Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 30 de junho de 2011

As Contradições Nacionais: Os Casos da Antropologia e da Saúde Pública - José do Vale Pinheiro Feitosa

Se alguém anunciar que existe uma ironia no fato de que a Antropologia seja a ciência do outro e que foi em quase toda parte fundada por estrangeiros, talvez não seja ironia, seja o espelho do nascimento da Antropologia. Como a Medicina Tropical, uma ciência forjada na expansão colonial, especialmente da Pax Brittanica. Aqui no Brasil a antropologia praticamente nasceu com Curt Nimuendaju estudando os povos indígenas por certo que o espaço das florestas era aquele propício a toda expansão, especialmente de exploração de minerais e áreas de fronteiras para a produção agrícola.

Queiramos ou não a força da Antropologia brasileira nasceu nos estudos dos povos originais das Américas. E os povos nativos não eram traduzidos em como eles se pensavam, mas como o exótico extraído da visão do outro (o estrangeiro). O famoso mapa etnológico de Curt Nimuendaju tem vastos traços de fronteira mais significativos dos vários grupos de pesquisadores e seus interesses do que propriamente dos povos estudados. O mapa continua uma referência, mas é preciso considerar tal coisa. Igualmente é assim para os estudos sobre o negro no Brasil, fundado por Nina Rodrigues que guardava o traço do outro estudado pelo “estrangeiro”.

O importante é que a antropologia e a saúde pública brasileira migraram de um “projeto” de fora para um por dentro de um projeto nacional. Entre os anos 30 e 40 a antropologia se encontra fortemente marcada pela chegada do império americano com o seu cinema sonorizado e os falares em inglês e claro da literatura nesta língua. Nos anos 50, o projeto nacional se consolidava em desenvolvimento e a antropologia andou junto com a institucionalização das ciências sociais.

A presença na USP de Lévi-Strauss e Roger Bastide não marca um momento francês absoluto da nossa antropologia. O primeiro logo após a guerra se aproxima intelectualmente dos EUA e este país, assim como fez com a saúde pública passa a ter enorme influência na formação de antropólogos brasileiros em momentos de forte influência, ora da Universidade de Chicago (Donald Pierson), noutra Colúmbia e depois Harvard. A formação do Museu Nacional no Rio de Janeiro e dos centros da USP, igualmente aconteceu com a saúde pública, com a Escola de Higiene e até mesmo a FIOCRUZ, além do Instituto Evandro Chagas, políticas e programas de controle e erradicação de doenças, são territórios de estrangeiros no mesmo ímpeto expansivo da produção industrial de produtos de base científica. Isso quer dizer: é preciso limpar a área de expansão do capital e vender as conquistas da ciência para os nativos.

No caso da Saúde Pública, logo após o momento Oswaldo Cruz, ligado ao Pasteur, tudo o mais anda tocado pela Fundação Rockfeller e a Universidade mantida por ela: John Hopkins. O mais emblemático desta interferência estrangeira no país dos anos 30 a 50 é que equipes inteiras vieram e tomaram conta de territórios completos. O nordeste destes anos ficou pelas mãos de pesquisadores americanos no controle da Febre Amarela. Os antropológicos que estudam as nossas manifestações subjetivas devem lembrar-se do Papa Figo, um mito dos sertões decorrente do hábito dos “vigilantes” da Fundação Rockfeller em coletar amostras de fígado com um necrótomo em mortos dos sertões.

Tudo muda com o tempo. E como na dialética hegeliana o movimento de mudança é um jogo de contradições entre opostos em luta. O simples surgimento de um projeto nacional a partir da revolução de 30, que leva o país a instituir idéias e estruturas para operação delas sobre o que é o interesse nacional e o que é a manifestação do brasileiro, não interpretada pelo projeto de outros povos.

Devemos tomar muito cuidado para identificar as partes em contradição. Não negar a contradição, pelo contrário interpretá-la corretamente. Duas Conferências Nacionais de Saúde têm um poder de formulação seminais para o que ocorre no Brasil de hoje. A Terceira Conferência Nacional de Saúde, realizada no final do ano de 1963 assenta as bases para uma política nacional independente e sobre a égide do interesses da população brasileira. A Oitava Conferência, realizada em 1986 no momento da redemocratização do país, retoma as bases da Terceira, como o caso da municipalização, mas comente o erro de privatizar os serviços de saúde e abdicando de um programa de estatização da fabricação de insumos, inclusive com poder regulador do mercado. Deixar que o mercado resolvesse é resolver-se pela atividade meramente mercantil ao invés da racionalidade técnico-científica e pelo discernimento político de uma base social sustentada sobre direitos universais. Direitos universais que sob operação de disputas mercantis se tornam o deserto de iniqüidades.

A outra contradição histórica, salvo melhor juízo, é a famosa disputa entre Darcy Ribeiro e Roberto Da Matta na Revista Civilização Brasileira no final dos anos 70. O conteúdo é vasto e interessante e se encontra disponível até hoje nas páginas da revista. Não vem ao caso sua repetição. Mas contemplar a contradição refletida entre o momento do “projeto de fora” e o “projeto de dentro”. Darcy Ribeiro vinha da Fundação da Universidade de Brasília, de um governo derrotado por um golpe militar que pretendia Reformas de Base que alargariam a base econômica da sociedade brasileira. Roberto Da Matta ficara no ambiente aceito da academia olhando para fora. Diversificando o objeto político da antropologia em compartilha com um “universo” dominador de um agente ditador de parâmetros, conteúdos e interesses.

A contradição entre a força de “fora” e a expressão da força de “dentro” continua a ser objeto do interesse de quem encontrar disposição para tal.

