Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 23 de outubro de 2011

PARA QUE SERVE A UTOPIA? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Estou postando esta entrevista com Eduardo Galeano como uma consequência do texto que acabei de postar aqui nos blogs do cariri. Como forma de oferecer opções estou postando o vídeo da entrevista e também o texto com algumas modificações na tradução para o português.

“Se não me deixais sonhar, não os deixarei dormir.”


Para que serve a Utopia? A utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se caminho dez passos em busca dela, ela se afastará mais dez passos. Quanto mais a busque, menos a encontrarei, por que ela vai se distanciando à proporção que me aproxime dela. Boa pergunta não? Para que serve. Pois a utopia serve para caminharmos.

“Que tal se deliramos por um momentinho. Que tal se fixarmos os olhos para além das infâmias para adivinhar outro mundo possível.

O ar estará limpo de todos os venenos que não provenham dos medos humanos e das humanas paixões. Nas ruas os automóveis serão esmagados pelos cachorros. A pessoa não será manejada pelos automóveis e nem será programada pelo computador, não será comprada pelo supermercado e nem será tampouco assistida pela televisão. A televisão deixará de ser o membro mais importante da família e será tratada como o ferro de passar ou máquina de lavar roupas.

Se incorporará aos códigos penais o delito de estupidez que cometem quem lhes vivem por ter ou por ganhar ao invés de viver por viver não mais como canta o pássaro sem saber que canta, como brinca a criança sem saber que brinca. Em nenhum país serão presos os jovens que se neguem a cumprir o serviço militar, se não os que queriam cumpri-los.

Ninguém viverá para trabalhar, mas todos trabalharão para viver. Os economistas não chamarão de vida para nível de consumo e nem chamará de qualidade de vida a quantidade de coisas. Os cozinheiros não acreditarão que as lagostas lhes encanta que lhas queiram fervidas. Os historiadores não acreditarão que aos países se lhes encanta serem invadidos. Os políticos não acreditarão que aos pobres se lhes encanta comer promessas. A solenidade deixará de crer que seja uma virtude.

E ninguém e ninguém tomará a sério alguém que não seja capaz fazer crítica a si mesmo. A morte e o dinheirão perderão seus mágicos poderes e nem por morte e nem por sorte se tornará o canalha em virtuoso cavalheiro.

A comida não será uma mercadoria e nem a comunicação será um negócio, por que a comida e a comunicação são direitos humanos. Ninguém morrerá de fome por que ninguém morrerá de indigestão.

As crianças da rua não serão tratadas como lixo por que não haverá crianças nas ruas. Os meninos ricos não serão tratados como se fossem dinheiro, por que não haverá meninos ricos. A educação não será privilégio de quem lhas possa pagar e a polícia não será maldição de quem não lha possa comprá-la. A justiça e a liberdade, irmãs siamesas, condenadas a viverem separadas, poderão se juntar, bem coladas, costa contra costa.

E na Argentina as Loucas da Praça de Maio serão um exemplo de saúde mental, por que elas se negaram a esquecer nos tempos da amnésia obrigatória. A Santa Madre Igreja corrigirá algumas erratas das tábuas de Moisés e o Sexto Mandamento mandará festejar ao corpo. A igreja mandará editar outro mandamento que se lhes havia esquecido Deus: amarás a natureza da qual fazes parte.
Serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma. Os desesperados serão esperados e os perdidos serão encontrados, por que eles se desesperaram de tanto esperar e eles se perderam por tanto buscar.

Seremos compatriotas e contemporâneos de todos os que tenham vontade de beleza e vontade de justiça. Tenham nascido quando hajam nascido e hajam vivido onde hajam vivido sem que lhes importe nem um pouquinho as fronteiras do mapa e do tempo.

Seremos imperfeitos por que a perfeição continuará sendo o aborrecido privilégio dos Deuses. Porém neste mundo e neste mundo atrapalhado e fodido, seremos capazes de viver cada dia como se fosse o primeiro e cada noite como se fosse a última.

Sobre Cachorros Loucos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Tem muitos cachorros loucos prontos a dar mordidas sem qualquer motivo da vítima, apenas por que viu na vítima o sítio preferido de suas mordidas. Esta frase imediatamente remete aos assassinatos em massa, aos linchadores, aos vingadores, aos cachorros loucos que reagem aos simples “xispa” do seu dono.

No primeiro parágrafo me referia aos cachorros loucos sem focinheira. Existem os cachorros loucos contidos e apenas instigados quando necessários e até aqueles cachorros loucos de madame, que mordem enquanto ela se horroriza com o sofrimento de algum personagem na novela das nove.

Os domadores de animais, especialmente de cachorros, não se cansam de dizer: não confundam a agressividade de um cachorro louco com a hidrofobia. A primeira é a projeção da insana e malvada consciência do dono sobre o animal e a segunda é uma doença natural que altera definitivamente a mente do cachorro.

Por isso quando um cachorro louco é morto a tiros, chutado, dando-lhe pauladas e depois de seu suplício é comemorado algo muito grave sempre acontecerá. O insano e malvado de consciência arbitrária que treinou o cachorro louco estará preservado neste ato. E a pior das desgraças: ele continuará a ameaçar os inconseqüentes que não conseguem olhar para a realidade além de seu próprio desvio em comemoração de tão nefasto engano para si.

Neste momento os vingadores se confundirão tanto com o cachorro louco que parecem fazer parte do mesmo canil que desencadeou a insensatez. Enquanto dão pauladas estas já estarão sob o ritmo do dono dos cachorros loucos.


