Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Curtas - III - Por Aloísio

Ver
De verdade
O verde


Aloísio

Pérolas dos bastidores: Eleição - Por Socorro Moreira

Eleição

Contribuir com o voto
é direito assegurado
No verde e no amarelo
que pintam a nossa Pátria.

O cidadão que é livre
vota em quem acredita
mesmo contra a maioria
tecla o número pretendido
e compila novos dados.

Não tenho paixão política
mas não gosto dos omissos
porisso posso falar
sem cabresto e sem disfarces
Já que Brizola partiu
Escolho com a razão
Meu voto do coração
já não ganha a eleição.

Socorro Moreira

7 de Outubro - Dia do Compositor - Por Norma Hauer

DIA DO COMPOSITOR
Hoje, dia 7 de outubro é considerado o “Dia do Compositor”. Mas será que o público conhece os compositores de nossa música?
Nos tempos áureos do rádio, somente os compositores que atuavam em outras áreas, dentro do próprio meio, é que se tornavam conhecidos, mesmo assim pelos seus desempenhos dentro dessas outras áreas.
Assim foi o caso de Ari Barroso, com seu programa de calouros e sua atuação como locutor esportivo, quando usava uma “gaitinha” para assinalar um gol, principalmente se fosse do Flamengo. Assim foi Lamartine Babo, que comandou vários programas de rádio, desde seu “Lamartinadas”, ao seu mais aplaudido programa, o “Trem da Alegria”, com Yara Sales e Herbert de Bôscoli.
Assim foi Herivelto Martins e seu famoso Trio de Ouro”, com Dalva de Oliveira e Nilo Chagas. Assim também foi Braguinha, que fez parte com Almirante do “Bando de Tangarás”. Nesse grupo, os participantes tinham nome de pássaros, mas apenas Braguinha continuou usando o nome do pássaro com o qual compôs centenas de músicas: João de Barro.
O próprio Noel Rosa se tornou conhecido quando, com Marília Batista passou a fazer improvisos no então mais famoso programa de rádio: o “ Programa Casé”. Aliás, é bom saber que está sendo exibido, no Unibanco Arteplex (sala 2) em Botafogo, um documentário exatamente sobre o “Programa Casé”. Aconselho a quem se interessa pela história de nosso rádio a assistir a esse documentário sobre o programa que marcou época, antes do apogeu da Rádio Nacional. É interessante ver “fatos e fotos” de um Rio que ficou “lá para trás”.

Mário Lago, como compositor, obteve grandes êxitos, mas seu nome ficou mais conhecido quando passou a participar de tele-novelas da Rede Globo. Poucas pessoas que o viram em novelas sabiam que ali estava o co-autor de um dos maiores sucessos de Orlando Silva: o fox-canção “Nada Além”, ou o famoso samba “Ai Que Saudade da Amélia”. Isso sem falar em “Devolve”; “Não Quero Saber”; “Será?”, gravados por Carlos Galhardo, ou “Fracasso”, gravação de Francisco Alves ou ainda “Aurora”, gravado por Joel e Gaúcho, sucesso absoluto no carnaval de 1941.
Lembro-me que Ari Barroso ficava “uma fera” quando o calouro não sabia o nome do autor da música que iria apresentar.

Gostaria nesta data de relembrar grandes compositores que, desde Chiquinha Gonzaga, ainda no século 19 àqueles que enriqueceram nossa música popular, principalmente na primeira metade do século 20 quando o rádio era absoluto.
Depois de Chiquinha, ainda nascidos no século 19, tivemos Donga, João da Baiana, Pixinguinha, Zequinha de Abreu, Marcelo Tupinambá, Orestes Barbosa, Paraguassu, Bastos Tigre, Hermes Fontes, Vicente Celestino...mas o domínio aumentou com os nascidos nos primeiros 20 anos do século 20, tais como Oswaldo Santiago, Paulo Barbosa, José Maria de Abreu, Custódio Mesquita, Roberto Martins, Roberto Roberti, Assis Valente, Benedito Lacerda, Mário Rossi, Gastão Lamounier e centenas de outros que, ao lado de nossos grandes intérpretes, fizeram a história de nossa música popular.
A partir dos anos 60 nossa música seguiu um novo rumo, com a chegada da bossa nova e da jovem guarda. Muitos compositores passaram a gravar suas próprias músicas para que seus nomes ficassem conhecidos. Ao lado disso, ritmos estrangeiros como o “rock” passaram a dominar a música não somente do Brasil, como de quase todos os países ocidentais.

E até nosso samba acabou .
Os próprios sambas das Escolas só o são nos nomes porque seus ritmos são de marcha, para facilitar os desfiles.
De qualquer forma, todos aqueles que batalharam ou ainda batalham pela nossa música merecem ser referendados no dia de hoje.
Norma

Por Leonardo Boff - Colaboração de Nívia Uchôa

UM ARTIGO DE LEONARDO BOFF
O Brasil está ainda em construção. Somos inteiros mas não acabados. Nas bases e nas discussões políticas sempre se suscita a questão: que Brasil finalmente queremos?

É então que surgem os vários projetos políticos elaborados a partir de forças sociais com seus interesses econômicos e ideológicos com os quais pretendem moldar o Brasil.