Os bancos e a ética, segundo Camdessus - Mauro Santayana

Repetiram-se, ontem, na praça Sintagma, em Atenas, os protestos da população grega contra as medidas econômicas exigidas pelos governos europeus. Elas tornarão ainda mais insuportável a sua vida, com o desemprego, a aflição e a miséria. O parlamento as adotou para que os bancos recebam novos empréstimos e, com eles, paguem suas dívidas internacionais. Também ontem, El Pais divulgava declarações significativas de Michel Camdessus, que foi diretor geral do FMI durante 13 anos (de 1987 a 2000). O economista francês resumiu a crise atual “à falta de ética na atuação das grandes instituições financeiras internacionais”. A ânsia do lucro a qualquer custo – falou quem conhece as entranhas do sistema – levou ao abandono de todas as cautelas morais, além de nítidos procedimentos criminosos.

Camdessus sugere mudança revolucionária na atuação do Fundo Monetário Internacional. Propõe, de saída, que os Estados Unidos e a Europa percam o poder de veto de que dispõem na direção colegiada do organismo. E defende maior presença e efetiva decisão aos países emergentes, como são os Bric. Voltamos, assim, ao senso comum: os estados e suas instituições devem estar a serviço dos cidadãos, dos indivíduos, e não se submeterem aos interesses dos ricos e poderosos. A moeda é a expressão da soberania dos povos, mediante os governos, e não instrumento restrito ao uso e abuso dos banqueiros.

O mundo dá voltas, mas o bom senso é o mesmo. Seria interessante voltar ao início da Revolução Burguesa, ou seja, do movimento intelectual, político e insurrecional do século 18, a fim de recuperar o melhor de suas idéias e projetos. Em termos históricos, esse processo continua em andamento, e há tempo de corrigir seus desvios e prosseguir.

Um dos primeiros pensadores modernos a associar a indagação filosófica às questões sociais, Hegel, toca nas glândulas da injustiça, em um de seus textos juvenis (que, nele e em outros autores, costumam ser os mais limpos e significativos). Em seus Escritos Teológicos da Juventude, Hegel tem uma passagem, ao mesmo tempo evocativa e profética, que transcrevo, valendo-me da citação que dele faz Marcuse, em Reason and Revolution:

Em Atenas e em Roma, guerras vitoriosas, o acréscimo das riquezas e a descoberta do luxo e de diversas comodidades, fizeram nascer uma aristocracia militar e financeira que destruiu a República e acarretou a perda completa da liberdade política.

O leitor, naturalmente poderá trocar os dois impérios antigos, o ateniense e o romano, pelo grande império contemporâneo, o dos Estados Unidos, e a análise será a mesma. Já em 1797, Hegel faz outra constatação, que mostra a forte contradição interna do Iluminismo, ao apontar que a “segurança da propriedade é o eixo em torno do qual gira toda a legislação moderna”. Os legisladores não se preocupam, assim com os homens e sua felicidade.

No passado, o saqueio colonial era garantido pela violência militar e pela hipocrisia das missões religiosas. Hoje, basta a ação dos grandes banqueiros, assegurada pelo poder bélico e diplomático dos governos que eles mesmos criam e controlam.

Deixemos os páramos da inteligência em que se moviam os filósofos da teoria política, de Aristóteles a Hegel, e fiquemos no pragmatismo de Camdessus: é hora de colocar coleiras e mordaças nos banqueiros, a fim de lhes reduzir o apetite feroz de lucros imorais, e restaurar o mínimo de decência ao sistema financeiro. O melhor mesmo seria destruir todo o sistema e colocar sob o controle direto dos cidadãos, mediante instituições novas, o senhorio sobre a moeda e as operações bancárias. Para isso é preciso que os cidadãos desalojem dos Estados os que nele se encontram a serviço do dinheiro.

Uma reflexão final sobre os que deveriam ser julgados como criminosos contra a Humanidade pelo Tribunal de Haia. Talvez fosse melhor que, em lugar de Kadafi, cuja prisão foi decretada, ali estivessem os banqueiros de Wall Street e os que mandam matar civis no Iraque e no Afeganistão e torturar em Guantánamo.

Lançamento de Livro - Show !


LANÇAMENTO DE LIVRO INFANTIL




Estaremos lançando, na próxima Quinta-Feira, dia 07 de Julho , no Cine Teatro Moderno, aqui em Crato, o livro : "O Mistério das 13 Portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica" de J. Flávio Vieira e Ilustrações de Reginaldo Farias. O livro engenhosamente faz uma tessitura dos mitos caririenses e acompanha um CD com 15 Músicas e um Audio-Livro com a narração da história. O Projeto foi vencedor do I Prêmio Rachel de Queiroz da SECULT. No evento teremos um Show com a presença de vários músicos e compositores cearenses que participaram do Projeto : Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Ibbertson Nobre, Luiz Fidelis, Pachelly Jamacaru, Amélia Coelho, Ulisses Germano, Zé Nilton Figueiredo, João do Crato, Leninha Linard, Abidoral Jamacaru e muitos outros.

Dia- 07/07/2011 (Quinta)
Local- Cine Teatro Moderno ( Crato)
Hora- 19 H
Entrada Franca

Todos Lá !

Apoio : Secult, Governo do Ceará, Urca, Geo Park, Secretaria de Cultura do Crato, Unimed Cariri, OCA

São João dormiu?


 São João chegou e passeou pelo terreiro. Olhou pra fogueira e sorriu: "por onde andei o ano inteiro?" Pensou e pensou, sorrindo: "bem que dizem as pessoas - São João dormiu, São Pedro acordou"...

E bem acordado deu a volta ao redor da fogueira e olhou para aquele fogo incendiando as lembranças mais antigas. Faíscas brilharam mais fortemente quando ele se curvou e puxou um pedaço daquela lenha incandescente. Lembrou-se de quando era festejado lá na Serra Verde, das latadas cobertas de palha de coqueiro, do chão batido e molhado para dominuir a poeira, das fogueiras bem altas, dos bolos de Mãe Cãida, da sanfona afinada de Chico Jucá, brigando com o violão e o pandeiro de Cícero... Das brincadeiras de "pau de sebo", "corrida de saco", "passa anel", "mala" e os "contratos" de padrinhos, primos, compadres... à beira da fogueira:

"São João disse
São Pedro confirmou
Que você fosse meu compadre
Que São João mandou."

