Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pré-história


Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.

Murilo Mendes

O Valor do Tempo - Carlos Drummond de Andrade

As coisas que amamos
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra maneira se tornam absoluta
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.*
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar"

Carlos Drummond de Andrade

Rima de Stela Siebra - José do Vale Pinheiro Feitosa

Stela Siebra,
Brechas da memória,
Uma mescla de feijão verde e rádio,
Um rádio, verde o estampado da Mescla.

Almécegas, que nem breu dava,
Era um lugar,
Mas um lugar de parar o coração,
Numa curva aterrando o abismo.

Stela Siebra,
Desde o prenúncio, um deslize de rima,
O restaurante esquecido de Adelino Moreira,
Aqui em Campo Grande, uma chácara de estrada.

E tinha a maldição da Semana Santa,
Armar arapuca aos passarinhos,
Apagando com uma borracha a risca do seu vôo,
Amofinados até a morte no roxo.

Stela Siebra,
A vala que valava os passos da moça,
Quando do ardor da bala de pipper,
Só para cheirar o sopro quente da alma.

E toda festa da penha perfumada de Lancaster,
O brilho da dura trunfa de gumex,
O elevador do Banco do Brasil por diversão,
E tão solitário entre o moderno e a estrada da Batateira.

Stela Siebra,
Desde o princípio deste feijão verde,
Deste debulhar-me em gotas de sabor,
O que pretendia mesmo é cantar,

Rimando Stela Siebra,
Com Dolores Sierra,
Nasceu em Barcelona,
A beira de um cais.

Mas alguém dirá,

E daí?

E então responderei:

Só para rimar,
E lembrar,
Stela Siebra,
Nasceu no Carás,
Na beira de um pasto.

Incêndio destrói matas da Chapada do Araripe

Há seis dias que um incêndio destrói as matas nativas das encostas do lado leste da Chapada do Araripe, no município do Crato. Dadas dificuldades naturais de se lidar com incêndios em áreas íngremes, apesar dos esforços da Brigada Contra Incêndio, sediada em Crato, até 18h do dia 14 de outubro de 2010 ainda não se observam resultados positivos que demonstrem o domínio sobre a ação destruidora de um foco de fogo que se iniciou nas proximidades do Hotel Pasárgada, no Lameiro, no final de semana, e se propagou na direção do Coqueiro.
A fumaça e as chamas podem ser vistas de longe, no Cariri, visão das mais melancólicas do quanto a imperícia dos habitantes das encostas da Serra produz ao lidar com suas riquezas naturais e o que pode ocasionar em termos de destruição de um raro patrimônio de matas nativas no meio do semiárido avassalador.
De tudo isso o que se conclui é a necessidade urgente para manter, em caráter permanente, junto ao Corpo de Bombeiros sediado em Crato, de um helicóptero para ser utilizado em ocasiões semelhantes, o qual, utilizando águas do Açude do Umari, por exemplo, já teria debelado desde o início a destruição que ora se verifica, isto sem qualquer possibilidade imediata para um efetivo combate da destruição das matas em largas proporções.

Que avancem as alas. José do Vale Pinheiro Feitosa

O filme do Brasil tem os seguintes atores e enredo: uma ala formada por três grupos: a) rentistas, agronegócios, indústria e serviços; b) abrangendo a classe média tradicional, c) um terceiro grupo formado pela cultura compondo mídia e diversão e a outra ala formada por: a) operários e prestadores de serviço; b) camponeses; c) uma camada dispersa no limite da pobreza. A primeira ala corresponde a mais ou menos 20 a 30% da população e outra ao restante. O país criou um enredo político em que a primeira ala tem progresso e se reproduz na linha familiar de uma geração a outra, enquanto a segunda estagnou, migrou para as cidades e vive num caldeirão de violência, sobrevivência, sem proteção política, sem esperança, especialmente, no país e nos políticos e por tabela nas autoridades e governantes.

O golpe militar de 1964 está na raiz da manutenção deste enredo ao não barrar o progresso desta ala maior da população. O modelo é tão autônomo que mesmo com as eventuais boas intenções dos planos de desenvolvimento do período militar, os investimentos só melhoraram e sustentaram a vida da primeira ala e nada modificava da segunda ala. E, no entanto, a sociedade se endividou para isso, mas o Milagre Econômico só o foi para os que tradicionalmente já estavam no projeto de nação na primeira.

