Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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domingo, 10 de outubro de 2010

Ethel não sabe bater - José do Vale Pinheiro Feitosa


Imaginemos uma cidade do Médio Paraíba no Rio de Janeiro. A nata da cidade se reúne com o orgulho das famílias pobres cujos filhos das escolas públicas municipais fazem parte de uma excelente Orquestra Sinfônica. Isaac Karabichvsky, o renomado maestro, tomou-se de amor pela orquestra e resolveu, ele mesmo, regê-la para uma apresentação da cidade.

O pessoal que saiu de casa com seus banquinhos para assistir sentado, teve de escondê-los. Era noite de gala e a prefeitura dispôs uma imensa platéia de cadeiras de plástico, coberta com panos brancos a dar valor ao público. E todos se reúnem. Numa das filas a família tradicional, entre elas um grupo de moças, solteiras, desquitadas, plenas ao amor livre. Mas Ethel pertencia a um subconjunto.

Com seus 63 anos, vistosa, mostrando um corpo admirável, charmosa mesmo, é um mistério inexplicável da natureza. Melhor dizendo: da natureza destes tempos. Ethel é virgem. Como? Não se sabe. Como tanto tempo bíblico após o paraíso, Ethel não tinha provado da maçã.

Eis que o Manuel, influente entre as mulheres, mas muito bom de gargalo e tabaco (o que fumaça faz). Chega ao grupo das mulheres com seu charme de encantador. Mas não as convence. A idéia geral é que o homem esteja mais para o verbo do que para o substantivo brocha que significa fecho ou prego de cabeça.

Ou seja, o Manuel está mais para aquela brocha de pintar, flexível e impenetrável instrumento. Eis que mal dar as costas, uma delas compreendendo a insustentabilidade das “cantadas” do homem diz: ele não agüenta nem bater uma p.....Não digo o resto por pudor.

Isso no vão do subtom, para que apenas as amigas ouvissem e rissem sem compartilhar com as mães e pais das famílias tradicionais que as rodeava. A nossa virgem Ethel quis saber do assunto. Uma amiga chega-lhe ao ouvido e repete: O Manuel não agüente nem bater uma p....

A Ethel ri alto e repete: NÃO AGUENTE NEM BATER UMA P....

Entre olhares constrangidos, os moços repetindo a frase num fulgor das luzes abertas, as amigas morrendo de rir e a Ethel achando graça da reação repete a frase mais uma vez. Mas aí a risada toma ares de gozação e a Ethel, é virgem, mas compreende o mundo e se vira para o sussurro da amiga para saber o que havia.

Pergunta o que é P....A amiga diz-lhe que se trata de coisas que ela nunca provou. Mas que acharia o máximo se provasse. Eis que a cesta de frutos proibidos esparramou-se na platéia sinfônica. Os acordes do primeiro movimento de toda a procriação. E excelsas da glória do profano prazer.

Ethel, compreensiva ao momento lembrou-se de compromissos inadiáveis. Naquele dia Isaac Karabichvsky e Orquestra Sinfônica teve uma vacância na platéia. Tudo por que a Ethel tinha achado a palavra P...engraçada e rira dela.

Com um artigo na Folha de São Paulo – O Fundamentalismo nas Eleições – o jornalista Jânio de Freitas disse: “Na essência, o fundamentalismo que aqui se torna eleitoral tem a ver com o papel subalterno que as religiões médio-orientais e ocidentais atribuem à mulher. Esse ser que nem na arca de Noé teve um lugar, não teve um lugar entre apóstolos e não foi convidada à última ceia. Nasce com as impurezas que a fazem incapaz para o sacerdócio e, ainda hoje, deve esconder-se do mundo sob véus e burcas e hábitos, quando não é apedrejada pelos castigos que isentam os homens. Nesse tratamento aos considerados filhos de Deus, o fundamentalismo encontra no aborto o crime de homicídio na promessa de pessoa que é o feto. A vida acima de tudo. Não, porém, a vida da mulher que não quis ou nem pode ter o encargo de um filho e, entregue à solução única do aborto precário, perde a vida aos milhares e milhões. É vida de mulher, só.

Por uma porta secundária o tema do aborto acaba por revelar uma grande novidade, que parece ter se escondendo entre PT e PSDB, entre Lula e FHC, entre Serra e o machismo militante: uma mulher tem, pela primeira vez no Brasil, a real oportunidade de ser Presidente da República. E isso vai depender desta mulher saber conquistar os corações da maioria dos brasileiros. Afinal estamos num patamar superior da evolução política. Não pela Dilma como personagem, mas pela mulher como essência da humanidade.
Limite
- Claude Bloc -

Por-do-sol por trás da Meruoca - UVA (Sobral)

O dia se apaga
num horizonte de muitos silêncios
e a verdade está aqui
dentro de nós,
na varanda da casa
na varanda do mundo
aqui em mim.

O dia se apaga
num horizonte sem fim.
Onde está o limite desse silêncio? …
Alguma coisa mudou
e aqui me derramo
cato meus sonhos:
(C(r)ato!)

Mas deixa pra lá,
deixa pr’amanhã…
ou sei lá pra quando.

