Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Quando as artes se encontram...

Ontem, dia 05 de fevereiro, Luis Carlos Salatiel e Carlos Rafael fizeram uma visita a Jacques Daniel Bloc Boris, com a finalidade de conhecerem os trabalhos do artista plástico.
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Jacques - como já foi dito aqui - através da influência do pai - Hubert Bloc Boris - desde cedo mostrou pendores para o desenho, depois pintou telas (óleo) e finalmente há uns 3 anos iniciou-se em trabalhos artesanais com cerâmica e MDF (madeira prensada). (Alguns de seus trabalhos já foram mostrados aqui no Cariricaturas).
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Jacques é autodidata. Desenha seus modelos ou atende ao gosto de quem o procura para trabalhos que resultam em arranjos harmoniosos...
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A entrevista é de Salatiel, portanto fico apenas com o "esboço" através das fotos.
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Jacques (Daniel) Bloc Boris - em "aquarela"

Jacques sendo entrevistado por L. C. Salatiel

Salatiel - o mestre na Arte

O objeto de Arte

Carlos Rafael em processo de arte e o entrevistado

A amostra da Arte e os artistas


by Claude Bloc

Sem Carnaval e sem fantasia...

Socorro, Claude, Rosineide e Fátima
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Quando a amizade se instala numa mesa.
Quando a saudade está pra chegar.
Quando a noite é menina
e colhe sorrisos pra se aninhar
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Claude Bloc
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CARNAVAL DA SAUDADE , NO CRATO TÊNIS CLUBE , VAMOS TODO MUNDO ?

AMANHÃ EU CONTO ... !

Escravo da Alegria

A vida é um "carnaval";Pena que de vez em "sempre" algumas máscaras caem...

Paula Liron



Ah Recife, que saudade de você!
Do rio Capibaribe
Do carnaval multicultural
Saudade do teu frevo, do teu maracatu atômico e da tua ciranda
Das belas pontes que desenham a cidade
Da praça do Marco Zero ao anoitecer
Do teu povo alegre e guerreiro
Ah Recife, só quero te reencontrar e cantar:
'Voltei Recife. Foi a Saudade que me trouxe pelo braço...'
E voltar a me emocionar ao escutar o som da orquestra de frevo passar

Madalena Guimarães

Carnaval...
Não te embebedes na fantasia de cor e ritmo
Porque…
Te irás naufragar nas ondas do irreal.

Cõllybry

Custei a compreender que a fantasia
É um troço que o cara tira no carnaval
E usa nos outros dias por toda a vida.

Aldir Blanc e João Bosco

Eu não quero mais chorar
Por causa de um amor qualquer
Minha dor tem que acabar
No carnaval, se Deus quiser


[in Amor de Carnaval]

Gilberto Gil
Adicionar à minha coleção Na coleção de 2 pessoasMais Informação O Brasil é o país da paixão! Os apaixonados pelo futebol. Os apaixonados pelo carnaval. Os apaixonados pela Xuxa, pelo Pelé e pelo Ayrton Senna. Os apaixonados por corrupção!

Jônathas Siviero
O carnaval. A festa onde os tabus perdem força e as permissões tornam-se hiperbólicas.

Tiago landeira

O Rei Momo do Carnaval

Diretor cultura da Liesa, Hiram Araújo relembra a importância histórica da figura do Rei Momo e explica a origem da Chave da Cidade


Hiram Araújo
(Especial para o Dia na Folia)

Vivemos um novo modelo do Rei Momo do carnaval carioca. Durante 70 anos nos acostumamos a ver a figura do Rei Momo encarnada numa pessoa gorda. Quanto mais gordo era melhor. O saudoso “Bola” chegou a pesar 240 Kg. Esta imagem nasceu de uma brincadeira, por ocasião da oficialização do carnaval carioca em 1933.

Aproveitando o ensejo, os jornalistas de A NOITE resolveram criar a figura de um “Rei do Carnaval” em carne e osso. Entre os jornalistas existia um redator de turfe, volumoso, gordo, brincalhão e gozador chamado Moraes Cardoso. Ele foi o escolhido para encarnar a figura do monarca da folia.
Foi então, que um jornalista se lembrou do Momo que na mitologia grega era o Deus da galhofa, da irreverência e do delírio, filho da noite, que por seu temperamento excêntrico havia sido expulso do Olimpo, vivendo no “sub-olimpo” incentivando os festins orgiásticos. Mas tinha um problema, ele era um Deus e a idéia era criar um “Rei do Carnaval”.
O único exemplo concreto de um rei do carnaval era o do Rei das Saturnálias romanas, escolhido entre os soldados mais belos, que durante o reinado era tratado como verdadeiro senhor, comendo, bebendo, e se divertindo a valer, para depois, quando a festa acabava, ser levado ao altar de Saturno e sacrificado. Morria o Rei.Fosse Moraes Cardoso magro e teríamos seguido a verdadeira tradição da festa.