Mesmo com esta direita mais raivosa e que tem ódio de classe, que junta toda a segunda ala num só momento de crítica, a política e a sociedade sempre tomou consciência de que era preciso superar a dicotomia deste enredo. Que era preciso criar um projeto nacional que desse progresso à maior parcela do país, até para que ele se tornasse um entre político de atuação mundial. Aliás, com a insensibilidade do “meu pirão primeiro” não se dava conta, não era incomum que a classe média tradicional ao viajar ao exterior percebesse como mal vistos éramos em termos de justiça social. O lema é: o Brasil é um dos países mais injusto do mundo. Ali existe uma concentração de renda absurda e uma pobreza descomunal.

O Mobral, as frentes de fronteira agrícola, alguma coisa de reforma agrária, bancos de desenvolvimento, entre outras coisas foram tentativas contínuas, desde os anos trinta que não cessaram com o militares a tentar superar este enredo. Acontece que era preciso cessar o enredo, descomprimir o progresso da segunda ala e ajustar a primeira ala sem desorganizá-la, mas igualmente migrando da “preguiça” de viver às custas da sociedade como um todo e passar a ser protagonista de outro jeito.

A migração da preguiça para grupo “a” da primeira ala é acabar com vício de viver de juros, ser mais ousado em investimento produto, aceitar um jogo mais democrático no campo dos investimentos públicos o que significa, afastar o jogo familiar e partidário dos bancos de investimento, dar mais ênfase ao investimento em desenvolvimento social, quebrar o jogo do extra em obras públicas e principalmente pagar mais impostos.

Ao grupo composto pela classe média tradicional é brigar pela melhoria do sistema de saúde pública universal, pelo ensino público de qualidade, por segurança pública, por sistemas previdenciários de remuneração mais alto ao invés de tentar uma porta de saída pelos Planos de Saúde, pela escola privada, pelas “milícias” privadas e previdência privada (o que não exclui necessariamente a existência destas instituições, mas não como norte político). O resto é tomar consciência que numa sociedade de massa é preciso mais infra-estrutura do que a existente para as dimensões de apenas 30%: transporte urbano, trens, portos, aeroportos etc.

Ao grupo da cultura, especialmente esta meia dúzia que controla a mídia e as diversões entender: que o Estado não pode continuar a sustentá-los com verbas e empréstimos subsidiados, que é preciso democratizar a comunicação, é preciso descentralizar os meios e as escolhas para as cidades do interior. Não é possível que a sociedade continue financiando os Chateaubriand, Marinhos, Civitas, Frias e Mesquita para que estes apenas se perpetuem no seu negócio sem compromisso com todos.

Este é o drama do país desde o golpe militar e mesmo após a redemocratização, mas após esta tem um veneno acelerar o processo: a própria constituição a dar liberdade, garantir saúde e educação tem forçado sucessivos governos a destravar o progresso da ala mais pobre da sociedade. O Collor adotou até prédios emblemáticos da escola de tempo integral. Mesmo Fernando Henrique Cardoso tendo sido assolado por um neoliberalismo açodado, teve que considerar isso e o CPMF, apesar de irritar muita gente, foi uma manifestação disso, além do lado brilhante de Ruth Cardoso, que se diga foi muito mais aguda nesta questão que o Presidente.

O “Lula Paz e Amor” vai deixar muita saudade. Ele tentou ampliar o progresso dos pobres e conseguiu muitos tentos, muito mais que os governos passados, tentou sem passar o rodo na primeira ala, mas tem sido alvo de um ódio de classe crescente, oriundo de setores da classe média tradicional, da área da cultura, especialmente a mídia tradicional e nichos do grupo “a” da primeira ala, especialmente localizados em alguns estados, que vêm que o futuro estar a exigir novas práticas no grupo.

