema) e Eliana Pittman (Das duzentas pra lá). Como esta música defendia a ampliação do mar territorial do Brasil para 200 milhas, medida adotada pelo regime militar, João sofreu patrulha ideológica.

Ainda em 1971, João passou a integrar a ala de compositores da Portela, sua escola de coração, onde venceu um concurso interno com o samba Sonho de Bamba. Mais tarde fez parte do grupo dissidente que saíu da Portela para fundar a Tradição. Fundou também o bloco "Clube do Samba", que ajudou a revitalizar o carnaval de rua carioca.

Em mais de quatro décadas de atividade, João gravou 18 discos. Teve vários parceiros, mas o mais importante foi certamente Paulo César Pinheiro.

Quando morreu, vitimado por um enfarte, em 2000, João organizava um espetáculo numa grande casa noturna de São Paulo, e que resultaria no lançamento de uma gravação ao vivo.

Com sua morte, vários colegas se juntaram para apresentar, nas mesmas datas e no mesmo local, um espetáculo em sua homenagem. Participaram Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz e Sombrinha, Emílio Santiago, Carlinhos Vergueiro e a família de João: o sobrinho Didu, o filho Diogo e a irmã e parceira Gisa. O show foi gravado para o disco João Nogueira, Através do Espelho.
Fonte de pesquisa: Wikipedia
Veja a Poesia na sua música:

... Súplica ...

De João Nogueira

O corpo a morte leva

A voz some na brisa
A dor sobe pra'as trevas
O nome a obra imortaliza
A morte vence o espírito
A brisa traz a música
Que na vida é sempre a luz mais forte
Ilumina a gente além da morte
Venha a mim, óh, música
Vem no ar
Ouve de onde estás a minha súplica
Que eu bem sei talvez não seja a única
Venha a mim, oh, música
Vem secar do povo as lágrimas
Que todos já sofrem demais
E ajuda o mundo a viver em paz

****

...... Nó na Madeira ......