Ah, Seu Hubert. Ah, Dona Janine... Onde andam Manuel Dantas, Mãe Mina, Chiquim, Pedim, Zefinha? Cadê Cãida, Naninha, Joaquim Carlos, Seu Antonio Coelho e a dança das facas?
Cadê o povo da Serra Verde, minha gente?

E São João passou a mão nos cabelos ondulados, fechou os olhos e percebeu que naquela noite estava em um terreiro diferente, em uma casa diferente. Aquela gente era quase a mesma, mas muitos haviam partido lá pras nuvens para assistir a festa lá de cima. 

Nessa noite São João não dormiu. São Pedro foi chegando devagar, trazendo de volta a alegria pra festa. A música pipocou no ar junto com as gargalhadas, os traques, os pichites, as bombas, as chuvinhas, os fogos...

O vento frio se enroscou na fogueira e as estrelas se acenderam pra alegrar a gente.

E tome dança, quadrilha e brincadeira.
E tome graça, animação e fogueira.

Depois da festa, o dia já clareando, São João abraçou cada um. Beijou de mansinho as crianças e adormeceu...

Claude Bloc

Coisas nossas, por Zé Nilton

Macularam o meu objeto de desejo.


Para José do Vale Feitosa, adolescente.


Anseio por chegar o momento do estalo de memória tal qual ocorreu ao escritor Paulo Elpídio de Menezes. Em certa ocasião de sua vida – vupt! – qual um ponto crítico, e ele começou a rememorar o que viu e viveu em sua terra natal, desde os tempos de menino, até ser “expulso” pelos mandatários da época. Deixou tudo muito bem escrito no clássico “O Crato do meu tempo”. Já lá se vão 51 anos da primeira edição.


Aqui e ali vou me recordando de acontecimentos do passado, principalmente daqueles que mexeram com “as minhas coisas”.


Talvez fosse 1966 ou 67. Num tempo qualquer, a juventude de Crato entrou no maior frisson. As rádios da cidade anunciavam o mais esperado show do ano, na Quadra Bi-centenário. Nada mais nada menos do que a famosa, a mais bonita, a boa de canto, de pernas, de tudo, a namoradinha do Brasil, a ternurinha, uma brasa, mora, a Wanderléia.


Gamei a louraça de cara logo após ouvir “já chegou já chegou, novamente a bonança, todo o mal já passou, já chegou a esperança, vamos cantar”.... (Tempo de Amor). Como também “nós somos jovens, jovens, jovens, somos exército, exército de surf.” (Exército de Surf).


Levava a sério a minha paixão pela Wandeca, e não gostava nada quando meu primo Edísio Lima, sempre afeito a paródias, cantava para me irritar: “já chegou, já chegou, Postafen na farmácia, e a bunda das moças, já não cabe nas calças”...


Naquela noite foi demais. Tomei emprestados uns trocados a Zé Lopes, meu velho amigo. Diziam que nascemos juntos. Xavier, o mais velho da turma era perverso: - vocês parecem meus ovos, só andam juntos...


Pois bem, Zé Lopes me adiantou o ingresso e descemos, à boquinha da noite, com outros amiguinhos, para ver e ouvir, de perto, o objeto de meu desejo e de todos os jovens embalados nos Beatles, no iê, iê, iê, em Roberto, Erasmo, Jerry, Ronnie Von, na turma da jovem guarda.

Meus olhos se encheram de lágrimas e o meu coração disparou quando Elton Dantas gritou do meio da quadra:


- E com vocês, ela, a rainha da jovem guarda, Waaaadeeerléééia! Delírio total. A cada canção gritos, aplausos e choros...


Nunca havia visto uma mulher de calça comprida como a dela. Era uma calça colant preta, que deixava suas generosas curvas à vista e a nossa libido em polvorosa.

Quando o show chegou ao fim, um desastre total. A turma dos sem vergonhas cerca a Wanderléia, e haja um passa- passa de mãos, de dedos... A coitada corre para o portão de saída, abraçada ao trôpego Elton Dantas, cujo corpo todo virou um receptáculo de porradas sofridas ao longo do infindável percurso.


Fiquei arrasado. Macularam o objeto de meu particular desejo... De onde estava enxerguei muito bem no meio da turba de mãos bobas e dedadas um deles, que por infelicidade, era meu colega de escola.


No outro dia, comentário geral nas ruas, nas praças e na escola. Era nego falando disso e daquilo. Fulanos diziam não terem lavado as mãos ainda. Sicranos passaram a noite cheirando as mãos. Beltranos dizendo de outras coisas feitas com as mãos, à noite toda.


Eu, puto, olhava pro meu colega, com vontade de descer-lhe a mão no pé do ouvido. Me contive. O gajo era metido a valentão. Gelava todo mundo por lá. Era o rei do parangolé.


Mas um dia fui vingado. Ah, se fui! O tal sujeito inventou de ser ator. Rosenberg Cariry o tornou cangaceiro. Lá estava ele, o valentão, enfrentando de trabuco e muito jogo de cena a soldadesca desorientada nas caatingas do sertão, ao lado do famoso Corisco, ex-bando de Lampião.


Numa dessas refregas um tiro certeiro lhe abateu. Vi o meu desafeto cair mortinho da silva bem na minha frente. Pronto, disse comigo, taí o que você queria seu fela! Ri de mim para mim, saboreando o prato frio da vingança pelo cometimento cruel sobre a deusa dos meus sonhos.


Um abraço pro Nemezinho, o sempre cangaceiro nos filmes do amigão Rosa.

Suas famosas peripécias nessa Craterdan são coisas nossas.


