Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Seleção de Atores para Minissérie Cearense

Quer fazer parte do elenco da minissérie SEDIÇÃO DE JUAZEIRO? Para participar da seleção basta enviar um breve currículo acompanhado de (02) duas fotos em formato JPG, com resolução mínima de 300 dpi. O material deverá ser encaminhado para:

sedicaodejuazeiro@gmail.com

Confira os teasers da minissérie cearense SEDIÇÃO DE JUAZEIRO, acessando os links abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=KF Ymmz4Xv9M

http://www.youtube.com/watch?v= B2IqT4hpg6o

Camile Holanda Queiroz
VIDE CINE Produção Audiovisual
(85) 9981 4026
www.videcine.com.br

Mercadores de ilusões - Emerson Monteiro

A política acontece para suprir as carências da sociedade naquilo que diz respeito à administração dos bens coletivos, buscando o equilíbrio das desigualdades sociais e limitações individuais. No entanto, pouco acontece de tais previsões. Trabalhar, os políticos trabalham, uns, a grande maioria, em favor deles próprios, de seus grupos, corporações, familiares. Outros, número bem mais reduzido, esticam o pescoço na ânsia de cumprir os mandamentos dos ideais, alimentados anos a fio, sem, contudo, realizar o que desejam, por conta das restrições do quadro histórico e suas instituições carcomidas.
Quando se aproximam os turnos eleitorais, o formigueiro se assanha, viajam que uma beleza as vedetes políticas, na procura desenfreada de reeleições, preservação de mandatos, garantia de sinecuras, um deus nos acuda.
O povo, que preserva a sabedoria fruto da experiência, afirma que gato escaldado tem medo de água fria, acredita descrendo, alimenta garantindo o seu, e exige contrapartida perante os discursos apresentados. O panorama do voto, portanto, torna-se negócio esquisito, sujos falando de mal-lavados, raposa cuidando de galinheiro, enquanto o sonho dos dias melhores fervilha no seio das gerações em largos pedidos de ética e esforços de modificação dessa roda pensa.
Este ano de 2010 abre suas portas aos mercadores de ilusões da política nacional cheio de festa, em ano de Copa do Mundo. Ninguém traz estrela na testa, mas a responsabilidade cada dia aumenta mais diante das escolhas e das crises, sobretudo da moralidade pública. Caprichemos, pois, na mira ao selecionar os candidatos para sufragar, que tempo haverá para isto. Exercitemos a consciência dos tempos de transformação há tanto esperado por todos.

Para reflexão



"Entre tantas incertezas, entre tantas ilusões, uma certeza há ; há um tempo que há de vir, fatalmente, imperiosamente : o tempo de morrer."

Machado de Assis

Espelhos

Eric Arthur Blair... Este nome , caros leitores, não parece nos significar muito. Ele está estampado numa lápide simples - sem quaisquer outras maiores indicações- em um cemitério em Oxfordshire, ali aposta desde janeiro de 1950. Este senhor nasceu na Índia há exatos 107 anos e morreu de tuberculose, prematuramente aos 47 . Desvendado, porém, o pseudônimo atrás do qual se mascarava, George Orwell, facilmente nos orientamos. Trata-se de um dos mais visionários escritores do Século XX. A sua importância literária , certamente, não suplanta outros monstros sagrados do século como : James Joyce, Albert Camus, João Guimarães Rosa, Italo Calvino, Marcel Proust, Julio Cortazar, Jorge Luiz Borges. Existem, no entanto, alguns vieses que explicam não só a popularidade de Orwell, como a excelência de sua arte. Primeiro ,há que se exaltar o vigor dos seus ensaios e, antes que tudo, a profunda capacidade profética da sua visão política. Nascido na Índia, em pleno regime colonial britânico, George, inclusive, fez-se agente da polícia na Birmânia, experiência que o pôs em contato com as mais terríveis formas de autoritarismo. Vivenciou, depois, a inescrupulosa experiência do nazifascismo, o que o levou a pular,rapidamente, para a extremidade oposta do totalitarismo, enveredando por uma experiência marxista-lenista. Lutou ainda numa milícia trotkista e anti-franquista, na Guerra da Espanha. Tantas experiências desastrosas, certamente, terminaram por forjar na sua alma uma aversão ao imperialismo e ao autoritarismo nas suas mais diversas manifestações. Orwell levou à sua arte esta desilusão ao escrever a fábula “Revolução dos Bichos”(1945) e, depois, um dos livros mais visionários do Século XX : “1984”, publicado , não por mera coincidência, em 1948 e traduzido já para 65 países.
Nele , George narra o sonho de uma humanidade futura, pós apocalipse nuclear. Um novo país, a Oceânia, engloba a Inglaterra, as ex-américas, as ex-Austrália e Nova Zelândia e parte da África. O líder máximo da nova Nação é o Grande Irmão, o Big-Brother, uma figura misteriosa, que ninguém vê, mas que controla a todos através das teletelas que estão espalhadas por todo canto e vigiam a todos os habitantes. A comunidade era controlada física e mentalmente através da Polícia das Idéias e não havia leis, mas regras que eram jogadas goela abaixo. O romance de Orwell é quase premonitório no que tange à quebra de toda a privacidade. O futuro mostrou que uma rede tecnológica imensa tem cindido todas as barreiras individuais : comunicações por satélite, Internet, filmadoras minúsculas, GPS, satélites espiões, há até a possibilidade de leitura do pensamento através de exames de ressonância magnética. Há um aspecto dessa profecia orwelliana, no entanto, que George não conseguiu ler no seu oráculo. Ele jamais imaginou que esta perda de privacidade poderia vir a ser interessante para muitas pessoas e, inclusive, passar a ser perseguida. Artistas se mancomunam com paparazzi ; pessoas comuns filmam-se em momentos íntimos e põem as fotos na Internet; mulheres instalam câmeras em casa e transmitem as imagens em tempo real para toda a rede mundial de computadores. Hoje, o mundo busca , a todo custo, alguns momentos mínimos de fama, a qualquer preço.
Recentemente desenrolou-se, por mais de dois meses, o Big Brother na sua décima versão. O chamado Reality Show foi criado por John de Mol , um milionário magnata da mídia holandesa. O nome BB, certamente, não é mera coincidência, sorveram-no do 1984 de Orwell. O programa , de audiência expressiva, mostra um grupo de homens e mulheres, previamente escolhidos, vivendo reclusos e filmados e gravados continuamente. Em tempos em que se escancarou completamente o buraco da fechadura, entendem-se os altos números do IBOPE. Este ano, muitas polêmicas se abriram. Toda uma trupe de coloridos assumidos teve acesso à casa. Inúmeros preconceitos foram abertamente expressos: homofobia, machismo, preconceito racial, informações deturpadas quanto o contágio da AIDS. Além de barracos eventuais , erros imperdoáveis emitidos em inúmeras informações e uma mal-educação reiterada por parte de alguns membros do BBB. Houve protestos, a Globo teve que , por ordem judicial, se retratar algumas vezes, reafirmando que as opiniões dos membros da Casa não eram, necessariamente, a opinião da emissora, embora ela servisse ali de amplificadora para muitas sandices.
Vamos refletir um pouco sobre a questão. Primeiro, no que se refere à responsabilidade da promotora do BBB. Acredito que a cúpula da emissora não tem opiniões tão retrógradas sobre muitas questões levantadas pelos participantes do Reality Show. Só que, no momento em que se promove um programa deste quilate, com regras claras e bem estruturadas, sabe-se que este risco existe, logo à emissora se deve imputar a responsabilidade de servir de um disseminador de verdades questionáveis e opiniões deformadoras e deturpadas.Em segundo lugar, há de se concluir que tudo que ali foi dito, em tempo real, não é muito diferente do pensamento médio do brasileiro comum. Basta ouvir papos em rodinhas de praia e mesa de bar. A homofobia ainda está bem sedimentada entre os brasileiros, o analfabetismo funcional é evidente, o machismo é arraigado, o preconceito étnico ainda é uma realidade. Como do outro lado da telinha, existe uma concorrência desleal em busca do trono; os homens usam muitas máscaras e as amizades ,a maior parte das vezes, se alimenta de conveniências.
O mais preocupante, no entanto, é que , no caso do BBB, a população é quem escolhe os vencedores. E quem ela manda para o trono ? Os carreiristas, os desonestos, os brutamontes, os mal-educados, os trapaceiros. Narciso encanta-se com a própria imagem no espelho. O problema maior é que quando a casa do BBB se estende por todo país, a votação se repete. Basta vir a eleição e elegemos um sem número de corruptos para assumir o cargo do Grande Irmão e do seu Ministério. Depois, nós mesmos nos pomos a reclamar dos desvios, das falcatruas, dos combinemos por baixo dos panos. Se a imagem refletida no cristal é feia, deve-se providenciar a plástica, não adianta apenas quebrar o espelho para resolver o problema.