Mas como carnaval é farsa, paródia, transformou o Deus em Rei e criou-se o Rei Momo gordo. Afinal de contas, podia-se justificar a mentirinha dizendo-se que Momo significava o domingo gordo, quando se comia carne à exaustão. Os pintores góticos faziam esse contraste entre o domingo gordo e a quaresma esquálida. Foi assim que durante 70 anos nos acostumamos com o Rei Momo gordo.

A farsa durou 70 anos, até que o Prefeito César Maia, baseado nas recomendações da Organização Mundial de Saúde, considerando e excesso de peso prejudicial à saúde, baixou um decreto terminando a exigência do peso mínimo. O Prefeito não só acertou com relação à saúde como também historicamente.

Em 2004 foi eleito um negro esbelto de 1.80m e 83 Kg. chamado Wagner Jorge, que desempenhou a função muito bem, e em 2005 foi eleito o jornalista Marcelo Reis de 1.80m de altura e 110 Kg., consolidou o novotipo de Rei Momo do carnaval carioca. Alex de oliveira que foi Rei Momo em 1997, 98 e 99 com peso de 220 kg. Fez uma cirurgia de redução do estômago e perdeu 110 kg, enquadrando-se no papel de Rei Momo Magro. E seu reinado de Rei Momo Magro foi até 2008.

Com as regras atuais do concurso determinando: altura mínima de 1.60 cm, idade máxima de 50 anos e deixando livre o peso (anteriormente, durante o reinado do Rei Momo Gordo, o peso mínino exigido era de 110 kg) é possível ser eleito novamente o Rei Momo Gordo. É fundamental determinar nas normas do concurso, a exigência máxima de peso: 80 kg.

A Chave da Cidade

Sempre foi costume no carnaval a entrega da chave da cidade ao Rei Momo. Na hora da solenidade o Prefeito tinha de improvisar uma chave de isopor ou papelão, para cumprir a tradição. Uma figura importante do carnaval carioca chamado José Geraldo de Jesus, o Candonga, então bolou uma idéia: confeccionar uma chave definitiva.

Em 1976 Candonga procurou Roberto Faissal e Albino Pinheiro e mostrou a eles uma chave de madeira, coberta com lantejoulas coloridas, com cerca de 2m de extensão que, segundo ele, parece coisa de castelo antigo.

No dia da solenidade da entrega da chave, Candonga a passava ao Prefeito, que dava ao Rei Momo a chave simbólica da cidade. Quando acabava o carnaval, Candonga a pegava de volta, guardando-a com todos os cuidados em sua casa.Dessa forma Candonga se tornou o guardador oficial da chave da cidade até sua morte.

Candonga era o único mortal que tinha permissão de estacionar seu carro, um velho Cadillac, em pleno sambódromo, nos fundos do 2º. Box ou curral da bateria. Nele guardava, para dar generosamente aos amigos, um poderoso tônico chamado CRAVO ESCARLATE, preparado a partir de raízes encontradas no nordeste, com cana-de-açúcar, longamente fermentada, herança de seu avô.

A chave hoje se encontra em poder de sua filha Cristina, que vem mantendo a tradição. Cristina é uma das 47 filhas que Candonga deixou. Além da bebida Cravo Escarlate, o saudoso Candonga e agora seus filhos, distribuem garrafas de água aos instrumentistas suados, diretamente na boca, para não atravessar o ritmo da bateria.


História do Carnaval

O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.

No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.

No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.

A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.

Bonecos gigantes em Recife

O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu.

Os desfiles de bonecos gigantes, em Recife, são uma das principais atrações desta cidade durante o carnaval.

Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

As máscaras do carnaval de Veneza



Texto : Alexandre Coutinho

O melhor do Carnaval de Veneza, é que ele não vive de uma organização forte ou do programa oficial das festas que, este ano, tinha por mote os 999 anos de Carnaval na cidade. A festa é feita pelas pessoas e para as pessoas. É o apogeu da iniciativa e da liberdade individuais, de cada um se mascarar em função da sua fantasia ou desejo de encarnar uma personagem ou uma identidade completamente diferente daquela que tem de assumir ao longo do resto do ano.

