Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Curtíssima I....




Casa solitária
Preenche o vazio
Da tarde dolente.


Texto e desenho por Claude Bloc

Curtas. Liduina Belchior.

O caso é o seguinte:
O acaso no ocaso
acatou a todos nós;
Comunicação interativa.
Encontrão carinhoso
no Cariricaturas.

Minhas cadelinhas Bambina e Dudu- Por Rosa guerrera



Possuo duas cadelinhas . Adoro ambas .

A pretinha é a Bambina , uma lhasa ., nascida no dia 24 de novembro de 2001 e adquirida por mim num canil exatamente no dia 31 de dezembro do mesmo ano .

Na verdade , quando fui procurar uma cadelinha para comprar , eu não tinha preferência por nenhuma raça, e entre tantos animais que aí se encontravam não foi ela a minha escolhida a primeira vista. Lembro bem que já estava praticamente acertado todos os detalhes da compra de outra , quando olhando para um recanto de uma parede observei que outro animalzinho acompanhava todos os meus movimentos., parecendo querer vir também para meus braços ....e até hoje não sei explicar a minha mudança repentina em trocar a então escolhida , por aquela pretinha que parecia pedir que a trouxesse comigo .

Tomei então conhecimento pelo dono do Canil , que aquela cadelinha escolhida ,possuia pedigree, e que já era registrada no Kennel Club com o nome de “Angel “.Isso pouco fiz caso , porque a partir de então ela viria morar comigo e seria batizada por Bambina .
De temperamento brincalhão , nos seus primeiros anos,Bambina estragou moveis, almofadas, roeu sapatos ,sandálias e arrancou até botões de blusas que estivessem ao seu alcance.Hoje apesar de adulta ,ainda brinca bastante com bonequinhos de pelúcia , e faz verdadeiro estardalhaço quando eu chego em casa ( mesmo que minha ausência seja somente por 15 minutos).
Mas ,bem diferente da chegada de Bambina a minha casa , foi a chegada da pequenina Dudu, que encontrada vagando pelas ruas , maltratada, magrinha e faminta , foi recolhida por minha irmã e recebida com muito carinho também por nós .
Fiquei penalizada com o estado que a cadelinha se encontrava , mostrando claramente que muito tinha sofrido perambulando por praças e avenidas . E qual não foi nossa surpresa quando ao levá-la ao veterinário, tomamos conhecimento que essa cachorrinha abandonada era da raça Pequinês legìtima e como é sabido , a raça pequinês se encontra atualmente quase em extinção no mundo canino .A sua idade , foi então calculada pelo veterinário de aproximadamente oito meses .Minha irmã resolveu chamá-la de Duquesa, mas eu achei um nome muito grande para uma cachorrinha tão pequena , e resolvi abreviar para Dudu.
De início a Bambina pareceu não se adaptar com a nova moradora , mas em pouco tempo foram se tornando companheiras inseparáveis . Hoje estão sempre lado a lado dividindo até os brinquedos de pelúcia na hora da brincadeira .
Amo demais essas duas cadelinhas, e não importa que uma possua pedigree, e que a outra tenha sido recolhida das ruas .


rosa guerrera

Tédio - Por Vera Barbosa


Vou falar sobre motivação, mas esse não é um texto de auto-ajuda nem pretende resolver problema algum de quem quer que seja. Apenas reflito porque a cabeça não pára, ainda que o telefone da PA não toque. Em que focar a mente para que o cérebro não estacione até que entre um próximo paciente na linha? Eis a questão, caros colegas. Devo pensar que faltam apenas duas horas e quarenta e cinco minutos para ir embora ou imaginar se irei me divertir, logo mais, à noite? Será que é possível vencer o tédio? Conversava com um colega de trabalho, pois não havia fila e, portanto, não entrava ligação. Então, pedi que ele me sugerisse um tema e ele disse apenas "tédio". Daí, me pus a pensar em como me manter motivada nessa e tantas outras circunstâncias da vida. Porque é fato que, em algumas situações, ele (o entediante tédio) aparece para nos paralisar. A redundância é proposital.

Já que estou no trabalho e não posso ler um livro que comprei nessa semana nem minha revista predileta, tampouco ouvir um CD que acabei de ganhar, eu penso: é tudo o que me resta. E, para que o desespero não me alcance e o sono não me pegue, arrisco essas linhas. Afinal de contas, é feriado, o sol brilha lá fora e as pessoas se divertem enquanto eu trabalho. Trabalho? Tudo bem que fazer nada também é bom às vezes. Rita Lee cantou, certa vez, "nada melhor do que não fazer nada, só pra deitar e rolar com você". Com você, né? Não é o caso! É, acho que vou viajar um pouco e pensar no meu próximo encontro. Ao menos, isso me deixará leve, suave, como diriam minhas sobrinhas. Aliás, a garotada anda leve demais, não? Mas isso é tema para um próximo artigo.