Claude Bloc
Remota vida
-Claude Bloc -
Longe das cidades,
das faces sem sorrisos.
longe do concreto,
das frases sem sentido
Sou lugar remoto
onde a vida se dispersa
onde se dispensa o tempo.

No final da tarde,
as casas se iluminam
através das frestas
por trás das janelas.
São casas anônimas,
cheias de segredos
cheias de euforia
e de medo...

Longe das cidades
Longe do concreto
Paro pra pensar
depois, me liberto
digo “boa noite”
sem esperar resposta:
a noite começa
a lua tem pressa.



Claude Bloc

Notícias Do Brasil (Os Pássaros Trazem) - Milton Nascimento / Fernando Brant

Notícias Do Brasil (Os Pássaros Trazem)
(Milton Nascimento / Fernando Brant)


Uma notícia está chegando lá do Maranhão
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Veio no vento que soprava lá no litoral
De Fortaleza, de Recife e de Natal

A boa nova foi ouvida em Belém, Manaus,
João Pessoa, Teresina e Aracaju
E lá do norte foi descendo pro Brasil central
Chegou em Minas, já bateu bem lá no sul

Aqui vive um povo que merece mais respeito
Sabe, belo é o povo como é belo todo amor
Aqui vive um povo que é mar e que é rio
E seu destino é um dia se juntar

O canto mais belo será sempre mais sincero
Sabe, tudo quanto é belo será sempre de espantar
Aqui vive um povo que cultiva a qualidade
Ser mais sábio que quem o quer governar

A novidade é que o Brasil não é só litoral
É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
Tem gente boa espalhada por esse Brasil
Que vai fazer desse lugar um bom país

Uma notícia está chegando lá do interior
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil
Não vai fazer desse lugar um bom país

(Música gravada no LP Caçador de Mim, em 1981)

Catulo da Paixão Cearense - Por Norma Hauer


Voltemos ao dia 8 de outubro. Nessa data nasceu um GÊNIO.

Seu nome é Cearense, mas ele nasceu em 8 de outubro de 1863 em São Luiz do Maranhão,onde viveu até aos 10 anos, quando sua família passou a residir no interior do Ceará, terra de seu pai (Amâncio José da Paixão Cearense).

Durante muito tempo, com ele já residindo aqui no Rio de Janeiro, pensava-se que fosse cearense. Parece-me que quem "destrinchou" a verdade sobre sua naturalidade foi Almirante (Henrique Foreis) um dos homens mais inteligentes do rádio brasileiro. Inteligente e pesquisador que ia "fundo". Não aceitava nada sem provas.

Aos 19 anos, Catulo, contra a vontade do pai, abandonou os estudos e passou a dedicar-se a tocar violão. O violão, naquela época, assim como outros instrumentos era considerado vulgar e "gente bem" não se aproximava de um.

Mas Catulo era teimoso e sendo um poeta e músico nato, dedicou-se ao instrumento e começou a compor serenatas, o que era, também, uma "ousadia". Por aí vê-se a dificuldade que deveria ser dedicar-se a coisas "reles" que as pessoas de família não apoiavam.
Catulo, enfrentando tudo, em 1908 apresentou-se com seu instrumento "infame" no Conservatório de Música e passou a ser aceito na sociedade . Afinal era um gênio !!!
Apesar disso, só em 1914, quando a pedido de Nair de Tefé, mulher do então
Presidente da República (Marechal Hermes) apresentou-se no Palácio do Catete, é
que foi mais bem recebido a ponto de ser convidado para saraus, "modismo" da
época. Nair de Tefé, mesmo sendo quem era, também encontrou preconceito para se impor como caricaturista, com o nome de Rian (Nair invertido).
Reconhecido como gênio e freqüentando saraus, um deles uma mocinha metida a
importante zombou de sua feiura. Para que?
Na hora ele compôs "Talento e Formosura".
Embora a música mais famosa de Catulo, cantada até por crianças atualmente ("Luar do Sertão") não é das mais bonitas.

Por Um Beijo ";"Clélia";Cabocla Bonita"; "Rasga o Coração"... são verdadeiras obras de arte, com músicas e poemas deslumbrantes.

Colocarei aqui a letra de "Talento E Formosura"porque a considero uma obra-prima que é uma lição para quem pensa que a beleza é eterna.
TALENTO E FORMOSURA
Tu podes bem guardar os dons da formosura,
Que o tempo um dia há de implacável trucidar.
Tu podes bem viver ufana da ventura,
Que a natureza cegamente quis te dar.
Prossegue, embora,
Em flóreas sendas sempre avante,
De glórias cheias no seu solo triunfante,
Que antes que a morte vibre em ti funéreo golpe seu,
A natureza irá roubando o que te deu.

E quanto a mim, irei cantando meu ideal de amor,
Que é sempre novo, no vigor da primavera.
Na lira austera em que o Senhor me fez tão destro,
Será meu estro só do que for imortal.

Terei mais glória em conquistar com sentimento,
Pensantes almas de varões de alto saber.
E com amor e com pujança de talento,
Fazer um bardo ternas lágrimas verter.
Isso é mais nobre, é mais sublime e edificante
Do que vencer um coração ignorante.
Porque a beleza é só matéria e nada mais traduz
Mas o talento é só espírito e só luz.

