Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um exemplo de gratidão – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Recentemente estive a serviço da organização que trabalho, visitando a cidade de Limoeiro do Norte, a qual estivera pela última vez há mais de 20 anos. Fiquei admirado o quanto progrediu aquela cidade nesses dois últimos decênios. A impressão que nos causa como visitante, é a de uma cidade em plena expansão e notável desenvolvimento. Cidade limpa e bem cuidada, com largas avenidas, prédios históricos restaurados, comércio movimentado e rico, educação de boa qualidade para os seus filhos. O desenvolvimento da economia local é facilmente percebido por qualquer visitante. A irrigação de extensas áreas rurais na Chapada do Apodi possibilitou o cultivo em grande escala de frutos tropicais, como o melão, o abacaxi, a melancia, o maracujá e a banana, para citar apenas os mais importantes. Toda essa produção abastece não somente os mercados nordestinos, mas é exportada, via porto do Pecém, para vários países da Europa, chegando ao destino dez dias após a colheita. Hoje Limoeiro do Norte é o maior exportador brasileiro de melão e o segundo de abacaxi, atividades que lhe propiciam anualmente mais de 50 milhões de reais em divisas. Na formação de seus jovens, Limoeiro possui o Centro de Ensino Tecnológico, o CENTEC e uma unidade descentralizada da UECE, com oito cursos superiores. O CENTEC foi uma criação de um cearense de extraordinária visão, filho de Limoeiro do Norte e que tem em seu currículo a criação do NUTEC e da Secretaria de Ciência e Tecnologia, uma das primeiras idealizadoras de utilização do biodiesel. Mas o que mais me impressionou em Limoeiro do Norte foi a gratidão que o seu povo devota aos seus benfeitores. Nas últimas eleições parlamentares, Limoeiro, com menos da metade dos eleitores do Crato, ajudou a eleger deputado federal com 50% dos votos do município o filho da terra que lhe proporcionou o primeiro CENTEC instalado no Estado. Outra gratidão demonstrada pelo povo da cidade é ao seu primeiro Bispo, Dom Aureliano Matos. Esse prelado dá nome à principal avenida da cidade e à unidade local da UECE.

Essa gratidão que os filhos de Limoeiro do Norte têm para com seus benfeitores conduziu-me a uma imediata comparação com muitas ingratidões demonstradas por uma grande maioria dos cratenses à sua terra. A nossa primeira ingratidão é com os políticos cratenses. Nosso município, que há cinqüenta anos elegia dois deputados federais e dois estaduais, vive nos últimos anos um ocaso político danoso ao seu desenvolvimento. Não conseguimos eleger um deputado federal há mais de vinte anos. E não vale a justificativa de que nossos atuais políticos não são bons. Eles são do mesmo nível daqueles que foram deputados há mais de meio século. O único deputado estadual cratense da presente legislatura foi eleito graças ao seu desempenho em programas policiais da televisão, assim mesmo com votos de outros municípios. Diante desse quadro, consultei os dados do TRE das últimas eleições e verifiquei com tristeza que os cratenses validaram 51.731 votos para deputados federais, suficientes para garantir a eleição de um deputado federal. Enquanto o único candidato cratense obteve apenas 37% desses votos, 63% deles foram destinados a candidatos de outras cidades, destacando-se o ex-governador Ciro Gomes com 10.669 votos, os cincos candidatos a deputado federal por Juazeiro que obtiveram juntos 6.993 votos. Ao todo foram votados mais de 43 candidatos no Crato, entre os quais muitos desconhecidos pela maioria dos cratenses como André Figueiredo, com 997 votos e Maria Aparecida Albuquerque que obteve no Crato 75 votos. Esses números são reveladores da tamanha ingratidão política do cratense para com os seus próprios filhos. Reclamamos dos nossos prefeitos, que pouco fazem pelo desenvolvimento do Crato, mas esquecemos que eles não conseguem viabilizar seus projetos juntos aos governos federais e estaduais porque não elegemos um filho da terra deputado federal para fazer o acompanhamento político dos projetos de interesse do Crato nos labirintos da administração federal. Com tamanha ingratidão, não podemos reclamar a perda da Universidade Federal, da sede regional do DETRAN, ou de um hospital público de qualidade, afora tantos órgãos federais e estaduais que foram transferidos do Crato para outras cidades. Os maiores culpados por tamanho descaso são os próprios cratenses que votam em candidatos de fora e que somente se lembram do Crato de quatro em quatro ano.