J. Flávio Vieira

A poesia de Artur Gomes

se eu não beber teus olhos
não serei eu nem mais ninguém
quando tocar teus dentes
desço garganta mais além
quando roçar teu íntimo
onde o ser é mais intenso
jura secreta não penso
bebo em teus cios também

Artur Gomes
http://goytacity.blogspot.com

Exposição "15 Anos de Arte" de Gilberto Pereira



Estará em cartaz durante todo o mês de abril na Galeria do SESC Crato a Exposição "15 Anos de Arte" de Gilberto Pereira.
A Exposição traz trabalhos produzidos durante quinze anos de experimentação, vivência e muitos resultados. São xilogravuras, óleo sobre tela, pastel, nanquim, aquarela e colagens, que compõem o acervo artístico de Gilberto Pereira, baiano, radicado em Juazeiro do Norte, desde 1994.
Como escreve Petrônio Alencar, o trabalho de Gilberto "são invenções sonhadoras e nostálgicas que se solidificam em forma de desenhos, pinturas e xilogravuras, contando a vida de um bairro onde moram pessoas simples em casas simples, pipas multicoloridas flutuam no céu, a mesa é posta em arranjos de natureza-morta e flores de cores vivas, sem esquecer, claro, peixes muito além do ornamental, pescado em profundidades abissais da mente do criador"

SERVIÇO:
Exposição "15 Anos de Arte" de Gilberto Pereira
De 06 a 30 de abril de 08 às 20h
Entrada Franca.
Abertura: Dia 06/04 às 19h.
Fone: (88) 3523 4444

Claudionor José da Cruz por Norma Hauer

ELE TAMBÉM É DE 1° DE ABRIL


Seu nome: Claudionor José da Cruz, ou simplesmente CLAUDIONOR CRUZ, compositor e instrumentista, nasceu em Paraibuna (SP) no dia 1° de abril de 1914 .
Começou a aprender música desde pequeno, ao lado de seus irmãos, também músicos.
Iniciou carreira profissional tocando cavaquinho, em vários conjuntos, até formar o Claudionor Cruz e seu Regional
. De 1932 a 1969, atuou nas rádios Tupi, Nacional, Globo e Mundial, e na TV-Rio e TV Educativa, no Rio de Janeiro RJ.
Em 1935, sua primeira composição "Tocador de Violão" (com Pedro Caetano), foi gravada na Odeon por Augusto Calheiros. Nessa época, passou a tocar violão tenor.
Durante as décadas de 1940 e 1950, seu regional foi o grande rival do conjunto de Benedito Lacerda, com o qual revezava nas gravações e nas rádios.

Um músico de renome, Abel Ferreira pertenceu a seu conjunto.

Foi parceiro de Pedro Caetano e Ataulfo Alves em dezenas de músicas, entre as quais podemos indicar Caprichos do destino (com Pedro Caetano), gravada por Orlando Silva ; “Engomadinho”( com Pedro Caetano) gravação de Araci de Almeida; " Eu brinco" (ainda com Pedro Caetano), gravada por Francisco Alves para o Carnaval de 1944;”Sei que é covardia” (com Ataulfo Alves) ou “Disse Me Disse” (com Pedro Caetano) ambas gravadas por Carlos Galhardo.
Compôs também ao lado de André Filho, Wilson Batista, Dunga ... além de fazer gravações e shows com Orlando Silva, Francisco Alves, Dircinha e Linda Batista, Ângela Maria, Araci de Almeida, Carlos Galhardo, Gilberto Alves, Deo, João Petra de Barros.
Desde a fundação de seu Regional, esteve à frente do mesmo; só o abandonando quando a música estrangeira invadiu nossas rádios
.
Com mais de 400 gravações, foi homenageado em agosto de 1995 no espetáculo “Um poema na terra”, no Espaço BNDES, Rio de Janeiro.

