Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 19 de março de 2010

Nora Ney




Nora Ney, nome artístico de Iracema de Sousa Ferreira, (Rio de Janeiro, 20 de março de 1922 — Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2003) foi uma cantora brasileira.

Aprendeu a tocar violão sozinha e, para incentivá-la, seu pai a presenteou com o instrumento. Familiarizava-se com o mundo da música frequentando assiduamente programas de rádio e de auditório.

Dona de uma voz grave, começou a carreira em 1950 e em 1953 já era uma das grandes divas do rádio, interpretando Dorival Caymmi, Noel Rosa, Ary Barroso, entre outros. Em 1952 gravou pela Continental seu primeiro LP, Menino Grande.

Ao lado de Maysa Matarazzo, Ângela Maria e Dolores Duran, consagrou-se como uma das maiores intérpretes do samba-canção (gênero surgido na década de 30). O samba-canção é comparado ao bolero , pela exaltação do amor romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado.

Dentre as curiosidades de sua vida pública estão um segundo casamento com o cantor Jorge Goulart; a filha, fruto dessa união, Vera Lúcia, se tornou Miss Brasil em 1963. Devido à atuação política de Goulart no Partido Comunista, teve que se auto exilar depois do Golpe de 1964, cujo objetivo era "libertar" o país da "ameaça comunista".

Wikipédia

Canhoto da Paraíba




Francisco Soares de Araújo (Princesa Isabel, 19 de março de 1926 — Paulista, 24 de abril de 2008) foi um violonista e músico brasileiro. Era mais conhecido como Canhoto da Paraíba (e também por Chico Soares).

Por ser canhoto, tocava com o violão invertido, mas sem inverter as cordas, pois precisava compartilhar o mesmo violão com seus irmãos, destros. Embora fosse filho de pai violonista, não teve a oportunidade de aprender com ele exatamente por ser canhoto. Canhoto aprendeu a tocar só.

Canhoto compôs choros com um "agradável sabor nordestino". Conta a lenda que ao ver Canhoto tocar pela primeira vez, Radamés Gnattali ficou tão impressionado que teria gritado um palavrão e jogado seu copo de cerveja para o teto e que o dono da casa, ninguém menos que Jacob do Bandolim, nunca teria apagado a mancha do teto para lembrar o momento (tudo indica que é apenas lenda). Pela extinta gravadora Rozenblit, gravou o disco "Único amor", que, recentemente, foi relançado em CD. Canhoto tinha a sensibilidade aguçada. Na ocasião, para acompanhá-lo, escolheu Henrique Annes, violonista de formação erudita que, mais tarde, viria a se tornar um dos maiores violonistas brasileiros. Já o produtor musical do disco foi Nelson Ferreira, grande maestro e arranjador de frevos. Outros discos de Canhoto da Paraíba foram: "Com Mais de Mil" (1997), produzido por Paulinho da Viola e "Pisando em brasa" (1993), que contou com as participações de Paulinho e do violonista Rafael Rabello. Junto com Paulinho da Viola, que produziu seu disco "O Violão Brasileiro Tocado pelo Avesso" percorreu o Brasil no Projeto Pixinguinha, divulgando o choro.

Em 1998 sofreu um AVC que o deixou com o lado esquerdo do corpo paralisado, ficando assim impossibilitado de prosseguir com sua carreira e, em 2008, após enfarto morreu aos 82 anos.

Wikipédia

A carta da saudade tem naipe em copas.- por Socorro Moreira


Eu sou cheia de saudades, mas tenho analgésicos pra todas elas... Não sei lidar com as dores, ou talvez seja acostumada com elas. Saudade não dói, nem mata, nem tão pouco maltrata... Saudade não é um mal que faz bem ... É um bem que faz bem, necessariamente !
Eu sinto saudades de um olhar fugidio , que não buscou permanência , mas energizou a minha noite, e os meus sonhos vazios. Eu sinto saudades de um abraço feliz , na cumplicidade de um momento único, fugaz... Eu sinto saudades de um dia que chegou, e deixou de ser , e carregou minha espera de muitos dias, muitas noites , e muita misteriosa alegria. Sinto saudades de um tempo, em que não te via , mas sabia que tu existias ... Agora , na maturidade sinto uma calma, nada passiva...É uma calma madura , consciente, cheia de esperanças , em reencontros eternos.
Sinto saudades da tua passagem, na minha lua.