E para quem gosta, convido a escutar no programa Compositores do Brasil desta quinta, a partir das 14 horas, na Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducadora1020.com.br), com o grande Roberto Martins falando de sua história, e cantando suas belas músicas.


Bom fim de semana.

FESTA JUNINA EM MILAGRES...

A simplicidade era o convite principal para a festa
Mundinha cuidou da comida, Luiz cuidou da bebida...
E enquanto anoitecia, a gente virou criança...
Era Mané com Elvira, Toim com Vera, Zé com Mundinha... e a música junina troando no ar
A noite chegou com comida típica da época... (Preparar, avançar, atacar!)
Brincadeira geral...
... e a familia Dantas brindou a festa de S. João na beira da fogueira.

Fotos: Sítio nas proximidades de Milagres

Tudo muda - Emerson Monteiro


As tais voltas que dá a vida dizem isso. O eterno movimento, que carece sabedoria para acompanhar. Ninguém vanglorie dias e coisas, turbilhão de passageiros em volta do velho trem, cinema cativo em permanentes atitudes positivas. Característica por demais das existências, a mudança reclama respeito no fim de aceitar os tamanhos que se possui. Contudo, adotar compreender o tanto que cabe, de um por um, sem invadir o território alheio e querer tomar à força o que lhe pertence.

O giro da Terra no espaço em torno de seu próprio eixo demonstra o ensino desta efetiva mudança. Olhar o céu e notar nuvens, deslocamentos do ar, os astros a correr, as posições do Sol. Saber seguir no ritmo que a natureza impõe. O humor variável das pessoas. O calor das temperaturas. Lições permanentes de flutuação, que chamam à responsabilidade os protagonistas do drama da continuidade.

Quais habitantes de enorme formigueiro, exército fervilhante de criaturas cria asas e voa, perante os cenários desta representação coletiva, às vezes, com boa vontade, conhecendo os mistérios que envolvem de perguntas assustadoras. Outras, arrancando raízes da tranquilidade e chamando a si o direito de reger a orquestra do silêncio ainda que ignorando o sabor das notas musicais.

Entretanto adotar, com humildade, o funcionamento independente das peças no tabuleiro, que reclamam qualquer norma, dos princípios e das origens. Caso contrário, o formigueiro entraria em compassos de espera ou destruição, num resultado melancólico.

Conhecer o espaço que nos cabe de herança no bolo em elaboração, e ajustar os valores que precisamos adquirir na viagem dos giros que a vida oferecer.
Por maior seja nome, posição, fama, a dimensão do freguês só comporta os conceitos de Igualdade, Liberdade, Fraternidade. Todos iguais perante a Lei comum. Seres dotados de Liberdade para criar as proporções pessoais e sociais. Irmãos entre irmãos sob teto azul do Infinito.

Deveras, como tudo muda neste chão, e ninguém se vanglorie quando há um Eu que fala disso todo tempo nas ações da Natureza perene; dentro do coração das pessoas; na luz de toda consciência. Há um núcleo de perfeição em tudo isto. Um foco dominante de claridade que indica certeza e persistência. O otimismo qual razão de trabalhar os momentos com extrema habilidade, semelhante aos artistas que produzem suas telas nascidas da inspiração pura. A arte de viver, que exige, por isso, dedicação, paz e aceitação das transformações que a vida impõe, para contar histórias felizes aos nossos filhos e aos filhos deles, os novos atores vindos alegres ao mesmo palco.

Sindicato dos Bancários convoca categoria para a Assembleia Geral Extraordinária que acontecerá hoje, 30/06


O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Cariri convoca toda a categoria bancária de sua base territorial, sócios e não sócios, para participarem da Assembleia Geral Extraordinária que se REALIZARÁ NO DIA 30 DE JUNHO DE 2011, em primeira convocação às 19h00, e em segunda e última convocação às 19h30min, com qualquer número de presentes, conforme determina o Estatuto Social da Entidade. A Assembleia acontecerá em sua sede social, situada na Rua Glicério Benício Pinheiro, nº 141, Bairro Pimenta, em Crato, onde será discutida e deliberada, a seguinte ordem do dia:

1. Escolha de Delegado ao 22º Congresso dos funcionários do Banco do Brasil, que se realizará nos dias 9 e 10 de julho de 2011, em São Paulo-SP;

2. Escolha de Delegado ao 27º CONECEF, que se realizará nos dias 9 e 10 de julho de 2011, em São Paulo-SP;

3. Escolha de Delegado à Conferência Regional da FETEC/NE, que se realizará nos dias 15 e 16 de julho de 2011, em Recife-PE;

4. Escolha de Delegado à Conferência Nacional dos Bancários, que se realizará nos dias 29 a 31 de julho de 2011, em São Paulo-SP;

5. Posse dos Delegados Sindicais do BB, BNB e CEF;

6. Apreciação do Balanço Financeiro/2010 do SEEB/CARIRI.


SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO CARIRI

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um nonsense de senso - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando eu vi o meu amor,
Estava raspando mandioca,
Minha mãe lavando roupa
E eu na rodoviária dos pobres.

Estes versos foram escolhidos pela audiência da Rádio Cultura de Paracuru como a melhor poesia da quinzena. Desconhecendo o que você pensa dela, tomei conhecimento da mesma ao gravar um programa que fazemos para outra rádio da cidade e que narra histórias de vida.

O Jair Moreira, mais conhecido por Jair Boi uma vez que o seu programa de música brega na Rádio Cultura era bem condicionado em cálcio para surgir os chifres, foi quem me contou. O concurso era um quadro do seu programa e ele terminou brincando pela escolha de uma poesia que não dizia nada.

E abrimos uma conversa. Será que não? Será que não dizia nada mesmo? O poema fala das condições humanas e suas afetividades em sociedade. O meu amor, como eu é pobre: raspa mandioca para viver. A minha mãe que é de outra geração, também é pobre e lava roupa.

