Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Crato e Bia - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Este pequeno conto foi escrito para dois sobrinhos em plena infância. Mas dada certas características de "meninos" e "meninas" cada qual se concentrando numa das terminações da palavra Cariri em seus endereços, achei por bem torná-la conhecida destes leitores.


Crato e Bia são dois discípulos do Deus Vulcano. O Deus que fabrica os objetos de metais do Olimpo. Elmos, espadas, escudos, ferraduras, lanças e pontas de flechas. Pratos, bacias, espelhos, colheres, facas e garfos. O Deus que mora embaixo da terra, usando os vulcões como a sua forja, necessita de dois poderes fundamentais para o seu ofício. A força para moldar os metais e a violência para lhe emprestar o dom de sua finalidade.

Crato é a força. A qualidade de quem é forte, possui o dom do vigor físico. O principal dom que possuía o herói mitológico Hércules ou o personagem da bíblia, chamado Sansão. Aquilo que tem o dom da influência, o que tem o poder para determinar alguma coisa. Que impõe autoridade, tem a capacidade de causar uma vigorosa impressão no outro.

Bia é a violência. Que pode ser a impetuosidade com que movimenta as coisas, transporta os objetos de um lado para outro, como fazem os ventos fortes. O ardor com que queima as coisas, qual o fulgor com que o sol demonstra a todos, tão logo nasce no horizonte. A intensidade com que transforma as coisas sob o ângulo de sua ação.

Crato é a concentração da energia num determinado ponto do espaço, enquanto Bia é a dispersão dos elementos no cenário em que se movem. Quando Bia voa, Crato aterrissa. Se este aponta para um local, Bia segue a rosa dos ventos. Ela ascende em espiral e ele migra direto feito uma seta. Bia se multiplica e Crato se reduz à unidade.

Complementares quando nos objetivos de Vulcano, diferenciados se em natureza de si próprios. Crato realiza um trabalho contínuo, mas Bia brinca sem compromissos com mais nada, a não ser a vontade de movimentar as coisas. Diferentes, mas inseparáveis, quando dizes Crato, ao lado Bia está.

Bia tem muitos brinquedos, mas sempre busca novidades nos pertences de Crato. Ele não gosta e demonstra o quanto se sente contrariado com aquela invasão dos seus domínios. Bia, só por pirraça, sai correndo, levando pela mão, pequeno objeto o qual é mais querido de Crato. Bia rodopia pela sala, entra e sai dos quartos, vira pela cozinha, com Crato ao seu encalço e larga o objeto para distrai-lo. Ele pára e apanha o objeto, ela vai para sala e, rindo, desafia a raiva de Crato.

Crato sai resmungando e vai se concentrar na leitura de um livro do Monteiro Lobato. Bia continua se movimentando ao longo do apartamento, pede alguma coisa para Jô, atende o telefone como se fosse para ela, vai andando e termina por se aproximar de Crato. Tão logo ela, cantando uma música do Sítio do Pica Pau Amarelo, se senta ao seu lado, Crato esbarra nela e Bia cai.

Pronto outro movimento de Bia, chorando a prantos largos, chamando a atenção dos adultos a sua volta, provoca a ira reclamatória de todos contra Crato. Ele por ser a força sente-se culpado do ato praticado e desconfiado, sem ter como se defender, concentra-se ainda mais na leitura. É o que Bia queria para mais uma vez movimentar o dia.

Bia logo se esquece do choro exagerado e vai, com seu ar de vítima beber um copo de leite morno com chocolate que Jô procura lhe oferecer em sinal de apaziguamento. Engano de Jô. Logo Bia estará reclamando do leite, da barriga doendo, da vontade de vomitar, tudo isso com cara de amargura. Jô sente-se contrariada na sua ação e ameaça telefonar para a mãe de Bia com a finalidade desta lhe ordenar o que fazer. Bia sai resmungando na direção da porta da cozinha e vai para a varanda do apartamento examinar o tempo lá fora em seu movimento.

Foi para a varanda, pois logo estará novamente pegando, com uma conversa de quem não quer nada, os brinquedos de Crato.

As Duas Sombras


Na encruzilhada silenciosa do Destino,
Quando as estrelas se multiplicaram,
Duas sombras errantes se encontraram.
A primeira falou: – “Nasci de um beijo
De luz, sou força, vida, alma, esplendor,
Trago em mim toda a glória do desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor.
O mundo sinto exânime aos meus pés...
Sou delírio... loucura...
E tu quem és ?
– “Eu nasci de uma lágrima. Sou flama
Do teu incêndio que devora...
Vivo dos olhos tristes de quem ama,
Para os olhos nevoentos de quem chora
Dizem que ao mundo vim para ser boa,
Para dar do meu sangue a quem me queira.
Sou a Saudade, a tua companheira,
Que punge,que consola, e que perdoa..."
Na encruzilhada silenciosa do Destino,
As duas sombras comovidas se abraçaram
Desde então, nunca mais se separaram.


Olegário Mariano

Olegário Mariano (O. M. Carneiro da Cunha), poeta, político e diplomata, nasceu em Recife, PE, em 24 de março de 1889, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de novembro de 1958. Eleito em 23 de dezembro de 1926 para a Cadeira n. 21, na sucessão de Mário de Alencar, foi recebido em 20 de abril de 1927, pelo acadêmico Gustavo Barroso.


Era filho de José Mariano Carneiro da Cunha, herói pernambucano da Abolição e da República, e de Olegária Carneiro da Cunha. Fez o primário e o secundário no Colégio Pestalozzi, na cidade natal, e cedo se transferiu para o Rio de Janeiro. Freqüentou a roda literária de Olavo Bilac, Guimarães Passos, Emílio de Meneses, Coelho Neto, Martins Fontes e outros. Estreou na vida literária aos 22 anos com o volume Angelus, em 1911. Sua poesia falava de neblinas, de cismas e de sofrimentos, perfeitamente identificada com os preceitos do Simbolismo, já em declínio.


Foi inspetor do ensino secundário e censor de teatro. Representou o Brasil, em 1918, como secretário de embaixada à Bolívia, na Missão Melo Franco. Foi deputado à Assembléia Constituinte que elaborou a Carta de 1934. Em 1937, ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Foi ministro plenipotenciário nos Centenários de Portugal, em 1940; delegado da Academia Brasileira na Conferência Interacadêmica de Lisboa para o Acordo Ortográfico de 1945; embaixador do Brasil em Portugal em 1953-54. Exerceu o cargo de oficial do 4o Ofício de Registro de Imóveis, no Rio de Janeiro, tendo sido antes tabelião de Notas.


Em concurso promovido pela revista Fon-Fon, em 1938, Olegário Mariano foi eleito, pelos intelectuais de todo o Brasil, Príncipe dos Poetas Brasileiros, em substituição a Alberto de Oliveira, detentor do título depois da morte de Olavo Bilac o primeiro a obtê-lo.


Além da obra poética iniciada em livro em 1911, e enfeixada nos dois volumes de Toda uma vida de poesia (1957), publicados pela José Olympio, Olegário Mariano publicou durante anos, nas revistas Careta e Para Todos, sob o pseudônimo de João da Avenida, uma seção de crônicas mundanas em versos humorísticos, mais tarde reunidas em dois livros: Bataclan e Vida Caixa de brinquedos.


Sua poesia lírica é simples, correntia, de fundo romântico, pertinente à fase do sincretismo parnasiano-simbolista de transição para o Modernismo. Ficou conhecido como o "poeta das cigarras", por causa de um de seus temas prediletos.


Obras: Angelus (1911); Sonetos (1921); Evangelho da sombra e do silêncio (1913); Água corrente, com uma carta prefácio de Olavo Bilac (1917); Últimas cigarras (1920); Castelos na areia (1922); Cidade maravilhosa (1923); Bataclan, crônicas em verso (1927); Canto da minha terra (1931); Destino (1931); Poemas de amor e de saudade (1932); Teatro (1932); Antologia de tradutores (1932); Poesias escolhidas (1932); O amor na poesia brasileira (1933); Vida Caixa de brinquedos, crônicas em verso (1933); O enamorado da vida, com prefácio de Júlio Dantas (1937); Abolição da escravatura e os Homens do Norte, conferência (1939); Em louvor da língua portuguesa (1940); A vida que já vivi, memórias (1945): Quando vem baixando o crepúsculo (1945); Cantigas de encurtar caminho (1949); Tangará conta histórias, poesia infantil (1953); Toda uma vida de poesia, 2 vols. (1957).