Beijo !

Pérola nos bastidores - por Nicodemos


Quando se diz estou aqui pra quem vier...

eu preciso um certo jeito
de chegar sem assustar,
e de falar mansinho,
pisando o chão
devagar...
se o assunto é amor,
amar igual a um passarinho
cantando a melodia certa
e bem baixinho,
que é pra não espantar...

se o assunto é poesia
então todo dia é dia...
de silenciar...
dizer o essencial
e calar

a Poesia não gosta
de ruídos.

psiuu!!
acho que falei demais

Nicodemos

marfim

Uma caixa de chocolates.
Depois um lenço perfumado.

Não me perguntes que horas
desde quando

meus dias belos
intrigantes.

Digo que cansei da morte
com seu longo vestido

fora de moda
atraente.

A foice, sei, enferrujada
é mais letal que uma dentada
do réptil de Komodo.

E tanto a morte
quanto o bicho
correm feito
Usain Bolt.

Não tem árvore frondosa
onde moram os dragões

nem sombra aprazível
por onde passa a morte.

Então te compro
uma caixa de chocolates.

O lenço perfumado
é outro sonho guardado
no fundo da gaveta.

Sei, lá têm traças.
Mas que importa:
traças, morte, chocolates.

Os versos também morrem
um dia.

Deixam saudades.
Os dentes amarelos.

Provérbio

Com a primeira chuva
adubo a plantinha
da varanda.

Tenho cuidado
ao afastar as cadeiras
de palha:

as pernas longas
ferem
se triscam
na tênue haste.

Com a primeira chuva
alimento meu coração.

Deixo de lado
a espada,
a lança,
o escudo.

Peço a São Jorge
que se apiede
do dragão soturno.

(mas não o perca de vista)

Com a primeira chuva
olho para o teto

como quem olha
o céu das planícies

ansioso pelas nódoas
úmidas nuvens

fisionomias
das goteiras.

A POESIA EM MIM ... por Rosa Guerrera

Ontem me perguntaram se eu tinha deixado de escrever ou abandonado a poesia .E eu respondo : Abandonar a poesia para mim seria esquecer que existo , que sinto a vida nos seus altos e baixos, que ela é o ar que respiro , a música que amo , os acordes do meu coração. O silêncio , a ausência de frases escritas também é para mim , poesia . Talvez até a mais bonita e verdadeira das poesias , porque é o encontro dos meus sentimentos , onde em retrospectivas e flashs backs eu converso mais com as minhas alegrias, minhas lágrimas, minhas paixões , meus sonhos e minhas dores . Todo mundo precisa de uma pausa , de um parênteses , de sentar numa imaginária mesa de bar e conversar com o nosso Eu diante de uma cadeira aparentemente para os outros vazia .E nesses momentos , penso eu , que a poesia se faz muito mais real , porque não existe mistificação nesse dialogo interior.Posso não ter passado para um papel esse período de ausência , mas em tempo algum virei as costas para a poesia . Hoje volto , e volto a escrever do mesmo jeitinho de sempre , sem metáforas,sem entrelinhas: “ de alma lavada “ como se diz na gíria . Foi um tanto longo o papo que tive comigo ... mas garanto que valeu a pena .
E quanto a presença da poesia dentro de mim , uma coisa eu asseguro de todo coração : Enquanto existir uma lua brilhando no firmamento ,um bêbado chorando as mágoas num boteco , dois adolescentes experimentando o sabor do primeiro beijo, uma mulher amamentando um filho, a gargalhada franca de uma criança, o dedilhar manso num violão, a doçura de amor e sexo, eu encontrarei em cada pedacinho dessas verdades, um motivo maior para alimentar cada vez mais a poesia dentro de mim.