Esteve em atividade até quase o fim de sua vida, vindo a falecer em 21 de junho de 1995, aos 81 anos.

Norma

Moreira da Silva por Norma Hauer

O TAL- EM PRIMEIRO DE ABRIL

Ele gostava sempre de dizer que nascera em um primeiro de abril, mas que não era de mentira. Esse primeiro de abril foi no ano de 1902.
Assim, todos os anos, nessa data, desfilava em carro aberto pela Rua da Carioca comemorando seu aniversário, para mostrar que estava vivo.
Seu nome : Antônio Moreira da Silva, que se tornou conhecido como MOREIRA DA SILVA – O Tal, cognome que lhe deu César Ladeira ao levá-lo para a Rádio Mayrink Veiga, em 1937, depois de "descobri-lo" no Cassino Atlântico.
Antes de ingressar no rádio, cantava música romântica em bares e bailes, o que hoje parece impossível ter acontecido com o sambista que incentivou sua carreira cantando sambas de breque. Não foi o criador desse estilo de cantar (Luiz Barbosa, também da Mayrink, já o fazia, mas com pequenas frases.)

Foi no Teatro Méier, interpretando o samba “Jogo Proibido” que interrompeu a música e “desfilou” seus breques, entusiasmando a platéia e fazendo-o adotar o estilo até o fim de suas apresentações aos 96 anos , em 1998.
Não foi o cantor que mais gravou, mas foi o que cantou durante mais tempo. Afinal, viveu 98 anos , lúcido até o fim.
Sua primeira gravação foram dois pontos de macumba: “Ererê” e “Rei da Macumba”, em 1931, na Odeon. Mas seu primeiro sucesso foi o samba “Arrasta a Sandália”, em 1932.

Em 1935 outro grande sucesso,:”Implorar”,de Kide Pepe e Germano Augusto.
Já sendo um nome conhecido, em 1938 foi a Portugal, ali tomando parte em um filme de nome “A Varanda dos Rouxinóis”, de Leitão de Barros.
Regressando ao Brasil no mesmo ano, voltou à Mayrink, indo depois para a Rádio Tupi.
Em 1940 e 1941 dois sambas “estouraram”:
“Etelvina, acertei no milhar
Ganhei quinhentos contos,
Não vou mais trabalhar... “
E
"Amigo Urso, saudações polares,
Ao leres esta, hás de te lembrares"

Ele regravou, corrigindo o “português” assim:
"Amigo Urso,saudação polar
Ao leres esta, hás de te lembrar"

A primeira gravação foi recolhida,virou raridade.

Dois sambas foram sua marca em 1952: “Olhe o Padilha” e “Na Subida do Morro”.
Padilha era um delegado “durão” que não admitia certas “intimidades” na rua e mandava prender quem as cometesse.
Moringueira, brincalhão, gravou o samba que “estourou” como o maior sucesso daquele ano.

Seu primeiro LP, já nos anos 60, recebeu o nome de “O Último dos Malandros” e em 1963 gravou uma série de composições de Miguel Gustavo, lançados em um LP, aberto com “O Último dos Moicanos”.

Em outros LPs gravou Noel Rosa com “Conversa de Botequim”; regravou “Acertei no Milhar”, alterando sua letra para “ 500 cruzeiros” ao invés de 500 contos e regravou, ainda, “Na Subida do Morro”.

Em 1979, convidado por Chico Buarque gravou um LP com o nome de “A Ópera do Malandro” na qual, em dueto com Chico, gravou “Meus 12 Anos”
Em 1980, viajou pelo Brasil com o “Projeto Pixinguinha”; em 1989 gravou um LP com o nome de “ 50 Anos de Samba de Breque” e, em 1992, foi homenageado pela Escola de Samba “Unidos de Manguinhos” com o samba-enredo “Moreira da Silva-90 Anos de Samba”.

Com Dicró, e Bezerra da Silva gravou um LP de nome “Três Malandros in concert”, numa sátira aos “Três Cantores in concert”, com Pavarotti e Cia.

Ainda, em 1995 teve fôlego para se apresentar no Projeto Seis e Meia do Teatro João Caetano.
E em 1998 num LP de nome “Brasil são Outros 500”. encerrou sua carreira com “Amigo Urso”.

Ele dizia que viveria 100 anos, mas a morte o levou em 6 de junho de 2000, aos 98 anos.

Norma

Olhar mente alada - por Socorro Moreira

Do meu coração também lavado
qual o teu bolso
descosturado
só pingam gotas
do amor partido
inteiro,
nunca dividido...
E aquele olhar inquieto,
mentolado,
assusta com carinho,
meus dias compridos !


Meu amigo Domingos , você é Aleluia , nessa quinta-feira profana,
que eu desejo, me transforme em Santa !

Limpo

Quanta loucura trazia no bolso.
Surpreendo-me agora
com a luz que escapa
do meu jeans surrado.

Sem chiabas
sem saquinhos plásticos
sem números de telefone.

Revela-se no meu jeans surrado
a minha alma atenta
que ouve música fm
com foninhos de ouvido.

Não há como meus inimigos
entrarem no meu coração.

O corredor longo
iluminado

assusta-os
queima-lhes as retinas.

Estamos sob uma frondosa sombra
eu e São Jorge,

seu cavalo (agora vejo) é um pégaso
pasta no meio-fio comendo aquela graminha.

São Jorge gargalha,
mostra seus dentes amarelos
iguais aos meus

e eu retribuo com um riso
de canto esquerdo de lábio.

São Jorge me diz
que é preciso a trégua
para que os inimigos entendam
que essa peleja é um jogo

não se deve sempre
pensar em ruínas
ou em vitórias.

Viver, digo eu,
é maravilhoso

quando no bolso
do velho jeans

só caem moedinhas
de dez centavos.

O fim dos professores

AOS MEUS AMIGOS, COLEGAS, MESTRES ENFIM, AOS PROFESSORES. ..


O ano é 2059 D.C. - ou seja, daqui a cinquenta anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:



– Vovô, por que o mundo está acabando?

A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:
– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.

– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?

O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.

– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?

– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.

– E como foi que eles desapareceram, vovô?

– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.

Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. O professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo.

Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.

Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.