Descantarei na minha lira as obras-primas do Criador,
O mago olor da flor, desabrochando à luz do luar.
O incenso dágua que nos olhos faz a mágoa rutilar
Nuns olhos onde o amor tem seu altar.

E o verde mar que se debruça na alva areia a espumejar
E a noite que soluça e faz a lua soluçar.
E a Estrela Dalva e a Estrela Vésper langüescente
Basta somente para os bardos inspirar.

Mas quando a morte conduzir-te à sepultura,
O teu supremo orgulho, em pó, reduzirá.
E após a morte profanar-te a formosura
Dos teus encantos mais ninguém se lembrará.
Mas quando Deus fechar meus olhos sonhadores
Serei lembrado pelo bardos trovadores,
Que os versos meus hão de na lira em magos tons gemer
E eu morto, embora, nas canções hei de viver.

Catulo faleceu em 1946 e seus versos aí estão encantando gerações. E a formosura, onde está ?

Norma

Paulo Roberto - Por Norma Hauer


No início do século XX havia, no município de Ponte Nova (interior de Minas Gerais) uma vila de nome Saúde. Foi ali que no dia 10 de outubro de 1903 veio ao mundo alguém que recebeu o nome de José Marques, mas ficou conhecido no meio radiofônico como PAULO ROBERTO.
Deixando seu município natal, veio para o Rio de Janeiro, onde estudou Medicina, tornando-se médico obstetra. Parece que já estava escrito: ele nasceu em Saúde e se transformou em um grande médico ajudando centenas de crianças a nascer. Mas...
Mas não foi como médico que ficou famoso. Dividindo-se entre a Medicina e a radiofonia se tornou um dos grandes vultos do tempo áureo do rádio com o nome de PAULO ROBERTO. Como radialista formou, ao lado de Almirante e de Paulo Tapajós,o trio que mais fez em prol de nosso rádio e sua história.
A primeira vez que ouvi Paulo Roberto foi na Rádio Tupi, apresentando as "Serestas de Sílvio Caldas", onde , com pequenos resumos, falava das melodias que seriam cantadas por Sílvio. Sílvio Caldas era imprevisível e desaparecia indo garimpar em algum lugar do Brasil..Antes de viajar, porém, passou para o disco uma das obras-primas de Paulo Roberto:"Cigana", cuja última estrofe dizia:

".. e dei-te as mãos, e nossas mãos tremeram,
Teus olhos nos meus olhos se perderam.
Eu fiquei mudo e não disseste nada.
Então sorriste e eu te chamei querida,
Unimos nossas vidas, numa vida.
E desfez-se o mistério do teu porte.
Mas não perdeste o teu poder divino,
Nas minhas mãos não leste o meu destino,
Porque está em tuas mãos a minha sorte. "

Seu veio de compositor ainda o fez autor de uma bela canção chamada "Minha
Serenata" e de "Vagalumeando".

Deixando a Tupi, Paulo Roberto levou seu talento para a Rádio Nacional e passou a ser conhecido em todo o Brasil com seus inteligentes e originais programas.

Ali lançou "Nada Além de Dois Minutos"; "Gente que Brilha"; "Obrigado Doutor' (que originou um filme com o mesmo nome);"Honra ao Mérito"; "Bandeiras da Liberdade"
e,por último, "Lira de Xopotó".

Mas chegamos a 1964 e Paulo Roberto, como muitos outros que fizeram a Rádio Nacional ser a maior emissora da América do Sul, foi "dedurado"como comunista , devido a seu trabalho como médico e suas idéias por uma justiça social atendendo a centenas de gestantes pobres. A Rádio Nacional deixou de ter talentos, para ter medíocres. A Rádio Mayrink Veiga, na mesma ocasião, foi "cassada" e morreu. A Nacional , como era, também morreu e hoje tenta renascer de suas cinzas.

Afastado do rádio, PAULO ROBERTO deu sua colaboração para a televisão, lançando sua "Câmera Indiscreta", muito superior às "pegadinhas " de hoje.

Como radialista, ele parou quando foi desligado da antiga PRE-8, mas como médico foi importante para o término das obras do Hospital de Clínicas 4º Centenário, as quais se encontravam paralisadas desde o temporal de 1966, que quase arrasou com Santa Teresa.

Hoje, aquele hospital maravilhoso, no qual acreditei quando era ainda mato e me tornei uma de suas sócias fundadoras, hoje está abandonado, prestes a ser transformado em uma tapera. O que é pena. Era um ótimo hospítal.

Sem completar 70 anos, PAULO ROBERTO faleceu em 1973, deixando um grande vácuo nos corações de todos que o admiraram.