Agora, no segundo turno das eleições presidenciais, tais projetos repontam com clareza. É importante o cidadão consciente dar-se conta do que está em jogo para além das palavras e promessas e se colocar criticamente a questão: qual dos projetos atende melhor às urgências das maiorias que sempre foram as “humilhadas e ofendidas” e consideradas “zeros econômicos” pelo pouco que produzem e consomem.

Essas maiorias conseguiram se organizar, criar sua consciência própria, elaborar o seu projeto de Brasil e digamos, sinceramente, chegaram a fazer de alguém de seu meio, presidente do pais, Luiz Inácio Lula da Silva. Fou uma virada de magnitude histórica.

Há dois projetos em ação: um é o neoliberal ainda vigente no mundo e no Brasil apesar da derrota de suas principais teses na crise econômico-financeira de 2008. Esse nome visa dissimular aos olhos de todos, o caráter altamente depredador do processo de acumulação, concentrador de renda que tem como contrapartida o aumento vertiginoso das injustiças, da exclusão e da fome. Para facilitar a dominação do capital mundializado, procura-se enfraquecer o Estado, flexibilizar as legislações e privatizar os setores rentáveis dos bens públicos.

O Brasil sob o governo de Fernando Henrique Cardoso embarcou alegremente neste barco a ponto de no final de seu mandato quase afundar o Brasil. Para dar certo, ele postulou uma população menor do que aquela existente. Cresceu a multidão dos excluidos. Os pequenos ensaios de inclusão foram apenas ensaios para disfarçar as contradições inocultáveis.

Os portadores deste projeto são aqueles partidos ou coligações, encabeçados pelo PSDB que sempre estiveram no poder com seus fartos benesses. Este projeto prolonga a lógica do colonialismo, do neocolonialismo e do globocolonialismo, pois sempre se atém aos ditames dos paises centrais.

José Serra, do PSDB, representa esse ideário. Por detrás dele estão o agrobusiness, o latifúndio tecnicamente moderno e ideologicamente retrógrado, parte da burguesia financeira e industrial. É o núcleo central do velho Brasil das elites que precisamos vencer pois elas sempre procuram abortar a chance de um Brasil moderno com uma democracia inclusiva.

O outro projeto é o da democracia social e popular do PT. Sua base social é o povo organizado e todos aqueles que pela vida afora se empenharam por um outro Brasil. Este projeto se constrói de baixo para cima e de dentro para fora. Quer forjar uma nação autônoma, capaz de democratizar a cidadania, mobilizar a sociedade e o Estado para erradicar, a curto prazo, a fome e a pobreza, garantir um desenvolvimento social includente que diminua as desigualdades. Esse projeto quer um Brasil aberto ao diálogo com todos, visa a integração continental e pratica uma política externa autônoma, fundada no ganha-ganha e não na truculência do mais forte.

Ora, o governo Lula deu corpo a este projeto. Produziu uma inclusão social de mais de 30 milhões e uma diminuição do fosso entre ricos e pobres nunca assistido em nossa história. Representou, em termos políticos, uma revolução social de cunho popular pois deu novo rumo ao nosso destino. Essa virada deve ser mantida pois faz bem a todos, principalmente às grandes maiorias, pois lhes devolveu a dignidade negada.

Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto que deu certo. Muito foi feito, mas muito falta ainda por fazer, pois a chaga social dura já há séculos e sangra.

É aquí que entra a missão de Marina Silva com seus cerca de vinte milhões de votos. Ela mostrou que há uma faceta significativa do eleitorado que quer enriquecer o projeto da democracia social e popular. Esta precisa assumir estrategicamente a questão da natureza, impedir sua devastação pelas monoculturas, ensaiar uma nova benevolência para com a Mãe Terra. Marina em sua campanha lançou esse programa. Seguramente se inclinará para o lado de onde veio, o PT, que ajudou a construir e agora a enriquecer. Cabe ao PT escutar esta voz que vem das ruas e com humildade saber abrir-se ao ambiental proposto por Marina Silva.

Sonhamos com uma democracia social, popular e ecológica que reconcilie ser humano e natureza para garantir um futuro comum feliz para nós e para a humanidade que nos olha cheia de esperança.

(*) Leonardo Boff é teólogo



Recebido por e-mail

(Leila Ferreira)


Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas
hoje só queremos saber do "melhor".

Tem que ser o melhor computador, o melhor carro,
o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor
operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.

Bom não basta.

O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os
outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes,
porque, afinal, estamos com "o melhor".

Isso até que outro "melhor" apareça -
e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.

Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor,
de repente, nos parece superado, modesto, aquém
do que podemos ter.

O que acontece, quando só queremos o melhor,
é que passamos a viver inquietos, numa espécie
de insatisfação permanente, num eterno desassossego.

Não desfrutamos do que temos ou conquistamos,
porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.

Cada comercial na TV nos convence de que merecemos
ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os
outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor,
comprando melhor, amando melhor, ganhando
melhores salários.

Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás,
de preferência com o melhor tênis.

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.

Se não dirijo a 140, preciso
realmente de um carro com tanta potência?

Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que
subir na empresa e assumir o cargo de chefia que
vai me matar de estresse porque é o melhor cargo
da empresa?

E aquela TV de não sei quantas
polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?

O restaurante onde sinto saudades da comida de
casa e vou porque tem o "melhor chef"?

Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado
porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?