Ah, mas teve um fator chave nessa história toda. Teve uma época longa chamada ditadura, quando os milicos colocaram os professores na alça de mira e quase acabaram com eles, que foram perseguidos, aposentados, expulsos do país, em nome do combate aos subversivos e à instalação de uma república sindical no país. Eles fracassaram, porque a tal da república sindical se instalou, os tais subversivos tomaram o poder, implantaram uma tal de “educação libertadora” que ninguém nunca soube o que é, fizeram a aprovação automática dos alunos com apoio dos políticos... Foi o tiro de misericórdia nos professores. Não sei o que foi pior – os milicos ou os tais dos subversivos.

– Não conheço essa palavra. O que é um milico, vovô?

– Era, meu filho, era, não é. Também não existem mais...

Autoria Desconhecida

QUANTOS ANOS EU TENHO ....... por Rosa Guerrera


Geralmente quando alguém me pergunta quantos anos eu tenho , me vem imediatamente a mente uma sábia resposta que um dia Galileu Galilei deu a um jovem quando lhe fez essa mesma pergunta. Respondeu Galileu na época com 76 anos , que tinha mais ou menos 10 ou 12 anos .Isso porque seria aproximadamente o período de vida que possivelmente lhe restava para viver., e que ele deveria vivê-lo a partir de então , intensamente.
Sábia e maravilhosa resposta !
Se formos na verdade analisarmos os anos vividos e os possíveis outros que virão, chegamos realmente a conclusão de que o ontem é uma página virada sem outras perspectivas , Afinal , boas ou más já foram escritas e lidas.
Os amores, as ilusões, os orgasmos, os sorrisos, as lágrimas , os gestos, as carícias ficaram armazenadas nos 50 , 60 ou 70 anos que já consumimos e usufruímos . Daí pra frente , tudo é um novo engatinhar pela vida, uma espécie de renascimento que já não nos trará anos tão longos como os que já vivemos.
Daí porque , penso eu , que vale a pena ainda investir nessa nova etapa , uma vez que os ponteiros do relógio já não caminham tão lentos, e os dias já não são compridos
Não importa os anos que temos .Importa sim , os que teremos ainda pela frente. E é válido sabermos que essa nova idade é exatamente aqueles anos que nos restam, e temos que saber vivê-los com o mesmo dinamismo , com a mesma alegria , com os mesmos sorrisos das crianças que possuem 7, 8 ou 10 anos de idade , e que pouco fazem caso da palavra “ amanhã “.


rosa guerrera

Teu nome dentro da noite.

As mesmas bocas ainda balbuciam
Teu nome em silêncio, como um vício
Nas dores frenéticas da solidão
E a palavra repete-se em rimas no poema
E a cada dia as bocas vão falar
Jogando tuas sílabas, como partículas
Suspensas no ar.
São poemas em cascatas que ninguém lê
São quadros que ninguém quer mais ver
São camadas de amores que ninguém
Quer olhar.
O tempo como réstias, nesta valsa
Insiste em passar
Para por séculos não vê?
Repete-se teu nome por era
Desde quando teu nome era espetacular
Espeta a lua com estes versos
E ponha-a a sangrar. Pra que?
Para sorver este poema da noite
Que escorre denso na noite. Pra que?
Somente para poder esta noite
Te cortejar.

Foto: Flávio Martins

Mensagem de Páscoa - recebida por e-mail

Nesta páscoa,

Olhe, experimente, delicie-se, descanse, divirta-se, lambuze-se de chocolate, permita-se fazer o que mais gostar...Mas não esqueça: É PÁSCOA - tempo de renovação, de partilhar a vida na esperança, de dizer "sim" ao amor e à vida - apesar dos obstáculos e sofrimentos -, de investir na fraternidade, de vivenciar solidariedade, de lutar por um mundo melhor, de ajudar colega a ser irmão.

Páscoa é recomeço e libertação é, acima de tudo, acreditar que a vida vence a morte, e que temos uma nova chance de transformação: de corrigir o rumo, de acertar o prumo e de, definitivamente dizer SIM à ressurreição!


Com muito carinho,


Maria Amelia

A verdade dentro do olhar- por Socorro Moreira


Quando eu era pequena minha mãe procurava uma manchinha nos meus olhos pra testar a verdade , nas minhas respostas. Arregalava os olhos pra ela, sem perceber a sua armadilha, e que ela mentia pra mim.
" Os olhos não ficam manchados, quando estamos mentindo..." Ou será isso verdade?
É difícil mentir, olho no olho... Mas alguns conseguem!
O fato é que, desde cedo, a mentira me intimida. Pra evitar gaguejo, e a vergonha de ser desmascarada, aprendi a dizer sempre a “verdade”.
Hoje a minha mãe diz:" não precisa ser tão sincera. Ser sincera demais é grosseria, crueldade..."
Minha mãe continua me ensinando a mentir, com mentiras delicadas e meias verdades. Não aprendo, nunca aprendo... A verdade me atrai, e eu a procuro dentro e fora de mim... Mas gosto de velá-la. Deixo-a escondida nas entrelinhas, no rabisco que amasso. Ela é sempre clara...
Por que permanece encantado, o que sinto por ti?
- Porque é muito bom amar no anonimato !
Samba do Grande Amor
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque de Hollanda

Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim
O grande amor
Mentira
Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão
Pro grande amor
Mentira
Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador

Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel
O grande amor
Mentira
Reservei hotel
Sarapatel
E lua de mel
Em Salvador
Fui rezar na Sé
Pra São José
Que eu levava fé
No grande amor
Mentira
Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé o Redentor

Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

REFLEXÃO PARA A QUINTA FEIRA SANTA: ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO

Senhor,
Fazei de mim instrumento de vossa paz.

E que eu encontre primeiro, em mim,
a harmoniosa aceitação de meus opostos.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Aceitando o ódio que possa existir em mim e compreendendo todas as faces com as quais o amor pode se expressar.

Onde houver ofensa que eu leve o perdão
E que me permita ofender para ser perdoado

Onde houver discórdia que eu leve a união.
E que eu aceite a discórdia como geradora da união

Onde houver dúvidas que eu leve a fé.
Podendo humildemente, encarar minhas próprias dúvidas

Onde houver erros, que eu leve a verdade.
E que a "minha verdade" não seja única, nem os erros sejam alheios.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
E possa, primeiro, conviver com o desânimo sem me desesperar.

