Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Noite de domingo - Emerson Monteiro

Menos um final de semana para encontrar o tal tesouro. Roupas servidas durante a missão ficaram jogadas ao cesto de cheiro característico do suor das pessoas, dias compassados. Dentes escovados. Olhos ainda ardidos na busca perdida revivem o silêncio das necessidades urgentes apenas naquele momento. Só restam, pois, fiapos de música girando desafinados pelo ar do quarto vazio. Saudades surdas, insistentes, mordem por dentro, na noite calada, fervilhante, artesanal, as entranhas impacientes.
Lá fora, lua aberta no céu, enquanto portas fechadas escondem a SOLIDÃO dos pavimentos adormecidos de grandes blocos gelados. Dimensões no entanto proporcionais à ansiedade devassam o mistério desses rastros luminosos de holofotes poderosos a varrer o céu com longos riscos, à procura de naves extraviadas que alimentariam os sonhos, desde as velhas jornadas noturnas anteriores.
Métodos de cura e drama igualitário querem superar o desânimo perante a repetição intermitente do nível médio da ambição. Talvez aceitações produzam efeitos brilhantes de lesmas que deslizaram na véspera pelas paredes do teto, em termos de convencimento de quanto o poder de mudar os trilhos do vento significaria respostas inteligentes ao sol do dia seguinte. Nisso tudo, um mastro de navio encalhado indicava nas sombras desenho escuro dos mapas eternos.
Pele enrijecida, ainda quente do verão, representa limite extremo do chão de si próprio, fogueira inevitável do existir. Tatuagem solta em ritmos eletrizantes, recordações iguais de experiências como resultado semelhante da velha impossibilidade, idêntica, de romper as muralhas do fosso individual alvacento. As ilustrações do piso escorrem de volta pelas paredes enegrecidas do firmamento. Tintas fosforescentes contornadas de garras dos animais que vigiavam as frestas da trincheira cobertas de bruma em lânguidos volteios; quase nenhum sobrevivente, nas tentativas abortadas de vencer o isolamento.
Aquém, um pretérito se dilui e encharca o solo pegajoso das conquistas guardadas nos trastes e monturos abandonados. As esperas e atitudes esconderam as fórmulas impróprias de exercer o direito de vasculhar estantes mofadas, gesto instintivo de prevalecer a qualquer preço ao sumir incontido.
Notas pelos cantos, e os insetos cortantes invadem o ventre das cordilheiras. Monstros em figuras de gente. Guerrilheiros de outras facções mercenárias, adversários de modos exaustos, músculos flácidos de cobaias mecânicas. Luzes que incendeiam os sonhos, enredos apaixonantes e prováveis. Vida bem próxima da realidade inevitável. Angústias justificadas, presentes, espertas.
O cerco se fecha qual punho metálico, a comprimir artérias e veias, retendo a circulação na área dos dedos maiores. Árvores imensas crescem ramagens gigantescas. As pontes levadiças abrem suas bocas transcendentais ao espaço descomunal do continente, na tela. Nisso, as primeiras levas escapam sorrateiras, na superfície do mundo invisível das cadeias atômicas, contato permanente dos outros iguais e suas cólicas que se perdem lentamente ao furor das novas conquistas. Sim, há espécie de claridade insuspeita no extremo oeste da razão, através dos laços do sentimento retorna esplendorosa...