O cabeleireiro do meu bairro tem
mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca
permanente do melhor tem nos deixado
ansiosos e nos impedido de desfrutar o
"bom" que já temos.

A casa que é pequena, mas nos acolhe.

O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.

A TV que está velha, mas nunca deu defeito.

O homem que tem defeitos (como nós), mas nos
faz mais felizes do que os homens "perfeitos".

As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu,
mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...

O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas
das histórias que me constituem.

O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e
sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?

Ou será que isso já é o melhor e na
busca do "melhor" a gente nem percebeu?


Já dizia Cícero, meu avô materno:

Sonhe com o ÓTIMO mas se satisfaça com o BOM, pois o BOM e melhor que o ÓTIMO.

Concris

Nestes dias, após a eleição do Tiririca, com um recorde de votos e a reação da inconformada elite brasileira querendo a todo custo cassá-lo, sob a acusação de analfabetismo, tomei a velha sopa de volta para Matozinho. Lá já se havia de há muito provado que existem outras universidades na vida além do banco da escola regular. Confunde- se tantas vezes inteligência com informação; ciência com sapiência; conhecimento com honradez. Matozinho, antes do Brasil, já havia provado não existirem tais similitudes.
Já falei de Pedro do Rodo que se fizera um dos maiores líderes políticos da cidade. Semi-analfabeto, evoluíra ,de simples crediarista, a ocupar os mais importantes cargos políticos : vereador, prefeito por várias legislaturas, deputado estadual, secretário de agricultura do estado. Sabia falar a doce língua de seu povo, comunicava-se muito bem, sem riquififes, sem ponto-e-vírgula. Nunca perdera uma eleição em Matozinho e enfrentara, por diversas vezes, candidatos embebidos no saber teórico dos rios universitários. Sabedor das mais profundas necessidades do povo, preocupava-se no o arroz-com-feijão, pragmático fugia dos elefantes brancos como o cão do crucifixo. De que adiantava asfalto nas ruas, sem saneamento? Praças bonitas arrodeadas de casebres? Televisão na sala, sem panela no fogo? Pedro sabia de cor e salteado essa cartilha: o supérfluo não podia vir antes do essencial. Estratégico, alimentava esse mito, o mesmo que perpetuou Cancão de Fogo e João Grilo: o do beradeiro, com cara de abestado que dá nó em pingo d´água e piau em professor de faculdade. Aprendera que a esperteza é a única defesa do pobre. Vestia-se e portava-se como um lesado, um Zé-Mané : fingia-se de morto para tomar de graça o caldo do velório e tirar dedada no coveiro.
São muitas as peripécias do nosso Rodo, mundo afora. O povo de Matozinho foi colecionando, nas páginas da oralidade, estas mungangas, como um dia já tinha coletado as de um outro Pedro : o Malasartes. Reuni duas dessas passagens , no intuito de mostrar que existem Tiriricas e mais Tiriricas mundo afora e que geralmente, apesar do nome, não são ervas daninhas.
Em época de Pedro , o principal político do estado era Tranquilino Rubião. Ao contrário dele, Tranquilino era culto, formara-se em ciências políticas na Sorbonne e dominava várias línguas. Talvez, por isso mesmo, criara grande afeição por Pedro, aproximação essa que se fizera também no campo da política partidária. Ambos transitavam no velho PTB, em tempos de Getúlio e de Brizola. Estas duas histórias aconteceram, com intervalo de muitos anos, em tempos em que coincidentemente Rubião era governador e Pedro prefeito de Matozinho.
Um belo dia Pedro adentra o Palácio do Governo, na capital, e se dirige diretamente para o gabinete do governador, onde tinha passagem livre e acesso facilitado. Ao penetrar na sala de Rubião , após os cumprimentos de praxe, “do Rodo” vai direto ao assunto. Estava precisando construir uma creche na Serra da Jurumenha, pois as famílias ,,trabalhando na roça não tinham com quem deixar os filhos. Além de tudo, aquela localidade sempre se mostrara um colégio eleitoral importante na Vila e, ademais, tinha sido promessa de campanha. Rubião comprometeu-se com a causa, pediu, no entanto, que o prefeito trouxesse alguma coisa mais concreta, um projeto ou coisa assim. Pedro explicou que não tinha como fazer esse tal de Projeto que aquilo era especialidade da SUDENE que vivia projetando, projetando e nada fazendo. Tranquilino imaginando a dificuldade para se confeccionar um bicho daquele em Matozinho, resolveu facilitar:
---- Pedro, pois traga ao menos um croquis do local onde você pretende construir a creche, entendeu? A gente calcula , por aqui, o orçamento e eu libero a verba!
Pedro se despediu rápido e agradeceu pela acolhida. Negócio feito !O quanto devia Matozinho a Tranquilino ! Aqui, necessitamos de uma pequena explicação. Nas terras matozenses existiam muitos sofreus. Aquele pássaro bonito, multicolorido e cantador e que em alguns lugares se chama também de Corrupião. Em Matozinho, conhecia-se o bicho como Cronquis. Pois bem, na semana seguinte, Pedro , sorriso nos lábios, salta no gabinete de Rubião, com um cronquis mansinho no dedo e vai logo gritando:
--- Pronto Rubião, taqui o cronquis que você pediu! Foi o bicho mais cantador que eu encontrei em Matozinho! Por falar nisso, rapaz, onde é que eu pego o dinheiro para fazer a creche, hein?
De uma outra feita, Pedro resolvera , finalmente, encanar água em toda cidade, puxando, por gravidade do Açude do Sabugo. As casas ainda eram abastecidas por ancoretas carregadas em burro . Na época da seca, então ,ficava toda a vila a mercê de carros-pipa. “Do Rodo” partiu para a capital, no intuito de pedir, ao governador os canos. Não seria fácil de conseguir, uma vez que a quantidade necessária para a obra era enorme. Após descer na rodoviária da capital, quando se dirigia ao hotel, Pedro viu , no pátio da REFESA, uma montanha de canos, das mais variadas dimensões, aguardando embarque. Informou-se e soube que pertencia ao governo estadual e estavam transportando para um projeto de irrigação no norte do estado.No gabinete do governador, Pedro expôs, então a situação do abastecimento de água em Matozinho e pediu ajuda do governador. Traquilino não negou ajuda, mas por conta da crise , informou : só poderia adiantar alguma coisa no ano vindouro. Pedro, então, humildemente explicou que passando defronte da REFESA tinha visto vários canos pertencentes à administração estadual, jogados a um canto e todos furados. Solicitou, então, ao governador, que liberasse, por enquanto ,aqueles canos furados, que ele aproveitaria, de alguma maneira, em Matozinho e já daria prá ir tocando a obra. Rubião, então, interrogou-o se tinha certeza de que eles estavam nessa situação. “Do Rodo’ confirmou : hoje mesmo havia verificado in loco a questão. Tranquilino conhecia o prefeito e sabia que, na sua simplicidade, não era homem de mentira. Redigiu, então, de próprio punho, um bilhete ao diretor da autarquia, solicitando a liberação dos canos para Pedro.
O prefeito de Matozinho, de posse do documento, se avexou. Contratou três scanias truncadas, encheu com os canos da REFESA, apresentando o bilhete do governador e partiu para a vila. Uma semana depois, recebeu um telefonema de um governador chateado. Tinha sido enganado por Pedro, que havia descaradamente mentido para ele, os canos eram todos novos e iam para o Projeto de Irrigação.
--- Você mentiu para mim, Pedro ! Eu confiei em você, você me prometeu que os canos eram velhos e imprestáveis e são novinhos em folha!
Pedro , não se alterou e respondeu de lá:
--- Num se avexe não, homem de Deus! Eu não menti de jeito nenhum! Eu nunca disse prá vocimicê que os canos eram novos, eu disse que os canos eram furados !
Rubião, irritado, saltou do lado de lá:
--- Pois é! Esses canos que eu liberei são novinhos em folha, não são furados de jeito nenhum!
Pedro, então, fechou o firo:
--- Governador, todo cano é furado! Se num for furado, Cuma é que corre água pro dentro dele, homem de Deus?