Foi fazer serenata junto aos que partiram antes dele

Nas noites de serenata,
A minha voz se desata,
Surgindo na multidão...”
Norma

Segundo turno - José NIlton Mariano Saraiva

Acirram-se os ânimos por conta do segundo turno da eleição presidencial. De um lado, uma mídia comprovadamente tendenciosa e golpista, à frente as Organizações Globo, Revista VEJA, jornais Folha de São e O Estado de São Paulo, que descaradamente têm por objetivo primeiro e único derrubar o governo que aí está - por cima de pau e pedra, chova ou faça sol - nem que para tanto tenha que usar e abusar de expedientes os mais execráveis, como esse de querer reduzir a agenda de um momento tão significaivo e importante para a nação à mera discussão do aborto (onde, aliás, a posição do candidato oposicionista é a mesma da candidatura governista, conforme documento assinado pelo próprio quando Ministro do governo FHC).
Na outra extremidade, um governo que conseguiu a proeza de retirar milhões e milhões de brasileiros da miséria absoluta (reinserindo-os à condição de cidadãos partícipes do desenvolvimento e do progresso), que fez do Brasil um pais respeitado e admirado internacionalmente, que tornou-se auto-suficiente na produção petrolífera, que descobriu o pré-sal e suas generosas perspectivas, que se fez merecedor em patrocinar a próxima Copa do Mundo de Futebol e as próximas Olimpíadas, e que, enfim, hoje desponta como a provável quinta economia do mundo.
Fato é que nesse interstício entre o primeiro e segundo turno, o Brasil se acha entre dois caminhos, claramente antagônicos: continuar com Dilma e Lula, que representa mais desenvolvimento econômico, mercado interno de massas, mais distribuição de renda, mais e melhores empregos formais e a luta incessante e diuturna para dizimar a miséria. Ou, em contrapartida, o outro adverso caminho, representado por Serra e FHC, que já é conhecido dos brasileiros: baixo crescimento, privatização em massa do patrimônio público (inclusive e principalmente a Petrobrás, conforme recentes declarações do seu assessor David Zylbersztajn, ex-genro de FHC), poucos empregos e flexibilização da CLT e da carteira assinada.
Aliás, essa questão do emprego formal é merecedora de profunda reflexão: todos sabem que o emprego formal no Brasil vem crescendo de forma consistente no governo Lula. Com Lula, a economia acelerou o seu crescimento, o que explica em parte a criação de milhões de empregos formais. O forte impulso da distribuição de renda e do mercado interno de massas, onde se sobressaem empresas fortemente geradoras de mão de obra sejam pequenas, micros, médias e até mesmo grandes empresas, também contribui.
Ao contrário de FHC que estimulava as empresas a adotarem novas formas de contratação, visando reduzir o que chamavam de “custo Brasil”, o governo Lula tem como diretriz o trabalho de carteira assinada, seguida pela fiscalização do Ministério do Trabalho. Com Lula, os sindicatos foram valorizados, ao contrário de FHC que tinha como objetivo impor-lhes uma dura derrota.
E sob esse prisma, o instrumento indicador do mercado de trabalho formal mais amplo atende pela sigla “RAIS”, que é a Relação Anual de Informações Sociais. Os dados do RAIS são divulgados anualmente, representam cerca de 97% do mercado de trabalho formal brasileiro e no seu banco de dados constam aproximadamente 6,9 milhões de empresas declarantes. De forma diferente do CAGED, que se restringe ao trabalho celetista, o RAIS também recolhe dados dos estatutários, dos trabalhadores regidos por contratos temporários e dos empregados avulsos.
Pois bem, seus últimos dados mostram que sob Lula, ao final de 2010 terão sido criados 15 milhões de empregos formais em oito anos, uma média de 1.877.954 empregos por ano. Já sob FHC, os números foram bem mais baixos: 5.016.672 vagas em oito anos, com uma média de 627.084 contratações anuais.

Assim, a média anual de geração de empregos com Lula pelo RAIS foi cerca de três vezes maior que no governo FHC. Os tucanos sempre desacreditaram a meta de 10 milhões de empregos, fixada por Lula em 2002. E, no entanto, o petista acabou alcançando 15 milhões de novos empregos de carteira assinada e os 10 milhões viraram a diferença para mais em relação ao governo FHC.
Isso é ou não é redistribuição de renda ???
Isso é ou não é reinserção social ???

Perigo no Feijão !

Cuidado ao manusearem feijão cru!!!

Por via das dúvidas vale a pena abrir o saco, colocar os feijões em uma bacia sem manuseá-los, deixar de molho com vinagre por 15 a 20 minutos ( insetos não sobrevivem mais que isto molhados ) para depois catarem o feijão.

Como se não bastasse a gripe suína, lá vem mais bomba!!!
Matéria divulgada em vários sites de Agricultura, porém foi misteriosamente tirada do ar.
Confirmado na última semana o 83º caso de Chagas contraído a partir do Feijão servido nas refeições dos brasileiros.

Pelo que foi divulgado pela mídia especializada, toda a colheita entregue por uma cooperativa de plantadores de feijão (COOVENF) está contaminada com o protozoário da doença de Chagas (tripanosoma cruzi), oriunda do Barbeiro.

A doença se alastrou com rapidez, pois a cooperativa atende a mais de 18 empresas que embalam o Feijão e o distribuem para todo Norte, Centro Oeste e Sudeste do Brasil.

Inseto em forma de ninfa no lote de feijão


O que é mais alarmante é que foi constatado que os lotes NÃO foram tirados de circulação, fazendo com que o número de infectados aumente a cada semana.


Feijão contaminado


É sabido que já se contraiu CHAGAS a partir dos tipos carioquinha, jalo e preto, uma vez que todos são originários da mesma Cooperativa.


