Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Love Me Tender, como antigamente... - por Socorro Moreira


Depois de alguns meses de flerte incerto, ora olha, ora não olha, ora o cruzar do olhar, naquela noite de domingo, enquanto rodava na praça Siqueira Campos de braços dados com a vida e as amigas, Clara escutou o boa noite de Paulo. Todas se entreolharam, mas foi o coração de Clara que fez zoada, no descompasso !

Parou, e as amigas entre sorrisos assustados, se afastaram.

Paulo arranjou coragem, num cigarro "Capri"?

Ou foi a música da Frigidaire , que detonou o avanço ?
" Coruja, o nome que eu dei a um certo alguém, que passa e nem sequer olha ninguém, pensando só tá ela , no lugar..."

Olhos nos olhos, e a pergunta clássica , entrecortada : " quer namorar comigo"?
Uma resposta evasiva . Um sim decisivo por dentro, e um talvez cheio de pudores , na voz do momento.
- Sou nova, 13 anos incompletos... meus pais não vão aprovar. Morro de medo de uma surra; morro de medo de me apaixonar... Mas os olhos disseram sim , e o romance começou a se encaixar. Conversas doces, nervosas, palpitantes. Clara pela primeira vez, anrranjara um namorado.
Naquela noite , antes de dormir, escreveu no seu diário :
Ele encostou. Estamos namorando, e marcamos novo encontro, no Cine Moderno , sessão das 4 h, para assistir Elvis Presley !
Ao som de "love me tender " , o primeiro momento de intimidade : um simples roçar de braços ! E começou o mundo de encantos, lágrimas, prazer, e o cheiro das saudades !
-Era o dia 2 de Junho de 1964 !

3 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Quando textos como estes aparecem, sempre lembro do hiato entre gerações. E pego a imaginar o quão os tempos são diferentes. Mas não neste texto e aí me desdigo. A verdade é que qualquer jovem de entre os 12 e 16 anos passa, ainda hoje e continuará passando por este mesmo despertar. Este mesmo namorar, com outros ares, outros espaços, mas assim mesmo cheio de emoção. Uma emoção de adeus de um mundo que infantil que já não é mais igual.

Claude Bloc disse...

Lindo o texto e lindo o comentário de Zé do Vale...

O que acontecia na época a que Socorro se refere é que havia um clima de inocência, de timidez, de cuidados, de indecisões provocadas pelas "regras" da época impostas, sobretudo, às meninas (as mesmas para todas, como um modelo de comportamento) ...

Hoje as coisas acontecem mais precocemente e nada mais é mistério... Certo ? Errado? Não! Apenas diferente, seguindo a evolução dos tempos e dos costumes.

Abraços,

Claude

socorro moreira disse...

Zé,

Estamos tentando conecção com a poesia jovem !
Talvez pra entender e firmar, que poesia não tem idade, apenas se veste diferente.
Dia 18 de junho o Crato´contará com um grande evento : encontro dos poetas contemporâneos. Quero esta aproximação.