O José Serra, que vem da tradição política progressista, adotou de vez este ódio de classe. Tornou-se o grande e poluído Tietê de todas as mágoas, pensamentos irracionais e um ódio que todos os dias se manifestam nas ruas de São Paulo contra os nordestinos que “ergueram tantas coisas mágicas” naquela cidade e naquele estado. A idéia que é o “Paz e Amor” foi destroçado: que agora é ir para o pau.

Isso é tão verdade que os blogs mais progressistas hoje amanheceram com tremendas apreensões sobre esta “onda fascista”. Quadros do PT estão fazendo uma análise nervosa, frustrada, com um medo tremendo de tudo degringolar. Não raro surgem pensamentos mágicos, os pitaqueiros quase gritam sobre a qualidade do programa da Dilma. Monitoram imagens do programa, têm uma análise para a manhã e para a tarde.

E a política onde se encontra? O Lula moveu a regra do enredo, abriu uma brecha por onde a segunda ala tem esperança no progresso. Então, é aí que o curso da história, este que aos trancos e barrancos vem sendo superado, às vezes a passos miúdos tem que ter voz na campanha. É preciso afastar os golpistas, os nervosos, os atordoados dar a voz das ruas, voz ao povo que pretende um futuro melhor: seu filho na faculdade, seu neto andando de avião, sua neta podendo brilhar na platéia do mundo. Pense em que ter uma previdência universal para quem tem ou não carteira assinada. Tenha ou não contribuído, pois a riqueza ao final é a mesma e só haverá o que comer no futuro se no futuro tenha alguém comprometido a alimentar quem já não tem mais força para plantar.

Agora o jogo político não é de esperar que a primeira ala ceda algo para alguém. Especialmente não ficando batendo boca com quem destila veneno. As glândulas peçonhentas irão secar após o pleito, seja qual for o resultado. Se não cessarem levarão pau. O jogo é manter o desfile, que a segunda ala avance na avenida. Faça o seu desfile. Mostre que igual àquela bazófia americana da classe média do voto em Bush não vive sem os “mexicanos”. Vejam o filme: o dia que os mexicanos desapareceram. A avenida está ocupada, é apitar para que a bateria toque e que o passo da dança da verdadeira apoteose siga.

Calor Térmico / Calor Humano. Liduina Vilar.



O primeiro é aquele que deixa o ser humano extremamente "arreliado" porque a temperatura quente demais, tudo acontece em excesso: banho,água ingerida, o sono é agitado, a pessoa se cansa com mais facilidade, se irrita á toa, o humor por conseguinte oscila, as plantinhas sofrem, o número de formigueiros aumenta, a água da torneira sai quente, e haja protetor solar!
É o famoso calor dos BRO. Mas não há necessidade de tanta reclamação; pois novembro chegando, vem a chuva do caju, em dezembro a do pequi e vindo janeiro melhora. Depois vêm as chuvas do inverno. O calor continua mas melhora que é uma beleza!

Já o calor humano, este, não é determinado por estações. Ele acontece naturalmente. E ás vezes vem sem ser planejado ou esperado. Ele emana, flui espontâneamente de pessoa para pessoa. Gente, a melhor coisa prá gente é gente!
Este calor ajuda na qualidade de vida e chega quiçá a salvar algumas vidas.
Um abraço é calor humano, um sorriso largo também é, a famosa palmadinha no ombro ou nas costas faz parte... Uma criança correndo e abraçando as pernas da gente é calor humano, um telefonema carinhoso só para um beijo é calor humano,um OI terno na página do orkut é calor humano...
E um EU TE AMO é a maior expressão de calor humano de todos os povos.

Dia das Crianças ( dos netinhos também) Por Heládio Teles Duarte

Carla Camurati

Carla de Andrade Camurati (Rio de Janeiro, 14 de outubro de 1960) é uma cineasta e atriz brasileira. Desde 2007 é a presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Bing Crosby


Bing Crosby (Tacoma, Washington, 3 de maio de 1903 — Madrid, Espanha, 14 de outubro de 1977) foi um cantor e ator norte-americano. Considerado um dos maiores cantores populares do século XX, morreu vítima de um ataque cardíaco enquanto jogava golfe.