Fontes:

Imagem: Google

Dueto : Nara e Chico



" DIVANI CABRAL, BALUARTE DA CULTURA MUSICAL E ARTÍSTICA DO CARIRI"


O título desta matéria é apenas ilustrativo, uma realidade sem dúvida, mas o conteúdo é uma declaração de gratidão à figura ímpar da Profa. Maestrina DIVANI CABRAL, a quem, juntamente com todos os membros da Família Cabral, o Cariri inteiro e, especialmente o Crato, devem um enorme preito de gratidão por tudo o que realizaram e realizam em prol da cultura, da arte, da educação, da religião e do jornalismo em nossa querida e amada cidade.

Divani é uma pessoa de um dinamismo a toda prova, incansável na busca do que almeja e dos objetivos a que se propõe. Luta a maioria das vezes solitária e sem o devido e o merecido apoio e o pior: sem reconhecimento oficial. Como tudo mais nesse País, a arte, a cultura, assim como a educação são tratados como objetos de 2a classe, pois vale mais um povo sem educação e senso crítico pra dizer amém e achar que tudo vai bem.

A SCAC (Sociedade de Cultura e Arte do Crato) é um monumento extraordinário em termos de capacidade, engenhosidade, cultura e dinamismo da Profa. Divani e colaboradores. Manter uma Instituição desse porte requer recursos financeiros com fluxo garantido para o pagamento e a manutenção da estrutura e dos cursos que lá são oferecidos. Dois Corais. É necessário que os Cratenses espalhados por este Brasil e em posição política ou econômica privilegiada voltem seus olhos para nossa terra e de alguma forma ajudem em iniciativas desse tipo e dessa qualidade. É importante que o Poder Público através de convênios com o Governo Estadual ou Federal, garanta a subsistência dessa obra gigantesca de formação de quadros para a arte musical.

A Profa. Divani tem uma visão holística e para ela qualquer desafio é um sinal de vida, de esperança e de entusiasmo. A sua juventude e contemporaneidade seduz e atrai os jovens, ou quem dela se acerca, distribuindo vitalidade, força e esperança.

Quando imaginamos o REENCONTRO DO MADRIGAL para comemorarmos os 49 anos e prestar uma homenagem a D. Bernadete e ao Monsenhor, fui ao encontro de Divani. Após expor nosso intento, ela abrindo aquele sorriso que lhe é peculiar, prontamente se colocou à nossa disposição. Seu apoio e trabalho foram decisivamente a razão do sucesso do evento. Seja nos ensaios, como na preparação das vozes.

Refez, com a ajuda de Rosineide e Maria Luiza, trabalhando até 2h da manhã as pastas com as letras das músicas. Seguiu nos incentivando, apoiando carinhosamente, nos recebendo para um café com deliciosas tortas, orando por nós. Enfim, comandou toda a preparação de palco e, na noite do recital, nos deu força com seu entusiasmo e sua bondade de coração.

Divani, se você por acaso não existisse nós do Madrigal a inventaríamos. Nossa homenagem e nossa eterna gratidão por todo seu esforço e dedicação espontânea ao nosso evento em homenagem a D. Bernadete, ao Monsenhor Monenegro, ao nosso Colégio Diocesano e à Cidade do Crato.

Nos reencontraremos para o CINQUENTENÁRIO DE FUNDAÇÃO. Que Deus te cubra de infinitas Graças e o Crato lhe renda a homenagem merecida aos grandes Mestres dessa terra amada.
Por Nilo Sergio

Pensamento para o Dia 08/09/2009



“Através da companhia sagrada (Sathsang), você desenvolve liberdade em relação à desilusão e, logo, você desenvolve a fé na Verdade e, assim, alcança a própria liberação. Assim como os elefantes mansos rodeiam o selvagem e o prendem antes de amansá-lo, o buscador espiritual trará o cético para perto de si. A companhia do bom e do religioso disciplinará lentamente e limpará as pessoas com propensão para se afastar do caminho reto rumo à auto-realização.”
Sathya Sai Baba
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“Deus responderá a suas orações por socorro somente quando você responder com simpatia às necessidades dos outros. A vida não deveria ser desperdiçada em atividades egoístas, que não considerem a aflição dos outros e sejam insensíveis a seus gemidos. Trate alegria e dor igualmente: de acordo com o Senhor Krishna, isso é equanimidade. Pratique essa equanimidade – esse é o modo de conquistar Sua Graça. Você pode não ser recompensado materialmente por seus atos compassivos, mas não há recompensa maior do que a alegria que você obtém por aliviar a dor dos outros.”
Sathya Sai Baba

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“Você deveria estar preparado para enfrentar cada desafio da vida com coragem. A coragem é a chave para o sucesso. A vida está destinada a oferecer todos os tipos de dificuldades, mas você não deveria se acovardar diante delas. Enfrente cada provação com coragem. Atualmente, as pessoas ficam facilmente deprimidas e confusas quando encontram dificuldades. A depressão leva à frustração. Essa não é a maneira de enfrentar os desafios da vida. Você deveria desenvolver a coragem para atravessar a aventura da vida. Apegue-se à verdade, nutra o amor em seu coração, cultive a coragem e enfrente a vida com determinação firme e visão equilibrada. Uma vida assim resultará em realização. As recompensas da vida só podem ser recebidas através do esforço árduo.”
Sathya Sai Baba

" FALE A GRATIDÃO SINCERA"



Propositalmente deixei passar um certo tempo para só então fazer de público esta homenagem/agradecimento a todos os colegas e amigos fraternais que atendendo nosso convite recompuseram o MADRIGAL INTERCOLEGIAL DO CRATO para um reencnro histórico comemorando 49 anos de sua existência.
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O público que lotou o Teatro Municipal naquela belissima noite de julho, nem de longe imaginou que só realizmos 5 ensaios. Não almejávamos nada além de prestar uma homenagem à Profa. Bernadete Cabral e ao Monsenhor Francisco Montenegro "in memoria" cantando para ela e amigos antigos sucessos.
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O público graciosamente nos fez novamente os astros de Monsenhor e Bernadete. Já nos preparamos para o CINQUENTENÁRIO, com outra estrutura e patrocínio. Vários eventos serão programados para acontecer em julho nesta comemoração importante para nós e avida cultural de nossa cidade. A programação será elaborada e a seu tempo divulgada.

Desejo agradecer a dedicação e o apoio de: Ana Maria Xenofonte, Rosineide Esmeraldo, Regina Vilar, Neide, Marilac Peixoto, Célia, Norma e Fátima Prado, Marluce Brito, Zélia Moreira, Maria Luiza Torres, Neile Anne Limaverde, Noélia Limaverde, Francisco Peixoto, Hugo Linard, Nacélio Oliveira, Sérgio Cardoso, Haroldo Magno, Francisco Xenofonte, Luiz Xenofonte, Luiz Pereira, Pedro Antonio de Lima Santos, Felisberto, Ricardo, Francisco Brito e Carlindo Cavalcanti.

Agredecimento especial ao Prefeito Municipal - Dr. Samuel Araripe, Danielle Esmeraldo - Secretária de Cultura - Dihelson Mendonça - Assessor de Imprensa, às Secretárias de Gabinete do Prefeito e a todos os demais colaboradores.


Agradecimento carinhoso pelo apoio, amizade e incentivo a: Socorro Moreira e Claude Bloc.

Peleja do Metrossexual contra o macho-roots- Jurubeba - Por Xico Sá

Eu venho lá das quebradas

De grotões e de veredas
Donde diabo perdeu as botas

Maconha boa na seda,

Sou Zé Limeira e Breton

Viagem de ácido bom

Lenha nova e lavareda.



O que é isso, cachaceiro?,

Peço licença a vocês,

Vou narrar uma peleja

Guardada faz mais de mês,

A de um macho-jurubeba

Encardido feito ameba

Conto ao gosto do freguês!



Do outro lado do ringue

Um sujeito,uhn, autoral...

Bonitinho, mas ordinário

Codinome: me-tros-se-xu-al!!!