O poema está completo: a rodoviária dos pobres é um ponto de ônibus muito movimentado que fica no bairro de Antonio Bezerra em Fortaleza no qual centenas de pessoas simultaneamente pegam ônibus para as cidades próximas e a oeste da capital.

O que se deduz da rodoviária dos ricos por oposição: pegam o ônibus na rodoviária central, chegam de táxi e mesmo que de ônibus urbano estão na categoria da situação de abundância. Aliás, o poema começa exatamente pelo aparente nonsense dele que é o poeta na rodoviária dos pobres, a partir daí todo o resto faz sentido.


Era para ser a música Farinhada mas não encontrei em vídeo e como não sei postar mp3 escolhi esta "Nem se despediu de mim" que me enche de senso nordestino.

Victorio Micheletti, um artista anônimo



Por José Carlos Mendes Brandão





       Admirável a disposição de Pipol para divulgar a arte e, agora, este artista anônimo, Victorio Micheletti, tão anônimo que sua própria sobrinha não sabia dessa sua atividade “secreta”. Acontece que a arte é um fenômeno cultural: não é por sua qualidade, mas pela influência ou aceitação num contexto social que o artista se torna conhecido.
      
Pipol começa por nos mostrar Victorio dando uma lição de como fotografar. Afirma categórico esta verdade basilar: fotografia é luz. Lembra-nos o princípio do fotocentrismo, de como as plantas procuram a luz como se fosse toda a fonte da vida, para em seguida mostrar-nos que a contraluz tem mais profundidade que a luz chapada. Este seria o princípio da fotografia.
      
Depois vemos Victorio visitando a exposição de Henri Cartier-Bresson e apreciando com a ingenuidade e o encanto de uma criança a arte do grande mestre da fotografia, desconhecido para ele. Encantou-se com a arte de Cartier-Bresson, com ingenuidade, e com ingenuidade criticou-o como a um igual.





      
Bonito ver Victorio falar do “erro” de Cartier-Bresson num enquadramento, numa sombra fora de lugar. Pergunta-se o que o autor quereria dizer com isto ou aquilo. Um menino de bicicleta e seu reflexo no espelho d’água, uma tomada genial – mas havia um outro menino cortado, que Victorio diz que faria par com o primeiro, como se condenando essa falha do mestre (que ele não sabia ser um mestre). Em outra foto, deixaria mais espaço à frente. Em outra... Em muitas, a admiração sincera de quem admira por convicção e não por um julgamento preconcebido.
      
Lembro-me, isso faz uns quarenta anos, era o auge do formalismo/estruturalismo, que ditava as regras da arte... Ouvi comentar de artistas portugueses (os portugueses são inteligentíssimos) que “não sabem, mas fazem”. É o caso de Victorio: não encaixa a sua arte num esquema preconcebido. Como se estivesse criando sem saber, ignorante das diretrizes da criação. Já me disseram que eu falo mal dos professores – mas eu sou um professor! – quando o meu problema é a arte presa a trilhos de ferro ou aço, não se podendo criar de outra maneira para ser aceito. O que eu defendo é a arte dos anônimos – que poderiam ser grandes mestres! – como Victorio Micheletti.
      
As últimas imagens do filme levam-nos a pensar em um mestre da fotografia. É a limpidez, a luz e as sombras realçando-a, o enquadramento, a profundidade. Por que Victorio Micheletti era um artista anônimo? Pelo motivo que eu levantei de início: faltou a necessidade cultural de sua fotografia, que ela representasse seu tempo, que ela projetasse seu tempo para o futuro. Faltou um élan social que o projetasse no seu tempo tornando a sua obra necessária.





      
Nem quero advogar um maior reconhecimento para a obra que Victorio Micheletti nos deixou de herança, ao partir agora (7-3-11) deste mundo. O reconhecimento é necessário em vida. As suas fotos têm um peso específico que era preciso ter sido sentido. O mundo fica maior com a obra de um artista. Victorio, o homem da luz, poderia ter-nos iluminado mais.
      
Por fim um voto de louvor a Pipol, por seu trabalho de divulgação da arte que nem todos veem. Pipol começou o seu trabalho com a câmera aqui em Bauru, lá pela década de 80, filmando as andanças de um monstro de metal pelo centro da cidade ou a sua indefectível lambreta capenga atrapalhando o pouco trânsito da época. Era a arte gratuita, por ela mesma, como deve ser. Depois foi para São Paulo, profissionalizou-se e realiza um trabalho limpo com as imagens, tirando do limbo gente e ideias que são necessárias e nem sempre chegam a todos.




   É preciso ver e rever: www.cronopios.com.br/voltar17


                                                 * * *
 
José Carlos Mendes Brandão é autor de “Exílio” e “O silêncio de Deus”, entre outros, e detentor de vários prêmios literários, como o “José Ermírio de Moraes”, (1984); V Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (1991); Prêmio Brasília de Literatura, (1991); Prêmio Nacional de Literatura “Cidade de Belo Horizonte”, (2000); Prêmio Nacional de Literatura, da Universidade de Brasília (2010); Prêmio Nacional de Literatura “Gerardo Mello Mourão”, Fortaleza, CE (2010). Blog:http://poesiacronica.blogspot.com/ E-mail: jcmbrandão@gmail.com

 
Licença Creative Commons

PROGRAMA CARIRI ENCANTADO SONORIDADES (29/06/2011)

Musicalidade caririense: uma “ruma” de sons diferentes

O Cariri tem em sua fortaleza fonte de indiscutíveis riquezas.

Terra de grandes mestres da cultura popular, a região apresenta uma musicalidade bastante marcada por elementos da tradição oral que influenciam, cada vez mais, novas gerações de músicos. Estas buscam no universo da tradição nordestina a matéria-prima para seus trabalhos artísticos.

Mas, igualmente, a região sempre foi aberta para as mais diversas informações que aqui chegam por vários meios, desde tempos mais remotos.