O céu da cidade - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Quando a cidade ainda era criança ouvia histórias de Trancoso ao luar ou em noites estreladas. Foi nesta era que aprendeu a mais improvável das idéias. O tempo e o espaço não existiriam por eles, dependiam dos astros no universo.
E então ela compreendeu, mesmo uma menina ainda aprendiz, entre o alto do Seminário e de São Francisco, que o céu era invenção de seus próprios corpos celestes.
Por isso na parte do seu umbigo, a qual brincava chamando-o Siqueira Campos, ela imaginava que ali se reuniriam os astros do céu para longas noites de brincadeira.
E como uma criança de sentido na vida, todas as noites ela punha as estrelas, os satélites, os cometas, asteróides, corpos cadentes, pulsares e quasares para animada conversa.
A criança entendia que todos deveriam nas noites se encontrar. Sem qualquer censura a quem quer que fosse. Sem dimensões, hierarquias ou primazias, apenas a reunião para que assim o céu surgisse em sua natureza dependente dos corpos reunidos.
De vez em quando o sol queria mediar alguma coisa, dizer que ele era o principal, pois ocupava com seu brilho metade do tempo.
Mas a criança dizia-lhe: o tempo é matéria de todos os corpos celestes. Não adiantava o sol querer censurar, se vingar com seus raios candentes, se aborrecer com os outros astros, ele apenas o era em face dos demais.Pois naquele céu da cidade a estrela mais amorosa, doce com estas luzes matutinas e vespertinas, canto das ladainhas com cheiro de vela iluminada, era uma necessidade inarredável.
A estrelinha com algumas sombras enrugadas, uma cicatriz da eventualidade, não era imagem dos espelhos côncavos, era um astro mantenedor do céu da cidade.
Feito aquelas estrelas da constelação de câncer, que dizem do incontrolável em multiplicação, mas são tímidas e misteriosas, ligadas às tradições. Mesmo que lhe digam abismo, é o signo do sonho, da ternura, imaginação e da memória tenaz que fixa e idealiza as recordações, acontecimentos e sentimentos do passado para se proteger contra as incertezas do futuro. Sedutor e sensual. Com seus textos e figuras retiradas dos jardins do mundo.
E sempre lá as estrelas do Cruzeiro do Sul, no traço do caminho da via láctea, a rota que do litoral aponta para a origem. Como é para sul, se veste de outras possibilidades que não apenas as mesmas normas assim do modo costumeiro, o seu contrário que até se diz que norteia. Os astros constelares destes céus que se dizem luzes.
O céu necessita dos pulsares que não cessam, mesmo quando despido de suas lagartixas ou das formas continentes do cotidiano. Os pulsares são tantos e dispersos no planisfério da praça que em cada canto vem a narrativa de um tipo da cidade, uma voz das correntezas franciscanas; mais adiante uma voz feminina em dupla com o outro gênero.
Quasares como sugestão do indecifrável, na fronteira do universo, quase a cabeça luminosa de toda uma galáxia. Cometas anunciando os velhos tempos, puxando uma cauda luminosa entre o medievo e a modernidade.
Alguma estrela polar essencialmente traduzindo o espaço como uma forma determinada pela intensa luminosidade de tal astro. E são todos, a cidade sabe que nenhum pode ausentar-se sob pena que o céu não se mostre.Mesmo o buraco negro é necessário como parte positiva de tamanha conjugação.
Certo que a palavra fala em negativo, no sumidouro de todas as partículas, mas também de uma força que tende a resolver tudo por origem.
Aquele antes em que o horizonte de tantos eventos nem promessa seria. Apenas o irrealizado.
A cidade sabe a importância do céu, sem ele jamais chegaria à vida adulta.

por José do Vale Pinheiro Feitosa

Bala de café




Ingredientes:
3 copos (americanos) de açúcar cristal
1 copo de café bem forte
1 copo de leite
1 colher (sopa) de manteiga
1 gema
1 colher (sopa) de mel
1 e 1/2 colher (sopa) de farinha de trigo



Modo de Preparo:

Misture tudo com o fogo apagado.
Primeiro, o café. Em seguida, o leite, o trigo, a gema de ovo, o mel, a manteiga e o açúcar.
Mexa até conseguir uma mistura homogênea e, só então, acenda o fogo.
Tenha paciência para ficar meia-hora mexendo a mistura.
Depois, despeje o caramelo, de preferência num tampo de granito para esfriar mais rápido.
Unte para não grudar.
Depois que a bala estiver morna, comece a soltá-la e, com carinho, corte em pequenos pedaços.
Se quiser mais capricho, embale em papel transparente.

COMPOSITORES DO BRASIL


“Vem que passa teu sofrer
Se todo mundo sambasse
Seria tão fácil viver”
(Chico Buarque, Tem mais Samba, 1964).

CHICO BUARQUE
Parte I

Por Zé Nilton

Guardadas as devidas proporções musicais, mas não sentimentais, talvez o meu espanto ao ouvir o Chico pela primeira vez, quando subia a rua Mons. Assis Feitosa rumo à Praça Siqueira campos, numa tarde qualquer do ano de 1966, assemelhe-se ao que foi acometido por Caetano, Gil, Chico, Nelson Motta e outros, quando ouviram o inusitado João Gilberto tirando a clássica “Chega de Saudade”, de Tom e Vinícius, com a desconcertante batida de seu violão, em 1959.

O veículo do meu deleite foi o mesmo de alguns dos citados: a amplificadora. No centro da Praça, e espalhada pelos bairros de então, a famosa Amplificadora Cratense sonorizava a música de um tempo que ficou marcado no imaginário de toda uma geração, e contribui para forjar a identidade de nosso povo.