Ao ver o nome de Dom Aureliano Matos estampado numa placa da principal avenida de Limoeiro, lembrei-me que um sobrinho dele, Dom Vicente Matos foi bispo do Crato e seu maior benfeitor em todos os tempos. Mas não existe no Crato nenhuma rua com o nome de Dom Vicente Matos. Aqui reside a maior de todas as ingratidões. Existem ruas com o nome de ex-presidente de outro país, de candidatos a presidentes que nada fizeram pelo Crato, de outras figuras que nunca colocaram seus pés em nossa terra, além daqueles que jamais souberam se o Crato existe. Por que não uma rua com o nome de dom Vicente? Graças a ele fomos pioneiros no ensino superior no interior do Estado do Ceará, com a implantação da Faculdade de Filosofia do Crato que possibilitou anos mais tarde a viabilização da URCA, com sede no Crato. São ainda iniciativas de Dom Vicente a Rádio Educadora do Cariri, a expansão do Hospital São Francisco, o desenvolvimento estrutural da Fundação Padre Ibiapina, a construção do Centro de Expansão da Diocese, único centro do gênero nas dioceses do Estado e quiçá do Nordeste, além de tantos outros benefícios, impossíveis de resumi-los em poucas palavras.

Sei que essa proposta de dar o nome de Dom Vicente a uma rua do Crato é muito antiga e parece encontrar certa resistência dos nossos vereadores. Não sei se já tramita algum projeto na nossa Câmara de Vereadores ou se nossos edis continuam insensíveis. Mas somente para reforçar a idéia, gostaria de registrar aqui o argumento da mulher de um amigo cratense que, para agradar o marido, conseguiu junto a nossos vereadores mudar o nome da rua em que mora. Tal rua tinha o nome de um escritor carioca, um dos mais famosos da literatura brasileira e que morreu há cem anos, e essa senhora conseguiu fazer a mudança para o nome do falecido sogro, pessoa muito conhecida e estimada por todo o Crato. Perguntou ela junto aos vereadores o que fez aquele escritor pelo Crato. Será que ele sabia ao menos onde ficava o Crato? Ou se existia uma cidade com esse nome? Gostaria de usar o mesmo argumento daquela senhora. Que representou o presidente Kennedy para o Crato? Quais os benefícios trazidos por ele à cidade? Quem foi João Pessoa para o Crato? E Santos Dumont construiu por aqui algum aeroporto? Por que não mudar um desses nomes para Rua Dom Vicente Matos. Ele merece a principal rua do Crato! Pensem nisso para corrigir uma grande ingratidão!

Nota do autor: O presente texto data de 3 de setembro de 2008. Foi postado no Blog do Crato e publicado pela revista “A Província” em sua edição N° 27 de junho de 2009, Até a presente data nossos vereadores permanecem insensíveis a esse apelo justíssimo.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

PIQUIZADA - Por Edilma Rocha


Num clima duplo de amizade e 24 graus, estivemos na serra do Araripe para uma piquizada na casa de George Macário numa linda manhã de sol.


Tudo cuidadosamente preparado para receber os amigos convidados. Bruno Pedrosa, Inês Fiuza, Inês farvale, Claude Bloc, Humberto Macário, Noemita, João Teófilo Pierre, Ernesto Saraiva e Rosangela,
 Wilson Bernardo, Salete Libório, Antunes Filho e Mana e familiares.

Vivemos momentos de harmonia e muita paz entre arvoredos da linda mata da Chapada do Araripe.



Um momento para a meditação de Rosangela.


Os anfitriões ofereceram uma bebida especial ao visitante Pedrosa, um eterno sertanejo.


Nas mãos do artista o apreciado fruto das nossas matas do Cariri.

 
E no prato, a deliciosa piquizada, iguaria de todos nós cratenses.

"Sumiço" misterioso - José Nilton Mariano Saraiva

Fomos convidados a participar dos blogs Cariricaturas, Cariricult e No Azul Sonhado/Catadora de Versos, por pessoas da estirpe de um José Flávio Vieira, Darlan Reis, Luiz Carlos Salatiel, Emerson Monteiro, Claude Bloc e Socorro Moreira, dentre outras, o que é motivo de orgulho para qualquer um.
Como não houve nenhuma pré-condição, aconselhamento, recomendação, censura, imposição, sugestão, orientação ou algo sequer parecido, no tocante ao o “que”, “como” e “quando” postar (ou seja, a pauta se nos apresentava livre), aceitamos de pronto (o que não aconteceria se prevalecesse qualquer dos itens acima).
Desde o meio desta manhã de 15.02.11, no entanto, não sabemos se por “questões técnicas” ou se “intencionalmente”, dois textos de nossa autoria (“Agradecimento” e “Muito cacique pra pouco índio”), postados entre ontem e hoje, “desapareceram” misteriosamente do Cariricaturas (permanecem no Cariricult e no No Azul Sonhado/Catadoradeversos).