PENSAMENTOS por Rosa Guerrera

É com a chegada do outono , que a gente começa a refletir sobre a beleza que existiu na primavera .

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O espelho não é culpado pela imagem que reflete.

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Mais triste do que a própria tristeza é não termos coragem de tentar mais uma vez a felicidade .

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Foi tão verdadeiro aquele amor na minha vida ... que até hoje sinto na sua lembrança um constante desafio a lei das coisas passageiras.

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Não temo a morte . Temo sim a grande saudade que vou curtir no dia em que deixar de viver.

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O verdadeiro amor não é aquele que explode ao mundo a sua dimensão . Mas aquele que implode no peito e se aconchega na voz que não grita .

Cheese cake de micro-ondas

Ingredientes para a massa
1 pacote de biscoito tipo maisena
100 g de manteiga.

Ingredientes para o recheio
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite
200 g de cream cheese
12 g de gelatina.

Ingrediente para a cobertura
Geléia de amoras ou outra a gosto.

Modo de preparo da massa
Triture os biscoitos e misture com a manteiga formando uma massa. Forre um refratário e leve ao microondas por 4 a 5 minutos na potência alta.

Modo de preparo do recheio
Bata o leite condensado e o cream cheese por 10 minutos, acrescente o creme de leite e a gelatina dissolvida em 5 colheres (sopa) de água aquecida no micro por 30 segundos na potência alta. Coloque o recheio sobre a massa reservada e decore com a geléia. Leve a gelar por 3 horas.

Vocabulário de Mulheres - Colaboração de Stela Siebra

1 - "Certo": Esta é a palavra que as mulheres usam para encerrar uma discussão quando elas estão certas e você precisa se calar.

2 - "5 minutos": Se ela está se arrumando significa meia hora. "5 minutos" só são cinco minutos se esse for o prazo que ela te deu para ver o futebol antes de ajudar nas tarefas domésticas.

3 - "Nada": Esta é a calmaria antes da tempestade. Significa que ALGO está acontecendo e que você deve ficar atento. Discussões que começam em "Nada" normalmente terminam em "Certo".

4 - "Você que sabe": É um desafio, não uma permissão. Ela está te desafiando, e nessa hora você tem que saber o que ela quer..... e não diga que também não sabe!

5 - Suspiro ALTO: Não é realmente uma palavra, é uma declaração não-verbal que freqüentemente confunde os homens. Um suspiro alto significa que ela pensa que você é um idiota e que ela está imaginando porque ela está perdendo tempo parada ali discutindo com você sobre
"Nada".

6 - "Tudo bem": Uma das mais perigosas expressões ditas por uma mulher. "Tudo bem" significa que ela quer pensar muito bem antes de decidir como e quando você vai pagar por sua mancada.

7 - "Obrigada": Uma mulher está agradecendo, não questione, nem desmaie. Apenas diga "por nada". (Uma colocação pessoal: é verdade, a menos que ela diga "MUITO obrigada" - isso é PURO SARCASMO e ela não
está agradecendo por coisa nenhuma. Nesse caso, NÃO diga "por nada". Isso apenas provocará o "Esquece").

8 - "Esquece": É uma mulher dizendo "FODA-SE !!"

9 - "Deixa pra lá, EU resolvo": Outra expressão perigosa, significando que uma mulher disse várias vezes para um homem fazer algo, mas agora está fazendo ela mesma. Isso resultará no homem perguntando "o que aconteceu?". Para a resposta da mulher, consulte o item 3.

10 - "Precisamos conversar!": Fudeu!!!, você está a 30 segundos de levar um pé na bunda.

11 - "Sabe, eu estive pensando...": Esta expressão até parece inofensiva, mas usualmente precede os Quatro Cavaleiros do Apocalipse...

Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração,eu sigo.

Caio Fernando Abreu.

Se - Colaboração de Stela Siebra Brito





Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta."

Hermógenes

Pérolas nos bastidores - por José do Vale Feitosa

E solidão apenas o é pelo outro,
Quando digo só, já falo dos ausentes,
Não posso dizer ele,
sem que me sustente,
em eu e tu.

E por isso saudade é como bezerro,
apartado, separado,
longe das gentes e
do lugar.

Saudade é esta vontade de eternidade,
Que todos sentidos retornem,
para alguém,
para aquele canto do mundo,
para aquele momento da vida.

Saudades são as jóias do viver,
Encontradas no cascalho do trabalho,
entre uma obrigação e outra,
no intervalo se o suor vier,
é prazer do corpo em combustão.



por José do Vale

O visitante – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Por esses dias de muitas chuvas no sul e sudeste do país e quase nenhuma na nossa terra, tenho me lembrado muito do seu Pedrinho dos Carás. Eis ai um homem que foi extraordinário! Falava pelos cotovelos! Baixinho, magro, pele branca, que tostada pela constante exposição ao sol lhe dava uma tonalidade levemente morena. Voz fina, parecida com voz de mulher, mas sem nenhum trejeito que lhe negasse sua masculinidade. Todo ano nascia um menino em sua casa. E ainda mais com a cara do pai para desfazer as dúvidas dos faladores de plantão e dos mais incrédulos.

Seu Pedrinho cuidava sozinho de uma grande plantação de arroz do Sítio Cabeça da Vaca no Vale do Rio Carás, município de Juazeiro do Norte. Era possuidor de um raciocínio bastante lógico. Num ano de ameaça de seca aqui no Ceará e de grandes temporais no Rio de Janeiro com desabamento de encostas e algumas mortes noticiadas com insistência pelo radinho de pilhas do seu Pedrinho, seus vizinhos se reuniam para rezar pedindo por chuvas. Era a celebração das novenas ao glorioso São José, realizadas de casa em casa. Porém seu Pedrinho a nada disso participava. E quando lhe perguntavam por que não ia às novenas, lhes dizia com muita convicção: “Meu povo não adianta nada disso, pois nem reza faz chover e nem pecado empata chuva!” E esclarecia aos que não entendiam: “Onde é que o povo mais peca? No Rio de Janeiro. Tá se acabando debaixo de chuva! Onde é que o povo mais reza? No Juazeiro. Seco pra danar!”

Em 1965, nosso vizinho do São José, se submeteu a uma delicada cirurgia em Recife. Poucos meses depois, meu pai foi também ao Recife para um tratamento, tendo retornado em poucos dias, para tentar se recuperar no clima saudável que a vida no campo proporciona.

Quando soube que meu pai estava doente, seu Pedrinho foi até ao São José para visitá-lo. Ao vê-lo passar defronte da sua casa, nosso vizinho o chamou. Ele foi entrando e logo se justificando: “Compadre, eu lhe devo uma visita, mas hoje estou aqui só de passagem, pois vou visitar o compadre Zé Esmeraldo. Depois eu voltarei outro dia para lhe visitar”. Ao dizer isso, sentou-se no alpendre ao lado do dono da casa, com ele conversou toda a manhã. Na hora do almoço, ameaçou se despedir, mas convidado, aceitou. Após o almoço, continuou a conversa e lá pelas cinco horas da tarde se despediu do nosso vizinho dizendo: “Compadre, hoje estive aqui só de passagem. Outro dia eu volto para lhe pagar a visita que lhe devo. Pois hoje eu vim visitar o meu compadre Zé Esmeraldo.”

Quando seu Pedrinho saiu, nosso vizinho comentou com a mulher: “Estou com pena do Zé Esmeraldo. Se esse homem disse que estava aqui só de passagem demorou o dia inteiro, imagina lá na casa de Zé Esmeraldo! Ele vai passar mais de uma semana!”

