Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O futuro político nordestino - José do Vale Pinheiro Feitosa

As eleições presidenciais polarizam posições e os estados que já elegeram seus governadores esquecem a sua prória disputa. Ao examinar o quadro das eleições de governadores no Nordeste, segundo as últimas pesquisas, consolida-se uma mancha contínua de lideranças do PSB. Ele poderá governar quatro estados: Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco.

Quando um partido faz isso, necessariamente cria-se um campo para surgimento de uma forte liderança regional. Quando o velho PMDB efetivamente começou a criar uma grande mancha de governadores no nordeste, em 1982, surgiram novas lideranças como Tasso Jereissati junto com a já estabelecida por Jarbas Vasconcelos e Miguel Arraes embora apenas como deputado, sem contar Valdir Pires na Bahia. Depois veio o período desagregador de Orestes Quércia (só para marcar uma referência não se deveu tudo a apenas ele) e as lideranças foram criar o PSDB e o PSB.

Aliás, uma das melhores convivências histórias naquele período aconteceu entre Arraes e Tasso, o “velho” e o “novo” a balançar dois estados de grande peso na região. Não sei o papel que teve Violeta Arraes nisso tudo, mas no mínimo selava esta convivência, sendo claro que os dois políticos se originavam da grande frente do PMDB.

Sem querer adivinhar. Mas não é improvável que desta mancha do PSB se reconstitua o mesmo balanço entre Ceará e Pernambuco, com Eduardo (neto de Arraes) e Ciro Gomes (cria do Tasso). Seria um processo histórico contínuo, fácil de explicar, mas a história, embora possa ser estudada por modelos, é sempre um por acontecer surpreendente. Mas ao dizer balanço e a citar os “padrinhos” do “novo” terminei levando o leitor para aceitar como mero balanço.

Na verdade eu imagino (ou será mero desejo?) que o nordeste está pronto para forjar uma nova liderança de projeção nacional. Mais moderna, preocupada com o progresso material da grande massa pobre e relativamente mais atrasada socialmente. Sendo assim, é de se esperar uma boa queda de braço entre Pernambuco e Ceará pela liderança. E a Bahia? É boderline, ora sudestes e noutra nordeste. Além do mais perdeu a liderança do velho coronel ACM.

QUEIMADOS - Por Edilma Rocha

O que poderia dizer
a competentes profissionais
que enfrentam diariamente os rios da dor,
do medo, e até da morte de um grande hospital ?
Sei que a dor incomoda
e a quietude perturba,
mas o recolhimento intriga e incomoda demais,
mas a vitória sobre a doença é maior.
Posso dizer que os doentes reagem,
param de chorar, são fortes, se alimentam,
tomam banho refrescante e procuram dar um belo sorriso
para os cuidados especiais de tantas pessoas dedicadas.
Só assim a dor ficará soterrada.
Se ajudem com um telefonema,
uma visita, um abraço ou mesmo uma flor
para gerar alegria.
Algo positivo vai dar o primeiro passo
para fora do banho anestésico que a vida os colocou.
E em breve olharão para o corredor passando pelo quarto
e finalmente verão a rua e estarão novamente sadios
e prontos para reviver com alegria e saúde
lá fora...
Edilma Rocha