O resultado é um repertório regional de músicas universais, que, por isso, traz uma assinatura própria, marcada pela experimentação, ousadia e originalidade.

O programa Cariri Encantado Sonoridades de hoje traz uma das muitas possibilidades de seleção da musicalidade caririense, representada por compositores e intérpretes locais, como Bosco Lisboa, Abidoral e Pachelly Jamacaru, Luiz Carlos Salatiel, José Nilton Figueiredo, Lenynha Vaz, Zabumbeiros Cariris, Dr. Raiz, Cleivan Paiva, Célia Dias, João Carlos, Herdeiros do Rei e Geraldo Júnior.

Onde ouvir
Rádio Educadora do Cariri AM 1020 e www.radioeducadoradocariri.com.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O Cursor e o Tempo - Paulo Viana

Pulsando sobre a luz branca do papel virtual, ávido por desenhar palavras organizadas em um sentido inteligente e inovador, o cursor desafia a criatividade e suplica ideias. Sem querer discorrer sobre assuntos já debatidos, o autor, vacilante passageiro dessa viagem única e sem volta, desvia o olhar do passado, controlando o impulso para não projetá-lo no futuro. Ao tentar fixar-se no presente, percebe que este é apenas um momento de transição, uma oportunidade para ajustarmos a trajetória da vida, no sentido de conduzi-la, com mais tranquilidade, à produção de caminhos menos tortuosos e mais harmoniosos.

Quantas oportunidades perdemos, ao longo dessa caminhada, de mudar nossas atitudes, resolvendo problemas que insistimos em manter, por fraqueza, por dependência, pela manutenção de um prazer que mais prejudica do que beneficia; Pela falta de coragem de abrir mão do rotineiro; Pelo medo do novo! Quantas vezes sucumbimos ao apelo do prazer imediato, da ansiedade e da solidão, que nos fazem consumir sem necessidade, nos enganando ao conceder milésimos de segundos de conforto e nos desamparando a seguir. O presente é o único momento que temos para evitar que o futuro seja uma reedição do passado ruim. Em todas as vidas há correções a se fazer.

Mas o presente é, também, o momento de consolidar avanços em nossas vidas; De manter as atitudes positivas; De resistir, com nossos valores morais, à sedução dos ganhos fáceis e ilícitos e de reafirmar nosso amor ao mundo, à vida e às pessoas que amamos de verdade. É uma dádiva única, solitário instante de luz brilhante em nossa alma; Efêmero brilho, que se apaga quando se veste de passado, e reacende, quando o futuro se apresenta pulsante como este cursor exigente.

O passado projeta no presente as sementes do futuro. Basta saber escolher os grãos a serem semeados. Escolhendo os grãos errados teremos uma colheita ruim. E o tempo de semear é todo dia, assim como o tempo de colher. E o único fertilizante que devemos aplicar é o amor à vida.

Pois eis que discorrendo sobre passado, presente e futuro o tempo passou e a avidez do cursor foi acalmada, embora ele continue solicitando um fechamento do texto e da ideia. E como poderíamos satisfazê-lo? Se cada um dos leitores, ao final da leitura dessas palavras, fizer uma reflexão sobre as sementes que vai plantar naquele dia, ou no dia seguinte, e apostar em terrenos mais férteis em paz, harmonia, alegria e amor, tirando as ervas daninhas do egoísmo, da ambição, da intolerância e da indiferença, se estas existirem na lavoura de suas almas, certamente o cursor poderá sentir-se satisfeito ao desejar que palavras fossem escritas na luz branca desse papel virtual.

Sabemos que na vida, como na natureza, as intempéries são possíveis, e acontecem “tempestades”, tragédias e outros fenômenos. Ergamo-nos, como se ergue a natureza, e reconduzamos a vida ao seu caminho normal. Ao mal que não podemos evitar temos o amor à vida. Ao mal que podemos evitar temos o presente para refletir e semear o que venha nos trazer o bem. O resto é hormônio.

O Brasil nesta manhã - José do Vale Pinheiro Feitosa

Por mais que a ventriloquia dos seguidores de Kátia de Abreu repitam, vender commodities é muito bom para o jogo de capitais, não necessariamente para as pessoas reais. Uma frase escrita por Ignacy Sachs falando sobre as medidas para a segurança alimentar mundial traduz tudo: consolidação de práticas agrícolas socialmente inclusivas e ambientalmente sustentáveis, especialmente da agricultura familiar. Aliás, a contribuição brasileira para o assunto da fome mundial é relevante ao contrário do papel de latifundiários podres de ricos: Josué de Castro é um marco civilizatório para as políticas mundiais. O “Fome Zero” do governo federal tomou assento na FAO e o Brasil continuará a marcar pontos no assunto.

Não tem como negar: os brasileiros passam por um momento de otimismo comparável a outro momento de sua história quando do governo Juscelino Kubistchek. A construção de Brasília, sua arquitetura, a Bossa Nova, o protagonismo do cinema nacional, marcaram muito bem a época. Recente pesquisa entre 147 países demonstra que os brasileiros são os mais otimistas entre todos os países analisados.

Qual a Brasília que se construiu neste atual momento? No planalto central da inexpugnável desigualdade social e econômico construiu-se o mais eficiente programa de redução da desigualdade entre os países emergentes. Não se lembrem dos países centrais, neste a desigualdade não era a questão, só poderemos ser comparados com outros de desigualdades acentuadas como o nosso. A renda per capita do brasileiro cresceu 1,8 pontos percentuais acima da expansão do PIB (Produto Interno Bruto) muito superior aos demais.

A inflação cai. O país cresce. Vira referência para outros povos e alegria frente ao sofrimento de outros. A nossa cultura continua rica e diversificada. Somos protagonistas nas novas redes sociais mundiais. E a Presidenta Dilma acaba de anunciar frente a quinhentos jovens ganhadores de medalhas nas Olimpíadas de Matemática, da qual participaram 20 milhões de jovens, um ambicioso programa de 70 mil bolsas de estudos para brasileiros nas melhores universidades do mundo. As bolsas serão para jovens em estudos de graduação e pós-graduação.