J. Flávio Vieira
A tela
- Claude Bloc –

Sim, sonhei.
Nada de fechaduras largas entalhadas na madeira, não mais um baú cheio de lembranças, mas uma tela.
Agora meu sonho era mais leve e sofisticado e o material usado ali parecia esculpido e colorido como numa tela de Bruno Pedrosa. Na sala onde eu estava, portas enormes com puxadores de luxo, revestidos em cristal ! E a tela na minha frente se confundia com a cena e a cena com o cenário.

O tempo, naquele espaço, parecia blindado, inquebrável e a prova de “esquecimentos”. A tela, a mais cara aquisição que fiz em toda minha vida, a mais especial.

Porque não era uma tela qualquer onde se desenham coisas simplesmente, mas uma tela onde só poderiam entrar sonhos, fantasias e desejos! Um lugar em que eu guardaria através dos símbolos desenhados, e dali para frente, as novas sensações, as vontades e tudo o que almejo do futuro!

Depois, entraria no quarto e, acima da cama, eu o colocaria (onde seria, para sempre, o seu lugar).
Minha tela seria, então, uma peça que encantaria a mim e a todos e seria alvo de muitos suspiros dessa mulher que hoje sou.

Olhei delicadamente para o cenário e comecei pintar ali tudo o que já não cabia mais em mim. As vontades, os planos, a sede eterna pelo conhecimento e o desejo do mais prazeroso crescimento emocional, intelectual e racional.

Nessa hora, o celular despertou e acordei. Como era esperado, abri os olhos e ao lado da cama obviamente que não havia nada.

Mas em meu sonho sim, ela estava lá! E ficaria para sempre comigo! Nas cores que escolhi, do meu jeito, e guardando nela - minha tela - o combustível infinito da minha vida: meus sonhos!

Claude Bloc

Só- Edgar Allan Poe






Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.

Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.

Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.




Edgar Allan Poe (Tradução de Oscar Mendes)

Meu coração está de luto - Morre um grande amigo : Edilson Sobreira !

Fomos colegas , na Ag. do Banco do Brasil de Juazeiro do Norte. Frequentávamos  a mesma AABB. Promovíamos o encontro dos nossos filhos, ainda crianças e adolescentes.
Nossos filhos mais velhos são casados há 16 anos.Caio e Carla.  Nesse espaço de vida, tornou-se um segundo pai para o meu filho, e ele passou a representar para mim , um dobrado referencial de carinho.
Edilson fará falta aos amigos, parentes, e à comunidade de Juazeiro do Norte, onde viveu por toda a sua vida.