CLIQUE - Por Edilma Rocha






Resgate Heróico no Poço do Sabugo

Taí! Digam agora que não há possibilidade de consenso em Matozinho! Perguntem a qualquer guri, em beira de rua, qual a página mais dramática na história da vila e dou minha cara a bofete, se a resposta não for única e inequívoca: O Desmoronamento do Poço do Sabugo. O episódio se passara muitos anos atrás, mas a tragédia havia sido perpetuada, geração após geração, pela aguçada língua do povo. E, claro, como em toda história oficial ou oficiosa, o fato foi ganhando novos matizes, novos temperos com o fito de a especiaria ir se tornando mais palatável, mais adaptada aos mutáveis mistérios desta espécie de culinária. A versão que escolhemos nos foi narrada pelo velho Felinto Gomes, um cabra mais sério que fundo de touro, econômico de gestos e palavras, um homem muito mais propenso ao substantivo que ao adjetivo e advérbio. O leitor há de me interrogar se é esta a descrição mais confiável da história. Quem lá diabos é que sabe? Esta escolhi confiado no aval que Felinto me apresentou: um bigodão negro que lhe imprimia uma cara austera como se tivesse engolindo, a contragosto, um anum.
Tempos de seca tirana em Matozinho. Até menino chorava lágrimas liofilizadas. O prefeito Sinderval Bandeira andava com a moral mais baixa que diferencial de cururu. O açude do Sabugo há mais de dois meses que batera piaba. A Vila se via abastecida , a duras penas, por carros pipas que próprio filho do edil alugava à prefeitura. A água vinha de Bertioga: salobra e barrenta. Os matozenses reclamavam mais do que bode em dia de dilúvio . Bandeira, na tentativa de melhorar um pouco mais a popularidade, conseguiu, com o governador, a construção de um poço Amazonas. Imaginava que, se tudo desse certo conforme as previsões do marcador de cacimba, haveria condição se sanar o problema ao menos parcialmente. Corria o risco de ver o filho perdendo a boquinha, mas , por outro lado, quem sabe, semeava um pouco de esperança no povo. O próximo ano , não podia esquecer, era ano eleitoral.
A escavação começou em ritmo acelerado. Sinderval contratou Pedro Pebote e seus seis filhos e o pau comeu no centro. Os Pebotes tinham este estranho sobrenome e eram dados a um carteado e a uma caninha, mas trabalhavam com afinco. Em uma semana haviam aberto já um bueiro enorme. Desapareceram buraco adentro. A construção poderia até andar mais rápida, não fosse o terreno pedregoso e a necessidade de botar fogo em pedra várias vezes por dia. Os tiros se ouviam de longe e, se de início assombraram o povo, em pouco já faziam parte do cotidiano da vilazinha. Apenas um contratempo ocorreu: cavavam, cavavam e nada do veio d´água. Um dia, descidos mais de quarenta metros terra abaixo, finalmente a água brotou com facilidade para alegria de Quinca e dos seus Pebotes. Sinderval regozijou já contabilizando a futura colheita na boca da urna.
Os Pebotes iniciaram, então, a parte final do trabalho. O revestimento interno do cacimbão com tijolos, montados numa enorme manilha aposta, cuidadosamente, no fundo do poço. O ofício , de risco, mantinha os pedreiros e serventes suspensos por um andaime, controlado por um sistema precário de roldanas. Aparentemente a história vai chegando ao final, mas se faz mister abrir, antes um parêntesis.
Os Pebotes vinham recebendo semanalmente os seus proventos. Acontece que os Cangatis, que faziam oposição a Sinderval, levaram a Quinca, uma denúncia. A verba destinada à construção do poço, pelo estado, previa o triplo da mão de obra cobrada pela equipe e, pior, eles estavam assinando recibos, ingenuamente, como se percebessem o total da verba prevista. Descoberta a tramóia, os Pebotes se revoltaram. Avisaram, numa sexta-feira á tarde, que estavam parando as obras e que só voltariam ao trabalho se lhes fosse devolvido o roubado, e mais : iam espalhar a Bandalheira. Sinderval informou que houve um mal entendido , que fossem para casa, fechassem o bico. Ia resolver o problema.
À noite, não se sabe bem como, aconteceu a tragédia que marcou indelevelmente a história de Matozinho. Houve um acidente, o poço desmoronou em parte e, pior, os Pebotes estavam presos lá embaixo, nos escombros. A notícia se espalhou rápido e causou comoção na cidade. Neste preciso ponto as versões divergem sobremaneira. O que segue é pois apenas um dos ramos da mesma história: o ramo Felintiano.
Segundo Gomes, o desmoronamento, na verdade, ocorreu por mero acaso, mas , ao contrário do propalado por Sinderval, cedo da noite e, consequentemente, não havia ninguém no momento. O prefeito ao saber do ocorrido, mandou, na madrugada, buscar os Pebotes de urgência, avisou a suas famílias que iam trabalhar em hora extra e os esconderam na fazenda de Sinderval de forma incomunicável. Espalharam então a notícia do ocorrido e que iam tentar um resgate heróico daquelas operários tão queridos.
Em pouco, o açude do Sabugo encheu-se de uma multidão de curiosos. Armaram barracas negociando bebidas, meninos vendiam Dim-Dim e pirulito. Outros guris empinavam papagaio e jogavam peteca. Organizou-se, rapidamente, uma brigada de salvação. Conversa vai, conversa vem, preferiram cavar um poço paralelo ao outro para o resgate, uma vez que o original corria novos riscos de soterramento e não havia segurança suficiente para trabalhar dentro dele. Formou-se uma imensa galera na beira do poço pronta a dar pitacos e palpites e as apostas começaram a correr soltas: quantos dias até chegar lá; quantos sobreviventes; quem escapa dos Pebotes; a corda quebra ou não quebra. Sinderval, desde este dia , não saiu mais da boca do poço e chorava como um desalmado. Por mais de uma vez tiveram que dar palmatoradas em meninos que jogavam pedras dentro do poço e furaram a cabeça de mais de uns cinco socorristas. O Poço do Sabugo virou a grande atração de Matozinho. Passados uns dez dias, finalmente, a brigada informou que o novo poço tinha chegado na altura dos escombros. Sinderval marcou para o dia seguinte , a gloriosa data do resgate. Cuidou, no entanto, de fornecer na noite anterior, canadas e mais canadas de aguardente aos renitentes que vararam a noite. Lá para as três horas da manhã, toda a audiência já estava capotada, em volta do poço. A negociação já havia sido feito com os Pebotes, sob juras de silêncio obsequioso. Os pedreiros foram colocados, na madrugada, dentro do poço recém-escavado, sem que ninguém visse.
Pela manhã, então, na presença de quase toda cidade, deu-se o resgate milagroso. Desceram primeiro dois socorristas para ajudar na perigosa tarefa.A corda desceu, poço abaixo, e, como por milagre, um por um dos Pebotes foram retirados lá de dentro. Fora, um Sinderval banhado em lágrimas, abraçava a todos e amparava os familiares que urravam num misto de alegria e desespero. Não cabiam perguntas em meio a tanta felicidade. Como haviam sobrevivido embaixo d´água , sem comer? Como haviam passado de um poço para outro, se o segundo, por erro de cálculo, era bem mais raso do que o primeiro?
Após a saída dos Pebotes, Sinderval, num ato solene, lacrou definitivamente os dois poços. Fez isso mesmo sabendo que após o resgate os dois socorristas que mergulharam primeiro , não mais foram encontrados. Ficavam ali, selados, como um monumento à bravura indômita da gente de Matozinho : os que sobreviveram e os que se perderam no buraco. Como o povo tem mais sede de heróis do que de água, Sinderval foi eleito no ano seguinte com uma votação recorde. E foi desde este tempo que os pedreiros do Poço do Sabugo passaram a ser conhecidos pelo estranho sobrenome, dizem que batizados pelo velho Felinto Gomes : Pebote: uma mistura de peba com caçote.