Voltando à questão do tédio, nos anos 80, uma banda (seria Engenheiros do Hawai ou Biquíni Cavadão? Talvez Ira, perdoem-me, mas não me recordo) cantou que "Deitado no meu quarto, o tempo voa / lá fora, a vida passa e eu aqui à toa / Já tentei de tudo, mas não tenho remédio pra livrar-me desse tédio.). Quando a gente está de papo pro ar, numa praia, com amigos, não se sente incomodar. É bom não fazer nada. Apenas conversar, rir, tomar um banho de mar, uma cerveja ou um refrigerante ou aquele sorvete predileto. Então, me vem Santa Rita de Sampa, novamente, à cabeça: "Ai quem me dera, um dia ficar de papo pro ar... ouvindo o som de uma viola".)

Somos mesmo contraditórios. Às vezes, fazemos tudo de um vez, ou, pelo menos, tentamos fazer. Queremos abraçar o mundo com as mãos, assoviar e chupar cana! Noutras, nos entregamos à preguiça, num direito mortal de não pensar em nada. Hoje, eu queria que esse telefone não parasse. Não gosto de ficar olhando para o relógio do PC. É bom quando a fila é grande e atendo sem parar porque as horas voam e o meu expediente acaba rapidinho. Não é o caso nessa tarde.

Portanto, concluo que a melhor forma de espantar o tédio é mantendo-se ocupado. Há um dito popular segundo o qual "cabeça desocupada é moradia pro diabo", um lance assim. E é verdade. Enquanto produzimos, não temos tempo para pensar - nem fazer! - besteiras. Tempo ocioso só é bom se bem aproveitado e, geralmente, não é o que acontece. Começa-se a pensar nos problemas, nas dívidas, a briga com o namorado etc e tal. Se você também não tem nada pra fazer e está lendo esse texto, lamento profundamente. Talvez fosse melhor você ter ao alcance dos olhos um soneto de Drummond ou uma crônica de Rubem Alves. Talvez quisesse ouvir o CD da sua banda de rock favorita ou pegar um cinema com sua gatinha. Ou ir pra uma balada com sua turma mais animada... É, "infelizmente, nem tudo é exatamente como a gente quer".

Quanto a mim, sabe que foi bom escrever? Agora, falta apenas uma hora para eu ir embora. Está vendo como se ocupar é bom?


Vera Barbosa

Bruno Pedrosa , convida !

Warakidzã - Por Geraldo Júnior

Warakidzã


Sente falta da brisa do vale?
Dos ventos rodeantes celebrando a liberdade?
Do som das águas sacudindo os desejos sem juízo?!.
Quando as narinas pegam fogo e o sentido queima
O peito se enche de delírio e os olhos enxergam além
Eu posso estender meu braço até as alturas
E consigo tocar o teu rosto no escuro da noite
Trago minhas saudades e sinto que ainda a espaço e tempo
Pra os sonhos que guardamos conosco a vida inteira!

( Geraldo Junior)

Filosofia dos órgãos - Por Domingos Barroso


O fel deste sentimento
sinto arder meu ventre
origina-se na fantasia.

Todo hormônio liberado
pela quimera

ou melhor,
fetiche

causa dois males:
torna o sonhador
uma minhoca

em seguida,
uma serpente.

A Morte Devagar- Por Martha Medeiros



Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Extraído de:

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/poesia.asp?poesiaid=11

MAYA



O QUE SIGNIFICA MAYA

O conceito de Maya é outra das expressões importadas das filosofias hindus e transladadas diretamente do sânscrito, tendo sido incorporada ao vernáculo de forma açodada e superficial.

Tal como o conceito de Dharma, Maya comporta uma série de sutilizações de significado e está longe de ser somente “ilusão”, como imaginam alguns desavisados.

Maya é, de fato, o princípio causador da ilusão por via indireta, mas não é a ilusão em si mesma.

O que é ilusório não são as coisas em si mesmas. A ilusão está em nossa incapacidade de perceber as coisas como são em seu próprio nível de realidade. Nós as vemos de forma distorcida, de acordo com nossas limitações sensoriais e nossos condicionamentos. Isso não significa que as coisas “não existam”, e sim que não podemos percebê-las como são em si mesmas.

Nossas percepções são coloridas e distorcidas por nossos sentidos. Esse fenômeno de distorção de nossa percepção objetiva é, sem dúvida, ilusório. Maya, porém, é mais do que isso. È a propriedade de plasmação de formas, sons, imagens e ritmos que formam o mundo natural.

Maya é o princípio de polaridade feminina, que torna a Natureza uma artífice de criatividade sem limites. É o próprio poder criador se manifestando em miríades de imagens, que se modificam em perpétuo movimento (Krya Shakti).

Lançando mão da metáfora do Shivaísmo hindu, Maya é a dança da Skakti em torno de Shiva, produzindo um movimento contínuo e envolvente, que dá origem a todo o movimento cósmico.

Poderíamos também usar a metáfora egípcia e compreender Maya como os Véus de Ísis, a deusa consorte de Osíris.

Os véus de Ísis simbolizam a roupagem externa da natureza, que oculta o segredo dos segredos: a essência última que existe no âmago da realidade e só se pode manifestar através dos “véus” que representam a face exterior da natureza.

Por um lado Maya é o poder criador da Natureza. Por outro, é a ilusão causada pela mente humana, que percebe essas manifestações, enxergando-as como a mente é, e não como as coisas são em si mesmas.