Se a questão foi algum “problema técnico”, nada como uma “nova postagem” (vide abaixo) para resolver o problema; se, entretanto, foi “intencional”, por respeito não só ao autor, mas, também, aos demais colaboradores do Cariricaturas, deveria ter havido a devida e antecipada notificação.
Vamos ficar no aguardo de alguma manifestação por parte dos administradores do Cariricaturas, oportunidade em que os demais colaboradores deste blog serão informados.
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Muito cacique pra pouco índio - José Nilton Mariano Saraiva
Ungido, certamente que em razão da sua naturalidade de “piquizeiro”, à condição de “presidente” da comissão especial instituída na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará para elaborar relatório e sugerir soluções a respeito do desastre provocado pelas enchentes na Região do Cariri (e especificamente no Crato), o apresentador televisivo-Deputado Estadual Ely Aguiar (ligado politicamente ao prefeito da cidade), aparentemente sem medir as conseqüências nem atentar para a gravidade da sua fala, disparou um autêntico “torpedo” contra o Ministro da Integração Nacional, (Fernando Bezerra) que teria sido “debochado” ao referir-se à questão. A conferir, ipsis litteris: “A gente não pode ficar omisso diante de uma situação como essa. A coisa foi tratada em tom de deboche. Há a cobrança de que ele atenda à nossa demanda de ajudar os municípios. Ele está lá para isso e está sendo pago pelo povo para isso” (Jornal O POVO, Caderno Política, página 20, de 11.02.11).
Já o médico-Deputado Federal Arnon Bezerra (também ligado ao prefeito do Crato), literalmente desmentiu o senhor Ely Aguiar, além de criticar com causticidade um outro político do Ceará, ao garantir, em entrevista à Rádio Educadora do Cariri, que (ipsis litteris): “...essa notícia que saiu ontem, impressionante, que a notícia foi divulgada pela informação de alguém que esteve presente no gabinete do ministro, e eu não sei com que intenção uma pessoa espalha uma notícia dizendo que o ministro não teve a atenção necessária para com o Crato, não se sensibilizou” (sic). Garantiu, também, Arnon Bezerra, convictamente: “...eu sei mais ou menos de onde partiu, realmente é desgastante... alguém querer de forma irresponsável, desculpe o termo forte da palavra, querer tirar proveito para desmerecer o trabalho” (convenientemente, entretanto, preferiu não declinar o nome do insurgente).
Como se pode observar, a briga (ao estilo “de foice e em quarto escuro”), até então surda, muda e adstrita ao ambiente interno, transpôs as caudalosas águas do Rio Grangeiro, rompeu barreiras e espraiou-se ao domínio público, com os “nobres” e digníssimos Deputados apoiadores do prefeito do Crato ávidos à busca da luz dos refletores, reivindicando antecipadamente a “paternidade da criança” (possível viabilização e liberação de verbas), com o agravante de que um dos tais chegou até mesmo a “jogar farofa no ventilador do ministro”, já que esteve presente à audiência e de lá saiu semeando a discórdia, pregando a intriga, falseando a verdade (em benefício próprio), segundo sugeriu Arnon Bezerra (declina o nome, Deputado, declina, por favor).
Particularmente, tais pronunciamentos só vêm reforçar, reafirmar, solidificar e cristalizar nossa posição em relação à classe política (há exceções, claro), qual seja: como é “muito cacique pra pouco índio”, o importante é marcar presença, sair bem na foto tal qual “papagaio de pirata”, arrotar alguma frase de efeito que possa adiante ser aproveitada em proveito próprio e, enfim, fazer barulho e pôr-se em evidência (nem que para tanto tenha que atropelar quem esteja à frente, mesmo em se tratando de um Ministro de Estado); legislando sub-repticiamente em causa própria, a determinação de cada um é puxar brasa para a própria sardinha, cuidar de ativar o próprio fogo, aparecer por cima de pau e pedra, quer chova ou faça sol, independentemente dos meios ou métodos utilizados em tal desiderato.
No mais, como a Excelentíssima Senhora Presidenta da República Dilma Rousseff já mostrou ser uma pessoa comprometida com os ideais e princípios democrático-federativo-republicanos (atendimento a todos, independentemente da coloração partidária), se a Prefeitura do Crato pretende mesmo viabilizar a captação de recursos para a tal “reconstrução da cidade” (pra que tanto exagero, gente ???), vai ter, sim, que elaborar e estruturar um projeto tecnicamente consistente, competente e condizente com a realidade, em termos argumentativos e, principalmente, do montante necessário para tal empreitada (esqueçam, até mesmo pra imprimir um quê de respeitabilidade à causa, do tal estapafúrdio valor “entre 50 e 100 milhões de reais”, como equivocada, maquiavélica e espertamente foi sugerido e difundido por pessoas ligadas à prefeitura, como se estivéssemos em plena “casa de mãe Joana”).