J. Flávio Vieira

Olhem eles aí de novo! - José do Vale Pinheiro Feitosa

Um final de tarde num escritório de uma Agência Estatal. Aqui no Rio. Uma amiga da velha luta democrática, com cargo no governo, declara que votará nulo, advoga a derrota da Dilma, abomina o Serra, mas não vê na sua atitude nenhuma aliança com ele. Na cabeça dela. Na prática ela faz parte de um amplo movimento de classe média para derrotar o PT e dar passagem ao PSDB. Depois farão oposição ao PSDB? Entre um chope e outro.

Qual a questão desta mulher professora universitária com pós-doutorado? Algo impressionantemente banal: ela imagina que a classe média é quem financia os impostos do país e quem paga toda a conta dos pobres e não leva nada. Isso nela, imagina no resto todo pagando plano de saúde caro, escola privada caríssima, seguro contra roubo do seu carro, símbolo de progresso pessoal e assim por diante.

Outra cena. Uma cidade da periferia de San Francisco, visito uma família de classe média naquele típico subúrbio americano: jardins sem muro e quintal para fazer churrasco. O dono da casa com a corda no pescoço, ficou desempregado meses, acabou com as reservas para a aposentadoria digna, teve que receber ajuda do pai, deve uma montanha da casa própria, apavora-se com a incapacidade de não ter plano de saúde, o pagamento da faculdade da filha toma-lhe a margem de segurança, não existe qualquer alternativa e tudo lá funciona na base da grana.

A questão deste americano é a mesma dos brasileiros lá de cima. O “sonho americano” para a classe média morreu. Eles agora precisam de proteção, de algo que substitua o “sonho” por um lastro de segurança como previdência social, garantia de emprego, renda e saúde pública. Acontece que os sócios do “sonho” que se tornaram fortes com o Estado, os grandes capitalistas, se bandearam para o Global, abandonaram os patriotas e foram montar suas fábricas e gerar empregos na China e em toda a Ásia. O americano dizia: aqui não se produz mais nada. Tudo vem de fora. Viramos um país do setor terciário.