Chico é considerado um divisor de águas entre a bossa nova e a nova música popular brasileira em que o talento dele e de muitos imprimiram uma diversificação rítmica, principalmente na música urbana. O próprio Chico produziu samba, fox - trote, marchinha, bolero, valsa, rock, baião, blues, e vai por aí...

A história da produção artística do compositor, cantor, escritor, teatrólogo e amante do futebol, esse carioca nascido em 04 de junho de 1944, está escrita, reescrita em livros, jornais, teses acadêmicas, e no seu site www.chicobuarque.com.br.

Portanto, não temos nada de novo a dizer, a não ser que sempre percebemos algo de novo toda vez que o escutamos, com frequencia.

Queremos tão-somente homenageá-lo no mês de seu aniversário, e o faremos editando e apresentando uma sequencia de três programas no Compositores do Brasil.

Seguiremos a linha do tempo para que o ouvinte possa acompanhar a evolução musical desse gênio de nossa música, ao tempo em que vamos contextualizando a sua obra no interior dos principais acontecimentos históricos do Brasil recente.

Como suporte, lançamos mão da bela escrita de Wagner Homem no seu livro: Histórias de canções, Chico Buarque, São Paulo, Editora Leya, 2009.

Na sequencia algumas músicas de 1964 a 1966.

TEM MAIS SAMBA (“considerado pelo Chico como marco zero de sua carreira profissional”)
JUCA
LUA CHEIA, de Chico e Toquinho
SONHO DE UM CARNAVAL
PEDRO PEDREIRO
OLÊ, OLÀ
MEU REFRÃO
NOITE DOS MASCARADOS
COM AÇUCAR E COM AFETO
MORENA DOS OLHOS D´ÁGUA
A BANDA
QUEM TI VIU, QUEM TE VÊ

Quem ouvir verá!

Informações:
Programa Compositores do Brasil
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Sempre às quintas-feiras, de 14 as 15 horas
Rádio Educadora do Cariri – 1020 kz.
Apoio: CCBN.
Retransmitido pela www.cratinho.blogspot.com

Receita de Carne do sol com abóbora


Ingredientes


1/2 kg de carne seca (jaba, carne de sol)

1 abobora cambotiã média

1 cebola grande picadinha

3 dentes de alho picadinhos

1 copo de requeijão cremoso

1 caixinha de creme de leite

50 g de azeitonas pretas

1 sache de tempero para legumes

2 colheres de margarina (com sal)

1 folha de louroSa

lPimenta do reino

Azeite


Modo de Preparo


Deixe a carne de molho para retirar o sal
Corte-a e cozinhe na pressão até o ponto de desfiar (de 40 minutos à 1 hora)
Desfie a carne e reserve
Descasque e limpe a abóbora, corte-a em pedaços pequenos (mais ou menos 1 cm)
Em uma panela doure o alho na manteiga com um fio de azeite, junte a abóbora e o tempero para legumes e refoge até que fique macia (não pode desmanchar), se precisar vai adicionando água aos poucos
Em outra panela doure a cebola no azeite, acrescente a folha de louro, a carne desfiada, uma pitada de pimenta do reino e a azeitona
Refogue por cerca de 20 minutos, junte a abóbora refogada e adicione o requeijão e o creme de leite sem o soro
Deixe no fogo até ficar homogêneo (mais ou menos 5 minutos)