A maioria dos doentes estão no sul do estado de Goiás, São Paulo e Minas, porém sabe-se que há casos no Acre, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Infectologistas estão recomendando que se troque temporariamente o feijão por Canjica ou Grão de Bico ( imunes ao Chagas ) porém, se for indispensável o uso do grão do feijão nas refeições, aconselham que use   2 colheres de vinagre  no feijão que deverá ficar de molho por 15 minutos .
 
Recebido por e-mail

Dilma e a fé cristã- Por Frei Beto

Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária aos princípios do Evangelho e da fé cristã


Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte.
Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.
Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho.
Nada tinha de "marxista ateia".
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria, terrorista- acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos.
Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.
Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.
Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
FREI BETTO, frade dominicano, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de "Um homem chamado Jesus" (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004, governo Lula).


De: José Raimundo de Andrade Lima [jralima@uol.com.br]
Enviado: domingo, 10 de Outubro de 2010 7:37
Para: "Undisclosed-Recipient:;"@smtp.uol.com.br
Assunto: CNBB - Apelo aos Brasileiros e Brasileiras

O ipê à beira da estrada. Por Padre Fábio de Melo

"O ipê à beira da estrada.                        


Não quero perder a capacidade de admirar as belezas do mundo. O ipê florido à beira da estrada é um imperativo que reconheço bíblico. Nele há uma fala de Deus me pedindo calma. A sacralidade da vida ganhou voz em estruturas singelas, e solicita que eu me proste.
É santo o que os meus olhos enxergam. A cor amarela encontra moldura no azul dos contornos do céu. Ao longe, o verde completa o quadro. Paira sobre a cena um mistério raro, como se houvesse uma névoa a me recordar que a raridade da beleza é uma epfania divina.
O meu desejo é deixar de seguir o caminho que me leva ao meu destino. Impossibilitado da parada, ouso diminuir a marcha. Quero a cena dentro de mim. Ouso rezar a Deus que me permita registrar na memória a beleza que não posso aprisionar.
Olho para os que passam. A velocidade dos carros não permite que os seus ocupantes vejam o que vejo. Eles estão privados da mística que só pode ser compreendida quando os passos perdem a pressa. Estão ocupados demais com suas urgências práticas. É preciso chegar. Há muitas iniciativas a serem tomadas e o tempo não pode ser perdido.
Enquanto isso, o ipê se ocupa de sua florada amarela. Cumpre no tempo a proeza de ser um sentido oculto e deslumbrante para os distraídos que o percebem.
Nele há uma pequena parte da beleza do mundo que tive a graça de descobrir. E só por isso diminuí o ritmo da minha vida.

Olhei com calma para sua beleza e nele percebi o sorriso do Criador. Sorriso de Pai, que vez em quando, faz questão que seus filhos diminuam suas velocidades para uma breve brincadeira redentora.

Eu aceitei. Brinquei com Ele. Fiquei mais feliz"

Vale para refletirmos. Abraços
Fatima

VOCÊ SABE O QUE É UM PALÍNDROMO?


Um palíndromo é uma palavra ou um número que se lê da mesma maneira nos dois sentidos, normalmente, da esquerda para a direita e ao contrário.

Exemplos: OVO, OSSO, RADAR. O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase; é o caso do conhecido:

SOCORRAM-ME, SUBI NO ONIBUS EM MARROCOS.

Diante do interesse pelo assunto (confesse, já leu a frase ao contrário), tomei a liberdade de seleccionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões...

ANOTARAM A DATA DA MARATONA
ASSIM A AIA IA A MISSA
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA
A DROGA DA GORDA
A MALA NADA NA LAMA
A TORRE DA DERROTA
LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL
O CÉU SUECO
O GALO AMA O LAGO
O LOBO AMA O BOLO
O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO
RIR, O BREVE VERBO RIR
A CARA RAJADA DA JARARACA
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ


E agora sabe o que é TAUTOLOGIA?

É o termo usado para definir um dos vícios, e erros, mais comuns de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima'ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito .

Note que todas essas repetições são dispensáveis.
Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.
Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia. Assim, se fala em bom português .

Gostou?
Esta é para os amantes da língua portuguesa (como eu)

Recebido por e-mail

A importância de um amigo - Emerson Monteiro

Ninguém é sozinho. Por mais que se escute dizer, custam séculos reconhecer e integrar à personalidade os valores definitivos desta sabedoria. As facilidades de pular fora, pensar outros conceitos, permitem que mudemos de afirmação quase a cada novo pensamento, pela corrida frouxa das pessoas viverem saltando de galho em galho, como quem troca de roupa, e querer renovar o estoque das filosofias que alimentam a superficialidade. Enchem a barriga das euforias e voam.
Contudo mergulham nas palavras e deixam de lado as vezes reais para estabelecer um caráter maduro, definitivo, de juntar as peças dos quebra-cabeças nos ensinos deste mundo.
Ninguém, por si só, seria suficiente toda hora, nas ações da sobrevivência, pois a natureza impõe participação coletiva no caldeirão social. Daí o espírito de aproximação que orienta a constante busca, nos movimentos humanos para a coletividade.
Por mais independente queira ser, há ocasiões quando o tempo fecha e tudo parece afastar toda segurança, que desaparece qual fumaça no vento. Nessas horas, trabalham os elementos, quebrando o prazer do egoísmo vaidoso, pois homem alguém é uma ilha, comprovou um poeta e descobriram as gerações.
No auge da dificuldade, vai abaixo a máscara do isolamento e as mãos sobem na direção dos outros, ou dos céus. Despidas alternativas de encontrar respostas, as crises e os impedimentos naturais da imensa jornada batem na cara o metal da desilusão. Convencidos nas facilidades aparentes, os poderosos dobram os joelhos e rezam aflitos.
Um amigo, uma amiga, vale seu peso em ouro. Quem duvidar que descubra a certeza desta cogitação. Os que fogem acomodados imaginam meios de morar sozinho feito jabuti, esquecidos, porém, dos riscos da floresta, onde domina o imponderável, no minuto seguinte, conquanto o futuro a Deus pertence.
Nessa riqueza da comunicação, eis aqui, portanto, a lembrança de quanto vale o amigo. Gosto de afirmar aos meus filhos que os dedos de uma mão são suficientes para contar o número dos amigos que se conquista na curta jornada desta vida. E saber que toda pessoa representa uma porta aberta a novas amizades... Quanta grandeza conquistar novos amigos e descobrir o infinito dessas inúmeras oportunidades.

