Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 8 de setembro de 2009

As Duas Sombras


Na encruzilhada silenciosa do Destino,
Quando as estrelas se multiplicaram,
Duas sombras errantes se encontraram.
A primeira falou: – “Nasci de um beijo
De luz, sou força, vida, alma, esplendor,
Trago em mim toda a glória do desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor.
O mundo sinto exânime aos meus pés...
Sou delírio... loucura...
E tu quem és ?
– “Eu nasci de uma lágrima. Sou flama
Do teu incêndio que devora...
Vivo dos olhos tristes de quem ama,
Para os olhos nevoentos de quem chora
Dizem que ao mundo vim para ser boa,
Para dar do meu sangue a quem me queira.
Sou a Saudade, a tua companheira,
Que punge,que consola, e que perdoa..."
Na encruzilhada silenciosa do Destino,
As duas sombras comovidas se abraçaram
Desde então, nunca mais se separaram.


Olegário Mariano

Olegário Mariano (O. M. Carneiro da Cunha), poeta, político e diplomata, nasceu em Recife, PE, em 24 de março de 1889, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de novembro de 1958. Eleito em 23 de dezembro de 1926 para a Cadeira n. 21, na sucessão de Mário de Alencar, foi recebido em 20 de abril de 1927, pelo acadêmico Gustavo Barroso.


Era filho de José Mariano Carneiro da Cunha, herói pernambucano da Abolição e da República, e de Olegária Carneiro da Cunha. Fez o primário e o secundário no Colégio Pestalozzi, na cidade natal, e cedo se transferiu para o Rio de Janeiro. Freqüentou a roda literária de Olavo Bilac, Guimarães Passos, Emílio de Meneses, Coelho Neto, Martins Fontes e outros. Estreou na vida literária aos 22 anos com o volume Angelus, em 1911. Sua poesia falava de neblinas, de cismas e de sofrimentos, perfeitamente identificada com os preceitos do Simbolismo, já em declínio.


Foi inspetor do ensino secundário e censor de teatro. Representou o Brasil, em 1918, como secretário de embaixada à Bolívia, na Missão Melo Franco. Foi deputado à Assembléia Constituinte que elaborou a Carta de 1934. Em 1937, ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Foi ministro plenipotenciário nos Centenários de Portugal, em 1940; delegado da Academia Brasileira na Conferência Interacadêmica de Lisboa para o Acordo Ortográfico de 1945; embaixador do Brasil em Portugal em 1953-54. Exerceu o cargo de oficial do 4o Ofício de Registro de Imóveis, no Rio de Janeiro, tendo sido antes tabelião de Notas.


Em concurso promovido pela revista Fon-Fon, em 1938, Olegário Mariano foi eleito, pelos intelectuais de todo o Brasil, Príncipe dos Poetas Brasileiros, em substituição a Alberto de Oliveira, detentor do título depois da morte de Olavo Bilac o primeiro a obtê-lo.


Além da obra poética iniciada em livro em 1911, e enfeixada nos dois volumes de Toda uma vida de poesia (1957), publicados pela José Olympio, Olegário Mariano publicou durante anos, nas revistas Careta e Para Todos, sob o pseudônimo de João da Avenida, uma seção de crônicas mundanas em versos humorísticos, mais tarde reunidas em dois livros: Bataclan e Vida Caixa de brinquedos.


Sua poesia lírica é simples, correntia, de fundo romântico, pertinente à fase do sincretismo parnasiano-simbolista de transição para o Modernismo. Ficou conhecido como o "poeta das cigarras", por causa de um de seus temas prediletos.


Obras: Angelus (1911); Sonetos (1921); Evangelho da sombra e do silêncio (1913); Água corrente, com uma carta prefácio de Olavo Bilac (1917); Últimas cigarras (1920); Castelos na areia (1922); Cidade maravilhosa (1923); Bataclan, crônicas em verso (1927); Canto da minha terra (1931); Destino (1931); Poemas de amor e de saudade (1932); Teatro (1932); Antologia de tradutores (1932); Poesias escolhidas (1932); O amor na poesia brasileira (1933); Vida Caixa de brinquedos, crônicas em verso (1933); O enamorado da vida, com prefácio de Júlio Dantas (1937); Abolição da escravatura e os Homens do Norte, conferência (1939); Em louvor da língua portuguesa (1940); A vida que já vivi, memórias (1945): Quando vem baixando o crepúsculo (1945); Cantigas de encurtar caminho (1949); Tangará conta histórias, poesia infantil (1953); Toda uma vida de poesia, 2 vols. (1957).

Fontes:

Imagem: Google

2 comentários:

socorro moreira disse...

Acho que não conhecia Olegário Mariano, pois passei batida ante tanta beelza. Tudo que você pesca, e pôe na mesa, surge como um prato novo, cheiro novo, outro gosto.
Nasceu pra catar beleza, você, Corujinha !

Lídia disse...

Não faço poesia,apenas sinto poesia Olegário Mariano faz doer a alma......