Não sabemos como as coisas são em si mesmas, porque não podemos perceber as coisas em si. Tudo o que percebemos (cores, sons, formas, sensações) são vibrações provenientes dos objetos, captadas por nossos sentidos e formatadas pelo cérebro de acordo com os efeitos neurológicos causados por essas imagens. Somos conscientes apenas dessas imagens e não dos objetos representados por elas. Vivemos em um mundo de imagens e consideramos reais essas imagens projetadas, a partir de algumas vibrações que recebemos dos objetos.

Assim, podemos considerar toda a matéria e toda a energia do universo como o poder exteriorizado (Shakti) de uma consciência. Não da nossa consciência em particular, mas da consciência suprema da qual somos uma pequena parcela, um ponto focal.

Por sermos, em nosso ser essencial mais íntimo, partes integrantes e inseparáveis de uma consciência única, estamos ligados por elos invisíveis com tudo o que existe, inclusive com a própria matéria. A matéria é a projeção exterior da consciência única e absoluta, sendo que essa projeção nos faz sentir enganosamente que estamos separados dos outros seres e dos objetos. Tudo está contido dentro da consciência.

Maya ou a Shakti é o poder exteriorizado e manifesto, enquanto Shiva é o centro imanente ou emanador deste poder. Por essa razão, nas imagens de tantrismo, Shakti é quem dança em torno de Shiva estático.

Da mesma forma, na teogonia egípcia, é Ísis que dança em torno de Osíris, balançando suas verdes asas sobre o deus morto e restituindo a vida ao “grande apático”

Não caiamos no erro do positivista que, para retrucar o argumento de um niilista que dizia ser tudo uma ilusão, chutou-lhe a canela e gritou: “Isso não vai doer! É o chute ilusório de um pé ilusório numa canela ilusória!”

É claro que algo aconteceu ali. Diferentes coisas interagiram e produziram um resultado.

A ilusão não está no fato em si nem nos aglomerados de matéria que produziram esses efeitos. Está na maneira com que esses eventos foram registrados pela consciência dos participantes.

Maya é um atributo criativo do aspecto feminino da divindade: são os véus de Ísis que nenhum mortal poderia erguer, porque seria necessário que um homem se elevasse acima de sua condição de mero mortal, para poder ver e compreender o que existe sob os véus de Ísis.
Por isso, Maya é muito mais do que a ilusão dos sentidos. É o poder formador e plasmador de todos os cenários e de todos os aspectos “externalizados” de tudo que existe. É a capacidade infinita da mente universal de criar imagens caleidoscópicas para o fluxo da existência. Nossa incapacidade de decodificar essas imagens e ver sua realidade intrínseca é que faz com que Maya pareça ser para nós a grande ilusão.

http://www.sociedadeteosofica.org.br/bhagavad/site/livro/cap37.htm

Mato sem gato - Por Socorro Moreira




Admiro a paciência da gatas
que esperam a ronda dos seus gatos
noutros telhados
São lânguidas, passivas
Mas sabem arranhar  a vida

Não gosto dos gatos fugidios
Daqueles de olhar melado
Sinto um medo incrível

Prefiro a casa solitária
Com perfume de mato sem gato.

Mancha do batom - por Socorro Moreira



Esperas nas madrugadas
O boêmio não chegava
E o dia já clareava

Enfim, a porta rangia...
Seu corpo tremia
Fechava os olhos
Fingia um sono profundo
Um respirar num ronco magoado

Cheiro etílico impregnando o quarto
Embebedava-lhe o alívio de sabe-lo em casa
Dormia

Acordavam silenciosos
Por diversas culpas
Ai, que ódio,
Ser Amélia das Dores...
Se Amália fosse
Cantaria um fado

Os homens não adoçam bocas
Quando se sentem culpados
Penitenciam-se num silêncio grotesco
Pronto para o bote da explicação

Olhos desencontrados da  expiação
Desgaste contínuo
A vida não cola o que a noite quebrou
A vida descobre o que a noite ocultou.

Deixaram  a sua marca
Na gola que Amélia lava
Com suas próprias lágrimas.

Insônia - Por Socorro Moreira



É porre
Uma noite mal dormida
A brisa noturna
Nem sentido faz
Ignora a proximidade do sonho
Ele já desistiu de brincar
Com as senhas do  inconsciente
E capotou no seu próprio sono
Os sonhos dormem, sabia?
-Nem sempre com uma música de acalanto ...

A Poesia de Everardo Norões


SONETO I

Agonizavam os rastros de novembro.
E os meus ossos, cansados das neblinas,
doíam, no concerto das esquinas
da cidade, onde um dia, ainda me lembro,

penetrou-se de escuro a minha alma,
quando um cão, a ladrar contra o sol-posto,
mordeu o lado oculto do meu rosto
e deixou seus sinais à minha palma.

Lembro-me que era de tarde. Ainda chovia.
O eco dos espelhos conduzia
meus passos que jaziam pelas ruas.

Havia o som da água que caía.
E no horizonte, além da agonia,
um cemitério de meninas nuas.

everardo norões

Um rock antigo- Por Domingos Barroso

Tive mais musas que um gato teve de vidas.
(ou que o céu da minha terra tem de estrelas)

Posso passar a tarde inteira citando nomes
e tatuando os braços.