Móbile- Por Ana Cecília S.Bastos



Novos espaços,
e os mesmos labirintos de ocultamento e
disfarce.
Perturbação e enleio, desconforto no próprio eu.

O eu está desconfortável.
Como o equilibrista do Cirque Du Soleil, confia na-
quele que segura os fios.
Seu movimento é ilusão, só existe nas mãos da-
quele.

O equilibrista está desconfortável.
Inventa  nós e tranças.
Abismos e angústias nada mais são que
disfarces.

O salto no infinito.

Tua Fala - Por Everardo Norões



TUA FALA

Tua fala parecia
uma rede de varandas,
branca,
no meio da sala.

(Uma coisa que envolve
e, ao mesmo tempo, se esquiva):
gesto seco de uma chama,
morrendo,
e sempre mais viva.

Era assim, tua palavra:
escorreita, sem medida.
Falas como pés descalços,
presos à relva macia.
Ou um cheiro de curral
quando a manhã principia.

(Tua fala parecia
a rede, toda bordada,
onde a noite amanhecia).

De A Rua do Padre Inglês (2006)

Para um Domingo cor-de-rosa

Edith Piaf


Edith Piaf, nome artístico de Edith Giovanna Gassion, (Paris, 19 de dezembro de 1915 — Grasse, 10 de outubro de 1963) foi uma cantora francesa de música de salão e variedades, mas foi reconhecida internacionalmente pelo seu talento no estilo francês da chanson.

O seu canto expressava claramente sua trágica história de vida. Entre seus maiores sucessos estão "La vie en rose" (1946), "Hymne à l'amour" (1949), "Milord" (1959), "Non, je ne regrette rien" (1960). Participou de peças teatrais e filmes. Em junho de 2007 foi lançado um filme biográfico sobre ela, chegando ao cinemas brasileiros em agosto do mesmo ano com o título "Piaf - Um Hino Ao Amor" (originalmente "La Môme", em inglês "La Vie En Rose"), direção de Olivier Dahan.

Édith Piaf está sepultada na mais célebre necrópole parisiense, o cemitério do Père-Lachaise. Seu funeral foi acompanhado por uma multidão poucas vezes vista na capital francesa. Hoje, o seu túmulo é um dos mais visitados por turistas do mundo inteiro.

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Giuseppe Verdi




Giuseppe Fortunino Francesco Verdi (Roncole, 10 de outubro de 1813 — Milão, 27 de janeiro de 1901) foi um compositor de óperas do período romântico italiano, sendo na época considerado o maior compositor nacionalista da Itália, assim como Richard Wagner era na Alemanha.

Foi um dos compositores mais influentes do século XIX. Suas obras são executadas com frequência em casas de ópera em todo o mundo e, transcendendo os limites do gênero, alguns de seus temas já estão há muito enraizados na cultura popular - como "La donna è mobile de Rigoletto, "Va, pensiero" (O Coro dos Escravos Hebreus) de Nabucco , "Libiamo ne' lieti calici" (A Canção da Bebida) de La Traviata e o "Grande Março de Aida. Embora sua obra tenha sido algumas vezes criticada por usar de modo geral a expressão musical diatônica em vez de uma cromática e com uma tendência de melodrama, as obras-primas de Verdi dominam o repertório padrão um século e meio depois de suas composições.
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Ipê Amarelo, um presente da natureza ! - Por heládio Telese Duarte


Sou solitária, mas sou resistente.
Na caatinga ,sou resplandecente, 
embora sinta a adversidade,
Entretanto devanéios sempre inspirei,
Sou adevinha, pois prescinto chuvas...
(Heládio)

Zéca Preto e Chico de Zébra - Por: Dihelson Mendonça




Zeca Preto era um desses clássicos caboclos nordestinos. 1:90m de puro sangue e músculos. A natureza havia lhe conferido uma força privilegiada, o que era reforçado ainda mais, pelo seu trabalho de servente de pedreiro, quando passava o dia carregando latas cheias de concreto para as construções, rendendo-lhe o carinhoso apelido de "Jabobêu" por parte dos colegas. Além daquele famoso "rabo de galo" lá no bar do Queléu, onde atualizava as prosas com os companheiros de sinuca, Zeca também adorava paquerar as pequenas do vilarejo.