O importante de tudo: o governo brasileiro acompanha o desenvolvimento escolar de milhares de jovens com potencial de servir para uma destas bolsas. Aliás os jovens vencedores das Olimpíadas já estão recebendo uma pequena bolsa da CAPES/CNpQ para desenvolvimento em pesquisa.


Contextualizando os 10 anos de dom Fernando Panico como bispo de Crato – 1ª Parte



(Excertos de texto divulgado pela Cúria Diocesana)
(postado por Armando Lopes Rafael)
E
m 02 de maio de 2001 o Papa João Paulo II o transfere dom Fernando Panico–MSC, da Diocese de Floriano/PI para a Diocese de Crato/CE, onde toma posse no dia 29 de junho de 2001, na solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo. Nesses dez anos, à frente da Diocese de Crato, dom Fernando fez um fecundo pastoreio, como se depreende de mais algumas de suas realizações, abaixo alinhadas:

- Escreve Cartas Pastorais aos seus diocesanos para lhes ensinar e lhes apontar rumos novos, animando-os na alegria de quem mantém o seu coração voltado às coisas do Alto;

- Vai ao encontro do povo, sobretudo do povo romeiro que aflui à Diocese, como quem olha para uma expressiva parcela de ovelhas ainda esquecidas, tomando para si e para toda a Diocese o seu cuidado pastoral. Cria a Reitoria do Socorro e o Santuário Diocesano de N. Senhora das Dores;

- Tendo sido consultado pela Santa Sé sobre a reabertura do processo do Pe. Cícero Romão Batista, aquiesce com a auspiciosa novidade e lhe dá rumos e seguimento, depois de ouvir a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e obter expressivo apoio; Vai a Roma com numerosa caravana e entrega os novos volumes de documentos, abrindo esperançoso caminho e ânimo à Nação Romeira;

- Retoma, com renovado vigor, a formação dos futuros sacerdotes, reabrindo as portas do velho casarão da colina do Seminário e reabre o curso de Teologia; Cria a Faculdade Católica do Cariri;

- Para o ministério ordenado em nossa Diocese, ordena, nestes dez anos, 45 padres e 16 diáconos permanentes, além de dois diáconos transitórios; É palpável o esforço do bispo para que padres e diáconos tenham uma formação permanente;

- Traz para a Diocese mais de dez comunidades religiosas, masculinas e femininas, além de acolher diversas outras comunidades de fiéis; Cite-se a criação do Mosteiro N. Senhora da Vitória, das monjas beneditinas, como presença de uma 1ª comunidade contemplativa na Diocese;

- Cria cinco novas paróquias, elevando a 49 o número encontrado, eleva à dignidade de Santuário Eucarístico Diocesano a igreja de São Vicente Férrer, em Crato, além de pedir e obter do Papa Bento XVI a elevação do Santuário de N. Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte, à dignidade de Basílica Menor, cuja proclamação se fez em presença do Exmº Sr. Núncio Apostólico no Brasil;

- Não apenas intensifica a presença do Bispo Diocesano em Juazeiro do Norte, mas para as várias romarias passa a convidar Cardeais, Arcebispos e Bispos de todo o Brasil;

- Foi no governo de D. Fernando que a Cúria Diocesana ganhou novas instalações, agora na Rua Teófilo Siqueira;

- Para ter um veículo de comunicação eficaz na evangelização, D. Fernando repensou a Rádio Educadora do Cariri, confiando-a à administração da Missão Resgate, e criou uma página diocesana na Internet (WWW.diocesedecrato.org);

- O Plano Diocesano de Pastoral (2003/2006) trouxe um novo direcionamento para ação evangelizadora diocesana, a partir dos Eixos Palavra, Sacramento e Ação. De 2007 a 2010 a Diocese experimentou um novo ardor com a vivência das Santas Missões Populares, culminando no Pentecostes de 2010 com a peregrinação do Santuário Missionário a nos recordar que a Missão Continua;

- Esse esforço missionário, levou a Diocese para além de suas fronteiras geográficas. Hoje estamos presentes na Prelazia de Lábrea/AM, com um padre e três missionárias leigas, além de Pe. Raimundo Elias, que foi enviado como missionário para Portugal. Antes o Brasil recebia missionários da Europa. Nos dias atuais padres brasileiros são enviados para a Europa como missionários.

- Nossa Diocese, pela presença e esforço de D. Fernando, passou a ser sede dos encontros de Liturgia do Nordeste e sediará, em 2014, o 13º Intereclesial de CEB’s;

- Desde a última Assembleia Diocesana de Pastoral (2010), D. Fernando tem encaminhado a Diocese rumo à celebração do 1º Centenário de sua criação (1914), não só formando as diversas comissões preparatórias, mas acenando para os vários eventos que marcarão essa data;

Contextualizando os 10 anos de dom Fernando Panico como bispo de Crato – 2ª Parte