Foi criado na Inglaterra

Tem o afeto que se encerra

Na maquiagem do mal.



Os sinos dobram, dom King,

E a contenda começou

O jurubeba enfezado

De cara já perguntou:

-Onde tu compras tem pra homi?

És aquilo que consome?

Qualé, rapá?, androginou?



Com fleugma de bom inglês

O metro não perdeu a linha,

Ajeitou seu terno Armani

Que elegância na bainha!

O jurubeba, eu nao sei,

Mas perdeu logo o fairplay

E pediu uma cachacinha!



Marquinhos deu a cachaça

E o cabra cresceu no jogo,

A Mercearia veio abaixo

Nego fez u´a roda de pôgo.

E o cabôco free-style

Mandou pra casa do caraio

Tudo que tava em jogo!



Foda-se a esportiva

Disse o jurubeba de cara

Não tolero a espécie

Que desgosto!, avis rara...

Lá da terra donde venho

Esse rapaz eu emprenho

Apollinaire, minha vara!.



Donde o metrossexual

Na contramão da barbárie,

Gabola e cheirosinho

Via de longe minha cárie...

Seus perfumes no ajuste

Qual o bolinho de Proust

Levava todos nos ares.



E o vento também levou

O modismo desse metro,

Ele num pega nem u`a letra

De um macho analfabeto...

Prefiro meu travesti

Jesus Cristo!, eu estou aqui

E ai?, estás por perto?



Macho velho, invejoso,

Sou sensível e muito cool,

Só pego “Pati” cheirosa

Te viras com tribufu,

Uso todo meu Lancôme

E não deixo de ser homem

Vade retro, cafuçu!



Se isso é ser macho, haha!...

Renuncio ao velho sapiens,

Gasto minha testosterona

Salve Mussum, dá-me um traguis!

Tu gosta é de cheirar a rolha

E sentir o bouquet da trolha

Afasta de mim esse cálice!



Fala sério, cachaceiro,

Como rejeitas esse bouquet?,

Tua vida bagaceira

É maldição démodé...

Já sei que não te habilitas

Eu sigo In vino Veritas

E vejo os vermes te roer.



Minha antologia de ressacas

É grandeza d´alma, amiúde,

A lua na sarjeta ensina mais

Do que uma obra de virtudes...

Serás um belíssimo defunto

E para a cidade de pés-juntos

Irás gozando toda saúde!



Entrou pela perna do pinto

Saiu pela perna do pato,

Quem quiser que conte outra

E siga Rosseau no contrato,

Pois o homem nasce direito

Mas depois vira um suspeito

Vou m´embora é lá pro Crato!

* Xico Sá é um caririense da maior competência !

Doravante vamos começar a conhecer o seu trabalho. Faz tempo escuto sobre ele , as melhores referências. Achei a botija : seus livros ! Na medida do possível vou postando os seus textos para o nosso deleite.

Socorro Moreira


Quem tem medo de palavrão ? - Por: Xico Sá


AMIGO TORCEDOR , amigo secador, em uma ida ao campo de futebol o homem diz mais palavrões do que nos gritos e sussurros de alcova durante a sua vida inteira. Não é diferente no sofá de casa, e o mesmo acontece com os técnicos, os digníssimos professores, e com os boleiros, mesmo os santinhos do pau oco e os sonsos atletas de Cristo.

Em uma pelada, mesmo de criança, fala-se mais palavrões do que na última casa de tolerância da Vila Mimosa. Como me disse uma noite a Tia Olga, madame responsável pela iniciação sexual de muitos garotos de São Paulo, todo homem ao chegar ao baixo meretrício ganha ar solene, circunspecto, grave, respeitoso. É no futebol que a criatura, antes da chamada fase oral canibalística, manifesta-se um marquês de Sade.

As histórias em quadrinhos do livro "Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol" (ed. Via Lettera) são fichinhas, café pequeno, Zibia Gasparetto, padre Zezinho, uma Bíblia diante de um menino de nove anos e sua turma atrás da bola. Cito o tal livro devido à sua adoção seguida de banimento em escolas estaduais paulistas, como vimos nesta Folha. Não julgo quem o acolheu nem quem o demonizou. Não tenho ciência pedagógica para a valiosa tarefa, mas duvido de que o referido conteúdo fosse espantar alguém que já bateu uma pelada.

Sim, pode ser inadequado, no sentido moral e cívico, para a faixa etária do ensino básico, mas a gurizada iria se divertir e se interessar mais pela leitura do que sob a palmatória da chatice bilaquiana ou alencarina. "Última flor do Lácio, inculta e bela,/ És, a um tempo, esplendor e sepultura;/ Ouro nativo, que na ganga impura/ A bruta mina entre os cascalhos vela..." E dá-lhe Bilac na rapaziada.

Aqui em casa eu prefiro o time que contou as inocentes historinhas do "Dez na Área": Allan Sieber, Caco Galhardo, Custódio, Fábio Moon e Gabriel Ba, Fabio Zimbres, Lelis, Leonardo, Maringoni, Osvaldo Pavanelli e Emílio, Samuel Casal e Spacca. Tem ainda o Karmo, na posição de gandula.

Noves fora o quiprocó pedagógico, é mesmo um belo livro sobre futebol. Como diz o genial Tostão no prefácio: "Faltava uma obra como essa para crianças e adultos". A maldade do palavrão está na cabeça de quem o condena. O palavrão é bênção divina no futebol, na literatura, no desafogo, na topada, no pânico, no trânsito. E na cama.

Agora lembrei de uma fala de Ronaldo na sabatina da Folha. "Ele [Ronald] é uma criança doce, que não fala palavrão, é educado. É praticamente um europeu", disse ele, sobre o filho que vive na Europa. Mal sabe o Fenômeno que o acervo de palavras cabeludas de muitos países de lá é infinitamente mais rico do que o nosso, como lembra o sociólogo Gilberto Freyre no prefácio do "Dicionário do Palavrão", obra do pernambucano Mário Souto Maior (ed. Record).

A versão alemã de livro do gênero, que inspirou a edição brasileira, tem 9.000 verbetes. O volume nacional ficou em um terço dessa maçaroca. Na França e na Espanha, puta madre, nem se fala. Coisa de botar no chinelo a "Mesa-redonda sexo-futebol debate!", a sensacional história narrada pelo Caco Galhardo que fecha o "Dez na Área...".

xico.folha@uol.com.br

*Xico Sá (Cariri, Ceará, 28 de maio de 1962) é um jornalista e escritor brasileiro.
Começou a carreira no Recife e é atualmente colunista dos jornais Folha de S. Paulo, Diário de Pernambuco,Diário do Nordeste e O Tempo, de Belo Horizonte.

É autor dos livros:
# Modos de macho & Modinhas de fêmea” - Editora Record
# “Divina Comédia da Fama” - Editora Objetiva
# “Nova Geografia da Fome” - Editora Tempo d´Imagem
# “Paixão Roxa” - Editora Pirata
# “Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias - Editora do Bispo
# “Se um cão vadio aos pés de uma mulher-abismo - Editora Fina Flor
# "Caballeros Solitários rumo ao sol poente -Editora do Bispo
# "La mujer és un gluebo da muerte -noubellita sangrenta de amor a quemmaropa -Editora Yiyi Jambo -Asunción, Paraguay.
# "Tripa de cadela & outras fábulas bêbadas" (contos) -Editora Dulcinéia Catadora, São Paulo,Brasil

Poema do Nicodemos - Por João Nicodemos



nunca o chão foi tão macio
nem o amor foi tão inteiro
como dois deuses no cio
nossos corpos se encontraram
e assim se completaram
como a pena e o tinteiro

(João Nicodemos)

Arroz Integral - Por : Gabriel Carvalho

Ele é adorado por vários povos, é a base da alimentação de cerca de metade da população mundial, e talvez o prato mais presente na refeição diária do brasileiro. Quem é ele?

Ajuda se eu disser que é quase inseparável de seu par nutricionalmente perfeito, o feijão?

Estamos falando do arroz. Ele mesmo. Nos últimos anos, a preocupação com a alimentação saudável, por atletas e simpatizantes da qualidade de vida têm levado a atenção a outro tipo de arroz - o integral, conhecido por suas privilegiadas propriedades nutricionais.