O “Pé de Valsa” – Por: José Nilton Mariano Saraiva

Com quase dois metros de altura, atlético, retilíneo, educado, falante, risonho e de olhos azuis penetrantes, o distinto General, mesmo casado, logo caiu nas graças das mulheres autodenominadas “independentes” (divorciadas, viúvas, desquitadas, balzaquianas e até as casadas mal-amadas) que, tal qual o nosso eterno rei Roberto Carlos, vivem incansavelmente à procura de novas e fortes emoções; de outra parte, também viu-se paparicado por um certo segmento da imprensa fortalezense (a turma da “fofocagem”, da “babação”, do “puxa-saquismo”), responsável pelas colunas sociais dos jornais tupiniquins. O certo é que o imponente General, recém aposentado do exército brasileiro, e que fora rebocado lá do belo, frio e longínquo Rio Grande do Sul para atuar na área de segurança do governo estadual, já chegou causando boa impressão, um “frisson” danado.
E nos dias subseqüentes ao seu desembarque, isso só se confirmaria: é que, convidado quase que diariamente para festas e mais festas da alta sociedade, o esbelto General não só se fazia presente como - e principalmente - se destacava pela disposição irrefreada de rodopiar com desenvoltura pelos salões da vida (com a distinta esposa, evidentemente), fosse qual fosse o ritmo tocado (bolero, samba, pagode, mambo, rock, o escambau), para deleite e admiração dos presentes; aos primeiros acordes de um som qualquer, o distinto casal era o primeiro a adentrar a arena de dança e o último a sair; dizia-se, à boca pequena (para não parecer desrespeito), que era um autêntico “pé-de-valsa”, já que além de gostar realmente de bailar, parecia flutuar, com autoridade, leveza e elegância, acima dos mortais comuns. Um autêntico expert na nobre arte da dança.
Dia seguinte, no caderno do jornal destinado à fofocagem, os colunistas sociais eram pródigos, fartos e magnânimos com o General, ao realçarem sua forma física, sua desenvoltura, seu pique e sua simpatia nos salões, ao mesmo tempo em que recorrentemente teciam loas à tranqüilidade do evento, porquanto a segurança teria sido feita pelos... “soldados do General”. Enquanto isso, a manchete da primeira página do mesmo jornal, no mesmo dia, nos informava de mais um assalto que houvera sido praticado na cidade na mesma noite em que se realizara o evento, de mais um crime que houvera sido perpetrado na madrugada, de mais um acidente com vítimas, sem que o policiamento tivesse conseguido chegar a tempo de obstaculá-los. E o nosso nobre e distinto General, livre, leve e risonho a incansavelmente rodopiar, rodopiar e rodopiar pelos salões da vida; e a segurança dos salões sempre, sempre e sempre entregue aos “...soldados do General”.
Inconformados, redigimos um texto apropriadamente intitulado “Os soldados do General”, onde questionávamos se era correto, se era adequado, se constitucionalmente seria permitido que referidos militares se prestassem a “pastorar” festinhas particulares, enquanto a cidade de Fortaleza literalmente entregue estava não às baratas, mas a marginais de alta periculosidade que, acintosamente, pintavam e bordavam, faziam e desfaziam, casavam e descasavam, impunemente. O momento era tão crítico, no tocante à (in) segurança reinante em Fortaleza, e a argumentação que usamos para abordá-la de uma consistência tal, que a nossa carta foi aprovada e publicada completa, na seção destinada à manifestação dos leitores.
À noite do mesmo dia, aí pelas 23 horas, quando já nos havíamos recolhido, eis que o telefone toca insistentemente: uma, duas, três... até que no quarto “tilintar” o atendemos, ainda um tanto quanto sonolentos; não sabemos se devido ao silencio sepulcral da madrugada ou em razão da absoluta tranqüilidade reinante àquele momento, mas o certo é que “trememos nas bases” quando, do outro lado, ouvimos aquela voz cavernosa, autoritária, soturna e metálica perguntar se o senhor José Nilton Mariano estava; ao indagarmos quem queria falar com ele, a desagradável surpresa: "aqui é o Major Fulano, Chefe de Gabinete do General Beltrano” (do próprio).
Após a confirmação de sermos quem ele procurava, o “pedido” um tanto quanto inusitado (ou seria uma ameaça, não tão velada assim?): o “General Beltrano” MANDA LHE AVISAR que leu sua carta, publicada hoje no jornal tal; ele pede, no entanto, que o senhor procure ver o que vem sendo feito na área de segurança, que procure entender que se trata de uma área muito problemática, muito difícil, muito delicada, muito critica; que, enfim, tenha mais paciência e procure divulgar coisas boas e favoráveis, a respeito. Sensibilizados, agradecemos a deferência da insistente ligação àquela hora e aproveitamos para pedir ao distinto Major que, por favor, comunicasse ao nobre General que não se preocupasse, que quando houvesse necessidade, quando se fizesse preciso, quando ele merecesse, assim como havíamos tecido críticas, também estaríamos aptos a fazer elogios. Votos de boa noite, lado a lado. Estranhamente, dormimos sonhando com o General.
Meses depois, interstício durante o qual ainda conseguimos fazer publicar duas cartas (com teor similar), ironicamente o “pé-de-valsa” dançou solenemente, ao ser recambiado às pressas às suas origens (o Rio Grande do Sul), antes da data prevista; para manter as aparências (lembremo-nos que o homem era General do Exército aposentado) e não pintar sujeira no pedaço (na verdade, para esconder a inoperância ou inaptidão do dito-cujo para a função), convencionou-se, parte a parte, pela divulgação de uma nota oficial do governo onde, ao tempo em que lhe agradecia pelos “relevantes serviços prestados ao Estado do Ceará”, informava que o General partira de volta às origens por “...motivos particulares, de força maior” .
Em particular, ao tempo em que lamentamos profundamente, fomos tomados de uma grande frustração, certo constrangimento e decepção, uma preocupante tristeza, por não termos tido a oportunidade de cobrir o General de elogios, de mimos, de lantejoulas, de agrados mil, como ele, através do Major, tal expressara na fase crepuscular daquela noite.
Mas, a partir de então, quando dos badalados e recorrentes eventos sociais realizados em Fortaleza (e como os há em profusão), uma dúvida atroz teima em nos azucrinar a cachola: foi-se o distinto “pé-de-valsa”, é certo, mas será que os truculentos “soldados do General” (que permaneceram), continuam a se prestar ao “pastoreio” de eventos particulares ???
Será ??? A troco de quê ???
Ei
- Claude Bloc -