Onde houver tristeza, que eu leve alegria.
E possa suportar a tristeza minha e dos outros sendo alegre ainda assim.

Onde houver trevas que eu leve a luz.
Após ter passado pelas "minhas trevas" e ter aprendido a caminhar com elas.

Oh, Divino Mestre...
Fazei que eu procure mais: consolar que ser consolado.

E que eu saiba pedir e aceitar consolo quando precisar.

Compreender que ser compreendido,
E me conhecer antes, para ter melhor compreensão do outro.

Amar que ser amado,
Podendo me amar em princípio,para não cobrar o amor que dou.

Pois é dando que recebemos.
E sabendo receber é que se aprende a doar.

É perdoando que se é perdoado.
E não se perdoa a outro enquanto não há perdão por si mesmo.

E é morrendo que se nasce para a vida eterna.
E é bem vivendo e amando a vida que se perde o medo de morrer!



Obs.: recebi hoje por email e achei muito oportuno postar aqui no Cariricaturas convidando todos os leitores a este momento de reflexão sobre a paz, o perdão e o amor pregados por São Francisco em consonância e harmonia com o Amor de Jesus.
Stela Siebra Brito
Mentira
Marcos Valle

Diga sim pra mim primeiro
Diga sim eu vi primeiro
Diga sim de corpo inteiro
Diga sim...

Mas é mentira... tchup tchu, é mentira
Ira... tchup tchu, é mentira

Eu não quero ter ciúmes
Eu não quero ter queixumes
Quero é ter...

Você na mira... tchup tchu, sem mentira
Mira... tchup tchu, sem mentira

Diga qué qué quem pó podem
Diga em quem qué quem pó podem
Diga qué qué quem pó podem
Diga em quem...

Mas é mentira... tchup tchu, é mentira
Ira... tchup tchu, é mentira

Eu não quero ter ciúmes
Eu não quero ter queixumes
Quero é ter...

Você na mira... tchup tchu, é mentira
Mira... tchup tchu, sem mentira

Mentira tem pernas curtas - por Eugênio Mussak

Todo mundo mente para evitar sofrimento. Mas a mentira acaba gerando um desgaste enorme e, no fim das contas, vale a pena ser evitada


Dizemos que a mentira tem pernas curtas porque sabemos que ela não costuma ir muito longe. Cedo ou tarde, ela cambaleia, tropeça e acaba sendo alcançada pela verdade. Isso acontece por, pelo menos, dois motivos: primeiro, porque quando mentimos fazemos mais esforço do que quando dizemos a verdade, em função do dilema moral envolvido na questão, ainda que inconsciente. Segundo porque, quando precisa ser repetida, a mentira perde força, sendo contaminada por fragmentos da verdade ou por outra mentira, pois sua base não é a realidade, e sim a ficção.

Mentir significa “inventar” uma verdade que não existe, e não “relatar” a verdade como ela é. A mentira começa com a pessoa, a verdade é anterior a ela. Quando mentimos criamos uma realidade que não se baseia em nenhum outro fato, a não ser nossa própria criatividade, o que não é suficiente para sustentar o que foi dito, caso o assunto não se esgote rapidamente. O candidato a emprego que mente sobre sua experiência e qualificações será desmascarado pela inconsistência do currículo ou pela incapacidade de atender às expectativas que criou. E por aí vai. Fatos que demonstram o insustentável peso da mentira podem ser colhidos aos montes na história de vida de quase todas as pessoas – de adolescentes a presidentes da república.

Mas, afinal, por que mentimos, se todos sabemos que existe a chance de sermos desmascarados mais cedo ou mais tarde? Que força é essa que nos impele a não sermos sempre fiéis aos fatos? Há mentiras justificadas ou não? A verdade, doa a quem doer, sempre é a melhor opção?
Por que mentimos?
Essas são questões da ética humana que interessam a várias correntes do pensamento. A psicologia explica a mentira pelo mecanismo de defesa, a sociologia pela busca do poder, a filosofia pela imperfeição humana e a religião pela compulsão ao pecado. As explicações, entretanto, quase nunca justificam a mentira ou desculpam o mentiroso.

As motivações são diversas, o que pode ser percebido até na literatura. Podemos examinar um filme e uma novela que abordam bem essa faceta do ser humano, com suas conseqüências. O filme: O Fabuloso Destino de Amélie Poulin, dirigido por Jean Pierre Jeunet – uma versão moderna de Poliana, a garota que sempre via o lado bom das situações. Em uma das cenas, Amélie conta a Joseph que Georgette está apaixonada por ele e, para Georgette, afirma que Joseph também está interessado nela. Duas mentiras, pois eles não haviam dito nada disso, mas nossa heroína percebeu a possibilidade de aproximar os amigos que sofriam, ambos, do medo da rejeição. A conseqüência foi que essa “mentira amorosa” encorajou o casal a se relacionar, o que acabou interferindo, para melhor, no clima do bar que todos freqüentavam.

A novela: Beto Rockefeller, escrita por Bráulio Pedroso e produzida pela TV Tupi em 1968, marcando o início da moderna teledramaturgia brasileira. O personagem, Beto, interpretado por Luis Gustavo, é um rapaz suburbano de São Paulo, inconformado com sua pobre condição social. Por ser simpático e bem falante, consegue ser aceito por grupos de jovens da elite paulistana, que desconhecem sua origem. Durante toda a trama ele se faz passar por filho de uma família rica e aristocrata. Inventa histórias, mente descaradamente, arma tramas incríveis e, dessa forma, vai se dando bem. Até que, é claro, a casa cai, os amigos descobrem sua verdadeira identidade e o anti-herói sofre as conseqüências de sua impostura.

Quais as semelhanças e as diferenças entre essas duas histórias? A semelhança é que os dois personagens-tema usam mentiras para atingir seus objetivos. A diferença fica por conta da qualidade dos objetivos. Enquanto Amélie inventa lorotas com a intenção de ajudar seus semelhantes, Beto só quer se dar bem. Nos dois casos, ambos foram desmascarados, com a diferença que Amélie foi ainda mais querida por seus amigos, enquanto Beto foi defenestrado por todos.