Pressinto minha morte jogando pedras nos canteiros da praça.
Mirando nas flores mais sensíveis e não errando uma.

Posso anoitecer agora abraçando o crepúsculo
lembrando-me de cada musa e de cada alfinete.

Tive tantas musas que hoje só recebo de presente
a lembrança das coxas de uma (os cílios de outra) .

Pensando bem creio que tive mais musas
que a minha imaginação por formigas.

Poucas são reais.

Mas o que dizer desta
(com asas) que passeia
pelo teclado?


domingos barroso
As coisas do tempo
- Claude Bloc -


Hoje me recuso
a interpretar
as coisas do tempo...
Não ouso mesmo
mudar nada
pois ainda guardo nos olhos
as cores das flores
no jardim da minha infância

ainda atiro pedras
sobre o espelho d'água do açude,
ainda ouço os sinos
da igreja da Sé
cedinho, aos domingos,
despertando os homens
e os arcanjos

ainda ouço em silêncio
a sinfonia suave das pétalas
e das noites escuras

ainda tenho na boca
o gosto dos bolos
que minha avó fazia
nas férias de julho.

Enquanto isso, a vida seguia
a gente contava histórias de fadas
e eu
desenhava nos meus pensamentos
um mundo muito mais perfeito
que os fins de todos esses contos:
um mundo sem países
e sem fronteiras.

Eu era como os pássaros soltos
que fazem o seu trajeto:
eu voava livre...

Por isso
hoje me recuso
a interpretar
as coisas do tempo.
Não ouso
mudar nada...

Claude Bloc

O primeiro beijo - Clarice Lispector


O PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)
Clarice Lispector

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pérolas nos bastidores- De José Carlos Brandão para Domingos Barroso


O grito do silêncio
(a solidão é criativa!)

e o homem tão pequeno
é mais do que um gigante.

Enfermeira Divina - Fátima Figueirêdo - Por Socorro Moreira


Hoje Lhe pegamos no colo
Pelas mãos de Fátima
Você renascia criança
No coração de todos
E a gente recebeu graças
Pela misericórdia divina.
O mundo precisa ser cuidado
Interceda junto ao Pai...
Ajude-nos a  administrá-lo
O amor faz milagres
E o Teu é infinito


Num dia 29 de Novembro, nem tão distante, nascia uma menina de Maria Alice, que foi batizada por Fátima. 
Hoje ela comemorou o seu aniversário, preparando-nos para o maior advento cristão: O Natal! 
Foi lindo, amiga! Senti-me convertida.
Abraços pelas graças recebidas.

socorro moreira

Cartola- Corre e Olhe o céu...



Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, (Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1908 — Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1980) foi um cantor, compositor e violonista brasileiro.

Considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, Cartola nasceu no bairro do Catete, mas passou a infância no bairro de Laranjeiras. Tomou gosto pela música e pelo samba ainda moleque e aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão. Dificuldades financeiras obrigaram a família numerosa a se mudar para o morro da Mangueira, onde então começava a despontar uma incipiente favela.
wikipédia


Fernando Pessoa



13 de junho de 1888 - Nasce em Lisboa, às 3 horas da tarde, Fernando Antônio Nogueira Pessoa.

30 de novembro de 1935 - Morre em Lisboa, aos 47 anos.


Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados

Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados
O esplendor do sentido nenhum da vida...

Toquem num arraial a marcha fúnebre minha!
Quero cessar sem conseqüências...
Quero ir para a morte como para uma festa ao crepúsculo.




Quer pouco, terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.


Fernando Pessoa


Wilde



Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde (Dublin, 16 de outubro de 1854 — Paris, 30 de novembro de 1900) foi um escritor irlandês.

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que 'normalidade' é uma ilusão imbecil e estéril.

(OSCAR WILDE)

Pérola dos Bastidores - Liduina Belchior

Mente sã e tranquila,
Verdade falada e velada.


-o-

Mente tranquila,
verdade dita
e não ferida.

Liduina Belchior



Pérolas dos bastidores - Socorro Moreira

Esperada
na mente tranquila
a verdade não fere.
Socorro Moreira

Eduardo Campos precisa ser mais Arraes - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Governador Eduardo Campos de Pernambuco, eleito no primeiro turno com uma proporção muito alta de votos, neto de um político progressista histórico, Miguel Arraes, precisa ouvir opiniões mais políticas sobre a questão da saúde pública. Uma coisa que destacou Miguel Arraes foi justamente o compromisso com a sociedade. A universalidade dos direitos sociais e uma visão progressista da economia e do bem estar geral.

Eduardo Campos não pode se tornar uma nova marionete do pensamento conservador brasileiro. Jovem, talentoso e um líder bem forjado, não deveria cair neste discurso classe média da saída de alguns sobre a desigualdade geral. Eduardo Campos tem de acordar para o verdadeiro papel de líder nordestino uma vez que seu partido é hegemônico ali e ele tem que se confrontar com a dupla familiar dos Gomes no Ceará. Uma grande oportunidade para quem tem um lado e uma herança histórica.