Você mesmo! foge não!
Vem ver os versos
Que fiz pra você
Leia as palavras
As letras...
Veja as fotos
As cores...
O universo que se encerra
em nós.
Nós: uni-verso.
.
- Fotos e Texto: Claude Bloc -
Verde Novo
- Claude Bloc -





Queria ver de novo
o verde novo
dessa mata.

Queria
estar contente com tudo...
Contudo não acho
a fôrma nem a forma
que nos informa
e nos enforma
em verso e prosa
rosa glosa,
verde prosa.

.

Claude Bloc

Fotos (aquareladas): Claude Bloc
.

Grata recordação

Pedro Esmeraldo

No inicio dos anos 30, meu pai iniciou o plantio da cana-de açúcar no sítio São José. Considero-me uma pessoa privilegiada, pois tive a sorte de conviver no meio da bagaceira, já que meu pai possuía dois engenhos, um em Crato e outro no município de Barro – CE.

Deixou-me como legado um patrimônio auspicioso que foi a educação. Esse engenho teve início em 1930; a principio, de forma rudimentar, movido a tração de bois. No meio da década de 30, mudou para engenho a vapor que perdurou até a vinda da energia elétrica de Paulo Afonso, no ano de 1970, quando desapareceu o predomínio da rapadura, visto que foi substituído pelos alimentos sofisticados dos tempos modernos.

Quando passo pelas ruínas do antigo engenho, no sítio Pau Seco, neste município, tenho grandes recordações daqueles tempos áureos de minha infância. Há mais ou menos 50 anos era um lugar aprazível, aconchegante e que favorecia uma relação harmoniosa de paz de espírito.

Convivi naquele local no meio de pessoas humildes, com comportamentos inusitados, constituídos de várias naturezas, com semblante rústico, precisando de muito sutileza no equilíbrio emocional, decorrente da fadiga pela luta árdua e das canseiras diárias.

Meu pai, um cidadão sério, agricultor arrojado, praticava as atividades agrícolas por vocação. Sabia projetar com equilíbrio o trabalho agrícola. Conduzia com perfeição as manhas dos trabalhadores, mas manejava com altivez e bom senso crítico. Livrava-se dos perigos, utilizando palavras hábeis. Fugia com muita tranquilidade das pessoas ardilosas que o obrigavam a se comportar com o máximo grau de bondade que o respeitavam e obedeciam com sinceridade as suas ordens.

Como já relatei acima, meu pai, homem destemido e hábil, tinha o cuidado de colocar trabalhadores certos nos lugares certos.

Autodidata por natureza, dirigia com perfeição e conhecimento todos os trabalhos inerentes ao campo agrícola, saindo-se muito bem nessa atividade espinhosa, levando com brilhantismo e com direção arejada a luta do campo; sempre acompanhado de trabalhadores experientes, afim de adquirir melhoria de produtividade, já que desejava aumentar o seu patrimônio dentro da tecnologia aperfeiçoada.

Seus trabalhadores tinham uma conduta séria e de comportamento exemplar, por isso granjeou muitas amizades, projetando bom desempenho, mostrando que com trabalho sério e honestidade o homem chega a ter sucesso em seu serviço.

Esses trabalhadores rudes, que mais guardo na recordação da minha memória, vistos pelo seu comportamento zombeteiro, foram indubitavelmente os cambiteiros: eram irrelevantes, com procedimentos duvidosos, senhores absolutos e anarquistas, visto que desrespeitavam a pessoa humana. Tornavam-se figuras intolerantes em seus trabalhos com a posição de homens irregulares no campo de transporte de cana do brejo para o engenho. Nem tudo era desprezo para essa classe de trabalhadores rudes já que desempenhavam com muita satisfação a sua tarefa.