Além de ser uma obra de ficção, ou seja, uma mentira por si só, o filme de Amélie brinca com falsas afirmações de uma forma doce e benéfica. Ela mente para as pessoas ao seu redor com a intenção de lhes proporcionar coisas boas. O seu objetivo, portanto, é nobre – trata-se de uma forma positiva de encarar a mentira. Isso quer dizer que estamos autorizados a faltar com a verdade, pois ela é relativa? Não, por favor, não me entenda mal. O que é relativo é a percepção que temos dos fatos, e a mentira grande ou pequena, danosa ou inconseqüente, piedosa ou maldosa, sempre será uma mentira e, como tal, poderá ferir alguém.
Mecanismo de defesa
Desde a infância mentimos para nos isentar de culpas ou para alcançar o que queremos, com a finalidade de obter prazer ou evitar sofrimento. Estudos indicam que apenas até os 3 meses de idade um bebê é incapaz de mentir. Após essa idade, aprende a se utilizar artifícios para chantagear seus pais. E somente quando a criança atinge cerca de 7 anos passa a ter a capacidade de diferenciar com clareza o falso do verdadeiro.

A mentira quase sempre é utilizada pelos indivíduos como forma de evitar o sofrimento. Ela pode ocorrer de maneira consciente ou inconsciente. Em sua forma inconsciente, acontece um processo denominado pela psicologia de mecanismo de defesa, que pode ser de três tipos: negação, projeção e introjeção. Negamos os fatos desagradáveis e as sensações dolorosas, como se não existissem. Projetamos nos outros, ou nas coisas, fatos nossos que nos são repugnantes, como se não nos pertencessem. Introjetamos objetos de desejo, que podem ser coisas ou pessoas, como se fossem nossos.

Isso significa que mentimos para nós mesmos e acreditamos em nossas mentiras para evitar a dor ou para obter prazer. Nesse caso poderíamos dizer que se trata de uma “mentira justificada”, pois seu objetivo é esconder ou falsear fatos, buscando o bem para nós mesmos e para nossos semelhantes. Portanto, se a prática da mentira não envolver o hábito, a perversidade e a hostilidade, e se não deixar seqüelas, ela pode ser útil e até necessária. O problema é estabelecer a diferença entre os tipos de mentira, pois nem sempre percebemos quando deixamos de ser Amélies e nos tornamos Betos.
Realidades subjetivas
Na exposição de Picasso realizada em São Paulo há alguns meses, além da coleção que reunia telas das diversas fases do pintor espanhol, havia também frases dele, igualmente geniais, pintadas em algumas paredes. A mais perturbadora dizia: “A arte é uma mentira. Mas é através dessa mentira que podemos enxergar a verdade”. Nesse caso Pablo Picasso usou as palavras como usava os pincéis. Justificou a importância da arte e recolocou em cena a velha discussão da convivência do homem com a verdade e com a mentira.

O pintor queria mostrar que qualquer forma de expressão – principalmente a artística – carrega uma interpretação que distorce os fatos reais. Picasso lembra que, sem a mentira, a arte não existiria em nenhuma de suas formas. Uma escultura é um corpo de mentira. As pinturas, os poemas, os romances – todos falsos em princípio, assim como o cinema, a fotografia, o teatro.

Mas, veja bem, mesmo sabendo que qualquer interpretação da realidade é subjetiva – e inevitavelmente não dá conta de toda a realidade –, isso não serve como desculpa para sair por aí contando mil e uma fábulas. A mentira consciente é aquela em que sabemos, temos a consciência plena de que estamos dando uma indicação contrária a essa realidade parcial que percebemos. Senão, não é mentira – é engano. A pessoa não mentiu, apenas enganou-se, e passou o engano adiante. Mas, quando mentimos, sabemos que estamos mentindo. Isso faz toda a diferença, por que é nesse momento que temos a possibilidade de escolher se queremos faltar com a realidade ou não.

Seria uma grande mentira dizer que você nunca mais mentirá, pois você é um ser humano. E a mentira é um desses defeitos “excessivamente humanos” – como diria Nietzsche. Mas, como ser humano, é possível cultivar o hábito de sempre se observar para constatar se sua relação com a verdade e com a mentira é saudável o suficiente para que você mantenha uma boa relação consigo mesmo. Sem se enganar.

Eugênio Mussak é professor, escritor, palestrante e ainda dirige uma empresa. Outras de suas ambições podem ser vistas em seu endereço eletrônico: www.eugeniomussak.com.br
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Dizemos que a mentira tem pernas curtas porque sabemos que ela não costuma ir muito longe. Cedo ou tarde, ela cambaleia, tropeça e acaba sendo alcançada pela verdade. Isso acontece por, pelo menos, dois motivos: primeiro, porque quando mentimos fazemos mais esforço do que quando dizemos a verdade, em função do dilema moral envolvido na questão, ainda que inconsciente. Segundo porque, quando precisa ser repetida, a mentira perde força, sendo contaminada por fragmentos da verdade ou por outra mentira, pois sua base não é a realidade, e sim a ficção.

Mentir significa “inventar” uma verdade que não existe, e não “relatar” a verdade como ela é. A mentira começa com a pessoa, a verdade é anterior a ela. Quando mentimos criamos uma realidade que não se baseia em nenhum outro fato, a não ser nossa própria criatividade, o que não é suficiente para sustentar o que foi dito, caso o assunto não se esgote rapidamente. O candidato a emprego que mente sobre sua experiência e qualificações será desmascarado pela inconsistência do currículo ou pela incapacidade de atender às expectativas que criou. E por aí vai. Fatos que demonstram o insustentável peso da mentira podem ser colhidos aos montes na história de vida de quase todas as pessoas – de adolescentes a presidentes da república.

Mas, afinal, por que mentimos, se todos sabemos que existe a chance de sermos desmascarados mais cedo ou mais tarde? Que força é essa que nos impele a não sermos sempre fiéis aos fatos? Há mentiras justificadas ou não? A verdade, doa a quem doer, sempre é a melhor opção?
Por que mentimos?
Essas são questões da ética humana que interessam a várias correntes do pensamento. A psicologia explica a mentira pelo mecanismo de defesa, a sociologia pela busca do poder, a filosofia pela imperfeição humana e a religião pela compulsão ao pecado. As explicações, entretanto, quase nunca justificam a mentira ou desculpam o mentiroso.