O primeiro tropeço de um líder político, ou, melhor, o primeiro degrau conservador, é querer tratar a política como uma gerência de empresa ou mera economia doméstica. Ora a questão dos custos crescentes da saúde não é apenas uma questão das contas do Estado. Ela, mesmo nos EUA, com base no negócio privado dos Planos de Saúde, é um problema amplo da sociedade e, portanto, da saúde. O problema da relação de gastos com saúde (pública e privada) e valor do PIB é uma questão política nacional. Os EUA já marcham para 15% do PIB e com resultados absolutamente perdedores em ampla generalidade.

Quem pôs na cabeça de Eduardo Campos que a gestão privada da saúde é mais eficiente, ou é incompetente para assessor um jovem político ou tem má fé e esconde as agruras dos planos de saúde se defrontando com gastos crescentes, margens de lucros decrescentes e os prestadores de saúde o tempo todo insatisfeitos. Qualquer beneficiário de Plano de Saúde reconhece a limitação dos médicos credenciados, as consultas de 10 minutos, as dificuldades de realizar exames, de internar-se e ser atendido pelo seu médico.

O Brasil efetivamente precisa aumentar gastos com saúde e se for pelo direito universal só poderá ser feito com impostos. Igualmente o líder político tem de se preocupar com o equilíbrio social das várias funções do Estado e da sociedade: obras, saúde, educação, segurança etc. Do mesmo modo é preciso regular e dar melhor função de melhor aproveitamento à incorporação e uso das tecnologias sempre caras em saúde. Em terceiro lugar, como um líder que tem vôo para ser nacional, o jovem governador tem de vir para o debate da ganância dos produtores de tecnologia, com contas em Bolsa de Valores e que têm de remunerar capitalistas com grandes margens de lucros. Para isso é preciso uma política de C&T com apoio da sociedade e do Estado para que a tecnologia de saúde barateasse, inclusive com a produção pública de muitos insumos.

Eduardo Campos abandonará a bandeira de Arraes se quiser ocupar o vazio do neoliberalismo. Ele é de um partido socialista e como tal, não deve acreditar meramente na teoria do pêndulo: contra Estado e a favor do Estado. Isso não existe, mas uma sociedade desigual, precisando direitos universais continua sendo um grande e histórico desafio para as lideranças políticas. Eduardo, em que pese o orgulho de ser “Campos”, precisa ser mais “Arraes”. Não pode meramente incursionar nos corredores atapetados que recebem os passos dos prestadores de serviço da velha e arcaica elite brasileira.

Mitologia - O Deus do Silêncio



Harpócrates (em grego: Ἃρποκράτης), na mitologia grega, é o deus do silêncio. Foi adaptado pelos antigos gregos a partir da representação infantil do deus egípcio Hórus. Para os antigos egípcios, Hórus representava o Sol recém-nascido, surgindo todo dia ao amanhecer. Quando os gregos conquistaram o Egito, com Alexandre, o Grande, acabaram por transformar o Hórus egípcio numa divindade helenística conhecida como Harpócrates (do egípcio Har-pa-khered ou Heru-pa-khered, lit. "Har, a Criança").
Na mitologia egípcia, Hórus foi concebido por Ísis, a deusa-mãe, com Osíris, o deus-rei original do Egito, que havia sido assassinado por seu irmão, Seth, e se tornara o deus do mundo inferior. No sincretismo alexandrino os gregos fundiram Osíris com o seu deus do mundo inferior, Hades, produzindo Serápis.

Entre os egípcios o Hórus adulto era considerado o deus vitorioso do Sol, que a cada dia vencia a escuridão. Frequentemente é representado com a cabeça de um gavião, animal que era sagrado ao deus por voar alto sobre a Terra. Eventualmente, após disputar diversas batalhas contra Seth, Hórus finalmente obteve a vitória e se tornou soberano do Egito. Todos os faraós do Egito eram vistos como reincarnações do Hórus vitorioso.

Estelas retratando Heru-pa-khered sobre o dorso de um crocodilo, segurando serpentes em suas mãos estendidas, eram erguidas nos pátios dos templos egípcios, onde eram imersas ou lustradas com água; esta água era então utilizada para abençoar e curar, devido aos supostos poderes de cura e proteção do deus.
Ísis, Serápis e seu filho, Harpócrates (Museu do Louvre).

Com a moda alexandrina e romana pelos cultos de mistério, na virada do milênio, o culto a Hórus se tornou mais difundido, e passou a ser associado com o de Ísis e Serápis (Osíris).