O arroz integral mantém suas qualidades nutritivas, energéticas e vitais, pois seu grão está completo, com todas as porções comestíveis que originalmente a natureza lhe forneceu.

Porções relativas ao farelo e germe do arroz estão presentes no arroz integral, o que o torna, além de fonte de carboidrato, como também o é o arroz polido (refinado), uma fonte de proteínas, fibras e gorduras insaturadas essenciais à saúde.

A presença destes e outros compostos é que faz com que tenha a coloração castanha característica.

Além disso, vitaminas, minerais e vários antioxidantes já foram encontrados no arroz integral.

Entre as vitaminas, as do complexo B se destacam, como as vitaminas B1, B2, B3, B6, essenciais para a formação de energia pela célula e na produção de neurotransmissores.

Entre os minerais, o magnésio é o mais importante, além de fósforo e potássio. Magnésio é um mineral que se encontra deficiente em grande parcela de nossa população, e com funções nas mais variadas partes do corpo. Isto inclui a síntese de neurotransmissores, como a serotonina, a contração da musculatura, a formação óssea e a produção de energia, entre centenas de outras!!

Clinicamente, isso coloca o arroz como um alimento extremamente útil para o tratamento da TPM - Tensão pré-menstrual, do cansaço e falta de energia crônicos, da depressão (substituindo a farinha de trigo e seus derivados com muitas vantagens), da ansiedade, da osteoporose, da constipação intestinal (também conhecida como prisão de ventre). Enfim, é um alimento ideal para ser consumido por todos que desejam uma alimentação muito saudável.

A presença de fibras, proteínas, magnésio e algumas vitaminas tornam o arroz integral um alimento especialmente importante para aqueles que buscam o EMAGRCIMENTO. Ele pode auxiliar na saciedade, redução do colesterol, da glicose sangüínea, da ansiedade e da depressão, devido a estes nutrientes que o compõe. Obviamente, isso só será alcançado quando o arroz fizer parte de uma alimentação individualmente equilibrada e rotineira.

Alguns estudiosos indicam a ingestão de arroz nos casos de desarranjo intestinal, inflamação cutânea, falta de resistência imunológica e pelas vítimas de doença celíaca (alérgicas a glúten).

O refinamento convencional ou comum (branco polido) do arroz leva a perda de muitas, senão todas estas propriedades benéficas que ele oferece: vitaminas, minerais e fibras.

Em termos de benefícios à saúde, o arroz integral contém três vezes mais fibras do que o refinado, e também possui cinco vezes mais vitamina E, e, quatro vezes mais magnésio.

Além de tudo isso, uma das principais vantagens do arroz integral é que ele possui um fitoquímico, nutrientes antioxidantes e anti-inflamatório, chamado Orizanol, que está sendo estudado pela sua capacidade de prevenção de doenças.

Outra característica do arroz é que ele é hipoalergênico, ou seja, há pouca chance de desenvolvermos alergia a ele. Diferentemente ocorre com o trigo, base de produtos como massas, pastéis, pães e bolos. O trigo é responsável por muitas alergias alimentares, e seu uso está contínuo tem sido associado com possíveis problemas à saúde.

Economicamente falando, cabe ressaltar que o Brasil, e em especial o Rio Grande do Sul, é um grande produtor mundial de arroz, e consumindo-o estamos ajudando a reforçar a economia de nosso país. Por outro lado, o trigo é em grande parte importado, gerando evasão de divisas do Brasil para o exterior.

Então, vamos comer mais arroz integral?

Cabem agora, algumas dicas de como prepará-lo.

Colocar para ferver 3 xícaras de água para cada xícara de arroz integral.

Ao ferver, adicionar o arroz.

Aguardar retomar a fervura, colocar em fogo baixo, e deixar então a panela semi-tampada.

É só aguardar que a água seque, o que deve levar em torno de 20 minutos.

Está pronto!

Dicas:

- Se você está habituado ao arroz branco, que fica pronto em menos de 10 minutos, faça o seguinte. Inicie o preparo de sua refeição pelo arroz. Mesmo levando 20 minutos, não atrasará em nada a sua hora de comer!

- Tempere seu arroz integral com especiarias! Folhas de alecrim, tomilho, gengibre em pó, pó de cúrcuma (mais conhecido como açafrão), amêndoas, passas de uva, damasco picado. Enfim são infinitas as possibilidades. Vocês não vai mais querer comer outro alimento!!

Conheça melhor o músico cearense : Nonato Luiz


(Entrevista com Nonato Luiz )

Pergunta: como foi seu início na música e, particularmente, no violão? Houve em sua casa alguém que o inspirasse ao estudo da música ou houve a influência de algum artista que você assistia?
Nonato Luiz: comecei em 1956, aos 4 anos, tocando cavaquinho e influenciado por meu saudoso pai, Pedro Luiz, que além de agricultor era violeiro e repentista.
Mais tarde, conheci a música de Valdir Azevedo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Luiz Gonzaga e outras feras do segmento. Numa fase mais madura, interessei-me pelo trabalho de Baden Powell, no campo do violão popular, e Andrés Segóvia, na área erudita.
Também foi importante meu convívio com o violonista clássico Darcy Villaverde, amigo e parceiro carioca, com quem percorri grande parte do Brasil, em inesquecível turnê.

Pergunta: no violão, com quem você estudou? Seus estudos foram mais ligados ao violão clássico ou mais à parte de harmonização? E os estudos de música, teoria, harmonia e outros instrumentos?
Nonato Luiz: em violão, sou autodidata. Tive essa opção inicial em vista das circunstâncias em que vivia no início da minha carreira. Era um garoto humilde, morando num vilarejo no interior do Ceará, portanto, sem acesso aos meios para adquirir maior conhecimentos teórico.
Uma vez em Fortaleza, no Ceará, tive a oportunidade de ingressar no Conservatório de Música Alberto Nepomuceno, da Universidade Federal do Ceará pela porta da Orquestra Sinfônica Henrique Jorge. Estudei e toquei violino por um período de dois anos. Nessa fase, pude experimentar um maior amadurecimento na música erudita.
Anos depois, em 1977, iniciei o Curso de Licenciatura em Música, na mesma Universidade, também por dois anos. Interrompi o curso pela minha mudança para o Rio de Janeiro, onde iniciei minha carreira como violonista profissional. Nesse curso, obtive muitas informações sobre teoria musical, harmonia, arranjos e sobre outros instrumentos. Como autodidata estudei intensamente a obra dos compositores brasileiros. Os clássicos da música erudita, especialmente Bach, Mozart e Haendel, seja ouvindo discos de orquestras de todo o mundo, seja escutando Andrés Segóvia, John Williams, Dilermando Reis ou Baden Powell. Assim me adaptei para o violão e executei, como o faço até hoje, as maravilhosas composições desses mestres. Ao mesmo tempo, recebi deles a influência que dá alicerce às minhas composições.

Pergunta: você escreve os arranjos que elabora para o violão? É compositor?
Nonato Luiz: meus arranjos são elaborados de maneira intuitiva, a partir da audição dos discos, sem consulta a partituras. Não desprezo a importância e o valor da música escrita, apenas posso realizar meu trabalho sem usá-las. Quero ressaltar que boa parte de minhas composições está registrada em partituras, publicadas em quatro livros, apresentado pelo duo de violão clássico, Sérgio e Odair Assad. No site www.nonatoluiz.com.br os interessados poderão ter acesso a maiores informações.

Pergunta: atualmente quais são as suas atividades?
Nonato Luiz: composição, arranjos, concertos, gravação de discos e tudo o que um músico contemporâneo é chamado a fazer. No momento, estou ocupado em dois projetos, representados pela gravação e lançamento de dois CDs, um dedicado ao importante e brasileiríssimo gênero do choro, e o outro centrado no maravilhoso baião de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga.