O pior é que os donos destes cachorros loucos são capazes de soltá-los para que eles vigiem outros territórios do interesse do dono. E eles vigiarão, igual àqueles cachorros que controlam as ovelhas, mas se o cachorro fizer algo que contrarie a economia da lã e da carne, ele será abatido sem qualquer piedade. É a ontologia da manutenção do mal de origem.

E tem mais: os vingadores que provam o sangue do cachorro louco destroçado, logo apontam sua violência para outras vítimas. Eles querem mais. Muito mais do que a violência do momento lhes proporcionou. Outros “cachorros loucos”, não importam se reais ou não, desde que pareçam que sejam, logo estarão sob a mira vingativa dos linchadores.

É muito triste quando o humano se resume a este insano desejo de sair de série em série dando pauladas em cachorros loucos, especialmente se alguma revista diga “veja” este é mais um.

Domingo

- Claude Bloc –



Hoje é domingo
 As pessoas se ausentam, se escondem se fecham
para descansar
Descansar o domingo
nas ruas desertas
nas portas abertas
nas horas mais largas
de nada fazer.

Sol descoberto e mais um domingo
na eterna procura de novos cansaços
mas uma caminhada
em estradas mais largas
novas  perspectivas
em largas esperas
onde se difundem os mais  transparentes sonhos
os mais abstratos planos.

É domingo.
e é sempre aos domingos
Que as flores se embelezam nos jardins
Tudo volta ao princípio
de mais uma semana...

Claude  Bloc


"Aditivo" - José Nilton Mariano Saraiva

Na nossa última postagem (“Irã, o próximo”), tentamos mostrar, da forma mais didática possível, os abusos cometidos (recorrentemente) pelos “xerifes” do mundo (os EE.UU.) quando resolve se impor “no peito e na marra”, visando atender suas necessidades imediatas, nem que para isso tenha que atropelar tratados internacionais, soberania de outros povos e por aí vai.
Alertamos, também, com enfase, para o risco que correrá o Brasil quando o nosso fabuloso “pré-sal” estiver produzindo a pleno vapor, já que os “gringos” (preventivamente???) já armaram sua tenda nas cercanias da Bolívia com a Colômbia.
Lamentavelmente, entretanto, andaram tentando desvirtuar o que colocamos, com a canhestra idéia de que estaríamos a defender ditadores sanguinários. Por essa razão, tomamos a liberdade de recolocar as coisas em seus devidos lugares, ao aditar (ou transcrever) o contido na coluna Concidadania, do jornalista Valdemar Menezes, publicada hoje no jornal O POVO, aqui de Fortaleza, e que tem tudo a ver com a nossa postagem (e antes que tentem jogar farofa no ventilador, saibam que os grifos são nossos).
O mais... é perfumaria barata, de quinta categoria.

José Nilton Mariano Saraiva

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QUEIMA DE ARQUIVO (Coluna Concidadania, Valdemar Menezes)
A execução de Muammar Kadhafi, segundo é corrente nos meios informados, foi uma operação planejada com muita antecedência. As potências ocidentais não queriam que ele tivesse uma tribuna de onde pudesse falar sobre acertos constrangedores, no passado, com seus atuais carrascos. Quando foram encontrados os arquivos secretos, no seu palácio, revelando as operações conjuntas com serviços de inteligência dos Estados Unidos e países europeus, sua sentença de morte teria sido definida. Não se deveria dar oportunidade para ele revelar tais segredos diante de um Tribunal Penal Internacional. Daí porque os aviões da Otan foram empregados para matá-lo, quando fugia do cerco de seus inimigos num comboio. Caso escapasse, os rebeldes se encarregariam de completar o serviço - como de fato aconteceu. SÓ QUE A AÇÃO DA OTAN FOI TOTALMENTE ILEGAL. ALIÁS, TODA A SUA INTERVENÇÃO, NOS MOLDES EM QUE SE DEU, VIOLOU OS LIMITES DO MANDATO RECEBIDO DO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU. O CINISMO E O DESCARAMENTO, JÁ OBSERVADOS NO IRAQUE, NO AFEGANISTÃO E NO PAQUISTÃO (VIDE A MORTE E O DESAPARECIMENTO DO CADÁVER DE OSAMA BIN LADEN) REPETIRAM-SE AGORA, NA JUSTIFICATIVA DA OPERAÇÃO CONTRA O DIRIGENTE LÍBIO.
Agora que Kadhafi foi acolhido (quer se queira ou não) no panteão dos mártires da causa árabe, se transformará, provavelmente, numa grande força simbólica a alimentar a luta dos que são movidos pela defesa do interesse nacional. MUITO PIOR (DO PONTO DE VISTA MORAL) DO QUE O PRIMITIVISMO DE SEU REGIME É O ESCÂNDALO DE SE FLAGRAR UM ESTADO QUE SE DIZ DEMOCRÁTICO E CIVILIZADO, COMO OS EUA, TORTURANDO PRISIONEIROS, INSTALANDO PRISÕES CLANDESTINAS, BOMBARDEANDO POPULAÇÕES CIVIS E LIBERANDO SEU SERVIÇO SECRETO PARA ASSASSINAR DESAFETOS (CHEFES DE ESTADO, LIDERANÇAS POLÍTICAS E COMUNITÁRIAS ESTRANGEIRAS) SEM QUE SEUS DIRIGENTES SEJAM JULGADOS POR CRIMES CONTRA A HUMANIDADE, COMO, ALIÁS, PEDE A ANISTIA INTERNACIONAL. POR QUE DEIXAR DE ACENTUAR TAMBÉM QUE A LÍBIA APRESENTAVA O MAIS ALTO IDH DA ÁFRICA (SEM QUE ISSO ABSOLVA OS CRIMES DO REGIME DERRUBADO)?