As motivações são diversas, o que pode ser percebido até na literatura. Podemos examinar um filme e uma novela que abordam bem essa faceta do ser humano, com suas conseqüências. O filme: O Fabuloso Destino de Amélie Poulin, dirigido por Jean Pierre Jeunet – uma versão moderna de Poliana, a garota que sempre via o lado bom das situações. Em uma das cenas, Amélie conta a Joseph que Georgette está apaixonada por ele e, para Georgette, afirma que Joseph também está interessado nela. Duas mentiras, pois eles não haviam dito nada disso, mas nossa heroína percebeu a possibilidade de aproximar os amigos que sofriam, ambos, do medo da rejeição. A conseqüência foi que essa “mentira amorosa” encorajou o casal a se relacionar, o que acabou interferindo, para melhor, no clima do bar que todos freqüentavam.

A novela: Beto Rockefeller, escrita por Bráulio Pedroso e produzida pela TV Tupi em 1968, marcando o início da moderna teledramaturgia brasileira. O personagem, Beto, interpretado por Luis Gustavo, é um rapaz suburbano de São Paulo, inconformado com sua pobre condição social. Por ser simpático e bem falante, consegue ser aceito por grupos de jovens da elite paulistana, que desconhecem sua origem. Durante toda a trama ele se faz passar por filho de uma família rica e aristocrata. Inventa histórias, mente descaradamente, arma tramas incríveis e, dessa forma, vai se dando bem. Até que, é claro, a casa cai, os amigos descobrem sua verdadeira identidade e o anti-herói sofre as conseqüências de sua impostura.

Quais as semelhanças e as diferenças entre essas duas histórias? A semelhança é que os dois personagens-tema usam mentiras para atingir seus objetivos. A diferença fica por conta da qualidade dos objetivos. Enquanto Amélie inventa lorotas com a intenção de ajudar seus semelhantes, Beto só quer se dar bem. Nos dois casos, ambos foram desmascarados, com a diferença que Amélie foi ainda mais querida por seus amigos, enquanto Beto foi defenestrado por todos.

Além de ser uma obra de ficção, ou seja, uma mentira por si só, o filme de Amélie brinca com falsas afirmações de uma forma doce e benéfica. Ela mente para as pessoas ao seu redor com a intenção de lhes proporcionar coisas boas. O seu objetivo, portanto, é nobre – trata-se de uma forma positiva de encarar a mentira. Isso quer dizer que estamos autorizados a faltar com a verdade, pois ela é relativa? Não, por favor, não me entenda mal. O que é relativo é a percepção que temos dos fatos, e a mentira grande ou pequena, danosa ou inconseqüente, piedosa ou maldosa, sempre será uma mentira e, como tal, poderá ferir alguém.

Amor : abc da mentira

Envolto em meu luto,
Danço sem tocar tua mão,
Em quadro quase perfeito,
És valsa da última ilusão.

(Desata este adiado beijo).


Em arrebatados poemas,
Desvendas um sonho só teu,
Sabes princesa,
O príncipe encantado é um outro, não eu!

(Liberta-me de teu jugo).


Abrigando em mim tudo o que sou.
Finjo que parto, mas nunca vou.
E de novo me acorrento,
Em marés dissolventes,
Aguardo me vejas e me desvendes.


(Se um dia me olhares,
Para de novo me esquecer,
Serei miragem perdida,
Sem que me chegues a ver).


As letras que talho são enigmas da verdade.

Giraldoff

A poesia de Ana Cecília S.Bastos




A tarde me possui que me dissolvo.

A chuva me disseca.
Tenho que fechar os olhos para não desvairar totalmente, tomada em pleno trânsito por tal aflição.

A chuva são mil vagalumes, imagens inebriantes.
A chuva é delírio, desvario em plena tarde.
Intoxico-me sem defesas.
As margens da rua são magia, pura vibração e me emociona até mesmo uma fachada de shopping onde as sombras flutuam pelo efeito das luzes dos carros que passam.
Isso a chuva faz comigo.
Querer pensar em nada.

Dissolver-se. Foto de Mário Vítor.
por Ana Cecília

Bolinhos de bacalhau


* Ingredientes
* 1 kg de bacalhau
* 2 kg de batata
* 1 maço de salsa
* 1 cebola média
* Sal e pimenta do reino a gosto


* Modo de Preparo

1. Coloque o bacalhau de molho de um dia para o outro e troque a água umas três vezes pelo menos
2. Pique a cebola bem miúda e também a salsa
3. Cozinhe o bacalhau para que fique bem macio
4. Cozinhe as batatas com casca
5. Desfie o bacalhau eliminando pele e espinhas e reserve
6. Descasque e amasse as batatas, ainda quentes
7. Junte numa vasilha o bacalhau desfiado, as batatas amassadas, a cebola e a salsa picadas e misture bem
8. Tempere com sal e pimenta do reino
9. Modele os bolinhos com as mãos
10. Frite-os em uma frigideira com óleo e azeite quentes

A última ceia





Nos evangelhos, a Última Ceia (também chamada de "Ceia do Senhor" ou "Ceia Mística") foi a última refeição compartilhada por Jesus com os doze apóstolos antes de Sua morte e ressurreição. A Última Ceia tem sido objeto de várias pinturas, sendo a mais famosa o afresco de Leonardo da Vinci em Milão, pintada em 1498.

Durante a Última Ceia, e em referência específica ao tomar o pão e o vinho, Jesus contou aos seus discípulos, "Façam isso em memória de mim", (1 Coríntios 11:23–26). Outros eventos e diálogos foram gravados nos Evangelhos Sinóticos e no de São João. Todas as igrejas cristãs interpretam o descrito como a instituição da Eucaristia.

O vaso que era usado para servir o vinho ficou conhecido também como o "Cálice Sagrado", e tem sido um dos supostos objetos da literatura do "Santo Graal" na mitologia cristã.

A Última Ceia ocorreu na véspera da morte de Jesus. O Novo Testamento narra que Jesus pegou no pão em suas mãos, deu graças e disse aos Seus discípulos: "Este é o meu corpo que será entregue a vós". Do mesmo modo, ao fim da ceia, Ele pegou o cálice em suas mãos, levantou ao alto e disse aos seus discípulos: "este é o meu sangue, o sangue da vida que será derramado por vós."