Realmente, seu Pedrinho demorou quase uma semana nessa visita ao meu pai e não esgotou seu estoque de conversas. Ou de uma boa prosa, como ele costumava dizer.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

A LETRA I ( ZÉ DANTAS - LUIZ GONZAGA )

Vai cartinha fechada
Não deixa ninguém te abrir
Àquela casa caiada
Donde mora a letra I
E diz que como a cacimba
Dum rio que o verão secô
Meus zóio chorô tanta mágua
Que hoje sem água
Nem responde a dô
Vai e diz que o amô
Fumega no meu coração
Tal e qual fogueira
Das noites de São João
Que eu sofro
Por viver sem ela
Tanto longe dela
Só sei reclamar
Pois vivo
Como um passarinho
Qui longe do ninho
Só pensa em voltar

Colibri - por Socorro Moreira


Você chega sem barulho,
nas asas dos sonhos.
Pousa na pira do enlace
Traz no bico o mel da flor,
e nas penas o cheiro do amor.
Cheiro de mato, malva, alecrim ...

Preciso incensar a vida
O amor sempre chega nas horas ( im) previstas !

Estreia de "O Guarani" de Carlos Gomes

19 de março de 1870

Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça do Duomo, ouviu um garoto apregoando: "Il Guarany! Il Guarany! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Tratava-se de uma péssima tradução do romance de José de Alencar, mas aquilo interessou de súbito o maestro, que comprou o folheto e procurou logo Scalvini, que também se impressionou pela originalidade da história.E, assim, surgiu O Guarani, que apesar de não ser a sua maior nem a melhor obra, foi aquela que o imortalizou. A noite de estréia da nova ópera foi 19 de março de 1870 no Teatro Scala de Milão.

Não há quem não conheça os maravilhosos acordes de sua estupenda abertura. A ópera ganhou logo enorme projeção, pois se tratava de música agradável, com sabor bem brasileiro, onde os índios tinham papel de primeiro plano. Foi representada em toda a Europa e na América do Norte.

O grande Verdi, já glorioso e consagrado, teria dito de Carlos Gomes, nessa noite memorável:
"Questo giovane comincia dove finisco io!" ("Este jovem começa de onde eu termino!").

Carlos Gomes faz jus também ao nosso reconhecimento pelo seu grande espírito de brasilidade, que sempre conservou, mesmo no estrangeiro. Quando da estréia o Guarani, em Milão, o famoso tenor italiano Villani, escolhido para o papel de Peri, criou um problema: ele usava barbas, e recusava-se a raspá-las. Carlos Gomes protestou: "Onde se vira índio brasileiro barbado?" Mas, afinal, tudo se acomodou. O tenor era um dos grandes cartazes da época e não podia ser dispensado. Assim, acabou cantando, após disfarçar os pelos, com pomadas e outros ingredientes.

A procura de instrumentos indígenas foi outro tormento para o maestro. Em certos trechos de música bárbara e nativa, eram necessários borés, tembis, maracás ou inúbias. Andou por toda a Itália, mas não os encontrou, e foi preciso mandar fazê-los, sob sua direção, numa afamada fábrica de órgãos, em Bérgamo.
*
...e foi um enorme triunfo. Na oportunidade, o compositor recebeu a ORDEM DA COROA do Rei Victor Emmanuel. A estréia nacional aconteceu no Teatro Lírico Provisório do Rio de Janeiro, a 2 de dezembro de 1870, no dia do 45° aniversário do Imperador Dom Pedro II, que prestigiou o acontecimento com sua presença e concedeu a Carlos Gomes a ORDEM DA ROSA. A apresentação se encerra com os gritos do público: Viva o Imperador! Viva Carlos Gomes! Viva José de Alencar!
*
*
You Tube : Protofonia de "O Guarani "

Manhã com Paulinho da Viola

Conversa à toa ...

Bom dia, meu povo !