Trabalhavam sem cessar, como prestadores de serviço, pois tinham por obrigação conduzir com 5 (cinco) animais atrelados com arreios rústicos: como a cangalha (peça de madeira artesanal colocada no lombo do animal, revestida de forro e pano de algodão e coro de gado e embutida com produto cactáceo existente nas catingas do nordeste), a cilha (fita de couro que prendia a cangalha na barriga do animal), a focinheira (espécie de cabresto para facilitar o manejo dos animais), a rabichola (que prendia a cauda do animal à cangalha), e o cambito (peça de madeira que facilitava o transporte da cana).

Devido à rusticidade do trabalho, os cambiteiros se tornavam intolerantes aod habitantes aos arredores dos engenhos. Ninguém gostava de sua conduta. Possuidores de comportamento repreensível, tornavam-se intolerantes comprovadamente pela anarquia que, por natureza, ninguém suportava de bom grado, Eram, pois, zombeteiros e intrigantes quando iam pela estrada e não queriam saber quem viesse pela frente. Se a pessoa não se submetesse ao seu comportamento caiam no ridículo.
Certa vez, observei uma cena que me deixou intrigado, preservando-a na memória: um comportamento desses anarquistas que vou relatar neste artigo.
Um dia chegava ao engenho um senhor de tez branca, querendo conhecer o movimento do engenho, mas pelo seu jeito afeminado foi logo observado pelos cambiteiros a partir do seu andar duvidoso. Foi quando, sob gritos, o pobre homem saiu desesperado sem nunca mais pisar em bagaceira nenhuma.
Apenas desejei lembrar e repassar para os amigos como era o regime de cambiteiros e como ainda hoje sinto saudades dos velhos tempos de outrora que não voltam mais e jamais poderão ser substituídos por este modernismo desequilibrado e algumas vezes intolerante.

Foto by Nívia Uchôa


Tony Curtis



Tony Curtis, nome artístico de Bernard Schwartz, (Bronx, 3 de junho de 1925) é um ator estadunidense, popular desde os anos 50 e 60 por seu trabalho no cinema tendo participado de mais de cem filmes desde 1949.

Filho de um alfaiate húngaro imigrante, ele teve uma infância bastante difícil no bairro do Bronx, Nova York, onde a família morava nos fundos da alfaiataria. Sua mãe e um dos seus dois irmãos eram esquizofrênicos, o que fez com que ele e o outro irmão fossem internados num orfanato aos oito anos de idade, por impossibilidade do pai de tomar conta de todos.

Curtis serviu na marinha durante a Segunda Guerra Mundial e foi um espectador privilegiado da rendição japonesa na Baía de Tóquio em 1945. De volta aos Estados Unidos, passou a estudar teatro, e em 1948, devido à bela aparência e aos olhos marcantes que o tornariam ídolo do público feminino nos anos seguintes, foi contratado pelo estúdio Universal de Hollywood, que lhe colocou em aulas de esgrima e montaria e trocou seu nome de batismo para Tony Curtis.

Apesar de parecer ser apenas mais um "menino bonito" a chegar ao cinema, Tony provaria o seu talento em filmes como A Embriaguez do Sucesso com Burt Lancaster, Acorrentados com Sidney Poitier - que lhe renderia uma indicação ao Oscar - , O Estrangulador de Boston ou O Homem Que Odiava as Mulheres, em que interpretava um psicopata real e aquele que seria o seu mais duradouro trabalho na lembrança dos cinéfilos: o clássico de Billy Wilder, Quanto Mais Quente Melhor, com Marilyn Monroe e Jack Lemmon.

Ele também fez diversos trabalhos na televisão, o mais bem sucedido deles na série The Persuaders, com Roger Moore, bastante popular no início dos anos 70, que terminou porque Moore foi escolhido para fazer James Bond no cinema.

Tony tornou-se pintor nos anos 80 e conseguiu grande sucesso nesta segunda atividade, que segundo ele é o seu principal interesse há anos, com seus quadros sendo vendidos por até U$50.000 e um deles exposto no Metropolitan Museum of Art de Nova York.

Curtis lamenta nunca ter ganho um Oscar e considera que o mundo do cinema jamais reconheceu verdadeiramente seu trabalho, mas conquistou diversas honrarias e tem uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.

Mora hoje no estado de Nevada e considera Cary Grant (com quem filmou em 1959 a ótima comédia Operation Petticoat) o seu ator favorito de todos os tempos.