Assim, Harpócrates, Hórus enquanto criança, personifica o sol recém-nascido a cada dia, a primeira força do sol do inverno. As estátuas egípcias representam este Hórus como um garoto nu, com o dedo indicador sobre a boca - uma associação com o hieróglifo que significa "criança", sem qualquer relação com o gesto greco-romano e moderno que indica "silêncio". Os antigos gregos e romanos, no entanto, sem compreender o significado do gesto, fizeram de Harpócrates o deus do silêncio e do segredo, com base no relato de Marco Terêncio Varrão, que, ao falar sobre Caelum ("Céu") e Terra ("Terra") em sua obra De lingua latina, afirmou:

"Estes deuses são os mesmos que no Egito são chamados de Serápis e Ísis, embora Harpócrates, com seu dedo, me faça um sinal para que eu fique quieto. Os mesmos primeiros deuses eram chamados, no Lácio, de Saturno e Ops."


wikipédia

SERRA DA BOA ESPERANÇA

Hoje amanheci antiga, quase ancestral

Hoje eu amanheci antiga, quase ancestral. Só pensava em ouvir Serra da Boa Esperança, uma composição de Lamartine Babo.
Lembrei da magistral interpretação de Tetê Espíndola e da irmã Alzira Espíndola, em disco acústico de 1998. Não deu outra: liguei o som e e a beleza da música e da letra inundou-me casa e alma, me dizendo atemporal, eterna, presente.
Que privilégio!

E quero compartilhar com todos esse vídeo de Eduardo Dussek e Carlos Nava:

http://www.youtube.com/watch?v=NqUiidKS5yw

Serra da Boa Esperança
Lamartine Babo

Serra da Boa Esperança, esperança que encerra
No coração do Brasil um punhado de terra
No coração de quem vai, no coração de quem vem
Serra da Boa Esperança meu último bem
Parto levando saudades, saudades deixando
Murchas caídas na serra lá perto de Deus
Oh minha serra eis a hora do adeus vou me embora
Deixo a luz do olhar no teu luar
Adeus
Levo na minha cantiga a imagem da serra
Sei que Jesus não castiga o poeta que erra
Nós os poetas erramos, porque rimamos também
Os nossos olhos nos olhos de alguém que não vem
Serra da Boa Esperança não tenhas receio
Hei de guardar tua imagem com a graça de Deus
Oh minha serra eis a hora do adeus vou me embora
Deixo a luz do olhar no teu luar
Adeus

Curtas - XIII - Aloísio


Desesperada mente
Tranquilamente
fala a verdade

Para João Marni e Fátima

"Bateu asas e voou" - José Nilton Mariano Saraiva

Cearense (do município de Boa Viagem), acusado de ser um dos chefes do cinematográfico assalto ao Banco Central (de Fortaleza), anos atrás, o indivíduo conhecido por “Alemão” foi preso depois de uma paciente operação da nossa eficaz e eficiente Polícia Federal (durante meses), no interior do Estado de Goiás.
Condenado à pena integral, foi enviado para um desses “presídios de segurança máxima”, localizado em Mato Grosso, onde deveria cumprir o merecido castigo. Como, entretanto, repentinamente o “coitadinho” não se sentiu à vontade na nova casa, reclamou ao seu advogado (um ex-presidente da OAB-Ceará e conhecido pela exorbitância da remuneração que cobra dos seus clientes) que, conhecedor em potencial dos atalhos e trilhas possibilitados por uma legislação penal caduca, incontinente arranjou-lhe a transferência para um dos inseguros presídios de Fortaleza. De onde, evidentemente, deverá evadir-se mais dia menos dia, se já não o fez, e voltar a delinqüir (alguém duvida ???).
Enquanto isso, à mesma época, a “arraia miúda” e desprovida de posses (elementos participantes do mesmo assalto), que havia sido detida aqui em Fortaleza e lá em Boa Viagem, paulatinamente começou a ser posta em liberdade, em razão de habeas-corpus individuais impetrados pelo mesmo eficiente advogado (quem lhe pagou a conta e de onde veio a grana, ninguém sabe ninguém viu).
Mas, não custa lembrar, esse mesmo “ético” causídico, que vive a ministrar aulas de moral e ética nas universidades, defensor intransigente da lei e dos bons costumes, já houvera sido responsável pela transferência de um perigoso bandido (Alex, o “deficiente eficiente”) um paraplégico especialista em lavagem de dinheiro, da cadeia para um confortável apartamento de um dos melhores e mais caros hospitais de Fortaleza (com vigilância à porta 24 horas por dia), de onde “bateu asas e voou” ligeirinho - é que, segundo posterior depoimento do vigia, ele “dormiu” no trabalho depois de ingerir um cafezinho básico. O certo é que Alex se mandou para a Austrália, onde hoje vive numa mordomia de fazer inveja a qualquer rei árabe, a “torrar” a montanha de grana ilegalmente obtida.
Pois bem, pernóstico e gozador por excelência, Alemão outro dia concedeu
entrevista,“ao vivo”, no programa João Inácio Show, da TV Diário, com audiência recorde em razão das “chamadas” feitas durante toda a semana. E aí, quando em meio à conversa amena mantida com o repórter, este o instou a se pronunciar sobre se tinha idéia do real significado do valor surrupiado do Banco Central (míseros e desprezíveis 167 milhões de reais), “Alemão” mostrou todo o seu sarcasmo e frieza ao afirmar candidamente, para surpresa de todos, que na realidade ele e demais companheiros da quadrilha teriam prestado, sim, um grande “favor” ao pessoal do Banco Central, já que levaram “APENAS” cédulas "velhas" de R$ 50 já desgastadas pelo tempo e que não fariam falta nenhuma, já que seriam incineradas dentro em breve; aproveitou para lembrar o quão magnânimos foram, já que uma outra igual quantidade de dinheiro, composta de cédulas "novas", zeradas, sem uso, tinindo de novas, foram deixadas de lado, humilhantemente desprezadas.
Só esqueceu de lembrar, o "coitadinho" do Alemão, que as cédulas usadas não
permitem “rastreamento”, ao contrário das zeradas, facilmente localizáveis e recuperáveis.
Como se vê, cinismo puro e em estado latente.