Na toca, enquanto escuto os folguedos da festa do padroeiro do Seminário, que também é padroeiro do Ceará : meu bom São José !
Hoje tem procissão, tem pitomba , filhoses, e outras rezas. Hoje tem um Crato chuvoso, mais fresquinho, depois de uma longa e gostosa noite de chuva.
Eu já botei água na panela com uns caroços de pequi. Enquanto a fome não chega, vou dedilhando o teclado de letras , que às vezes canta !
Mais tarde tem Claude chegando. De noitinha tem amigos, nos encontros. A gente prepara a calçada com todas as cadeiras da casa , e bota a chaleira no fogo, pro café esquentar o papo.
Sempre falta alguém, que pertuba a nossa lembrança... Impossível juntar todos que gostamos, num só momento . ..Porisso o olhar se perde no presente, e tenta alcançar quem está longe.
por aqui ... querendo materializar alguns sonhos. Enquanto isso, vou levando !
Quem quiser chegar , esperando !

Abraços,

Socorro Moreira

A liberdade de alguém definir, sozinha, o que seja liberdade. Por José do Vale Pinheiro Feitosa

A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”

Este parágrafo inteiro, reproduzido no Globo On Line foi dito por Maria Judith Brito, executivo do grupo Folha de São Paulo e atual presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ao se manifestar contra o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH3. O Programa foi elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal.

O parágrafo é verdadeiro quando identifica a sua luta contra o Programa e foca seu debate no governo federal, obviamente o verdadeiro autor de tais medidas. Daí em diante o parágrafo é a prova cabal do quanto o debate político nacional, promovido pela imprensa, é frágil e equivocado. A fragilidade já começa de cara na idéia de poder, liberdade e limites. Numa sociedade de massa, como são as modernas sociedades, a majestade só cabe ao povo, jamais a alguém, seja este presidentes do executivo ou de uma associação de jornais.

Por isso a idéia do limite não cabe na autoregulação e nem na autolimitação. Isso não existe de fato a não ser que se tome por parâmetro algo externo, que de fato o limite e o regule. Por isso na sociedade existe o poder da Justiça como aquilo que garante o que se convencionou, pela representação do poder popular, instituir-se em regulamentos, regras ou leis como são mais conhecidas. Todo o conceito de liberdade é limitado ao menos na liberdade do outro e isso é apenas o começo onde se pode discutir o ela, a liberdade, seja em sociedade.

Aí a executiva, diga-se de verdade uma funcionária de um grupo empresarial familiar, apega-se ao conceito de responsabilidade. Que responsabilidade? Uma responsabilidade imediatamente limitada, cerceada, pois que qualificada: “a responsabilidade dos meios de comunicação”. Esta manobra é arcaica em qualquer debate, procura-se uma idéia forte que lhe der poder, no caso, responsabilidade, mas aí é uma liberdade em particular, aquela dos meios de comunicação, seja quais forem seus parâmetros. Se for, por exemplo, o meio de comunicação que pense exatamente ao contrário daquele representado pela D. Judith, já se observa a contradição.

Mais aí é que vem a caída definitiva do conteúdo do parágrafo: E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. Se esses meios fazem oposição de fato, estão substituindo o papel dos partidos políticos de oposição, pois estes estariam fragilizados, então a responsabilidade avocada pela Sra. Judith, já nem é mais dos meios de comunicação, é de um partido político de oposição. Em outras palavras o que ela defende mesmo é a “liberdade” de fazer oposição ao governo federal.

Que o faça, mas não tome para si o sentido golpista do argumento da liberdade inteira para ela. Alguém pode querer fazer o papel situacionista com a mesma liberdade que deseja Dona Judith, inclusive a serviço de alguém ou de um grupo, como o caso da família Frias, dona da Folha de São Paulo.