Pergunta: quais os CDs que você gravou (e também LPs?). Você poderia fazer uma relação daqueles que você considera os seus principais trabalhos e os que estão em projeto? Como seus discos foram realizados?
Nonato Luiz: são tantos que ficaria extenso numerar. Todos eles, LPs ou CDs, estão divulgados no meu site www.nonatoluiz.com.br, já mencionado. Não destaco um porque para mim todos têm o mesmo valor, desde o primeiro LP até o último CD. Não posso negar o carinho que tenho pelas minhas composições, muitas delas presentes nesses discos.
A concepção dos meus discos teve várias facetas. Alguns deles tiveram como foco a transcrição para o violão de obras de grandes compositores e músicos, como: Milton Nascimento, Luiz Gonzaga, Beatles, alguns autores cearenses, entre outros.
Alguns tiveram abordagem temática: “Violão em Serenata” reúne a transcrição de clássicos do cancioneiro brasileiro de música popular. “O Choro da Madeira” (1999) mesclou choros brasileiros consagrados e diversos inéditos compostos por mim. “Choro em Sonata” traz uma coleção de choros de minha autoria.
Alguns outros discos retratam trabalhos de parceria em composição ou interpretação: (“Diálogo”, “Terra”, “Baú de Brinquedos”, “Canções”, “Palavra Nordestina”, “Nordeste ao Vivo”, “Carioca”, “Gosto de Brasil”, “Nave do Futuro”, “Filhos do Solo”, “Os Bambas do Violão”, neste último divido com as feras do violão brasileiro: Baden Powell, Canhoto, Henrique Annes e o saudoso Rafael Rabello).
Discos que trazem peças exclusivas ou quase exclusivamente de minha autoria, são: “Mosaico”, “Reflexões Nordestinas”, “Retrato do Brasil”, “Choro em Sonata”, “Canções” , este último com uma proposta de mostrar minhas melodias que receberam letra de vários e parceiros que tenho por esse Brasil afora, sendo essas canções interpretadas por diversos cantores brasileiros.

Pergunta: fale também sobre as suas apresentações.
Nonato Luiz: nessa longa estrada como músico foram tantas as apresentações, no Brasil e em todo o mundo, que fica difícil expressar o todo. Tento destacar algumas ocasiões marcantes na minha carreira:
Teatro Mozarteum, em Salzburg, Áustria: em 1985, fazendo minha primeira turnê européia dividi o palco desse importante teatro, templo dos grandes instrumentistas mundiais, com meu prezado amigo Pedro Soler, guitarrista flamenco. No ano seguinte, experimentei maior emoção, ao apresentar-me individualmente, no mesmo espaço, para um público altamente qualificado.
Nova York, Central Park: integrando um grupo de artistas brasileiros, participei do evento denominado “It’s time for Brazil”.
Paris: durante temporada patrocinada pela UNESCO, em 1992, onde gravei “Terra à Vista”, tema oficial da ECO-92.
Sala Cecília Meireles: – Das diversas vezes em que ali trabalhei, destaco a temporada com Pedro Soler, em 1982, que originou o LP Diálogo, lançado pela CBS (Sony Music).
Turnê com Túlio Mourão: em várias capitais brasileiras mostramos as peças que integraram nosso CD “Carioca”, gravado em 1991, no Rio de Janeiro, e lançado em no Free Jazz Festival.
Turnê individual em 2001: por diversas capitais brasileiras, para lançamento do disco “Ceará”, mostrando a transcrição, da obra de 18 autores da música cearense.
Estarei novamente viajando pelo Brasil nos próximos meses, divulgando meu CD intitulado “Baião”, com transcrição, para violão, de algumas parcerias de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga.

Pergunta: você também é professor de violão?
Nonato Luiz: há muitos anos deixei de ministrar aulas de violão, pois os compromissos como instrumentista e compositor, aliados às muitas horas diárias de estudo, consomem todo o tempo disponível. Foi uma fase muito gratificante da minha carreira, na qual muito aprendi e guardo gratas recordações.

Pergunta: como você analisa a presença do violão dentro da música em geral?
Nonato Luiz: mesmo sendo um pouco suspeito para falar sobre o violão, atribuo-lhe tamanha versatilidade que pode desempenhar todas ou quase todas as funções dentro da música. Entendo, portanto, que o violão encontra espaço em qualquer ambiente musical: erudito, popular, regional, moderno, medieval, infantil, orquestral, ou seja, não há limitações para tão nobre e belo instrumento.

Pergunta: sendo a maioria dos internautas que consultam o "Clube Di Giorgio" neófitos e apreciadores do violão, que conselhos você daria para que os iniciantes e aspirantes a uma carreira musical ou mesmo aos que querem se desenvolver como violonistas amadores?
Nonato Luiz: para os amadores, que se preocupem apenas em curtir essa maravilha, tocando o instrumento à sua maneira, sempre porém buscando ouvir uma música de boa qualidade.
Para aqueles que aspiram a uma carreira profissional, recomendo um estudo permanente e cotidiano, compreendendo teoria, técnica e audição. Além disso, bastante perseverança e determinação, pois as dificuldades impõem isso.
Di Giorgio
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Nonato Luiz - Mourisca

Cesar Camargo Mariano e Nana Caymmi - Clara Paixão

Projeto "Água pra que te quero!"- Nívia Uchôa


Léon Tolstói




"O único consolo que sinto ao pensar na inevitabilidade da minha morte é o mesmo que se sente quando o barco está em perigo: encontramo-nos todos na mesma situação."

"Dizer que a gente vai amar uma pessoa a vida toda é como dizer que uma vela continuará a queimar enquanto vivermos."

"Cada um viveu tanto, quanto amou."

"O cristianismo, no seu verdadeiro significado, destrói o Estado."

"Difícil é amar uma mulher e simultaneamente fazer alguma coisa com juízo."


"Liev Tolstói, também conhecido como Léon Tolstói (Yasnaya Polyana, 9 de setembro de 1828 — Astapovo, 20 de novembro de 1910) é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.

Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e idéias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.

Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.

Morreu aos 81 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples"

O pensamento de Jacques-Marie Émile "Lacan "


Jacques-Marie Émile Lacan (Paris, 13 de abril de 1901 — Paris, 9 de setembro de 1981) foi um psicanalista francês.

Formado em Medicina, passou da neurologia à psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da lingüística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).

Sua primeira intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. [1] O Eu é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor, ódio, agressividade. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da psicanálise.

Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. Lévi-Strauss afirmava que "os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o sujeito, que só se constitui através deste - "o inconsciente é o discurso do Outro", "o desejo é o desejo do Outro".

O campo de ação da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e de relatos de sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como "formações do inconsciente". A isto se refere o aforismo lacaniano "o inconsciente é estruturado como uma linguagem".

O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa". Lacan pensa a lei a partir de Lévi-Strauss, ou seja, da interdição do incesto que possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, as mulheres. O desejo é uma falta-a-ser metaforizada na interdição edipiana, a falta possibilitando a deriva do desejo, desejo enquanto metonímia. Lacan articula neste processo dois grandes conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este campo, cria seus Matemas.

É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do Real. Em sua tópica de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao Real cabe aquilo que resiste a simbolização, "o real é o impossível", "não cessa de não se inscrever". Seu pensamento sobre o Real deriva primeiramente de três fontes: a ciência do real, de Meyerson, da Heterologia, de Bataille, e do conceito de realidade psíquica, de Freud. O Real toca naquilo que no sujeito é o "improdutivo", resto inassimilável, sua "parte maldita", o gozo, já que é "aquilo que não serve para nada". Na tentativa de fazer a psicanálise operar com este registro, Lacan envereda pela Topologia, pelo Nó Borromeano, revalorizando a escrita, constrói uma Lógica da Sexuação ("não há relação sexual", "A Mulher não existe"). Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud, Lacan considera o Real, junto com o Objeto a ("objeto ausente"), suas criações.


Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Lacan"

Maria Rita - A filha de Elis e Cesar Camargo Mariano



Maria Rita começou a cantar profissionalmente aos 24 anos. Agora, com 30, não acha que foi tarde. “Você se achar no mundo é uma tarefa muito difícil”, diz a jovem que se formou em comunicação social e estudos latino-americanos nos EUA. Filha de Elis Regina e Cesar Camargo Mariano, de tanto dizerem que ela precisava cantar, Maria Rita resistiu durante algum tempo. “Encaro a vida como um grande processo feito de vários pequenos processos no caminho. Sempre quis cantar. Mas a questão não era querer. Era por quê. Não gosto de fazer nada sem ter um porquê. Fica mais fácil quando você tem um objetivo, uma meta. O motivo passou a existir quando percebi que ficaria louca se não cantasse”, afirma.
Após escolher a hora certa, ela não pode queixar-se dos resultados que alcançou. Aliás, ninguém pode reclamar dos resultados alcançados por Maria Rita. Antes mesmo de lançar um CD foi a vencedora do Prêmio APCA de 2002 como Revelação do ano. Seu primeiro disco, “Maria Rita”, lançado em setembro de 2003, vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo. O primeiro DVD, que traz o mesmo título e foi para as lojas na primeira semana de novembro daquele ano, chegou à marca de 180 mil cópias. Ambos foram lançados em mais de 30 países, incluindo Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, Dinamarca, Equador, Finlândia, França, Inglaterra, Itália, Japão, Coréia, República Tcheca, México, Holanda, Noruega, Portugal, Suécia, Suíça, Taiwan e Venezuela. Os números referentes à jovem cantora são sempre impressionantes. Maria Rita alcançou, no Brasil (um mercado tido como em crise, ameaçado pela pirataria), Disco de Platina Triplo e DVD de Diamante; em Portugal, CD de Platina. Também, pudera… Foram 160 shows completamente lotados ao longo de 18 meses.
O reconhecimento foi de público e de crítica. Maria Rita venceu prêmios importantíssimos em 2004: Grammy Latino nas categorias Revelação do Ano, Melhor Álbum de MPB e Melhor Canção em Português (“A festa”); Prêmio Faz a Diferença (oferecido pelo jornal “O Globo”); o troféu da categoria Melhor Cantora do Premio Multishow e os do Prêmio Tim nas categorias Revelação e Escolha do Público. Do primerio CD dela, foram trabalhadas as músicas “A festa”, “Cara valente”, “Encontros e despedidas” (que foi tema na novela “Senhora do Destino”) e “Menininha do portão”.
O aprendizado para Maria Rita se deu todo de maneira instintiva e informal. Uma conversa com o pai, quando era mais jovem, ilustra bem isso. Maria Rita pediu que Camargo Mariano a ensinasse a tocar piano. Diante de uma negativa, encolheu-se: “Ok, você não tem tempo, não é?” O pai, que com certeza é uma das grandes referências musicais dela, discordou; disse que tempo, se fosse o caso, ele arrumaria. O problema é que ele aprendera sozinho… “O que ele toca ele não aprendeu com ninguém, então ele não tem o que me passar”, entende agora Maria Rita, que seguiu trilha parecida. Soltava a voz e pronto. Passou a fazer aulas de canto, mais tarde, para “saber usar o instrumento”. Ela até gostaria de ter uma bagagem mais formal, mas por outro lado mostra-se satisfeita com os caminhos que escolheu guiada pelo instinto e pelo coração.

Em setembro de 2005, chegou às lojas o novo trabalho de Maria Rita, “Segundo”. O primeiro single foi “Caminho das águas”. Juntamente com a pré-venda do CD em lojas online, foi feita a “venda digital” do single “Caminho das águas”. Neste último caso, uma novidade no mercado brasileiro de discos, foram tantos downloads que houve congestionamento já na data de lançamento. Todo mundo queria ter Maria Rita gravada no computador. E não é para menos.

O novo CD rendeu à cantora uma extensa turnê no Brasil, participações especiais em diversos CDs nacionais (“Forró pras crianças” e “100 anos de frevo”), shows nacionais (Arlindo Cruz, O Rappa, Os Paralamas do Sucesso, Gilberto Gil e Mart’nália) e internacionais (Jamie Cullum, Mercedes Sosa e Jorge Drexler). O sucesso mundial de “Segundo” lhe rendeu, em 2006, mais dois Grammys Latinos — Melhor Álbum de MPB e Melhor Canção Brasileira com “Caminho das Águas” de Rodrigo Maranhão — e mais de 50 apresentações no exterior com sucesso absoluto de público e crítica no Montreux Jazz Festival, North Sea Jazz Festival, Irving Plaza (NY), San Francisco Jazz Festival, dentre outros.
No dia 14 de setembro de 2007, Maria Rita lançou o seu terceiro CD “Samba Meu”, produzido por Leandro Sapucahy e co-produzido pela própria cantora. O CD teve lançamento simultâneo nos Estados Unidos, América Latina, México, Portugal, Israel e Reino Unido.

Em abril de 2008, a ABPD concedeu o Disco de Platina a “Samba Meu” pelas mais de 125 mil cópias vendidas do CD. O álbum também ganhou o prêmio de “melhor CD” no 15º Prêmio Multishow de Música Brasileira.

http://www.maria-rita.com/

O Pavão e o Mestre- Por Maria Amélia Castro


(Essa é para a amiga Claude explicar. )

O Pavão do Mestre

O Pavão do Mestre é uma narrativa cantada, que aprendi com uma pessoa muito querida que nasceu no Inhamuns, precisamente na cidade de Aiuaba. Ela cantava "O Pavão do Mestre" e nós, crianças, ficávamos entorpecidos com a triste história de Antoninho. Era uma maneira que Cacun, senhora assim carinhosamente chamada, conseguia nos deixar quietos, ou melhor, em estado de choque. Cresci e a historinha do Pavão do Mestre e Antoninho me acompanhou. Por curiosidade e saudade, fui atrás das origens da história e verificar se havia enredo parecido em historinhas para crianças que fizesse parte de alguma coletânea nesse mundão. Para minha supresa, não encontrei nada parecido, encontrei quase igual! "O pavão do mestre" é uma narrativa portuquesa, originária da cidade de Santiago do Cacém, região do Alentejo. É sede de um dos maiores municípios de Portugual. Essas historias contadas e reproduzidas através do anos costuma modificar-se, e vejam que interessante: de Portugual para o Ihamuns, o que virou O pavão do mestre:

O Pavão do Mestre (Portugal)

Um dia à tarde, no Porto/Um caso se praticou/O ladrão do professor/Um lindo rapaz matou/Pois ele tinha um pavão/E um dia o encontrou morto/Logo disse para si/Isto foi algum garoto/Dos que eu trago na lição/Antoninho assim qu’ouviu/Tremeu-lhe o coração/

Bom dia ó meu paizinho/Bom dia lhe venho dar/Matei o pavão ao mestre/Trato-lho de o ir a pagar.

Bom dia senhor professor/Bom dia lhe venho dar/Meu filho matou-lhe o pavão/Estou pronto para lho pagar/

Mande seu filho à escola/Cá tem a mesma entrada/E com respeito ao pavão/Ó meu amigo não é nada/ Vai à escola meu filho/Que lá tens a mesma entrada/Falei com o senhor professor/Ele disse que não era nada/Deite-me a benção meu pai/Que não lhe peço mais nada/

Amanhã por estas horas/Minha cabeça degolada/Assim que entrou para a aula/Logo o retirou da lição/Foi-lhe cortar a cabeça/Foi pô-la ao pé do pavão.

Ó estudantinhos da aula/Vistes por lá meu Antoninho?/

Lá o vimos, lá estava ele/Com seu corpo aos saltinhos/

Seu pai assim que ouviu/Encheu-se de raiva e terror/Foi pegar no seu revólver/Foi matar o professor/

Boa tarde senhor regedor/Venho-me entregar à prisão/Matei o senhor professor/Com um tiro no coração/

Vá-se embora meu amigo/Que você tem toda a razão/Por causa de um pavão/Lá está seu filho num caixão.

Recolhido em: Santiago do Cacém
Por: José Paulo


O Pavão do Mestre (Inhamuns)

O pavao tava voando por de cima de um balcao/atirei uma pedrinha o pavao caiu no chão/atirei uma pedrinha o pavao caiu no chao/menino pegue o pavão nao deixe o pavao voar/ele e´ verde amarelo parece ser liberal/papai eu nao te conto, papai eu vou te contar/matei o pavao do mestre acho bom o senhor pagar/bom dia senhor mestre como vai como passou/vim pagar o seu pavão que Antonino matou/o pavão nao e´nada não énada não senhor/quero que diga a Antonino amanhã venha estudar/mamãe eu não te digo mamãe vou te dizer/amanha eu vou pra aula sabendo que vou morrer/bom dia senhor mestre bom dia cabra ladrão/hoje vou fazer contigo o que fez com meu pavão/ menino que vem da aula dá noticia de Antonino/Antonino ficou preso coraçao pequenino/o velho entrou na sala com sua pistola na mao/atirou no velho mestre e acabou com a geraçao/atirou no velho mestre e acabou com a geraçao.
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Maia Amélia Castro

Dia Mundial da Alfabetização

8 de Setembro

Em 1990 foi realizada a Conferência da Unesco sobre Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, que se comprometia a diminuir pela metade o número de analfabetos no mundo até o ano 2000. Hoje nos encontramos no terceiro milênio e os países em desenvolvimento continuam a apresentar um número expressivo de pessoas analfabetas: mais da metade das populações jovens e adultas.