Chico de Zébra, ao contrário, era um Cearense baixinho, bigode aparado, fala fina, metido a valentão, peixeira sempre na cintura, pois era um exímio cortador de cana. Em três coisas Chico acreditava: em Jesus, Maria Santíssima, e na honra da família. Trajando sua costumeira e surrada bermuda jeans, hoje sem cor, e um chapéu remanescente dos tempos em que largou o trabalho de pescador lá em Camocim, Chico morava numa choupana, com seus 2 filhos pequenos e claro, a sua formosa Antonieta, que embora para os dias de hoje já andasse meio decaída, já fora considerada a moça mais bela de Cotergipe. Religioso, aos domingos Chico levava a prole a assistir às chorosas homilias do vigário local, quando retiravam do armário as suas chitas mais imponentes.

Mas há tempos, andava acabrunhado o velho Chico. As más línguas do lugar haviam chegado até seus ouvidos, que Jabobêu andava dando em cima da sua Antonieta, e embora ele não tivesse a menor prova da veracidade dos boatos, que a cada dia se agigantavam em Cotergipe, isso estava roubando as suas noites de sono. Como medida preventiva, Chico começou a espalhar na redondeza, a fama de ser bom atirador de facas e que iria partir a cara do primeiro condenado que paquerasse a sua "fiel" esposa.

Zeca, folgado como sempre, não se deixava intimidar por esses ataques de ciúmes, e lá do Bar do Queléu, continuava com aquele olho de urubu esperando a vítima, pra cima da mulher do Chico, até o dia em que, tomando umas pingas a mais, começou a falar bobagens, e disse pra todo mundo:

"Antonieta é que é mulher! Ainda vai ser minha, num é pra tá com um bestalhão como aquele Chico de Zébra. Chico além de Fela da Puta, é Corno!" - Foi aquele alvoroço na cidade. A notícia se espalhou como fogo em mato de novembro, até chegar aos ouvidos de Chico, que logicamente, ficou indignado, e passava a noite resmungando, apesar dos muitos chás de camomila e erva cidreira que Antonieta lhe preparava. "-- Eu vou matar aquele desgraçado!", dizia. A mulher ainda tentava acalmá-lo: "- Chico, você num vá fazer uma besteira, homem de Deus, olha os teus 2 filhos pequenos pra criar..."

Mas Chico estava se sentindo humilhado e firmemente determinado a passar essa estória a limpo. Correu o boato na cidade, de que iria matar Zeca Preto, que quando soube, caiu na gargalhada, não ficando nem um pouco intimidado. Zeca, na verdade, se deliciava com as notícias vindas das bandas do Chico, que garantiu tomar satisfações.

Não suportando mais aquela terrível situação, pois ao passar pelas ruas de Cotergipe, até as crianças já zombavam: -- Ali vai Chico de Zébra, o corno da cidade!", Chico decidiu que o Sábado à tarde seria o momento ideal para a execução de seu plano macabro. Iria se encontrar finalmente com Zeca Preto no bar do Queléu. "-- Quero ver se aquele vagabundo tem a coragem de dizer na minha cara o que ele anda dizendo por aí, nas costas..." resmungava.

No dia programado, Chico pegou a sua famosa peixeria, botou na cintura, tomou umas bicadas e saiu em direção ao Bar do Queléu. Nem é necessário dizer que metade da cidade o seguiu em povorosa. Crianças gritavam, mulheres choravam, e os homens naquele alvoroço, diziam: "hoje vai ter pau! hoje um dos dois se acaba ! Eita, Danou-se!"

Zéca Preto tava ainda conversando dentro do bar, quando olhou pela janela e viu a multidão vindo naquela direção, e alguém disse "Que diabo é aquilo, Zéca ? O povo endoidou ? " "Não! deixa estar! É o Chico que vem lavar a sua honra de corno!"

Chico, já com cara de valentão, "pegando ar" sob a gritaria do imenso público que o seguia, e aparentando uma coragem até então inexistente em sua vida, mesmo tendo apenas quase metade da altura de Zéca Preto, chegou defronte ao Bar do Queléu e gritou:

"Zéca Preto? Eu quero ver se tu é homem é agora!"

Fêz-se aquele silêncio no vilarejo.

"Eu quero é ver se tem homem nessa cidade!"

Zéca, dentro do bar, tomou a última lapada de cana, acendeu um cigarro e foi calmamente em direção à porta. Coçou a cabeça e disse:

"O que é que você quer, Chico ?"
"Eu vim lavar minha honra!" "Eu soube que você andou dizendo por aí que eu sou Corno. Isso é verdade ? Quero ver se você tem coragem de dizer que eu sou corno na minha frente, aqui, pra todo mundo escutar. Quero ver se tu é macho mesmo é agora, Zéca Preto!"

Zéca então, largou o cigarro, e ficando na frente do Chico, inclinou o enorme corpo negro, e olhando bem nos olhos, disse com uma voz grave e forte:

"Eu falei pra todo mundo e digo agora na sua cara, Chico: Você não só é o corno da cidade, mas é também um Fela da Puta, um viado e um baitola! E aquela sua mulhezinha Marieta, ainda vai ser minha. Agora abra a boca aí, e diga ao menos um "piu" pra gente se acertar os ponteiro agora! o que é que você veio fazer aqui mesmo ?" ( E começou a dar murros na parede ).