Nossa eterna saudade !

Trouxeram o Aborto para a Campanha - José do Vale Pinheiro Feitosa

Existe uma suspeita de momento que a discussão sobre o aborto seja uma questão artificial, meramente eleitoral. A campanha do Tucano José Serra, começando por declarações de sua mulher na Baixada Fluminense e reproduzida em SPAMs na internet teria sido a causa. Mas ficamos todos com a dúvida: e daí?

Daí que mesmo sendo uma questão artificial ela entrou na pauta. Vai crescer e radicalizar posições. Neste sentido o debate na campanha não é boa para aqueles que são contra o aborto, pois dar oportunidade para que o tema saia do espaço esquecido (interditado) para o oxigênio das ruas. E isso é relevante no momento atual no mundo todo.

Qual o motivo para assim pensar? Nesta semana mesmo o jornalista e intelectual Emerson Monteiro, publicou um texto seminal sobre as razões para que nem o tema e menos a sua prática venha à tona. Acontece que a banalização do debate nesta campanha porá em visão uma série de coisas que não são abertas neste momento.

Assim como era nos anos 40, 50 e 60 a questão do divórcio. Nada mais “grosseiro” para o senso da época do que a dissolução da família. Por isso mesmo a conquista do divórcio no país foi uma das mais lentas no mundo e esteve inteiramente submersa pelas posições religiosas da igreja católica.

O que acontecerá? O tema exposto. Serão abertos os motivos para se ter uma legislação mais liberalizante sobre o aborto no Brasil. Uma coisa que marca a modernidade e a revolução capitalista é a globalização comportamental. Todas as culturas estão sendo alteradas com padrões comuns a várias nações.

Segundo matéria publica na BBC Brasil: “ao menos 20 países aprovaram leis de aborto mais liberais entre 1996 e 2009.” Estudos demonstram que muitos países introduziram mudanças nas suas legislações sobre aborto com regras mais permissivas. Segundo a mesma matéria: “21 países que adotaram leis mais abertas que as do Brasil, entre as razões em que prática abortiva é autorizada estão o caso de haver má-formação fetal, de a mãe não ter condições socioeconômicas para criar o filho ou de a mãe solicitar o procedimento.”

O que acontecerá? Ficam expostos os motivos para se permitir o aborto: “para salvar a vida das mulheres.” Em Portugal e na Espanha se legalizou o aborto sem restrições até a 10ª semana de gestação e, depois desse período, em casos de má-formação fetal, de estupro ou de perigos à vida ou à saúde da mãe. No México, a Cidade do México passou a permitir, em 2007, o aborto sem restrições de motivos até 12 semanas de gravidez. Na Colômbia, a Corte Constitucional determinou em 2006 que o aborto é legítimo em casos de estupro, má-formação fetal ou de riscos para a vida da mãe. Há ainda países em que o aborto era totalmente ilegal, mas passou a ser aceito nos últimos anos se a mãe correr riscos ou se houver má-formação fetal (caso do Irã) ou de estupro (caso de Togo).

Ao mesmo tempo vem a tona o debate sobre as razões pelas quais vários países andaram em sentido contrário, endurecendo a legislação já existente sobre o tema como Nicarágua, República Dominicana Argentina, Equador, Nicarágua, Iraque e Japão, entre outros.

Há uma questão interessante. Neste mesmo período, coincidindo com a maior liberalização do aborto, os números de abortos praticados caíram: da estimativa de 46 milhões em 1995 para 42 milhões em 2003. A metade deles foi feita de maneira insegura ou clandestina, estima-se. E está maneira insegura e clandestina está na raiz do debate, pois abortar é uma questão técnica complicada e implica em risco para a mulher.

Segundo a BBC: “Estudos mostram que a chance de uma mulher fazer um aborto é praticamente a mesma onde o aborto é liberado e onde é restrito”, explicou por e-mail Iqbal Shah, do Departamento de Pesquisas e Saúde Reprodutiva da OMS. “Diversas pesquisas em países que legalizaram o aborto indicam que a prática pode inicialmente aumentar, mas depois é reduzida. Isso não ocorre por causa da legalização, mas porque abortos que antes seriam realizados clandestinamente passam a ser contabilizados (oficialmente) quando a lei muda.”

Em outras palavras: os conservadores ao darem luz ao tema, terminam por produzir efeito contrário à sua visão sobre ele.

Jogo sujo e pesado - José Nilton Mariano Saraiva

Já havíamos tomado conhecimento que aqui em Fortaleza alguns padres da Igreja Católica "pegaram sujo e pesado" contra o governo do PT e sua candidata, durante as missas e eventos outros, antes das eleições do primeiro turno. Agora, a confirmação de que a "ordem" pra jogar sujo e pesado partiu da cúpula da própria Igreja Católica, repleta de ultra-conservadoras, retrogradas e anacrônicas figuras que, mancomunadas com a direita, disseminam uma onda terrorista inconcebível para uma instituição que deveria, sim, era reconhecer o que todo mundo sabe: que no atual governo houve a inclusão e ascensão de milhões de pobres a uma vida melhor e mais digna. Ou será que a Igreja Católica é contra a que seu pobre rebanho tenha uma vida cidadã ???
Veja abaixo.