Pensamento par o Dia de Hoje, 29/11/10. Liduina Belchior.


"Nao deixemos o orgulho nos carregar para longe do AMOR".

Nem para longe dos amigos,
nem para longe da vida.
Dos pequenos e grande feitos.
Do humano em geral,
dos sorrisos espremidos,
do abraço desejado,
do olhar vivificado,
do beijo esperado,
da garagalhada necessária,
de todos os valores, enfim.

Por Cacá Araújo


A todos os que colaboraram para o sucesso da 2ª Guerrilha do Ato Dramático Caririense o nosso troféu e sinceros agradecimentos.

GUERRILHA CARIRIENSE

Letra de Cacá Araújo / Música de Lifanco

A arte

que brota das
veias guerreiras

resgata o passado,
tempera o presente e alimenta o futuro

Guerrilha do amor,
nação Cariri

teatro no palco,
na rua, na arena

a canção, o
folguedo, o circo e a dança

da vida e da alma
do povo são chamas

A arte

que brota das
veias guerreiras

resgata o passado,
tempera o presente e alimenta o futuro

Guerrilha do amor,
nação Cariri

no sol da batalha
conquistando aplausos

atores, atrizes,
brincantes, cantores

poetas do drama,
do corpo e das cores

A arte

que brota das mãos
guerrilheiras traz

amando e lutando,
sorrindo e sonhando

a mensagem dos
deuses em busca da paz

Cariricaturas- Edição Especial


Título e capa, em estudo ( aceitamos sugestões)
Prefácio de José Flávio Vieira
Contracapa de José do Vale Feitosa


-Sem ônus para os escritores.
-Número de textos por autor : 2 + release + fotografia
-Reciprocidade : 5 livros para cada autor.


Autores convidados: todos os nossos colaboradores !


-Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella ,até no máximo, 15 de Dezembro de 2010.
-Fase de revisão : o necessário .

- stelasiebra@yahoo.com.br

PARTICIPEM DESSE BANQUETE POÉTICO !

Ísis



ÍSIS

É uma grande maga, tem sabedoria tanto quanto o avô Rá, é ambiciosa e astuta. O único conhecimento que lhe falta é o verdadeiro nome de Rá. Ela planejou um esquema contra Rá, onde uma serpente com seu poderoso veneno causou um mal que atormentava o seu corpo. Ninguém conseguia curar o poderoso deus, até que Ísis diz que saberia como livrar-lhe do mal, mas para isso, ela precisaria saber o seu verdadeiro nome. Conseguiu salvá-lo desse encantamento com palavras mágicas, e conseguiu descobrir o que queria, adquirindo assim poderes, onde transformou-se mais tarde, numa das maiores divindades.

Para os egípcios, o nome próprio não é apenas um rótulo associado ao indivíduo, tem um significado muitas vezes religioso e chega mesmo a possuir um poder mágico. Ao saber o nome de uma pessoa, tem-se poder sobre ela. Essa crença no valor do nome encontra-se no código penal egípcio. Assim, é possível castigar um delinquente reduzindo seu nome, ou até mesmo, para imprimir maior severidade, suprimindo-o. Nesse caso, o criminoso perde junto com seu nome, toda esperança de vida após a morte.

A deusa Ísis foi objeto de uma admiração fervorosa pelas multidões. Mostra-se mãe dedicada e compassiva, uma maga protetora das crianças, esposa fiel (mesmo depois da morte do marido), e também sensível às tristezas humanas, sendo capaz de compartilhá-las. Segundo a mitologia egípcia, a história de Ísis começa quando ela e seu irmão e marido Osíris, vivem entre os homens, reinando sobre todo o Egito, com grande sabedoria. O irmão Set, mata e esquarteja Osíris. Pouco depois da morte de Osíris, Ísis tem um filho, Hórus, destinado a proteger o Egito Antigo como deus supremo, o grande deus do Sol nascente.

Ísis sai então pelo Egito, juntando os pedaços do irmão morto, até que reconstitui seu corpo. A deusa faz muitos encantamentos, pronuncia palavras sagradas, dispõe amuletos sobre a múmia, e finalmente Ísis e Néftis agitam suas grandes asas sobre o corpo inanimado, onde os olhos de Osíris abrem-se. O deus assassinado desperta para uma nova vida, porém, jamais voltará à vida terrestre, segue as ordens de Rá. Depois de morrer, Osíris vai morar no Sol, e Ísis na Lua, dai adivindo a crença de que as chuvas torrenciais, que caem por influência lunar, são na realidade o pranto de Ísis por seu irmão e amante. Ísis é a deusa egípcia da natureza, que traz as cheias do rio Nilo, após as quais a terra se torna mais fértil. (O Templo de Ísis, fica na ilha de Agilka).
Página da Mitologia