Neste sentido, o Carnaval de Veneza oferece a todos a possibilidade de se realizarem, nem que seja só por uns dias, sublimando todos os recalcamentos e fortalecendo o seu próprio ego, pela interacção com os outros mascarados e com todos aqueles que procuram fotografar ou fotografar-se ao lado das máscaras mais bonitas.

Naturalmente, que uma bela e sofisticada máscara é dispendiosa e representa um investimento que não está ao alcançe da maioria dos foliões, mas existe sempre a modalidade do alúguer de um fato completo ou da compra de uma máscara para o rosto ou de um chapéu mais original para participar na festa. Por toda a cidade, multiplicam-se as lojas e os artesãos de máscaras para todas as bolsas, das mais simples, fabricadas em "cartapesta" (mistura de gesso e pasta de papel), às mais trabalhadas, com banhos de metal e decoradas com prata e ouro.

O grande trunfo do mascarado está no seu completo anonimato. Em muitos casos, até é difícil dizer se é homem ou mulher. Quem sabe se, por detrás de uma máscara que cruzamos na rua não está uma personalidade pública famosa, um conhecido actor de cinema ou um cantor de sucesso que, a cobro de um disfarçe bem conseguido, se diverte livremente num mar de gente, longe da perseguição dos "paparazzi".

Dois cafés de renome da Praça de San Marco - o Florian e o Quadri - são pontos de passagem obrigatória, para observar as mais ricas máscaras dos afortunados que podem viver o Carnaval com fausto e luxo, não hesitando em gastar centenas de contos para recriar as vestes de um nobre ou de uma dama do Séc.XVIII.

Uma das máscaras mais procuradas, é a tradicional "bauta" (máscara branca em forma de bico), completada por um chapéu de três pontas, um "tabarro" (casaco largo) e uma capa preta de seda cobrindo os ombros e o pescoço, que recria o nobre veneziano nas suas deslocações incógnitas aos casinos, reuniões secretas e moradas de amores ílicitos.


Fugir do mar de gente

É certo que Veneza fica verdadeiramente impossível nos dias de Carnaval. As zonas mais turísticas, entre a ponte de Rialto e a Praça de San Marco, são inundadas por um mar de gente o que, por vezes, dificulta a circulação e leva a polícia municipal a interditar o trânsito pedonal nos dois sentidos em determinadas ruelas. No entanto, é sempre possível fugir ao bulício e à confusão, procurando bairros da cidade menos movimentados, como o Dorsoduro, Cannaregio ou Santa Croce. E, porque não aproveitar a ocasião para visitar as outras ilhas, nomeadamente, Burano (famosa pelas suas rendas e as simpáticas casas coloridas), Murano (célebre pela sua tradição vidreira), o Lido (para um passeio à beira mar) e a San Giorgio Maggiore, com os seus jardins e um campanile de onde se disfruta de uma das melhores vistas panorâmicas sobre a cidade.

Não recomendo este período do Carnaval para uma primeira visita a Veneza. Se nunca foi a Veneza, não o faça nos períodos festivos (Natal, Páscoa ou Carnaval) e evite, também, o "pico" do Verão, nomeadamente, os meses de Julho e Agosto. A Primavera (Abril/Maio) é a melhor época para visitar a cidade ou, em alternativa, o ínicio do Outono (Setembro/Outubro), apenas com o inconveniente de estar sujeito a alguma chuva.

Um passeio por Veneza é sempre um reencontro com a arte e a arquitectura de uma das mais belas e incomparáveis cidades do mundo. Edificada sobre 118 ilhas, ligadas por mais de quatro centenas de pontes, Veneza oferece ao visitante toda a riqueza das suas dezenas de igrejas, palácios de arquitectura renascentista e museus. A Praça San Marco, com a basílica e o palácio ducal ou dos Doges, a torre dell'Orologio, a ponte dos Suspiros, o Campanile (com uma altura de 96 metros) e as colunas de S. Todaro e do leão de S. Marco, constituem os principais ex-libris da cidade, mas há muitos outros pontos de interesse: a basílica de Santa Maria della Salute (frente à praça S. Marcos, do outro lado do Grande Canal), a igreja dos Santi Giovanni e Paolo (a segunda maior de Veneza, logo a seguir à basílica de San Marco), a igreja de San Moisè, a igreja Il Redentore, a basílica S. Maria dei Frari, a ponte de Rialto (com as suas lojas) e os "campi" de Santa Maria Formosa, San Polo ou Santo Stefano, S. Bartolomeo, entre outros.