POESIA NUNCA É DEMAIS

DEBULHAR FEIJÃO
(StelaSiebraBrito)


debular feijão
debulhar o verde novo-antigo da memória:
as plantações (seus cheiros e cores)
as cheias do Carás (as impetuosidades e dádivas de um rio)
manhãs chuvosas, tardes luminosas
a lâmina d’água do açude (brilho de luz que corta)
e
lá estão as mulheres no alpendre da casa, com as urupembas de feijão verde no colo,
as galinhas catam os grãos que caem no chão
os cachorros cochilam no terreiro
os homens pitam
os meninos armam arapucas para os passarinhos.

E as mulheres debulham o feijão
debulhando memórias de suas avós
africanas
ameríndias
tupis
kariris.

POESIA NUNCA É DEMAIS

A POESIA DE JOSÉ AUGUSTO SIEBRA

O amanhecer

Acho bom, gosto de ver
Quando o dia vai raiando.
A luz surgindo no céu
A passarada cantando.

Me benzo, pois nesta hora
Encho minha alma de fé
Sigo direto à cozinha
Para cuidar do café.

Que lindo céu da manhã!
Oh, como tudo é grandeza!
Que céu bordado de luz,
Como é linda a natureza.

O rico, pois, nessa hora,
Dorme qual porco na cama
E o pobre, em preces divinas,
O nome de Deus proclama.

O pobre, pois, num instante,
Louva a Jesus e a Maria
Empunha a foice, a enxada
E segue a luta do dia.

Oh quanto me deleito
Nesta hora da manhã!
Neste todo tão divino
Neste céu cor de romã.

Gosto de ouvir nesta hora
A cantiga do Geraldo,
Peito que estala saudoso,
Qual um piston afinado.

Canta muito bem o negrinho
Com tanta satisfação
Que faz um mar de ventura
Visitar-me o coração.

Acho a voz de Geraldo
Tão bonita, engraçadinha,
Que desejava comê-la
Misturada com farinha.

Quem vê o pobre negrinho
Sujo, roto e aleijado,
A cabeça descoberta,
O olhar atravessado,

Não diz que daquele peito
Bate a voz de um chorão
Nem sabe que a voz de Deus
Mora no seu coração.

O Geraldo quando canta
Deus escuta atentamente,
E sendo um Deus no seu peito
Se manifesta contente.

Solta feliz, ó Geraldo,
Este teu canto bonito
Neste teu canto eu vejo
As notas do infinito.

Para relembrar as Ruas de Outono...

Ruas de Outono
Ana Carolina

Sobre a beleza da mulher...

Eduardo Gudin - 60 anos


O cantor e compositor Eduardo dos Santos Gudin nasceu em São Paulo SP em 14/10/1950. Eduardo iniciou a carreira como solista de violão, aos 16 anos, convidado por Elis Regina para participar do programa O Fino da Bossa na TV Record.

Em 1968, participou do Festival de Música Popular junto com os maiores nomes da época tais como Chico Buarque, Edu Lobo e Caetano Veloso.

Em 1970 gravou seu primeiro disco, iniciando sua parceria com Paulo César Pinheiro, com quem compôs aproximadamente 80 músicas. Tem cerca de 300 composições gravadas e editadas.

"Linhas tortas na palma da mão,
Dão trilha certa no fim,
Torto, o meu samba se escreve assim".

Estes três versos iniciam o álbum que comemora 40 anos de samba de Eduardo Gudin, uma das principais referências do samba paulista. O álbum foi intitulado “Um jeito de fazer samba”.

O violonista, cantor, compositor e arranjador já trabalhou com: Paulinho da Viola, Paulo Cesar Pinheiro, Márcia, Mônica Salmaso, Francis Hime, sua ex-esposa Vânia Bastos dentre outros.




Derradeiro Porto
(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)

A, o passado valeu
Pelo que nos deixou entre os erros e acertos de Deus
As minhas fraquezas antigas você dominou
E as culpas maiores que eu tinha você perdoou
Por que?
Porque um precisou do outro
Entre nós todo o mal foi morto
E nós dois temos hoje um caminho sem fim
Bem melhor pra você e pra mim
E eu vou fazer teu corpo
De meu derradeiro porto
E ancorar o meu velho navio
Como quem dormiu