José Nilton Mariano Saraiva

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O voto do pecado e o poder satânico (Maria Inês Nassif)

A campanha religiosa contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estava em andamento e foi subestimada pelo comitê petista. O staff serrista prestou mais atenção nisso. No dia 14 de setembro, a mulher de José Serra, Mônica Serra, em campanha para o marido no município de Nova Iguaçu, no Rio, falou a um eleitor evangélico, para convencê-lo a não votar em Dilma: "Ela é a favor de matar criancinhas", disse, segundo relato do jornal "O Estado de S. Paulo". Mônica quis dizer, usando cores muito, muito fortes, que Dilma era a favor do aborto, e portanto não merecia o voto de um evangélico. Não deve ter sido da cabeça dela - falou porque as pesquisas qualitativas do PSDB já deviam mostrar que a onda "antiabortista" estava pegando, embalada por bispos e padres da Igreja Católica e pastores evangélicos.
Da parte da ala conservadora da Igreja Católica, a articulação foi feita com alarde, de forma a induzir os fiéis de que a recomendação de não votar em Dilma, ou em qualquer outro candidato do PT, veio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A CNBB reagiu timidamente a essa ofensiva, com uma carta que foi também instrumentalizada pelos conservadores, que hoje não são poucos. "Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência", diz a nota, para em seguida lembrar que o documento oficial sobre as eleições, tirado na 48ª Assembleia Geral, foi a "Declaração sobre o Momento Político Nacional", que não faz referência direta a candidatos ou partidos. Um trecho da carta oficial, todavia, foi apresentado aos fiéis paulistanos como prova de que a Igreja, como instituição, vetava o voto aos petistas. "(...) incentivamos a todos que participem (...), procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana".
A campanha da Igreja conservadora contra Dilma está usando um sofisma: o "respeito incondicional à vida" torna a igreja antiabortista; o PT defendeu o aborto; logo, o voto em Dilma é pecado. É esse sofisma que foi colocado aos padres de São Paulo pela Regional Sul 1 da CNBB como uma ordem. A secção da CNBB no Estado está impondo a campanha política nas igrejas como obrigação de hierarquia: há uma determinação para que os padres falem na homilia que o voto ao PT é pecado. Os padres estão obrigados também a distribuir jornais de suas dioceses na porta das igrejas, que não raro colocam o veto ao voto no PT como uma determinação da "CNBB", sem especificar que é da CNBB da Regional Sul 1.

Com ajuda da Igreja, Serra chega aos pobres via medo
Guarulhos é o grande foco, mas não o único. O bispo Luiz Gonzaga Bergonzini declara publicamente "ódio ao PT". Sua diocese foi uma das formuladoras, na Comissão da Vida da Região Sul, do documento que deu "subsídios" para o manifesto anti-PT que está sendo distribuído nas paróquias como posição oficial da Igreja Católica. Um padre de Guarulhos conta que Dom Luiz Gonzaga vai se aposentar em sete meses, e tem aproveitado seus últimos momentos como bispo para militar ativamente contra o partido de Lula. Para isso, tem usado seu poder de "mordaça" - a autoridade máxima da paróquia é a diocese, e o bispo pode impor suspensões a padres que não seguirem as suas ordens, ou criticarem publicamente suas posições.
Segundo uma senhora que é católica militante, bem longe de Guarulhos, no bairro de Campo Limpo, os bispos levaram ao pé da letra a orientação da regional da CNBB. A senhora ouviu do padre da sua paróquia, durante a pregação do sermão, que os católicos que votassem em Dilma Rousseff deveriam se confessar depois, porque teriam cometido um pecado. Preferiu o discurso da corrupção ao discurso so aborto. E garantiu que recomendava o voto contra o PT por ordem do bispo.
O vereador Chico Macena (PT), da capital paulista, que é ligadíssimo à Igreja, conta que várias paróquias da região de São Lucas falaram contra o PT na homilia. Ele acredita que esse movimento da igreja conservadora paulista influenciou o voto contra Dilma em algumas regiões.
Na campanha de Dilma, soou o alarme apenas na semana anterior às eleições. Foi quando a candidata se reuniu com líderes religiosos e garantiu a eles que não havia defendido o aborto.
A guerra religiosa não se limitou a sermões de padres ou pregações de pastores evangélicos. Espalhou-se como um rastilho pela internet uma "denúncia" de envolvimento do candidato a vice de Dilma, o deputado Michel Temer (SP), com o "satanismo". O site Hospital da Alma, ligado à Associação dos Blogueiros Evangélicos, diz que Dilma, se vencer a disputa, morrerá por obra de Satã, para que o sacerdote Temer assuma a Presidência.
As versões religiosas sobre a candidatura governista são inventivas e, no conjunto, ajudam a formar um clima de pânico que, em algum momento, pode resultar numa explosão em que a racionalidade da escolha do candidato ao segundo turno escorra pelo ralo.
Não deixa de ser irônico. A Igreja progressista esteve na base da formação do PT, embora limitada a regras da não militância política dentro das paróquias. Teve um papel fundamental em São Paulo. É aqui no Estado, que deu uma guinada conservadora durante e após os governos de Fernando Henrique Cardoso, que a Igreja Católica tem imposto os maiores prejuízos à candidata petista. Dois papados conservadores reduziram os progressistas católicos de São Paulo a um rebanho desorganizado e destituído de poder na hierarquia da Igreja.
A outra ironia da história é que, no momento em que perdem significativamente a força os chefes de política locais, em função dos programas de transferência de renda do governo, e o PT passa a ser o interlocutor preferencial junto aos pobres, os seus adversários tenham arrumado um "atalho" para chegar a esse eleitor humilde, via o temor religioso. O voto colocado como "pecado", e a eleição como obra de um "poder satânico", recolocam o eleitorado mais pobre e menos escolarizado nas mãos de líderes conservadores, mas pela força do medo.