Tony Curtis foi casado seis vezes. Em duas delas com as atrizes Janet Leigh, seu mais famoso relacionamento e com quem teve duas filhas, Kelly e a também atriz Jamie Lee Curtis; com a austríaca Christine Kaufmann, com quem também teve 2 filhas, Alexandra(1964) e Allegra(1966), nos anos 50 e 60 respectivamente; casou-se com Leslie Allen e também teve dois filhos: Nicholas(nascido em 1971, morreu em 1994 de overdose de heroína), e Benjamin(1973). Ele revelou que ja engravidou Marilyn Monroe. Um dos mais conhecidos e picantes fatos dos bastidores do cinema envolvendo Tony Curtis se deu em 1959 durante as filmagens de Quanto Mais Quente Melhor. O estilista do filme, ao comentar com Marilyn Monroe durante provas de roupas (Tony e Jack Lemmon atuam quase o tempo todo travestidos de mulher) que Tony tinha nádegas mais bonitas que ela, fez Marilyn retrucar na hora, abrindo a blusa, "é, mas ele não tem isso!", mostrando os seios. A grande tragédia de sua vida, depois da dramática infância que passou, foi a morte de seu filho Nicholas aos 23 anos, em 1994, por overdose de heroína. Atualmente é casado com Jill Vandenbergh Curtis, 42 anos mais nova. Tony diz que ele e a mulher se divertem muito quando fazem comentários sobre a grande diferença de idade, ele jura que está perfeitamente em atividade e nunca tomou Viagra.

Obtida de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Tony_Curtis"

CLIQUE - Por Edilma Rocha



Foto by Edilma Rocha

Equação - por Ana Cecília S.Bastos

O poema e seu mistério.

Paralaxe.

Palavra que me atrravessa o fim do ano.
Acordo com ela,
não sei o que significa, embora.

Paralaxe.

Esse movimento, contudo.

Sinais da Guerra - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Os brasileiros ainda não sentiram na pele, mas o centro do sistema capitalista mundial está em crise: EUA e Europa. Estamos apegados ao crescimento da China e a certo protagonismo dos emergentes incluindo os chamados BRICs. Diante de mudanças de fundo enormes, inclusive se tomarmos os dados recentes, com o surgimento, por exemplo, da Turquia nos eventos destes últimos 20 dias, relembrando o velho Império Otomano. Aliás, os brasileiros estão ávidos por turismo na Turquia, inclusive aquele religioso. Tudo isso reflete enormes mudanças em curso.

O pensador português Boaventura de Sousa Santos analisando a situação da Europa identifica o ressurgimento das lutas de classe que haviam se reduzido no continente em razão da social-democracia. Finalmente, nos últimos 60 anos a antiga luta de classe entre o operariado e a burguesia capitalista havia chegado a acordo mutuamente vantajoso para os dois lados: “o capital consentiria em altos níveis de tributação e de intervenção do Estado em troca de não ver a sua prosperidade ameaçada; os trabalhadores conquistariam importantes direitos sociais em troca de desistirem de uma alternativa socialista. Assim surgiram a concertação social e seus mais invejáveis resultados: altos níveis de competitividade indexados a altos níveis de proteção social; o modelo social europeu e o Estado Providência; a possibilidade, sem precedentes na história, de os trabalhadores e suas famílias poderem fazer planos de futuro a médio prazo (educação dos filhos, compra de casa); a paz social; o continente com os mais baixos níveis de desigualdade social.”

Agora com as reformas neoliberais sustentadas pelo capitalismo financeiro, levando ao corte nos benefícios sociais (só este ano Portugal fechará 900 pequenas escolas), redução da proteção aos desempregados e estiolamento dos direitos trabalhistas a luta de classe ressurge, a revolta operária toma as ruas e certamente evoluirá para novas formas de violência. Neste ponto o pensador pondera, ou a classe operária, atualmente fragmentada, se junta aos diversos movimentos da sociedade, faz um articulação continental, pois os Estados Nacionais europeus não mais se sustentam, inclusive desvinculando o capital produtivo do especulativo, ou a saída neste clima é o fascismo.

Robert Fisk, célebre jornalista inglês, em artigo de ontem, analisa a tibieza dos governos e aponta o poder popular de volta à cena política ao comentar a ação de ativistas confrontando o bloqueio de Israel à faixa de Gaza. Isso tudo remete para aquele clima de luta de classes e de grandes articulações na luta popular. Por outro lado a situação dos governos e da política mundial é assustadora e os sinais da guerra estão todos à mostra.

