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O poema está em suspenso.
Incompleto, estanque.
A palavra, por vezes, desaba sobre mim,
aos trancos e barrancos,
se nada é suave nos dias que passam.
No Chile, contaram: "eram os gritos e, depois, o terrível silêncio".
Assim estou, memória aos borbotões e, depois, do silêncio,
a imagem que se recorta e emerge.
Palavras se reconstituem, edifícios que se reconfiguram.
Nada é o mesmo se o tempo é de hecatombes e dramas,
tremendos desastres, terrível desespero, espanto sem fim.
Dá-me, Senhor, por um momento e para sempre,
ousar o salto para as águas mais profundas.
160. Foto de Mário Vítor.
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