Dos muitos museus, destaque para as Gallerie dell'Accademia, a Scuola Grande di S. Rocco, a Collezione Guggenheim, a Scuola S. Giorgio degli Schiavoni o Palazzo Grassi (pintura e arte contemporânea), o Museo Storico Navale (no Arsenale) e o Museo Vetrario, em Murano.

Veneza é a cidade ideal para passear a pé, partir à descoberta dos recantos mais românticos e dos canais mais bucólicos. As principais direcções estão indicadas, mas é melhor orientar-se com um mapa, para descobrir os atalhos e as pontes de ligação. O cais do Zattere, ao longo do canal da Giudecca; a Strada Nuova, até à estação de comboios de S. Lucia; a Riva degli Schiavoni, até ao Arsenale; as ruas comerciais dei Fabbri, da Merceria, de Verona, da Frezzeria, delle Ostreghe e a Calle Larga XXII Marzo, com as suas lojas de luxo.

Os "traghetti" situados em vários pontos das duas margens do Grande Canal, são a forma mais económica de viajar de gôndola (70 escudos), mas se quiser fazer um passeio turístico de meia-hora, negoceie com um gondoleiro e divida a despesa com outras pessoas (até 6). Os "vaporetti" são os verdadeiros autocarros públicos da cidade (com bilhetes a 500 escudos), sempre preferíveis aos táxis-barco, cuja bandeirada ronda os 2700 escudos.

Amigas, no show de Pachelly Jamacaru


Fabiana, Claude, Socorro e Gaby

João do Crato por Samuel Araújo


Carta de despedida de Gabriel Garcia Marquez



Gabriel Garcia Marquez retirou-se da vida pública por razões de saúde: Cancro linfático. Agora, parece que é cada vez mais grave. Enviou uma carta de despedida aos seus amigos que, graças à Internet, está a ser difundida. A sua leitura é recomendada porque é verdadeiramente comovedor este texto escrito por um dos latino-americanos mais brilhantes de sempre.

"Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.

Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem.
Ouviria quando os outros falam, e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate! Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma.

Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol.
Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua.

Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas...
Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas.

Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor.
Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria que aprender a voar sozinha. Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento.

Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...
Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta.

Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre.

Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer..."


GABRIEL GARCIA MARQUEZ

Por João Nicodemos

desiguais
coentro & salsa
dez iguais
camisa & calsa
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Arma zen
meu poema

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POEMA DE GELO

O MAR
VIRÁ
SERTÃO

Por João Nicodemos


o poeta
sempre fala sozinho

às vezes de si para si
às vezes com o vizinho

.o0o.o0o.o0o.o0o.o0o.

Por João Nicodemos

o relógio da casa
da minha tia
batia
batia...

minha infância
era tranquila

segundo me lembro
não havia ponteiro de
segundos

O Ilusionista - por Ana Cecília S.Bastos



O tempo varre a memória,
devastador.

O tempo desfigura imagens.
Suave ou brusco,
atenua contornos, desfaz ilusões,
deixando nua a minha recordação.

O tempo torna anônimas as marcas em minha própria face,
como se não fossem
vestígios do que vivi.

Brincadeira - por Ana Cecília S.Bastos


Quando a foto puxa o poema do velho arquivo


O muro mágico da brincadeira.
Tempo em suspenso, vozes e movimento como heras enramando-se no vácuo.
O brincar estende cortinas mágicas e envolve tudo, até o olhar austero, imediato e alheio.
Subo nesse palco e, surpassando distâncias, posso ainda conceber a intensidade, o momento presente pleno, a vida.
Gritos, luta, emoções extremas, vividas sem transição, tudo se realizando ali.
O escuro.
O espaço.
A terra, poeira ou água.
A terra molhada de chuva.
Narizes escorrendo.
Pó, lanhuras que nem doem, que se esquecem de doer, pés descalços, pele rajada, joelhos sempre arranhados. Cor de criança.
Rolar na terra,
terra que invade nariz, boca, olhos, garganta, alma,
o gosto de ser do mesmo corpo da terra,
sangue e veias, por essas vias irmanados.
Correr, lutar, coração saindo pela boca,
sempre disparado.
Irmãos e primos, um só organismo, bicho enorme de mil cabeças, braços e pernas,
movimentando-se sozinho e junto.
O mesmo coração de menino ou de menina,
o mesmo desespero de chegar.
O exercício lúdico dessa aflição de busca,
eterna companheira.
E o fim, a meta? Essa é a questão jamais colocada, pois brincadeira é coisa que não tem fim, nem precisa ter, ela é em si mesma, repetindo-se todo o tempo, terminando e começando sempre, fazendo funcionar o organismo.
Brincadeira é permanência em si mesma, desde que faça disparar o coração.
Desde que reúna vozes e ímpeto, vultos em labirintos de claros-e-escuros,
uma eventual fogueira,
vagalumes,
besouros e sapos,
estrelas cintilantes,
dor e machucados,
euforia e pranto,
destemor e medo pânico,
a vida em desabalada carreira.
Frêmito, ânsia.
Alegria, sofreguidão.
Infância.