Apesar de os índices de analfabetismo regionais terem caído nas últimas décadas do século XX, nos países em desenvolvimento chega a 900 milhões o total de analfabetos, o que representa 25 por cento dos jovens e adultos do planeta.

Mas o que aconteceu para que aquela promessa de erradicação do analfabetismo mundial não se concretizasse? As causas são muitas.

Alguns países da África do sub-Saara (como Moçambique, Nigéria, África do Sul e Uganda) e Sul da Ásia (Srilanka, Paquistão, Índia, Bangladesh e Nepal) por exemplo, apresentaram alto crescimento das taxas demográficas, além de guerras e conflitos, que obrigaram a um aperto orçamentário, levando a uma queda do gasto per-capita com educação.

E embora os governos dos países em desenvolvimento invistam a maioria dos recursos da educação no ciclo básico (escola primária), os resultados não têm se mostrado satisfatórios. Nos países pobres, a situação consegue ser pior.

De qualquer forma, só a limitação orçamentária não pode ser aceita como a única explicação para o problema do analfabetismo nos países pobres e em desenvolvimento. Precisamos encarar o fato de que o trabalho de alfabetização ainda se mantém no fundo da escala de orçamentos tanto de agências nacionais quanto de doadores multilaterais.

A questão é complexa e ainda requer muito estudo, planejamento e, sobretudo, muita cooperação entre os povos para a resolução do problema.

Alfabetização no Brasil

No país, a taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade caiu de 17,2% em 1992 para 12,4% em 2001, conforme dados do IBGE da Síntese de Indicadores Sociais 2003. Apesar da queda, o índice brasileiro ainda pode ser considerado muito alto, uma vez que o número de adultos que não sabem ler e escrever chega a 14,9 milhões.

Brasileiros não alfabetizados são mais facilmente encontrados nas áreas rurais. No estado de Alagoas, por exemplo, praticamente a metade da população rural de 15 anos ou mais de idade, em 2001, não sabia ler: exatamente 47,2% desse contingente.

Alfabetização Solidária

Algumas medidas foram tomadas pela sociedade para minimizar a questão. Em 1997, o Programa Alfabetização Solidária foi lançado pela ONG Comunidade Solidária, com o objetivo de aumentar o número de cidadãos alfabetizados e contava, no início, com a parceria de 38 universidades.

Até hoje, o Alfabetização Solidária atua em diversos municípios do Norte e do Nordeste e também nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. As cidades priorizadas pelo programa são aquelas com maiores índices de analfabetismo, definidos pelo IBGE.

É uma força para tentar acabar de vez com o problema do analfabetismo brasileiro, que já teve porcentagens bem mais alarmantes em épocas passadas.

Educação de Jovens e Adultos

Programa de apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação para os governos estaduais e as prefeituras, com a colaboração da sociedade civil, com o objetivo de diminuir as altas taxas de analfabetismo e de baixa escolaridade nos chamados bolsões de pobreza do país.

Critérios

Em países economicamente mais desenvolvidos, o nível de exigência para se definir um indivíduo alfabetizado aumentou consideravelmente, a partir da década de 90. Na América Latina, por sua vez, a UNESCO aponta que o processo de alfabetização só se concretiza para as pessoas que conseguem completar a 4a série. Isto devido ao alto grau de regressão ao analfabetismo entre aqueles que não concluem esse ciclo básico de ensino.

Mas no geral, uma pessoa é considerada alfabetizada quando é capaz de:

Assinar o próprio nome

Ler e escrever uma simples frase descrevendo tarefas diárias

Ler e escrever pelo seu próprio pensamento

Fazer um teste escrito e compreender a leitura, de acordo com nível de estudo compatível com a terceira série primária

Engajar-se em toda e qualquer atividade na qual seja preciso ler e escrever, para exercê-la na sua comunidade

Bem antes da alfabetização solidária

Depois da Segunda Guerra Mundial, houve uma ação efetiva no campo da alfabetização de adultos no Brasil, com uma campanha promovida pelo Ministério da Educação e Cultura - MEC, em 1947. Visava levar "educação de base a todos os brasileiros iletrados", mas perdeu força nos anos 50, por conta dos métodos adotados: os materiais eram baseados nos mesmos que eram produzidos para as crianças, o que se revelou uma falha didática.

Já em 1963, outra investida rumo à alfabetização de adultos, com o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, também proposto pelo MEC, com base no método Paulo Freire de ensino. A intenção era boa e das melhores, mas foi posta de lado pelo governo federal, devido ao golpe militar de 1964, com a implantação da ditadura no país.

Só na passagem para a década de 70 é que se foi buscar uma nova proposta para enfrentar os altos índices do analfabetismo: a campanha denominada Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL.

Os trabalhos começaram com muita força política e financeira, utilizando recursos provenientes do imposto de renda das empresas e da loteria esportiva.

Foi tão bem sucedido que ultrapassou seus objetivos, ampliando o MOBRAL para as quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. Justamente o que acabou enfraquecendo o movimento, que se perdeu um pouco, ao se expandir.

Em 1985, foi substituído pela Fundação Educar, sem ter atingido as metas previstas.

Evolução no mundo

O analfabetismo ainda não foi erradicado no mundo. E apesar da Conferência da Unesco sobre Educação para Todos, realizada na Tailândia em 1990, não ter conseguido cumprir a meta de reduzir à metade o número de analfabetos no mundo até o ano 2000, podemos perceber, pela tabela abaixo, que houve um progresso durante toda a segunda metade do século XX.

Taxa de pessoas analfabetas no mundo 1950/2000
Continente/região 1950 (%) 2000 (%)
África 84 39
Ásia 63 25
América Latina e Caribe 42 12
Outras regiões 7 1
Fonte: Unesco/ONU

Isto não significa, é claro, que o problema não é sério. Apesar da diminuição de analfabetos percebida na tabela, os problemas continuam e pedem solução. Países como Afeganistão, Bangladesh, Butão, Nepal, Paquistão, Camboja e Iêmem possuem metade de suas populações iletradas. O Haiti, na América Latina, também apresenta taxa de analfabetismo acima de 50%.

Outro dado triste sobre a questão é que o analfabetismo costuma ser maior entre as mulheres. A ONU estima que 600 milhões de mulheres que vivem nas regiões mais pobres do mundo são analfabetas contra 300 milhões de homens não letrados. Essa discrepância é sentida com mais força nas regiões menos desenvolvidas, principalmente África.

O fato se explica pela preferência dos pais em investir na educação dos filhos do sexo masculino. Deduzem que no futuro serão mais bem remunerados. No caso das meninas, acabam sendo tiradas da escola para ajudar no trabalho doméstico.

Fonte: www.ibge.gov.br

Rosa Maria Guerrera - Uma poeta , que me apresentou à Poesia - Por Socorro Moreira


Quem sou eu
Nasci em Recife num Natal hoje um pouco distante .Filha de pai italiano e mãe brasileira , trago também no sangue o índio da avó materna . E talvez essa mistura de raças me fez uma mulher com suor híbrido ...romântica , instável , apaixonada , emotiva, sentimental , meio criança , moleca e sonhadora. Deitei muito cedo nas asas da poesia e me deixei embalar até hoje nos acordes harmoniosos de um mundo talvez até utópico ( para alguns ), mas muito concreto para mim. Cursei Jornalismo e Relações Públicas. Fui notíciarista, repórter, produtora, colunista e apresentadora de programas em rádios, tvs e jornais.Hoje exerço assessoria de Imprensa numa Secretaria do Estado. Sou uma mulher simples. Não ambiciono outra coisa senão colaborar para um mundo mais fraterno e mais amor. Amo sem restrições nos ponteiros no relógio do tempo, e deito no papel em forma de crônicas e poemas, experiências, lágrimas, alegrias e paixões armazenadas no meu livro de vida !"