Nhoque de macacheira



* Ingredientes
* 1 kg de mandioca cozida e espremida
* 100 g de queijo ralado
* 1 ovo
* 1 batata cozida e espremida
* Sal a gosto
* Trigo o suficiente



* Modo de Preparo

1. Misture tudo até ficar uma massa consistente
2. Enrole e corte os nhoques
3. Colocar aos poucos em água fervendo
4. Assim que subirem à superfície, retire com escumadeira e coloque em refratário
5. Junte molho e queijo parmesão ralado


Tudo Gostoso

Pensamento para o Dia 29/11/2010



“O processo de purificação do instrumento interno do homem no cadinho do discurso, do sentimento e da ação unidirecionados e voltados apenas para Deus é chamado penitência (Thapas). A consciência interna, então, se livra de todas as imperfeições e defeitos. Quando a consciência interior tornar-se pura e imaculada, Deus residirá nela. Finalmente, ele experimentará a visão do Próprio Senhor dentro dele.”

Sathya Sai Baba
Clara mente 
A poesia fala

Silêncio " light"
Obscura mente

Solidão aceita
Vida "diet "

por socorro moreira



o silêncio da foto
denuncia a solidão
...

grita
em profundo silêncio

(Nicodemos)



Destemperança é esperar sem esperanças

socorro moreira

De Nicodemo0s para Brandão


É, meu caro Brandão,
você tem caligrafia...
e eu reconheço
cada letra!

Viva a Poesia que vibra em nós!!!

domingo, 28 de novembro de 2010

Penélope






"Penélope e os pretendentes" - Waterhouse"

"Penélope é outra dessas heroínas míticas, cuja beleza é mais do caráter e da conduta que do corpo. Era filha de Icário, um príncipe espartano. Ulisses, Rei de Ítaca, pediu-a em casamento e conquistou-a, entre todos os competidores.

Chegado o momento em que a jovem esposa deveria deixar a casa paterna, Icário, não tolerando a idéia de separar-se da filha, tentou persuadi-la a permanecer ao seu lado e não acompanhar o marido a Ítaca. Ulisses deixou a Penélope o critério da escolha e ela, em vez de responder, baixou o véu sobre o rosto. Icário não insistiu, mas, quando ela partiu, levantou uma estátua do Pudor no lugar onde haviam se separado.

Ulisses e Penélope não haviam gozado sua união por mais de um ano, quando tiveram de interrompê-la, em virtude dos acontecimentos que levaram Ulisses à Guerra de Tróia. Durante sua longa ausência, e quando era duvidoso que ele ainda vivesse, e muito improvável que ele regressasse, Penélope foi importunada por inúmeros pretendentes, dos quais parecia não poder livrar-se senão escolhendo um deles para esposo. Penélope, contudo, lançou mão de todos os artifícios para ganhar tempo, ainda esperançosa no regresso de Ulisses. Um desses artifícios foi o de alegar que estava empenhada em tecer uma tela para o dossel funerário de Laertes, pai de seu marido, comprometendo-se em fazer sua escolha entre os pretendentes quando a obra estivesse pronta. Durante o dia, trabalhava nela, mas, à noite, desfazia o trabalho feito. É a famosa tela de Penélope, que passou a ser uma expressão proverbial, para designar qualquer coisa que está sempre sendo feita mas que não se acaba de fazer. O resto da história está contado nas narrativas das aventuras de seu marido.

Página da Mitologia

"ÂNFORA" da Temperança - Dois anos depois ...- Por Socorro Moreira




Pode vasculhar a minha bolsa
Ela não guarda segredos
 Guarda mistérios que se revelam 
aos olhares intentos

Meu coração?
Não tente encontrar a chave
Ele não tem portas...
Entre se achar caminho
Dance  a nossa  música
Se pinte nas nossas  tintas

Mulheres e homens são anjos
quando se predestinam!

Antes do Cariricaturas - Janeiro/2009



"ÂNFORA" - Triplix -Claude Bloc X Socorro Moreira X Domingos Barroso

Ânfora - Por Domingos Barroso

Não vasculhe a bolsa de uma mulher.
Não há segredos sensatos.
Um batom ressequido que for.
Um espelho quebrado que seja.
Relíquias.
Não ultraje a alma de uma mulher
vasculhando-lhe a bolsa.
Cada insignificante objeto
uma vida.


Por -Socorro Moreira



Não vasculhes o coração de uma mulher
Sentimentos perdidos podem ressurgir
Laços que apertam papéis amarelos
Podem asfixiar-lhe de emoção
Não vasculhes o momento passado
Fique com o olhar de encanto que ela te dedica
Ela é poesia e musa imperativa
O agridoce da lágrima
Água doce estrelada
A bolsa e a mulher...
É também  a mulher e  a  vida!


Por : Claude Bloc

*Não vasculhes o sentimento de uma mulher...
Não lhe insufles a alma
Pois sob as cinzas hão de ressurgir
As chamas do passado, o sortilégio do presente...

Não vasculhes a alma da mulher
A sua íntima sede de viver
Suas agruras e sua dor
Permita que ela solfeje
Os acordes mais plangentes...
Permita que ela se deite
Vazia e resignada...
Bolsas e colares ao léu...
Apenas mulher!