Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 12 de novembro de 2011

RETRATO DO IRMÃO DE VAN GOGH - Por Edilma Rocha

Um comunicado do Museu Van Gogh de Amsterdam, revelou que o retrato de Vicent Van Gogh é na realidade do seu irmão Theo que se pensava o artista nunca o ter pintado.
O retrato é datado de 1887, e a figura aparece um pouco assimétrico, vestindo um casaco azul e um chapéu amarelo.
Segundo o pesquisador Louis Van Tilborgh, no retrato se observa que a barba é menos vermelha que os outros auto-retratos, diferente do que costumava usar. Ele afirma ser o retrato de Theo Van Gogh porque a orelha no outro é mais redonda do que a do pintor.
O retrato faz parte de outras 93 obras do artista pintadas em Amberes, Bélgica e em Paris.
Estas curiosidades sobre os grandes pintores são reveladas nos momentos atuais pelas minuciosas pesquisas e aprofundamento nos estudos das artes.

Fonte: Artes na atualidade

Crato "republicano" ? algumas considerações -- por Armando Lopes Rafael

(Excertos de um artigo publicado há 11 anos na revista A Província – nº 18, 2000)
Alguns escritores locais citam, vez por outra, a “tradição republicana” de Crato. Não acredito nessa alardeada “tradição”. Mas quero deixar claro que receberei com naturalidade, toda correção que vierem a fazer a este meu pensamento.

Começo por lembrar que o aniversário do golpe militar que implantou a República nunca foi comemorado em Crato. Nesta cidade o povo comemora datas como o 7 de setembro, 21 de Junho, Nossa Senhora da Penha, São José, São Francisco, dentre outras. Comemoração no dia 15 de Novembro – data da “Proclamação da República” – nunca vi.

O Crato, durante 149 anos (de 1740 quando foi fundado a 1889, quando houve o golpe militar que introduziu a forma de governo republicana) viveu sob a Monarquia. Não se apaga facilmente um século e meio na vida de um povo. No imaginário popular persiste a idéia de que a Monarquia é algo bom. O historiador cratense Denizard Macedo escreveu[1] :

“O povo tinha apego aos soberanos e aversão às manobras revolucionárias. Diferente do que alguns tentam demonstrar existia uma tradição moldada na fé católica e na monarquia absoluta, com seus princípios, escala de valores, hábitos, usos e costumes, não sendo fácil remover esta herança cultural profundamente enraizada no tempo”.

Isso é verdade, ainda hoje quando o povo reconhece numa pessoa certos méritos ou qualidades acima do comum, costuma dar-lhe o título de “Rei”. Por isso temos ou tivemos; “O Rei Pelé”, “O Rei Roberto Carlos”, “O Rei do Baião”, “O Príncipe dos Poetas Populares” (o repentista Pedro Bandeira) etc. E o que dizer dos concursos que se realizam para escolha da “Rainha do Colégio”, “Rainha da Exposição”? e de nomes de lojas como “O Rei da Feijoada”, “O Império das Tintas”? Ou nomes como “Rádio Princesa FM”, “Colégio Pequeno Príncipe”?

Portanto, é um mito sem consistência essa alardeada “tradição republicana” de Crato. Precisamos ter coragem para proclamar isto, pois ela não reflete a realidade. Ainda não se conseguiu sensibilizar as camadas populares para comemorar, em Crato, o golpe militar que impôs no Brasil a República. Sempre foi assim. Vai ser assim, também, na próxima 3ª feira, dia 15 de novembro, quando o país vai parar – num feriado nacional – em comemoração à “Proclamação da República”.

“República” para o povo é sinônimo de casa de estudante, com a desorganização e improvisação comum aos jovens. Ou serve para lembrar as notícias que vêm da Capital da República como os escândalos de corrupção na Casa Civil ou a demissão dos ministros corruptos  recebidos por Dilma como "herança maldita". “República” continua a ser, no imaginário popular, a lembrança da falta de segurança, a falência da saúde pública, a precariedade da educação pública, a fila dos aposentados (expostos ao sol e à chuva) na fila das calçadas dos Bancos para receber suas míseras aposentadorias, os políticos corruptos, as obras públicas inacabadas, a demagogia e a falta de respeito para com a população…

Acima, a primeira bandeira oficial dos Estados Unidos do Brasil (nome da República até 1967). Imitação barata da bandeira norte-americana essa bandeira só durou 4 dias...

Notas:
[1]Notas Preliminares no livro “Vida do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro”, de J.dias da Rocha, 2ª Ed. Secretaria de Cultura do Ceará, 1978.

Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

Relembrando a Princesa Isabel -- por Hermes Rodrigues Nery (*)

Há 90 anos, em 14 de novembro de 1921, morria a princesa Isabel. Morreu distante do Brasil que tanto amava, no mais penoso e longo exílio já  impingido a um governante brasileiro. Esta, uma página de dor em nossa história que ainda hoje comove aos que estudam com seriedade os documentos – há tanto tempo esquecidos e evitados por aqueles que a detrataram e procuraram diminuir a importância da vida da princesa Isabel. Uma vida de inequívocas virtudes heróicas e cívicas, que honrou a primeira mulher a governar o Brasil.
Dona  Isabel Cristina de Orléans e Bragança foi uma das que melhor compreenderam a alma do povo brasileiro, por isso foi tão querida no tempo em que governou, e não fraquejou em tomar decisões acertadas e corajosas, de feliz memória, dentre elas a que culminou no 13 de maio de 1888, com a abolição da escravatura em nosso País.

Destinada a dirigir os destinos da Nação (de personalidade forte e resoluta, mas humaníssima em sua compaixão pelos sofredores); preparou-se como nunca antes outra autoridade política havia cuidado com tanto zelo em corresponder aos desafios e as incumbências do governo. Ao contrário do avô e do pai, afetados por uma infância de tão grandes turbulências, a princesa Isabel teve ambiente propício para desenvolver seus talentos e assumir seu imperativo vocacional. Não apenas com dedicação aos estudos, mas ainda com percepção aguda dos problemas do seu tempo, desejando dar ao Brasil soluções sociais pautadas em princípios e valores humanos e cristãos.

A sua fé – catolicíssima – deu-lhe força para fazer com alegria tudo o que empreendia (como mãe e esposa exemplar, como filha e amiga leal, como governante mulher) e a confortou nas horas de amargura, que não foram poucas.
Sofreu as angústias de ver o Brasil em guerra externa, com o risco de tornar-se viúva, ainda recém-casada, ou ter de ser forçada ao arranjo nupcial urdido pelo ditador paraguaio Solano Lopez. Pesou-lhe tanto a pressão de grandes proprietários rurais, que resistiram e dificultaram a aprovação da libertação dos escravos, criando obstáculos no parlamento, ameaças e um temor infundado de desestabilização social.

Foi preciso então agir com sabedoria, mas de modo perseverante, para ver bem sucedido o movimento abolicionista. Desde 1810 o Brasil comprometera-se em acabar com a escravidão, mas o processo político não foi fácil, porque era preciso preparar o País para tão significativa mudança. O movimento foi lento e gradual, exigiu mobilização e prudência, mas que poderia ser postergado ainda mais não fosse a precisão decisória da princesa em seus períodos de regência, que tudo fez para que a vitória do abolicionismo fosse obtida pela via institucional, e sem derramamento de sangue.

Com a Lei Áurea, a princesa Isabel visava não apenas a assinar o fim da escravidão, mas preparar os meios concretos de indenização e suporte social para oferecer aos libertos condições de dignidade para o exercício da liberdade, com acesso a educação e o trabalho com justa remuneração. Atestam os historiadores a visão de estadista da princesa Isabel, que não viu acontecer por completo seu projeto de promoção social do povo brasileiro, especialmente os libertados pela Lei Áurea. Isso porque tal relevante iniciativa foi solapada pelos republicanos positivistas, que temiam o 3º Reinado tendo à frente uma mulher de tão profundas convicções cristãs.

Pois justamente o catolicismo da princesa Isabel (e sua atuação pública e pessoal coerente com a doutrina social e moral da Igreja) levou os republicanos a forçarem a quartelada de Deodoro e ao cruel banimento (exigindo que ela e sua família deixassem o País em 24 horas), exílio este que se prolongou por 32 anos, até a sua morte.

O fato é que, apesar do patrulhamento ideológico e a conspiração do silêncio por mais de um século, a princesa Isabel não está no inteiro esquecimento, pelo contrário, seu nome ressoa luminoso em nossa história. O nevoeiro ideológico que a vitimou ao pior dos ostracismos, parece agora começar a ser dissipado, especialmente quando a Arquidiocese do Rio de Janeiro recebeu oficialmente, no mês passado, o pedido para a abertura do seu processo de beatificação. Isso comprova que a Princesa Isabel haverá de perdurar como estrela fulgurante no coração dos brasileiros, ad eternum.