Façamos um paralelo entre o cerco Israelense à Faixa de Gaza e aquele dos exércitos nazistas à cidade de Leningrado que não exageramos. Façamos o mesmo, no reverso, do cerco dos russos a Berlim no final da guerra, quando EUA e Inglaterra tentaram furar o bloqueio para que alemães não fosse igualmente vitimados como haviam sido os russos de Leningrado. Isso é o que se encontra por trás desta questão de gaza.

Agora vejam os sinais de guerra: os EUA, que protegem Israel como uma parte de si mesmo - Israel é cada vez mais algo como um Havai que apenas não vota diretamente nas eleições americanas, mas têm uma enorme influencia recíproca – se comportam do modo mais vil possível. Menos de dez dias após querer sangrar o Brasil e a Turquia por uma missão de paz, humilha a inteligência mundial com seus argumentos diante deste ataque de Israel à flotilha que pretendia furar o bloqueio e realizar ajuda humanitária diretamente. Hillary Clinton anunciou, ontem, a mais incrível das idéias: ela quer uma investigação isenta e clara dos acontecimentos sobre o comando de Israel. Israel é quem deve realizar as investigações e apresentar as conclusões.

Qualquer um que leia os embates diplomáticos do início da segunda grande guerra vai encontrar este mesmo cinismo com a finalidade única de confrontar o inimigo. Israel irá camuflar sua ação de bloqueio com a análise do que deu errado na operação. Mas calma, não é o que deu errado por existir o bloqueio ou ter realizado uma operação ilegal em águas internacionais. O errado que apontarão: são aqueles táticos e a suficiência da força necessária para sufocar, num primeiro momento, a reação dos ativistas. Eles não querem saber do principal, mas apenas apagar os assassinatos cometidos contra bolinhas de gude e estilingues.

Como sempre há vida no lado do povo. O simbolismo que representa a cineasta brasileira Iara Lee (antes que alguém diga, ela tem dupla nacionalidade é, também, americana) nesta frente internacional é importantíssimo para o nosso próprio juízo. Além do mais a carta que o cineasta Silvio Tendler, ele um orgulhoso judeu, fez ao governo de Israel mostrando o dissabor com suas práticas diz bem da capacidade que supera o cinismo e a truculência.

O maior símbolo de todos: é Hedy Epstein, judia, de 85 anos, radicada nos EUA desde 1948, que fugiu da Alemanha Nazista e teve a família trucidada no campo de concentração de Auschwitz. Ela já tentou furar o bloqueio à faixa de gaza três vezes antes. No dia do embarque foi proibida de entrar num dos barcos da flotilha pelas autoridades Cipriotas. Agora tentará tomar um barco Irlandês que ficou para trás por questões mecânicas e rumará para a faixa de Gaza, mais uma vez em desafio.

Os ativistas mundiais estão cada vez mais parecidos que os judeus que resistiram à opressão na segunda guerra mundial.

Love Me Tender, como antigamente... - por Socorro Moreira


Depois de alguns meses de flerte incerto, ora olha, ora não olha, ora o cruzar do olhar, naquela noite de domingo, enquanto rodava na praça Siqueira Campos de braços dados com a vida e as amigas, Clara escutou o boa noite de Paulo. Todas se entreolharam, mas foi o coração de Clara que fez zoada, no descompasso !

Parou, e as amigas entre sorrisos assustados, se afastaram.

Paulo arranjou coragem, num cigarro "Capri"?

Ou foi a música da Frigidaire , que detonou o avanço ?
" Coruja, o nome que eu dei a um certo alguém, que passa e nem sequer olha ninguém, pensando só tá ela , no lugar..."

Olhos nos olhos, e a pergunta clássica , entrecortada : " quer namorar comigo"?
Uma resposta evasiva . Um sim decisivo por dentro, e um talvez cheio de pudores , na voz do momento.
- Sou nova, 13 anos incompletos... meus pais não vão aprovar. Morro de medo de uma surra; morro de medo de me apaixonar... Mas os olhos disseram sim , e o romance começou a se encaixar. Conversas doces, nervosas, palpitantes. Clara pela primeira vez, anrranjara um namorado.
Naquela noite , antes de dormir, escreveu no seu diário :
Ele encostou. Estamos namorando, e marcamos novo encontro, no Cine Moderno , sessão das 4 h, para assistir Elvis Presley !
Ao som de "love me tender " , o primeiro momento de intimidade : um simples roçar de braços ! E começou o mundo de encantos, lágrimas, prazer, e o cheiro das saudades !
-Era o dia 2 de Junho de 1964 !