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Agradecimento - José Nilton Mariano Saraiva
Sensibilizados, queremos externar, de público, nosso mais profundo e comovido agradecimento a quem, diligentemente, teve a preocupação e tomou a iniciativa de encaminhar uma nossa postagem (Farra com o dinheiro público ???), às “autoridades” constituídas do município do Crato (conforme comentário lá inserto, no site Cariricaturas).
Embora entendendo desnecessário - já que veiculada na Internet e, portanto, de conhecimento até do mundo mineral (como diria o Mino Carta) - constitui-se um prazer quase orgástico constatar que nossas mal-traçadas merecem tamanho carinho, cuidado e deferência.
Em troca, a única coisa que podemos garantir é que continuaremos vigilantes e atentos, mormente quando em jogo estiver a coisa pública, o bem do Crato.

Padre Lourenço Vicente Enrile – por Armando Lopes Rafael



O dia era 13 de novembro de 1876.
Na cidade de Crato – na Rua das Flores (hoje crismada de Rua Teófilo Siqueira), em casa do farmacêutico prático Secundo Chaves, localizada próximo aonde hoje funciona a Cúria Diocesana – um sacerdote de 43 anos, com o organismo minado pela tuberculose, sentia que sua existência terrena chegava ao fim. Em meio à febre, acessos constantes de tosse e hemoptise, o Padre Lourenço Vicente Enrile (foto ao lado) – primeiro reitor do Seminário São José – rendeu sua bela alma a Deus, nos braços do farmacêutico Secundo Chaves, seu amigo e benfeitor.
Dias antes, o farmacêutico, após muita insistência, conseguiu que o Padre Lourenço Enrile deixasse o prédio do Seminário e viesse para sua residência onde teria mais conforto no tratamento da pertinaz moléstia. Debalde foram os esforços do farmacêutico. O Crato perdeu, naquele dia, um de seus mais virtuosos sacerdotes.
Padre Enrile nasceu em Finalborgo, diocese de Savóia, na Itália em 28 de fevereiro de 1833. Cento e trinta e cinco anos depois da chegada do Frei Carlos Maria de Ferrara – fundador de Crato – a Itália nos mandara outro valoroso missionário. Padre Enrile chegou ao Cariri em 1875, para colocar em funcionamento o Seminário São José. Aqui viveu menos de dois anos, tempo suficiente para alcançar – junto à sociedade cratense – o conceito de um sacerdote digno, piedoso e exemplar.
Segundo o “Álbum do Seminário de Crato”, editado em 1925:

“Não se limitava a ação do primeiro reitor em guiar os destinos da casa, da posição em que o colocara o Sr. Bispo, mas entregava-se a todos os misteres. Desde a sala de aulas até a cozinha, sua atividade se desenvolvia a contento de todos os que habitavam o Seminário.
“Trabalhava sem tréguas, durante o dia, e, à noite quando todos dormiam, ainda vigiando, percorria o dormitório e mais compartimentos da casa, não deixando de consagrar algum tempo ao estudo.
“Os primeiros albores da madrugada, como determinavam as regras da Congregação, já o encontravam no cumprimento do dever.
“Padre Enrile era um modelo de sacerdote católico, que reunia aos vastos conhecimentos de que era possuidor uma piedade sólida, haurida em Paris na Casa Mãe dos Lazaristas. Manejava a língua portuguesa com rara facilidade, de modo que prendia a atenção de todos quando proferia seus memoráveis sermões. À capela do Seminário, em meio de grande massa popular, afluía, ainda, o que o Crato tinha de intelectual naquele tempo, para ouvir a palavra fácil e erudita do Padre Enrile.
“Em todos os misteres do sacerdócio, era o Padre Enrile exato e admirável. Edificava o povo, quando após os trabalhos do Seminário, saía em busca dos moribundos levando-lhes o pão dos anjos e o conforto de sua palavra cheia de unção.
É ainda o “Álbum do Seminário de Crato” que informa:
“Quando do seu falecimento, a população em peso acorreu ao Seminário e de todos os olhos caiam lágrimas a fio, e todos os lábios ciciavam preces pelo repouso da alma do prateado morto”.
Os veneráveis restos mortais do Padre Enrile encontram-se sepultados numa das colunas da capela do Seminário São José.
Conforme o “Álbum do Seminário de Crato”: “Jamais se assistira (até aquela data) em Crato a enterro tão concorrido e a morte tão chorada”...