Chico de Zébra, então, tremendo como uma vara verde, e quase se mijando diante daquele vexame, com todo mundo olhando e esperando qualquer reação, pensou...pensou e com uma voz cada vez mais fina, soltou finalmente essa:

"ÊÊÊ...Ê.......Eu num disse ? ... Eu num disse, pessoal ? Taí. Dei valor a você, Zéca Preto! Pra mim homem tem que ser macho assim, que diz as coisa na lata, na cara. Num é como essa ruma de falso, de baitola daqui de Cotergipe, que alevanta falso de nóis pelas costa ! Homem pra mim tem que dizê as coisa assim, na cara. Agora eu tô por dentro que tu é macho mesmo! " E fechando a boca, saiu cabisbaixo e de fininho no meio da multidão.

Zeca Preto, voltando para o bar, pegou um taco da sinuca, e enquanto passava o giz azul, deu uma "goipada". Queléu, o dono, então falou: "E aí, Zeca, como é que tu sabia que ele ia se desmanchar daquele jeito ?"

Zeca Preto fez uma cara de "amassa prego" com o cigarro no canto da boca, e olhando por cima do taco com um olho fechado, apenas resmungou de lado:

"É porque nesse mundo, Queléu, até pra ser um bom corno como Chico, é preciso já nascer com talento!"

Por: Dihelson Mendonça

A literatura como orgia perpétua

Tenho para mim que a obra máxima de Mario Vargas Llosa é A Orgia Perpétua, o seu livro sobre Flaubert e Madame Bovary. É onde deu mais dele mesmo, um depoimento pessoalíssimo e ao mesmo tempo uma análise acuradíssima da técnica de Flaubert.

É ponto pacífico que o poeta é a pessoa mais indicada para discorrer sobre a poesia, como o romancista é a pessoa mais indicada para falar sobre o romance. Mas não é, a grosso modo, o que ocorre. Como se o poeta ou o romancista fossem os criadores que não sabem, mas fazem. E esse sintagma “não sabem” com um significado que vai além do primeiro enunciado: como se não apenas não soubessem falar sobre a poesia ou o romance, mas também fossem ignorantes da matéria, da carpintaria do poema ou romance.

O que não acontece com Vargas Llosa – é um criador que conhece a técnica da criação e sabe expô-la didaticamente, como um mestre ensinando o ofício a seus discípulos. É admirável o quanto entrega a própria técnica ao expor a técnica de Flaubert. Ficamos de queixo caído: o homem sabe o que faz, conhece seu instrumento de trabalho, como manejá-lo e como ensinar os outros a fazer o mesmo. Mata a cobra e mostra o pau. Não tem vergonha de ensinar a mágica. Não tem medo. Sabe que a mágica continuará sendo admirada mesmo depois de conhecidos os truques. Aliás, nem todos os truques são puros truques – ou são exatamente isso: truques puros, feitiços, encantamentos, passes de mágica.

Como para Flaubert, suportar o fardo da existência só mesmo com a orgia perpétua da literatura. Essa mágica e iluminação. A poética não consta de um conjunto de técnicas, apenas, mas essencialmente de uma iluminação que o artista dá o sangue para atingir.

Vargas Llosa finalmente vai receber o Prêmio Nobel de Literatura. Aplausos. A língua espanhola sente-se gratificada; é uma língua irmã da portuguesa, portanto também nos sentimos gratificados. A América Latina sente-se gratificada; nós, brasileiros, lembramo-nos de que também somos latinos (nem sempre nos lembramos, mas agora é conveniente) – e também nos sentimos gratificados.

Por que nenhum escritor brasileiro foi considerado digno de tal honraria? A nossa língua portuguesa é meio difícil? Há tradutores. Machado de Assis, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Clarice Lispector são sobejamente conhecidos. Por que não foram premiados? Machado e Euclides morreram quando estava sendo criado o Nobel. Mas muita criação menor do que a dos poetas brasileiros foi premiada - menor quanto à qualidade, não ao tom que Bandeira lamentou na sua (“Sou poeta menor, perdoai.”). Os jurados são falíveis.

Na própria língua espanhola, Jorge Luis Borges, um dos maiores criadores do século 20, ficou a ver navios sem receber o Nobel. Borges era um homem de direita – a sua obra não tinha rótulo, como toda arte de valor, mas ele era rotulado como um retrógrado homem de direita. A Academia Sueca tem essa distorção como diretriz: premia personalidades, não artistas. Felizmente no caso de Vargas Llosa, como no de vários outros, houve a feliz coincidência: a personalidade era um grande artista.

Mas Vargas Llosa não era de direita também, como Borges? Seu amigo García Marques foi premiado – era de esquerda, amigo de Fidel Castro (até dizem as más línguas se aproveitou dessa amizade para se promover). Vargas Llosa ganhou o Nobel muitos anos depois, mas ganhou. Não defendia o liberalismo? Oras, mudaria o Nobel ou mudei eu? Aliás, ou mudou o mundo? A questão é essa: mudou o mundo e, com ele, o Nobel. Felizmente, repito, Llosa é coincidentemente um grande escritor.

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