Atitude Nobre - Colaboração de Joaquim Pinheiro



Atitude Nobre: Miguel Arraes - Cícero Dias - Salomão Kelner

Na década de 50, o pintor Cícero Dias foi estudar na França e, terminado o curso, resolveu fixar residência em Paris. Como não tinha mais a bolsa, mandou que suas irmãs organizassem exposição e vendessem os quadros que havia deixado em Recife e lhe mandassem o valor arrecadado para organizar sua vida. Dr. Arraes, na época prefeito do Recife, foi à exposição pela manhã, escolheu uma das telas, acertando com a irmã do pintor que no final do dia levaria o dinheiro e pegaria o quadro. No intervalo do almoço, a pessoa que atendeu Dr. Arraes saiu para a refeição, deixou outra irmã na exposição mas esqueceu de avisar que o quadro havia sido vendido. Dr. Salomão Kelner, médico e professor da UFPE, aproveitou o horário do meio dia, interessou-se pelo mesmo quadro e o comprou. Mais tarde, quando Dr. Arraes foi buscar a obra, ela não estava mais lá. Somente após trocas de telefonemas e muitos contatos, esclareceram o mal entendido. As irmãs de Cícero Dias chegaram a falar com o comprador pedindo a devolução, prontamente aceita pelo médico, mas Miguel Arraes preferiu levar outro quadro. No Natal de 1964, Dr. Arraes preso no quartel do corpo de bombeiros, a maioria dos correligionários presos ou cassados, poucos amigos presentes, Dr. Salomão vai ao quartel e pede ao Oficial do dia para entregar o quadro de Cícero Dias a título de Presente de Natal. Como agradecimento, Dr. Arraes escreveu a carta transcrita abaixo e que lhe mando em anexo, juntamente com a imagem do quadro, hoje em poder do Instituto Miguel Arraes:


Meu Caro Salomão,

Não sei como você se lembrou do quadro de Cícero dias, de que, em algumas ocasiões e não muito freqüentes, tive oportunidade de falar, porque constituiu uma espécie de abertura para a apreciação de trabalhos de arte moderna, muitos anos atrás. Sei, apenas, que sua lembrança ficou valendo muito mais do que o quadro, agora indispensável, não mais por ser um trabalho de que gostei, mas porque representa um testemunho de um gesto muito amigo, numa hora difícil para mim.

A sua e outras demonstrações de amizade, de apoio e dedicação que tenho recebido, se não apagam as marcas da injustiça, criam a compensação necessária para que possamos suportá-la. Mais ainda, nos dão ânimo para continuarmos a acreditar nas grandes mensagens que haverão de libertar a humanidade dos preconceitos e das desigualdades.

Felicidade para você e para os seus no ano que inicia. Minhas melhores recomendações à Dra Miriam.

Um grande abraço do amigo de sempre,

Miguel Arraes de Alencar

BAILA COMIGO - Festa Retrô


Chegou o momento de você usar novamente a velha calça desbotada, boca-de-sino, a camisa Cacharrel (nesse calor?), sapato cavalo-de-aço, cordão-de-são-francisco, camisa Hang Ten, polaina, anel de brucutu, colar com o símbolo paz e amor e tamanco Dr. School. Não exagerem no perfume Lancaster, para os homens, e Contouré, para as mulheres. Vocês certamente vão escutar shame, shame, shame, Lady Marmalade, don't let me down, “Baila Comigo” e outros grandes sucessos das paradas. Não levem o lança perfume, pois não estamos no carnaval e ainda é proibido rsrsr
Eu vou de macacão LEE, procurar uma menina pra "tirar um sarro" e, quem sabe, tomar uma cuba libre dançando "My mistake"! rsrsrsr
Essa festa vai ser um barato! Venha à caráter para o espetáculo ficar mais bonito. Faça parte da decoração e do encantamento da noitada! (a vestimenta não á obrigatória, mas certamente vai ficar "de cinema" se você for vestido(a) com a moda dos anos 60, 70 ou 80).

Se ( Rudyard Kipling )


Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling

Símbolo da Estupidez - Confundir a Pessoa Humana com a Preferência Política



As amizades precisam sobreviver às diferenças de opiniões !

A
s eleições estão nos trazendo o que de pior o ser humano tem dentro de si: O ódio desenfreado por aqueles que têm opinião política contrária. É notório aqui neste Blog ( como em todos os outros Blogs ), bem como na Internet de maneira geral, nos bares, nas lanchonetes, as inúmeras demonstrações de ódio não apenas pela opinião política ou religiosa, mas pelo próprio ser que a manifeste em público.

Carcomidos pela mais profunda intolerância Política, essas pessoas são capazes de destruir amizades aparentemente sólidas que atravessaram décadas, por uma simples divergência de pensamentos. Isso me lembra a velha Inquisição, quando aqueles que não concordavam com os ditames da época, eram incinerados vivos.