Os últimos momentos de dor
(Excertos de texto divulgado pela Cúria Diocesana)
(postado por Armando Lopes Rafael)
- Nem tudo é só alegria. A Igreja, conforme o Concílio Vaticano II, experimenta alegrias e esperanças, tristezas e angústias do mundo e dos discípulos e discípulas de Jesus Cristo. O Bispo, sendo sinal da unidade e da caridade eclesial, sente na própria carne os aguilhões dessas experiências todas (Gaudium et Spes, n. 1):
- Para governar a sua Diocese, tarefa que lhe é peculiar e acha respaldo no Direito Canônico da Igreja, o Bispo torna-se também o administrador confiável dos seus bens, devendo deles prestar contas a quem de direito;
- recentemente, todos temos escutado falar, teve D. Fernando que buscar no Poder Judiciário, única instância legalmente capaz, a explicação e a solução para problema que envolve um bem imóvel do patrimônio de N. Sra. do Perpétuo Socorro e São Miguel, em Juazeiro do Norte;
- seu agir achou motivações sérias e de possíveis repercussões em fatos que emergiram em uma outra ação, da qual não era parte a Diocese de Crato, mas que chegou ao seu conhecimento e trazia muitas perplexidades e indagações sem respostas achadas;
- tais fatos foram maldosamente utilizados por certos órgãos de imprensa e por profissionais inescrupulosos, para tentar desfocar a verdade e atirar lama na pessoa do bispo, do clero e da própria Diocese, sediada na cidade de Crato;
- estando a ação confiada ao Poder Judiciário, achou por bem o Sr. Bispo, não buscar fazer justiça com as próprias mãos, mas aguardar o julgamento como palavra esclarecedora. Todavia muitas pedras lhe foram e estão sendo atiradas injustamente, ferindo-lhe o coração de Bispo e de Pastor de todos;
- se a nota dada à imprensa num primeiro momento foi desprezada, esclarecimentos posteriores e entrevistas vieram iluminar fatos e informar à população, que já dava sinais de cansaço e fadiga à onda de acusações levianas trazidas por uma meia dúzia de pessoas, que insuflam nossa boa gente para ignorarem o Bispo diocesano e suas ações a favor do povo de Juazeiro, do Cariri e da grande Nação Romeira, além de suscitar velhas e superadas querelas regionais;
- D. Fernando, mesmo atacado, não tem lançado ataques às pessoas que tentam atingi-lo e até sugerem sua saída da Diocese, atinando para sua condição de filho da Itália, mas ignorando que está no Brasil há mais de 30 anos e é naturalizado brasileiro. Ele se reserva ao direito de somente agir pelos meios legais e o fez e fará nos momentos devidos;
- para D. Fernando nada muda nos seus sentimentos para com o povo de Juazeiro do Norte e quanto à sua atenção pastoral para com a realidade romeira, postas em seu coração de Pastor Diocesano de maneira indelével, na caridade e no seu dever de formar uma Igreja em comunhão.

Eu também sou filho do Chico Buarque.

(João Nicodemos)

É isso mesmo minha gente: declaro publicamente que eu também sou filho do Chico Buarque. Ainda que ele nem saiba de mim e nem desta paternidade não intencional, posso dizer com certeza que eu também sou filho do grande Chico.

Quando ouvi “A Banda” pela primeira vez, na voz de uma prima mais velha nos bem passados anos 60, senti uma coisa estranha. Mas não tomei nota, nem percebi direito o que era aquela identificação. Mais tarde, na adolescência, com “Sabiá”, “Realejo”, “Quem te viu, quem te vê” senti a mesma sensação de pertença. Uma identificação que não podia explicar, nem precisava. Simplesmente me senti em casa. Suas melodias e seus versos se encaixavam em meu universo emocional e intelectual (em formação) com uma justeza única.

“Junto a minha rua havia um bosque, que um muro alto proibia...”; “...hoje a gente nem se fala, mas a festa continua...”; “Toda gente homenageia Januária na janela, até o mar faz maré cheia pra chegar mais perto dela...”; “O velho vai-se agora, vai-se embora, sem bagagem... não sabe pra que veio, foi passeio, foi passagem...” Com estes versos vi girar a Roda Viva e, como quem partiu ou morreu, eu também cultivei a mais linda roseira que há... vi a banda passar e sonhei com Januária na janela. Com açúcar e com afeto, mergulhei no universo feminino e conheci algumas sutilezas do amor, cantado e decantado em suas canções. Mulheres de Atenas me aguardaram, guerreiro,à beira do cais; e com a morena de Angola eu também dancei e cantei sobre a tumba dos generais. Cantei a esperança de um dia ver o “dia raiar sem pedir licença” debulhei o trigo para o milagre do pão e chorei com a Morte Severina por ele musicada. Quantas vezes deixei a medida do Bonfim que não valeu e guardei, e guardo até hoje os discos do Pixinguinha, sim... o resto é seu. Trocando em miúdos pode, guardar aquela esperança de tudo se ajeitar, nem vou lhe cobrar pelo seu estrago... meu peito tão dilacerado... ...como? se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato ainda pisa no teu? Como? Se nos amamos feito dois pagãos, teus seios ainda estão nas minhas mãos... me explica, com que cara eu devo sair?

Revisitando minhas lembranças, examinando como sinto o mundo e minha formação, posso dizer que, devido a tão intensa identificação e influência que recebi, eu também sou filho de Chico Buarque. E se você se lembra de algumas das músicas que citei, você também é!

Ontem foi dia de festa.


Eles foram chegando. Uns mais cedo, uns mais tarde. Uns com parcimonia, outros com euforia. E foram preenchendo o vazio de muitos dias de silêncio.


E o grupos foram se formando e se enturmando. A prosa se misturava aos sorrisos. Uma glosa de prosa em versos livres.


Lá pra fora, o fumódromo, o cervejódromo, a trova e o travo. Mas, sem dúvida, uma linha de graça (s)em rima.


Sorriso? Ganhamos muitos - o verdadeiro presente. A sincera expansão da amizade.

A praça e os poetas. A placa e a música para quebrar o ritmo da noite. Quebrar? Claro que não. Emendar os laços da amizade, isso sim.
O que é ser madrinha numa festa de aniversário? Certamente é realçar a amizade grande, antiga e profunda. É permitir que outras amizades floresçam. É sim !
É unir o passado ao presente e esperar que o futuro se estabeleça para firmar as certezas. É (re)ver o tempo (re)fazendo os encontros deixados nas entrelinhas.

É colher a juventude como um néctar e um bálsamo e sentir que ainda está em nós essa grande alegria de viver.

É não fazer diferenças. É querer bem.
É ter a bondade no coração e abraçar o amigo.
É poder dizer: Sou FELIZ! Tenho AMIGOS!!