Tempestade - por Socorro Moreira


Noite de chuva. Estou longe dos coqueiros e das carnaúbas.Chove no telhado, sinfonia divina. Clarões esclarecendo e iluminando a magia da vida.
Lembro da minha mãe falando das tempestades , na fazenda do Piauí... Dizia-me :
Árvores altas atraem raios. Eu aconchegava-me no seu colo, enredava-me nos lençóis com cheiro de alfazema e xixi. Rezávamos no mental para o nosso Anjo-de-Guarda, enquanto minha avó acendia velas e candeeiros, murmurando o rosário da Conceição, e cobrindo os espelhos com panos de seda.
Perguntava-lhe de forma velada, mas corajosa :
As torres das igrejas teem pára-raios ?
E no mato ? Quem protege o caipira de morrer esturricado ?
Chove no preseente , e o meu medo foi embora.
Só tenho medo das loucuras do coração, mas sei controlá-las.
A paixão é cega , descabela.
Deixa carecas homens e mulheres
O enamoramento é Alfa, Beta, Romeu ...
Eu sei que és vivo, e isso me deixa perto.
Eu sei que és lotado, e isso me deixa calma.
Boto um sorriso bem vestido,pendurado no cabide dos lábios.
Sorriso apaixonado é enrubescido de verdades.

A chuva agora é mansa. Estou terna de noite linda. Estou cheia de amor bem- estar.
Celebro com a natureza, a vida !

Quaresma - por Ana Cecília S. Bastos




O poema está em suspenso.

Incompleto, estanque.


A palavra, por vezes, desaba sobre mim,

aos trancos e barrancos,

se nada é suave nos dias que passam.


No Chile, contaram: "eram os gritos e, depois, o terrível silêncio".


Assim estou, memória aos borbotões e, depois, do silêncio,

a imagem que se recorta e emerge.

Palavras se reconstituem, edifícios que se reconfiguram.

Nada é o mesmo se o tempo é de hecatombes e dramas,

tremendos desastres, terrível desespero, espanto sem fim.


Dá-me, Senhor, por um momento e para sempre,

ousar o salto para as águas mais profundas.


160. Foto de Mário Vítor.

Verbos do Amor

Pedaços de canções

" Por trás de um homem triste
Há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher
Mil homens sempre tão gentis ..." (Chico)

"Fim da procura
Tenho fé na loucura
De acreditar
Que sempre estás em mim ..." (Ivan Lins)

"Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir do visor
que me prendeu
Dentro do seu olhar ..." (Flávio Venturini)

"Como um brilhante
Que partindo em luz
Explode em sete cores
Revelando então
os sete mil amores
que eu guardei somente
Pra te dar ..." (Tom Jobim)

Gritando o cordel ...- por Ulisses Germano

Benevolência e coragem
Brotam na sabedoria
Desgraça pouca é bobagem
Nós estamos numa fria
A terra toda esquentando
Água do mar aumentando
E a estupidez dando cria

Bolo de Cenoura



Bolo de cenoura com cobertura de Chocolate Ingredientes

* 2 cenouras cruas, picadas (250g)
* 1 xícara (chá) de óleo
* 4 ovos ligeiramente batidos
* 1 pitada de sal
* 2 colheres (sopa) de Chocolate em Pó DOIS FRADES®
* 1 xícara e meia (chá) de açúcar
* 3 xícaras e meia (chá) de farinha de trigo
* 1 colher e meia (sopa) de fermento químico em pó
* 1 tablete de NESTLÉ CLASSIC® Meio Amargo picado
* manteiga para untar
* farinha de trigo para polvilhar

Modo de Preparo

Bata no liquidificador a cenoura, acrescente o óleo, os ovos, o sal e o Chocolate em Pó DOIS FRADES®, até ficar homogêneo. Acrescente açúcar e a farinha misturada com o fermento. Mexa delicadamente e despeje em assadeira retangular média, untada e asse em forno médio (180ºC) por cerca de 30 minutos. Retire do forno e espalhe o Chocolate Meio Amargo sobre o bolo ainda quente. Depois de frio, corte em quadrados.

Nestlé