Quantas e quantas amizades já não foram desfeitas nos últimos meses apenas porque uma pessoa vota no partido Azul e outra vota no partido vermelho ? Será que a vida humana e os valores tão pregados por alguns se resumem a isto ? Nestas eleições vi jovens se degladiando, vi velhos quase se matando, vi pessoas que eu considerava inteligentes, como médicos, advogados, pessoas que têm até um bom nome na cidade, descerem do salto e ir brigarem no meio do povo, numa mais profunda demonstração de vileza, de baixaria, e de loucura!

Será que o Ser Humano não vale mais que a sua mera opinião política ?
Será que as amizades não deveriam estar sempre acima das convicções políticas e até religiosas ?

Porque afinal, o homem no seu íntimo se mostra tão ruim ? Essa pode ser até uma perguntinha infantil, tola, que se poderia fazer. É preciso todos percebermos o momento atual, e saber que tudo isso irá passar em poucos dias. Que as convicções que temos hoje, nos servem ocasionalmente, e que no futuro, poderemos mudar de opinião. Então, porque sacrificar nossas amizades por uma simples divergência de idéias ? A política deixa muita gente cega, é verdade. Pode fazer amigos brigarem, mas até certo ponto. Lembro-me de um ditado antigo, que já dizia que "As idéias brigam, mas as pessoas não deveriam brigar". Que tenhamos opiniões diversas. Nossos pensamentos não precisam ser concordantes em tudo. Mas há que permanecer sempre o respeito, a amizade, porque afinal, estamos tratando de seres humanos.

Parece-me incrível que alguns possam ainda nutrir um ódio tão mortal, tão descabido, e tão desproporcional pelos outros seres, a ponto de querer ver a aniquilação do próximo, somente pelo fato de não comungarem das suas idéias políticas. É provar para o mundo a grande estupidez que guardam dentro de si próprios, e a criticam nos outros. É mostrar que não são capazes de aceitar os que pensam de forma diferente, por desejarem a sua morte. É mostrar que aquilo de bom que fazem no dia-a-dia, vira fumaça, perdidos na noite escura da loucura, na mais absurda das insanidades humanas.

"Que valor há numa amizade incapaz de sobreviver a uma simples diferença de opinião política ou Religiosa ?"

Por: Dihelson Mendonça
( Após presenciar um quebra-quebra num bar da Vilalta por uma discussão politiqueira )

Quais as práticas dos candidatos? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Aqui pelo Rio de uns tempos para cá no caldo da classe média surgiu um novo ingrediente no falar: pessoas do bem e pessoas do mal. Desde que surgiu não usei a adjetivação nenhuma vez. É preguiçosa demais e redutora por excesso para que me revele como sou.

Não existem pessoas adjetivadas, pois, definitivamente, as pessoas são o que são deixando de ser. A vida é um movimento, tão intenso e claro, que deu origem a toda a filosofia alemã, especialmente à dialética hegeliana. A própria “lutas dos contrários”, a afirmação, a negação e a negação da negação; mostrava claramente este devir na história.

Mas em assim sendo como fica a ética, se tudo poderia cair na tabula rasa do movimento que a tudo justificaria? É que o movimento ocorre sobre as coisas substantivadas, modificando-as, mas estas modificações existem como muitas alternativas. Não apenas como aquela de fato acontecida. E que por isso mesmo não necessitam se tornar padrão e nem bandeira de ninguém.

Não existem pessoas do bem e do mal, mas existem práticas que já se conhecem no que dão. São as práticas que precisam ser confrontadas com a crítica e com a vontade coletiva, confrontadas com a razão dos exemplos apreendidos. Por isso mesmo não acho que ninguém seja bandido, prostituta, político, mau caráter ou outro modo de adjetivar, pois como pessoas, sempre serão muito mais que as suas práticas.

Mas as práticas, estas sim, serão sempre alvo da potência crítica. Mas sempre considere que a crítica é combustível da história, que muda de natureza, se elastece ou se reduz, que se expande e pode se encolher de tal modo que seu conteúdo não foge do próprio umbigo.

Ao trazer o tema, apenas pondero, que na fase de um segundo turno eleitoral as práticas, muito mais que os candidatos, estarão sobre a tutela do eleitor. Inclusive o modo como um lado ataca o outro, especialmente se por vias (práticas) já por demais usadas e abusadas.

Desafio: Voto - Por Aloísio

Voto


Sempre que decido meu voto
Procuro o melhor pro país
Sempre tenho que escolher
Se faço uma escolha infeliz
Vou pagar pelo meu erro
Não adianta choro nem berro
Nem também me desavim
Por isso eu aviso a vocês
Se eu não voto pra decidir
Alguém vai decidir por mim


Votos existem aos montes
Votos disso, votos daquilo
Há os votos de castidade
Há também os de pobreza
Mas os votos de que trato
São os que decidem de fato
Os destinos do meu país
Das capitais aos confins
Se eu não voto pra decidir
Alguém vai decidir por mim

Eu fui chamado pra falar
De um assunto que eu gosto
De uma palavra que decide
Às vezes causando desgosto
E também muita decepção,
Mas vingo na próxima eleição
Mas também não deixo assim
Mas não vou ficar parado
Se eu não voto pra decidir
Alguém vai decidir por mim


Aloísio