Abrindo as páginas de notícia, as manifestações correm soltas na Europa. Por lá, em crise, desmontam o “estado de bem estar social”. Diminuem subsídios sociais, acabam os sistemas previdenciários, diminuem direitos, cortam o dinheiro que ia para o bolso do aposentando e para o salário das pessoas. Na França a rebeldia é tão ampla que os defensores ideológicos do “fim dos direitos sociais” estão temerosos que as “medidas” não vinguem. Os que estes advogam é o mesmo que a professora lá de cima se revolta: direitos sociais só para gente muito pobre. A classe média que se mantenha com as próprias pernas.

Um artigo de um economista francês anda nesta linha. É o fim da picada até a revolução francesa e o advento da universalidade do direito, um tapa olhos sobre a visão da res publica e o que mais temiam: a retorno do fragmento da comunidade. Só que comunitarismo algum sobrevive por si mesmo, tende à fusão e o caminho histórico é o retorno à unidade em torno de “feudos”.

Por incrível que parece, até nas eleições brasileiras o norte aponta para o retorno da época medieval. Feudalismo restabelecido dos retalhos da urbanidade fragmentada. Quem viver verá.

Abaixando o discurso teremos de volta os “neobobos”; os “vagabundos”; os “dinossauros” a semântica de cortar salários, a demissão incentivada e deixar o funcionalismo oito anos sem reajuste da inflação com o artifício fácil de vender estatais e o patrimônio nacional.
Avesso
- Claude Bloc -


No avesso do dia
No patamar da noite
Me desfaço
Em qualquer traço
E desfaleço
Em teu abraço
E submersa
Sobrevivo...
No avesso.

Claude Bloc

Imaginário- por Socorro Moreira

nada é para sempre
as impressões  se transformam
os sentimentos se esvaziam
o momento mágico de um enlace
correu pra tirar um cochilo

o que faz quebrar o encanto?
um olhar
uma palavra mal dita
a estrada,
que separa o destino
um atraso 
a visão de outro mato
um encanto maior
a passagem da alegria...

fecham-se os círculos
até a gente
um dia vira cinzas
Fecho os olhos
e sinto um abraço
no sonho da madrugada
por um momento
foi real...

Friedrich Nietzsche


Friedrich Wilhelm Nietzsche, por vezes em português Frederico Nietzsche (Röcken, 15 de Outubro de 1844 — Weimar, 25 de Agosto de 1900) foi um influente filósofo alemão do século XIX.

A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
Friedrich Nietzsche

A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo.
Friedrich Nietzsche

As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras
Friedrich Nietzsche

É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.
Friedrich Nietzsche

Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.
Friedrich Nietzsche

O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.
Friedrich Nietzsche

Para a maioria, quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!
Friedrich Nietzsche

Se uma mulher tem inclinações eruditas é porque, em geral, há algo de errado na sua sexualidade. A esterilidade predispõe a uma certa masculinidade do gosto; é que o homem, com vossa licença, é de fato «o animal estéril».
Friedrich Nietzsche

Os grandes intelectuais são cépticos.
Friedrich Nietzsche

A objeção, o desvio, a desconfiança alegre, a vontade de troçar são sinais de saúde: tudo o que é absoluto pertence à patologia.
Friedrich Nietzsche


O homem é definido como um ser que evolui, como o animal é imaturo por excelência.
Friedrich Nietzsche

Certos pavões escondem de todos os olhos a sua cauda - chamando a isso o seu orgulho.
Friedrich Nietzsche

A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.
Friedrich Nietzsche


Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.
Friedrich Nietzsche

A vontade se superar um afecto não é, em última análise, senão vontade de um outro ou de vários outros afetos.
Friedrich Nietzsche

Agora é cinza

Antônio Vicelmo escreve sobre o Pau d'arco


CARIRI – Ipê renova a paisagem do sertão com florada amarela
Fonte: “Diário do Nordeste

Os ipês-amarelos são os mais utilizados para a arborização das cidades, proporcionando um bonito contraste quando suas flores caem ao chão. No sertão, é espetáculo de rara beleza
FOTO: ANTÔNIO VICELMO