( Rosa Maria Guerrera)


" Nos anos 60, eu passava férias , na casa de Tio Luiz, na Avenida Manoel Borba , em Recife. Rosa era nossa vizinha. Amiga da casa, transitava livremente pelos nossos corredores. Tinha sempre tantas histórias pra contar , que o barato para mim, naqueles dias de férias era escutá-la. Escutá-la cantando e tocando músicas italianas no violão, lendo seus poemas, devorando seus livros e revistas, que ela tinha o maior prazer de emprestá-las.Passaram-se mais de 40 anos. Hoje a reencontrei no virtual, e pretendo resgatar essa amizade.
Não escolhi um dia comum : O dia do Jornalista . Foi com essa profissão que eu conheci minha amiga inesquecível : Rosa Maria Guerrera.
(Socorro Moreira)


Saber Envelhecer

Será que eu envelheci com o passar do tempo? Será que depois das rugas e dos cabelos brancos eu aprendi que amadurecemos realmente através das dores e das lágrimas ? Será que os meus erros vividos serviram fielmente de lições, ou eles foram apenas experiências que eu precisava sentir e vivê-las ?? Muitas vezes me faço esses questionamentos e chego a conclusão que é o próprio contexto do nosso viver que diariamente nos faz ver novas paisagens, traçando até um novo perfil no espelho da realidade., e sem querer vamos sentindo que não temos mais espaço para nos apegarmos a bobagens , briguinhas atôas , rancor exagerado, remoer mentiras escutadas ou as tantas crenças que um dia nos prendemos . É quando eu sinto realmente que envelheci ! Envelhecí com as experiências , mudei através das decepções ,através das lacunas que não procurei preencher, através das mentiras que ouvi ,das traições que sofri .e até dos momentos de paixão ou luxuria que desfrutei . . E esse envelhecimento me deixa feliz. . Feliz porque sinto que esse tempo se constitui numa liberdade que jamais conheci.Feliz também porque vejo melhor no mundo pessoas especiais que merecem minha ternura e o meu amor . Envelheci feliz porque sinto que ainda tenho mãos fortes para construir novos canteiros de esperanças,e mais feliz ainda porque nesse amadurecimento encontro hoje muito mais tempo para me amar e me tornar uma pessoa melhor .. E nessa escola dos anos , das rugas , do tempo e da vida eu não posso nem tenho o direito de mentir afirmando que sou hoje a mesma mulher que fui ontem. Eu envelheci é verdade , mas não me enclausurei em idéias passadas , nem me assusta o novo. .Não estagnei no que conheci ou naquilo que aprendi , mas abro os braços e lido com serenidade as inovações do processo natural da vida . E cada dia que passa reconheço que mesmo não vivendo hoje os verdes anos de ontem, ainda tenho muito a aprender nesse tempo que bem posso chamar de envelhecimento feliz!
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Rosa Maria Guerrera

O Círio de Nazaré


Círio de Nazaré , em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, é uma das maiores e mais tradicionais festas religiosas do Brasil,sendo celebrada desde 1793, na cidade de Belém do Pará. É celebrada anualmente no 2°domingo de outubro. Em Portugal é celebrada a 8 de Setembro na vila da Nazaré.

O Círio de Portugal designa uma romaria que vai, ou de uma aldeia do concelho de Mafra, ou de outras origens, ao Santuário de Nossa Senhora da Nazaré. O Termo "Círio" tem origem na palavra latina "Cereus", que significa vela grande.

No Brasil, no início era uma romaria vespertina, e até mesmo noturna, daí o uso de velas. No ano de 1854, para evitar a repetição da chuva torrencial como a que havia caído no ano anterior, a procissão passou a ser realizada de manhã.

O Círio foi instituído em 1793 em Belém do Pará, e até 1882, saía do Palácio do Governo. Em 1882, o bispo Dom Macedo Costa, em acordo com o Presidente da Província, Dr. Justino Carneiro, instituiu que a partida do Círio seria da Catedral da Sé, em Belém.
A trasladação da imagem ocorre uma noite antes do Círio, em uma procissão à luz de velas. Simbolicamente visa recordar a lenda do descobrimento da imagem e o retorno ao local de seu primeiro achado. Nesta cerimonia somente a Berlinda (carro onde é levada a imagem de Nossa Senhora) é utilizada, num trajeto em sentido inverso ao do Círio

Os símbolos
O Círio tem vários objetos simbólicos que podem ser apreciados durante o seu trajeto. Os principais são:

A berlinda, que leva a imagem da Santa;
A corda, que sustenta a fé na padroeira dos paraenses, possui a média de 400 metros de comprimento e pesa aproximadamente 700 quilos, de puro sisal torcido, que requer maior sacrifício físico e emocional. Incorporada à celebração em 1868, originalmente substituía a junta de bois que até então puxava a berlinda da imagem; posteriormente passou a ser utilizada para separar a berlinda e o carro dos milagres da multidão que a acompanha. No ano de 2005 a direção do Círio, modificou o formato da corda, que ao invés de contornar a berlinda como normalmente era feito, a corda ainda do mesmo tamanho, veio na forma de um rosário, na tentativa de que não ocorressem atrasos no traslado, como já havia ocorrido anos antes.
O manto é mais um dos símbolos da Festa de Nazaré. A cada procissão, há sempre um novo manto envolvendo a figura de Nossa Senhora. O manto tem sempre uma conotação mística, relatando partes do evangelho. Confeccionado com material caro e importado. O trabalho da confecção do manto iniciou-se pelas filhas de Maria. Anos depois, assumindo a confecção do mesmo, a irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant’Ana. Com a sua morte, a confecção do manto ficou por conta de uma ex-aluna do Colégio Gentil Bittencourt, que por 19 anos o teceu, e de suas mãos saíram os mais belos mantos. A confecção do manto é toda envolvida em clima de mistério, feitas com a ajuda de doações, quase sempre anônimas.
As velas, ou círios, são feitas de cera, em vários formatos, retratando partes do corpo humano, ou ainda, uma vara de cera da mesma altura do pagador da promessa. As velas, são um símbolo da fé dos promesseiros, que através delas, 'pagam' a uma graça alcançada.
Os carros de promessas ou dos milagres, que recolhem os ex-votos ilustrativos das graças alcançadas pelos fiéis;
As crianças, tradicionalmente vestidas de anjos;
As homenagens de fogos de artifício, queimados durante a passagem da imagem pelas ruas do centro histórico de Belém.
Outros símbolos também integram a tradição:

As novenas, ciclos de orações realizadas durante as semanas que antecedem a festividade, por devotos que realizam pequenas romarias pelas casas de vizinhos.
Os cartazes oficiais anunciando a festividade.
O almoço com a família, realizado no domingo da procissão, como um ato de comunhão. Tradicionalmente é composto de:
Pato no tucupi, tradicional prato da culinária paraense, acompanhado de arroz branco.
Maniçoba, também tradicional item da culinária da região.
O arraial no largo de Nazaré, em frente à Basílica.
os brinquedos de miriti.

A procissão do Círio acontece a cada segundo domingo de Outubro, sua data portanto é móvel.

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Era - Por Claude Bloc


Era sempre, sempre a serra
traçada num sonho quieto
Eram sempre suas encostas
cheias de azul e silêncio
Silêncio que se derrama
Na linha do horizonte
deitando toda saudade
na hora do sol poente.

Era noite, quase dia.
Pelos campos, pela serra
Presságios de amor eterno
abertos num sonho quieto.
Meus passos pelas estradas
Teus passos pelos caminhos
Nossa vida, nossa terra
na curva se escondiam.

Era noite, era dia
E o sol, quando amanhecia
clareava nossos sonhos,
os longes escurecia.
Mas quando a noite fechava
a saída dos caminhos
e sobre a serra brincava
com nossos sonhos-meninos
o céu de estrelas se abria
para a lua se espelhar
e clarear novos destinos,
os fios de outros sonhos
abertos em meu caminho.

Texto e foto por Claude Bloc