Pipa. Foto de Mário Vítor.

Nunca se envergonhe ... - por Rosa Guerrera

De desculpar coisas julgadas inesquecíveis.
De substituir grossas lágrimas por pálidos sorrisos.
De dizer que o desespero já lhe fez duvidar até da existência de Deus.
De reconhecer que já agiu demais por impulso.
Que já chorou olhando uma foto em preto e branco.
Que gostaria muito de ainda ser jovem e que a velhice apavora .
Que já vacilou na hora do adeus .
Que conhece de perto o medo.
Que vive em constante luta com seu coração.
Que já julgou insubstituível o substituível...

Nunca se envergonhe de nada ,
Mas diga com orgulho :
Que saber perder com classe e dignidade , é investir no outro dia
com mais esperança e ousadia .


rosa guerrera

Pleiade

Quantas vezes tu tombes
outras tantas te levantes
o tempo é indefinido
enfermo agora
amanhã um cínico.

Não esperes que te digam
que tua maçã é podre:
cabe aos teus dentes
a dentada.

Quantas vezes morras
outras tantas renasças
a vida é uma argola
no lóbulo da orelha
de uma mulata:

e olha como se requebra
nossa alma.

Um texto dee Maria Amélia Pinheiro de Castro

Um pouco sobre a importância da Conservação e Restauro

Pelo que tenho acompanhado parece que as autoridades do Crato estão preocupadas em Conservar e Restaurar os objetos e documentos da nossa história, cuidando para que, no futuro, haja reconstituição plena das nuances que dizem respeito à cultura do Crato, do Cariri e Ceará.
A nossa História precisa do passado, pois sem ele é impossível construir-se um futuro. Quem vive sem querer saber de onde veio e o que faziam seus antepassados? Essa curiosidade faz parte da natureza humana, é requisito para o desenvolvimento de uma sociedade.
O papel, originário do papiro chinês, é o suporte principal da documentação, não se esquecendo da importância dos hds, pendrives, cds e outras formas de armazenamento cibernético de dados. Mas, o papel, este tem uma importância maior, ele hipnotiza o leitor, ele permite o contato físico, ele guarda não só dados efêmeros, mas informações completas e detalhadas sobre a cultura de um povo e de acontecimentos que afligiram uma sociedade em determinado período. A matéria escrita, acumulada durante todos estes séculos que chamamos de civilização. .
Mas, não se trata, aqui de fazer apologia do papel contra as formas virtuais de armazenamento de dados/informações. Elas se complementam.
É preciso que se eduque nosso povo no sentido de conservar os nossos objetos de museus, os documentos e livros, pois o que é conservado, não é restaurado.
O restauro é mais caro e requer conhecimentos específicos para o exercício da função. A conservação começa, e se torna mais barata quando se tem o cuidado de acondicionar, higienizar e guardar os documentos (papéis com informações) em um lugar seco e com pouca umidade. Cuidados, aparentemente insignificantes, como o de retirar livros de estantes muito cheias, quando a simples providência de se manter um pequeno espaço entre os livros é o suficiente para um correto manuseio, umedecer o dedo com saliva para virar a pagina, não manusear o livro com as mão sujas. As autoridades do Crato ao adotarem medidas de preservação dos nossos acervos dão um importante passo nos sentido da preservação da verdade .Assim se presume que essas obras tenham maior permanência no tempo.E nossa obrigação inadiável e imprescindível é a de conservar, da melhor maneira possível, o que chegou até nossos dias.
Vejam o antes e o depois de um livro restaurado.
Maria Amélia