Seminário Diocesano São José de Crato, nos dias atuais (foto de Pedro Léo)

ENCONTRO COM AMIGOS- Por Edilma Rocha


Wilson Bernardo e Edilma
Sem palavras...

Virgulino, um cangaceiro a frente de seu tempo. Por: Manoel Severo




Parece estranho falarmos de cangaço e termos que recorrer a conceitos próprios do ambiente empresarial moderno; mas, nos aprofundando um pouco mais na história intrigante de Virgulino, não nos parece exagero considerar que já naquela época o engenhoso bandido das caatingas conhecia muito bem o valor do Marketing Pessoal, a Política da Boa Vizinhança, Lobby e Tráfico de Influência, até mesmo noções de Logística Empresarial; na verdade não conseguimos conceber um reinado tão extenso de uma vida fora da lei em circunstâncias tão adversas, sem que boa parte desses conceitos não fizesse parte da mente prodigiosa de Lampião.

Desde cedo pela própria profissão da família, Virgulino e os irmãos passaram a conhecer toda a região e fazer um grande ciclo de relacionamentos, que mais tarde, unido a ingredientes como o medo e o favor, seriam de muita valia. Sem falar que essa espetacular rede de “apoiadores”, formada de gente miúda e graúda, foi fundamental para a sobrevivência por tanto tempo do famoso grupo.

As condições inóspitas e hostis da caatinga exigiam, além da extrema capacidade física, um exagerado instinto de sobrevivência. Comida, água, descanso, dormida, eram luxos muitas vezes esperados por dias a fio. Andanças intermináveis, muitas vezes em círculos, passando por vários estados em poucos dias carecia de um mínimo de organização e senso de direção.

Outro fator preponderante era o acesso à munição. Até os mais próximos do grande chefe do grupo, não sabiam de onde vinha tamanha carga de armamento, inclusive recebendo o que havia de mais moderno na época, exclusividade que nem as forças policiais recebiam.

Penso que o maior de todos os diferenciais entre Lampião e os outros grandes chefes do cangaço, como Jesuíno Brilhante, Antonio Silvino e mesmo Sinhô Pereira, sem dúvidas era o seu cérebro privilegiado. Mesmo compreendendo a posição de amigos pesquisadores quando defendem a desconstrução do mito de que Lampião não tinha nada de estrategista militar e que seu sucesso e longevidade na vida cangaceira se deveu a uma “mistura de incompetência e corrupção, por parte dos governos, e instinto de sobrevivência da parte dele, Lampião”; as espetaculares técnicas desenvolvidas para a “guerrilha” na caatinga, muitas vezes foram determinantes para salvar vidas e vencer batalhas, muitas delas beirando ao absurdo do desequilíbrio de forças, como a de Serra Grande onde uma força volante de perto de 400 homens não conseguiu dá cabo do grupo cangaceiro com pouco mais de 70 cabras, q ue se valiam desde o ousado enfrentamento em nítida desvantagem, à retirada estratégica quando lhe era conveniente, muitas vezes o bando simulava o abandono do embate e voltava pela retaguarda e encontrava a força volante totalmente desprevenida.

Na verdade, o próprio estilo de vida cangaceira; uma espécie de nômade das caatingas, o profundo conhecimento da região e suas sólidas redes de apoio logístico, lhes conferiam um grande poder de mobilidade, como também maiores condições de escaparem da polícia.