(*) Hermes Rodrigues Nery e-mail: hrneryprovida@uol.com.br
São Bento do Sapucaí (SP)

Caldeirão Cultural: Começa a Mostra SESC de Culturas do Kariri - Wilson Bernardo

Providencial a desistência de Tom Zé,o que ele poderá esta aqui em outras edições da mostra Sesc,mas presenciar e sentir a magnitude da musica de Elza Soares,foi divino,simplesmente a mulher e sua voz nos faz rasgar qualquer significado e por que não dizer o que seria e foi fantástico.Oitenta e um anos de uma voz instigantes e inconfundível,em que o mundo aprendeu a ouvir como sendo uma das vozes negras, mais supimpas de uma magia suingada,onde a mesma flutua por varias tendências.Ela faz uma salada entre o antigo e o novo,mesclando o fank,samba e o rep dos morros cariocas,passando pela avenida da miséria onde nega do cabelo pixaim detona toda uma estrutura musical negra américana e nos devolve o jazz Blues dos tupiniquis brasilis.O Sesc acerta e nos presenteia pela grata oportunidade de termos Elza Soares,antes do seu limar eterno.


Abertura da mostra Sesc com as boas vindas de Gastão Bittencourt,com a presença de Raimundo Bezerra Filho vice-prefeito da Cidade do Crato.


A bela de sua voz se confunde com sua própria estética


Infinitamente fantástica a mulher de Oitenta


Bem mais cedo perfeccionista ao passar o som


Wilson Bernardo (Texto & Fotografia)

Sutilezas...

Flor do mato - Subida da Serra - Fazenda Serra verde

Você pode encontrar alegria nas coisas mais simples da vida. 
É só saber olhar pra elas...

(Claude Bloc)

Poema torto – Aloísio & Claude Bloc

A - Poema torto
C - Estrada torta
A - De luto nasceu
C - Na terra morta
A - Quando veio à luz
C - Sofreu
A - O poeta morreu

A – Aloísio
C – Claude Bloc

Aceitação - Emerson Monteiro

... Uma reação igual e em sentido contrário, princípio da Lei de Ação e Reação. Depois que acontecer de pisar na bola, cabe aceitar as consequências. Conciliar as respostas naturais em relação aos atos de seguir em frente, atitude por demais justa consigo mesmo, ser falível no estado atual. Caso diferente, agiria como que treme diante das circunstâncias, o que nada representaria em termos de racionalidade; o errar só para não dar a mão à palmatória.

Baixar a cabeça depois que falhar nas escolhas das ações, ainda que pela ignorância de conhecer o jeito exato de cumprir o papel perante a vida, eis o modo espontâneo de se render às evidências. Levantar a cabeça pode reduzir os prejuízos e abrir um espaço de perdão dentro da gente, isto no sentido de evitar danos à saúde física e abrir mão das vaidades; deixar de lado a suposição antiga de se ser senhor absoluto da razão.

Quantas e tantas vezes o errar humano pisar no território da solidão... Contar apenas com os elementos de quem ousa sonhar demasiado com a perfeição e cai da cama... Se achar acima do bem e do mal, quando Deus impera acima dos seres menores, Sua criação apenas... Nós, os viventes...

Viver a vida sem se punir a todo instante... Quando o sucesso domina a cena, as pessoas vibram de euforia. No entanto, perante as cobranças dos erros, afundam na lama quais juízes impiedosos de si, cruéis parceiros da autovingança. E dói e mata e pune contra as ordens mínimas da compaixão.

Aceitar a condição de relativos nas malhas humanas; admitir a retratação, invés das normas rígidas do combate interno às inferioridades, doutores de leis impiedosas e totalitárias. Persistir vivos para preservar a espécie dos aprendizes, senhores da fé nos dias melhores. Render homenagem ao impossível, em noites e dias sempre adoráveis. Ninguém é o senhor do destino além do Poder superior aos poderes limitados deste mundo. Existe o conceito da religiosidade natural que demonstra ordens eternas que a tudo comanda.

Haverá meios de reagir às trevas, aos tombos, às turras, atabalhoadamente... Haverá, sim; nenhuma dúvida resta. Creio, entretanto, significar apenas desespero e frustração assumir o erro e querer eliminar à força as consequências, modos de desencontrados exércitos perdidos em retiradas infames, que as histórias contam. Que glória há nas perdidas as ilusões? Também as personagens individuais, que andam pelas ruas, equivalem aos exércitos de si próprios, por vezes batendo cabeça em jornadas dolorosas. O fazer nesses instantes pede alternativas de sabedoria. De deixar de lado os valores equivocados e marchar firmes para os verdes campos da satisfação interior, no amar e se amar quais motivos da experiência, esquecendo vícios e abandonos, mágoas e rancores. Sorrir aos instantes menos felizes, que somem e deixam o perfume da solidariedade, resposta indiscutível de viver bem.