O Apóstolo Paulo foi o primeiro a mencionar sobre a Última Ceia. Ele escreveu:

Por que recebi do Senhor o que eu também vos ensinei: O Senhor Jesus, na noite que foi traído, tomou o pão e, quando ele tinha dado graças, ele o partiu e disse: "Este é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim ". Da mesma forma, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: "Esta é o cálice da Nova Aliança no meu sangue; fazei isto, sempre que bebê-lo, em memória de mim". Sempre que você comer este pão e beber este cálice, você vai estar anunciando a morte do Senhor até que ele venha. (1 Corintios 11:23-26)

Paulo afirma que aprendeu a cerimônia diretamente do Senhor, isto é, por revelação.


Segundo a tradição, a Última Ceia teve lugar no que é chamado hoje em dia de Sala da Última Ceia no Monte Sião, fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém, e é tradicionalmente conhecido como "O quarto de cima". Esta baseia-se no conto dos evangelhos sinóticos que afirmam que Jesus tinha instruído um par de discípulos (na Bíblia são: Pedro e João) para ir à cidade a fim de encontrar um homem transportando um jarro de água, que os levaria para uma casa, onde eles perguntariam sobre o quarto onde o mestre receberia seus convidados.(Lucas 22:7:13). Esta sala é especificada como sendo o quarto de cima, onde eles celebraram a Páscoa. Não é especificado o nome desta cidade, podendo se referir a um dos subúrbios de Jerusalém, como Betânia, o local tradicional não se baseia em nada mais específico na Bíblia, e pode facilmente estar errado. De acordo com a arqueologia, havia uma grande comunidade Essênia e esses pontos fizeram com que vários estudiosos suspeitem de uma ligação entre Jesus e esse grupo.

A Igreja de São Marcos Síria Ortodoxa de Jerusalém é outro local possível para a localização do cômodo da Última Ceia, contendo inscrições em uma pedra com dizeres cristãos atestando a referência ao ponto. Certamente a sala é mais antiga do que o Cenaculum (cruzado - século XII) e, como agora o quarto está subterrâneo a altitude relativa é correta (no primeiro século as ruas de Jerusalém foram, pelo menos, doze pés (3.6 metros) inferiores aos de hoje, de forma que qualquer construção desta época teria os andares superiores atualmente sob a terra). Eles também têm um venerado Ícone da Virgem Maria, sendo reputada a pintura ainda em vida por a São Lucas.

No decurso da Última Ceia, de acordo com as epístolas paulinas e os evangelhos sinóticos (menos o Evangelho de João), Jesus divide o pão, faz uma oração, e pegando um pedaço diz "este é o meu corpo". Ele então toma uma taça de vinho, (conhecido como o Santo Graal), oferece uma outra oração, dizendo "este é o meu sangue da eterna 'aliança', que é derramado por vós". Por último, de acordo com Paulo e Lucas, ele diz aos discípulos "fazei isto em memória de mim". Estas palavras significam o ponto principal da última refeição. Jesus quer que os discípulos lembrem-se dele e de seu caminho, mesmo em caso de morte, porque ele sabe que eles serão novamente reunidos no reino de Deus.
wikipédia

Dia da Mentira



Tudo começou quando o rei da França, Carlos IX, após a implantação do calendário gregoriano, instituiu o dia primeiro de janeiro para ser o início do ano. Naquela época, as notícias demoravam muito para chegar às pessoas, fato que atrapalhou a adoção da mudança da data por todos.

Antes dessa mudança, a festa de ano novo era comemorada no dia 25 de março e terminava após uma semana de duração, ou seja, no dia primeiro de abril. Algumas pessoas, as mais tradicionais e menos flexíveis, não gostaram da mudança no calendário e continuaram fazer tal comemoração na data antiga. Isso virou motivo de chacota e gozação, por parte das pessoas que concordaram com a adoção da nova data, e passaram a fazer brincadeiras com os radicais, enviando-lhes presentes estranhos ou convites de festas que não existiam.Tais brincadeiras causaram dúvidas sobre a veracidade da data, confundindo as pessoas, daí o surgimento do dia 1º de abril como dia da mentira.

Aproximadamente duzentos anos mais tarde essas brincadeiras se espalharam por toda a Inglaterra e, consequentemente, para todo o mundo, ficando mais conhecida como o dia da mentira. Na França seu nome é “Poisson d’avril” e na Itália esse dia é conhecido como “pesce d’aprile”, ambos significando peixe de abril. No Brasil, o primeiro Estado a adotar a brincadeira foi Pernambuco, onde uma informação mentirosa foi transmitida e desmentida no dia seguinte. “A Mentira”, em 1º de abril de 1848, apresentou como notícia o falecimento de D. Pedro, fato que não havia acontecido.

Walt Disney criou uma versão para o clássico infantil Pinóquio, dando ênfase à brincadeira, mostrando para a criançada o quanto mentir pode ser ruim e prejudicial para a vida das pessoas. Ziraldo, um escritor brasileiro da literatura infanto-juvenil, também conta histórias sobre as mentiras, através do tão famoso personagem, o Menino Maluquinho. Em "O Ilusionista", Maluquinho descobre o mal provocado por roubar, fingir e mentir.

Pregar mentiras nesse dia é uma brincadeira saudável, porém o respeito e o cuidado devem ser lembrados, para que ninguém saia prejudicado, afinal, a honestidade é a base para qualquer relacionamento humano.


Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Moreira da Silva




Antônio Moreira da Silva (Rio de Janeiro, 1 de abril de 1902 — Rio de Janeiro, 6 de junho de 2000) foi um cantor e compositor brasileiro, também conhecido como Kid Moringueira.

Filho mais velho de Bernardino de Sousa Paranhos, trombonista da Polícia Militar e de dona Pauladina de Assis Moreira.

Carioca da Tijuca, criado no Morro do Salgueiro, só iniciou os estudos aos nove anos, mas abandonou a escola aos onze anos, quando o pai falaceu. Foi empregado de fábricas, tecelagens e chofer de praça e de ambulância.

Considerado o criador do samba-de-breque, Moreira da Silva iniciou sua carreira em 1931, com Ererê e Rei da Umbanda. Em 1992, foi tema do enredo da escola de samba Unidos de Manguinhos. Em 1995 gravou "Os 3 Malandros In Concert" com Dicró e Bezerra da Silva, aos 93 anos de idade.

Em 1996, foi tema do livro Moreira da Silva - O Último dos Malandros. Com 98 anos de idade, ainda se apresentava em shows.