Um dos maiores cuidados do grupo era evitar o movimento pelas estradas, e mesmo dentro da caatinga tomavam cuidados excessivos com relação aos rastros. O ato de andar em fila indiana, todos seguindo na mesma pegada, o fato de calçar alpercatas com o salto na frente e o último do grupo apagar as pegadas com galhos de plantas eram providências costumeiras para dificultar o trabalho dos rastreadores das volantes, o cuidado em acender o fogo para a comida e até mesmo em enterrar os restos de animais sacrificados e restos de comida eram costumais, além do uso de cães para a sentinela e um entrançado de fios e chocalhos ligados entre si pela catinga, para denunciar a presença indesejada. Ao invadir os lugarejos o primeiro alvo eram sempre os fios do telégrafo.

Outra tática que visava confundir o trabalho das volantes era não deixar os corpos de seus companheiros abatidos em combate, quando era inevitável, cortavam as cabeças dos mesmos para evitar que fossem identificados. O grupo também possuía o hábito de para os novos membros adotar a alcunha ou apelido de outro companheiro morto, também na intensão de confundir a polícia, perpetuando o personagem abatido.

Dessa forma não seria exagero nenhum, declinar Virgulino Ferreira como um dos cérebros mais privilegiados de sua época, razão sem dúvidas que permitiu seu “reinado” por quase vinte anos; de sua simpática Vila Bela em 1918 até o fatídico julho de 1938, em Angico.

POR: Manoel Severo - Cariri Cangaço

O DILÚVIO



a menina está de cama com febre
e sonha com um dilúvio
a casa navegando como a arca de Noé
quando acordou a casa navegava
com alguns bichos e ela

passou uma mulher com um cachorrinho
mas não passou Tcheckhov
nem Moby Dick
a cultura morreu afogada

Quando chegou Moisés já era tarde
nem o cabelo de Sansão se salvou
nem a língua de Dalila
ou a bandeja de prata de Salomé

a menina ficou abandonada no mundo
sozinha para criar uma outra humanidade
mas feliz da vida porque estava viva
e antes só do que mal acompanhada

(Gregório Vaz)



Ambições de conhecer o futuro - Emerson Monteiro

Essa vontade humana de dominar a natureza envolve desejos antigos de saber o que vem acontecer no futuro das gerações. O motivo da disposição incontida desde tempos imemoriais finca raízes nos planos de dominar a vida e tudo o que diz respeito ao mundo e as coisas em volta, na política, na fortuna, no tempo. Sobretudo dominar os outros e a sociedade. Em resumo, reter nas mãos o destino e a riqueza, pretensão do tamanho do Universo. Um sonho bem avassalador, a sede insaciável do poder.
Essa tal vontade de domínio mostra evidências constantes nas profecias existentes e documentadas no decorrer da história, no âmbito das religiões e dos livros sagrados.
Filmes e pronunciamentos sempre trazem novidade quanto a isso. Agora mais recente, por exemplo, na película 2012, um sucesso de bilheteria, há referências ao que os Maias, civilização desaparecida na América Central, deixaram quanto a grandes mudanças que sofrerá a Terra nesse ano vindouro do calendário moderno.
Mas o que interessa mesmo, em termos práticos, chega mais longe, ao domínio do que pode permitir o conhecimento, até depois das muitas profecias ora existentes, numa lembrança forte das palavras de Jesus nos Evangelhos, a dizer: Sóis Deuses e não o sabeis, fazendo paralelo nas condições prósperas, contudo ainda que para eles mesmos realizarem, amarrando o burro nas orelhas dos donos.
Quanta maravilha transporta em si a existência, na assertiva cristã de guardar na alma a essência da herança divina, porém sob o desafio de ter antes de aprender a sabedoria, desenvolver esse modo particular de achar o caminho da luz e se libertar para as outras dimensões da evolução.
Isto demonstra o tanto de responsabilidade na revelação pessoal através da caminhada do aprendizado, conquanto artífice da própria transformação. Longe de apenas se acomodar naquilo que receber, sem estudo e trabalho, só à toa pela vida, ninguém merecerá o Reino de Deus que o Mestre divino aqui veio repartir conosco. A mensagem que revela e enfatiza com tamanha seriedade a isto deu sua própria vida em demonstração desta Verdade.
Portanto, ao desejar a existência cômoda e perene da Eternidade, nós, humanos falíveis, reuniremos os laços do conhecimento a fim de achar a dominação do futuro, livres e sós dos apegos e das posses deste chão que, veloz, passa sob os nossos pés.
Profecia maior não existirá além deste conhecer individual das normas do sentimento, porta aberta do Amor autêntico de Deus, o que nos promoverá ao nível das vontades e dos prazeres permanentes. Descobrirás a Verdade e ela vos libertará, portanto.