Quando o ipê flora já a partir de setembro, os profetas populares avaliam como sinal de muita chuva na estação seguinte. Também chamado de pau d´arco, a arvore é bastante apreciada
Ainda há tempo para apreciar uma das raras belezas do semiárido: o ipê-amarelo totalmente coberto de flores
Crato. Está chegando ao fim um dos espetáculos mais bonitos da natureza: a floração do pau d´arco, também denominado ipê. Em meio à paisagem cinzenta, provocada pela seca, que enche de tristeza o sertão nordestino, o ipê quebra o clima de desolação, tingindo de amarelo o Cariri ressecado pelo Sol. A florada começa no mês de setembro, coincidentemente com a Semana da Pátria, e termina no final de outubro, quando as folhas caem, transformando o chão num tapete amarelo.

"As cores têm papel fundamental na vida de todos. É através delas que mostramos o que sentimos e também são elas que demonstram um pouco de cada um. Está em tudo o que envolve vida. A cor é praticamente o sentido da vida, seria impossível, surreal, imaginarmos um mundo preto e branco, ou melhor, sem cor. Não teria vida e muito menos sentido das coisas", diz a artista plástica Edilma Rocha, com curso na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
"O amarelo é uma cor que contribui para a felicidade. É uma cor brilhante, alegre, que simboliza o luxo - é como estar em festa a cada dia. Associa-se com a parte intelectual da mente e a expressão de nossos pensamentos", complementa o advogado e cronista Emerson Monteiro Lacerda.

Encontrado em todas as regiões do Brasil, o ipê sempre chamou a atenção de poetas, escritores e até de políticos. Em 1961, o então presidente Jânio Quadros declarou o pau-brasil a Árvore Nacional e o ipê-amarelo, da espécie Tabebuia vellosoi, a Flor Nacional.

Sombra do centenário
No Cariri, a árvore é o símbolo do ensino universitário. O Seminário São José do Crato, embrião da Universidade Regional do Cariri, nasceu na sombra de um centenário pau d´arco que ainda hoje resiste às intempéries do tempo. No encontro de ex-alunos do Seminário realizado este ano, alguns participantes mataram a saudade na sombra da árvore.Conhecido por sua beleza e pela resistência e durabilidade de sua madeira, os ipês foram muito usados na construção de telhados de igrejas dos séculos XVII e XVIII. Se não fosse por eles, muitas teriam se perdido com o tempo. Até hoje a madeira do ipê é muito valorizada, sendo bastante utilizada na construção civil e naval, na fabricação de portas, janelas, linhas, caibros e forras.

Fins decorativos
Apesar de sofrer com o corte predatório por parte de madeireiros, o ipê ainda sobrevive graças ao cultivo para fins decorativos. Pelo seu menor porte (alguns ficam entre 10 a 20 metros), os ipês-amarelos são os mais usados na arborização das cidades, proporcionando um bonito contraste, principalmente quando suas flores amarelas caem sobre o asfalto escuro.

Moradores da Rua Pedro Bantim, bairro Sossego, em Crato, preservaram no meio da rua um velho pau d´arco que, nesta época, é objeto de admiração dos transeuntes no local. O profeta João Casemiro, residente no Sítio Romualdo, município do Crato, diz que, quando o pau-d´arco flora no mês de setembro, é sinal de muitas precipitações, de que as chuvas chegam cedo, provavelmente no mês de janeiro, conforme garante ele. O bancário aposentado Manoel Ivan Pedroza diz que a flor do pau d´arco é um excelente nutriente das abelhas em busca de pólen e do néctar para fabricação do mel.

Para o poeta Patativa do Assaré, o pau-d´arco foi uma de suas fontes de inspiração. O poeta, fugindo a seu estilo tradicional de fazer versos matutos, escreveu um soneto clássico comparando-se com a árvore que, no passado, foi a "rainha do campo" mas, com o passar dos anos, perdeu a sua vitalidade.

Floração

Originária do Brasil, o ipê-amarelo é a espécie da árvore mais utilizada em paisagismo. Durante o inverno, as suas folhas caem e a árvore fica completamente despida. No início da primavera, entretanto, ela cobre-se inteiramente com sua floração amarela, dando origem ao famoso espetáculo do ipê-amarelo florido. Quanto mais frio e seco for o inverno, maior será a intensidade da florada. Os frutos amadurecem a partir de setembro a meados de outubro.

A madeira é própria para obra externas como postes, peças para pontes, tábuas, para assoalhos, rodapés, molduras, entre outros. A árvore é extremamente ornamental, principalmente quando em flor. É a espécie de ipê-amarelo mais cultivada em praças e ruas estreitas e sob redes elétricas em virtude do pequeno porte.

Medicina

Na medicina, o pau-d´arco é considerado como um excelente anti-inflamatório, antibacteriano, antifúngico e laxativo, além de ser bastante usado para tratar úlceras, infecções urinárias, psoríase, diabetes e alergias, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como sífilis, candidíases e cancro, além de problemas gastrointestinais e alergias. Os estudos ainda não comprovaram suas propriedades anticancerígenas.A madeira da árvore é própria para construções pesadas e estruturas externas, tanto civis como navais, como quilhas de navios, pontes, dormente, postes, para tacos e tábuas de assoalho, confecção de tacos de bilhar, bengalas, eixos de rodas etc. A árvore apresenta características típicas da floresta pluvial densa. Daí ser encontrada com abundância na Floresta Amazônica. Floresce de agosto a novembro, conforme a região, com a planta totalmente despida da folhagem. Os frutos amadurecem até dezembro.
Proporção20m é a Altura máxima já vista em um ipê, que tem tronco com diâmetro variando de 60 a 80cm. Muito frequente na região Amazônica e esparsa desde o Ceará até São Paulo

Fique por dentro
Poema de Patativa
Versos do poeta Patativa do Assaré, para o pau-d´arco, outro nome do ipê: "Aquela árvore pobre e ressecada/ Pelos feios carunchos corroída/ Foi outrora, na luz da sua vida/ Qual rainha do campo, coroada/ É um velho pau-d´arco, e quem da estrada/ O contempla, sente ainda dolorida/ A sua haste parece assim erguida/ A estátua da glória já passada/ Aqui dentro do peito eu também tenho/ Infeliz coração, fiel desenho/ Do pau d´arco daquela soledade/ Com o peso dos anos abatido/ Sem prazer, sem amor e carcomido/ Dos carunchos cruéis de uma saudade".

MAIS INFORMAÇÕES

Prefeitura Municipal do Crato/ Secretaria de Meio Ambiente

Centro Administrativo, Bairro São Miguel, (88) 3521.9400

ANTÔNIO VICELMO,

REPÓRTER

Armando Marçal- por Norma Hauer





Foi a 14 de outubro de 1903 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o compositor ARMANDO MARÇAL.
Dentre tudo que Marçal compôs, um samba , lançado em 1933, é conhecido, executado e regravado ainda hoje: 'AGORA É CINZA".

Marçal era de família pobre, teve pouco estudo e, ainda muito jovem, teve de trabalhar no ofício de lustrador de móveis, que continuou exercendo por muitos anos, mesmo após ficar conhecido como compositor.

Antes de gravar alguma música de sua autoria, onde seu nome, ao lado de Alcebíades Barcelos faria parte da etiqueta do disco, participou da gravação de "Na Pavuna", com Almirante , samba esse considerado o lançador dos instrumentos de percussão em gravações.

Informo isso porque a primeira gravação de um samba da dupla (” A Malandragem”) foi feita por Francisco Alves, onde este aparece como cantor e compositor. Os verdadeiros compositores não foram citados.

Interessante a história de "Agora é Cinza". O samba recebeu o nome de "Tu Partiste", sendo cantado em rodas de samba. Mas Alcebíades Barcelos, co-autor, alterou o nome para "Agora é Cinza". Tornou-se um grande sucesso; “estourou” na voz de Mário Reis, sendo regravado por cantores atuais.

Embora fossem dois sambistas, um dos cantores que mais gravaram composições da dupla, foi Carlos Galhardo, conhecido como "Rei da Valsa". Dentre outros sambas, Galhardo gravou "Dou-te um Adeus";"Sorrir";"Ando na Orgia";"Deixaste Saudades";"Numa Noite Serena";"Você me Deixou", "Vem Mulata" e mais alguns.

E duas valsas que eles compuseram foram gravadas por Gilberto Alves:"Silêncio" e "Prece à Lua".

Armando Marçal faleceu com apenas 43 anos, mas deixou "raízes": Seu filho Nilton,
que ficou conhecido como Mestre Marçal (já falecido) e seu neto Armando, que
continua a tradição da família.

Armando Marçal estava nos estúdios da gravadora Victor, quando teve um enfarte , sendo imediatamente atendido, mas já nada se podia fazer. Faleceu ali mesmo, no dia 20 de junho de 1947.

Norma

"Stand by"- Por Socorro Moreira




Não vivi o dia de ontem.. Estive stand by. O telefone tocou e eu escutei de longe, sem forças, nem vontade pra atende-lo. Não suporto mais notícias ruins.Pensei  até em desligá-lo em definitivo.
Amanheceu de novo. Da janela do meu quarto sinto a claridade natural , o vento fresco das manhãs , que ainda não foram aquecidas pelas lareiras de  Outubro..Victor optou em permanecer no mesmo endereço.Vou atrás de mudar as cores das paredes e portas, alterar o visual do ambiente com plantinhas, e novos adereços. A poeira das coisas estáveis animam a minha tosse.
Abro o guarda-roupa e sinto vontade de  encurtar todos os meus vestidos  ; de transformar em bermudas, as minhas calças compridas. Por  que .não aprendi a costuras no tempo certo? Por que não aprendi a fazer roupas de bonecas?
Meu pretenso amor folga em mim. Vejo-o de longe, numas conversas bonitas , e fico numa felicidade silenciosa, como ela deve ser, pra permanecer.
São 5,30 da manhã. Vou começar o dia diferente : tirar o carro da garagem, fazer feira no mercado, ir na costureira, ou, se duvidar, encarar estrada pra Mauriti ou Várzea-Alegre. Ir em busca de um céu, cheio de nuvens , onde a poesia esteja celebrando a vida.
Tenham todos os dia especial, como espero transformar o meu, em doces alegrias.
Me dá teu sorriso? Quero mordêê-lo  !

Ao mestre todo carinho - Por José de Arimatéa dos Santos

O professor é o trabalhador que forma todos os outros trabalhadores. Por ele passa o médico, engenheiro, pedreiro, mecânico e... Ah! O político! Por que essa surpresa em relação ao político? Simplesmente por que é o político que pode e deve fazer tudo para a melhoria das condições de trabalho e vida do professor. Não vou ficar ocupando esse espaço para enumerar as reivindicações da classe. Que se ganha um salário indigno, falta condições de trabalho e desinteresse do aluno, são só alguns pontos que toda a sociedade brasileira é sabedora. Sabemos que o estado tem condições de resolver todos esses problemas e outros relevantes que afligem a educação nacional.
Eu como professor e acredito que todo colega tenha o mesmo pensamento em relação ao bom encaminhamento na vida dos nossos alunos. Fico deveras feliz quando meus alunos conseguem galgar postos em concursos públicos, conseguem se formar na faculdade ou cursos técnicos ou quando chegam na alta hierarquia de uma empresa. Saber que o cidadão aproveitou bem seus longos anos de cadeira de escola para aprender e crescer na vida. Que teve o interesse de buscar conhecimento e junto a mim soube entender minhas palavras e conselhos. Teve o discernimento de que a escola é o veículo para o conhecimento e o mestre o verdadeiro catalisador das ideias. Ideias que vão além dos conteúdos e transformam crianças e adolescentes em adultos ansiosos para crescerem através do estudo e cidadãos éticos e responsáveis.
A sociedade deve voltar a dar o verdadeiro valor aos seus mestres. Sem eles o que seria de nós? O conhecimento exige disciplina e muito força de vontade. Acredito que o professor bem valorizado e estimulado faz muito mais. Partindo daí, os jovens se voltarão para essa tão nobre profissão e as faculdades de educação se encherão de valores melhores ainda que ajudarão na melhoria do ensino. O governo precisa fazer a parte dele que é dar as condições mínimas de trabalho e salário. Preocupar-se realmente no ensino fundamental que é a base da melhoria em todos os aspectos da educação. E sempre falo aos meus alunos que sonho que o magistério ainda será uma das profissões mais disputadas pelos jovens. Assim, o futuro da nação estará garantido. Nossas crianças merecem esse futuro.
Viajante contumaz
- Claude Bloc -
Ando desconcertada
Desconcentrada
Apanhando os restos do mundo
Apanhando os restos do tempo
No fundo falso da alegria.

Sei que sou forte
Sei que sou frágil
Que levo uma vida
Circunstancial.

Sou aprendiz
Sou viajante contumaz
Mas
Perdi a mala
Perdi o tempo
Perdi a linha
Fiquei pra trás.

Claude Bloc