Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 23 de outubro de 2011

Sobre Cachorros Loucos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Tem muitos cachorros loucos prontos a dar mordidas sem qualquer motivo da vítima, apenas por que viu na vítima o sítio preferido de suas mordidas. Esta frase imediatamente remete aos assassinatos em massa, aos linchadores, aos vingadores, aos cachorros loucos que reagem aos simples “xispa” do seu dono.

No primeiro parágrafo me referia aos cachorros loucos sem focinheira. Existem os cachorros loucos contidos e apenas instigados quando necessários e até aqueles cachorros loucos de madame, que mordem enquanto ela se horroriza com o sofrimento de algum personagem na novela das nove.

Os domadores de animais, especialmente de cachorros, não se cansam de dizer: não confundam a agressividade de um cachorro louco com a hidrofobia. A primeira é a projeção da insana e malvada consciência do dono sobre o animal e a segunda é uma doença natural que altera definitivamente a mente do cachorro.

Por isso quando um cachorro louco é morto a tiros, chutado, dando-lhe pauladas e depois de seu suplício é comemorado algo muito grave sempre acontecerá. O insano e malvado de consciência arbitrária que treinou o cachorro louco estará preservado neste ato. E a pior das desgraças: ele continuará a ameaçar os inconseqüentes que não conseguem olhar para a realidade além de seu próprio desvio em comemoração de tão nefasto engano para si.

Neste momento os vingadores se confundirão tanto com o cachorro louco que parecem fazer parte do mesmo canil que desencadeou a insensatez. Enquanto dão pauladas estas já estarão sob o ritmo do dono dos cachorros loucos.


O pior é que os donos destes cachorros loucos são capazes de soltá-los para que eles vigiem outros territórios do interesse do dono. E eles vigiarão, igual àqueles cachorros que controlam as ovelhas, mas se o cachorro fizer algo que contrarie a economia da lã e da carne, ele será abatido sem qualquer piedade. É a ontologia da manutenção do mal de origem.

E tem mais: os vingadores que provam o sangue do cachorro louco destroçado, logo apontam sua violência para outras vítimas. Eles querem mais. Muito mais do que a violência do momento lhes proporcionou. Outros “cachorros loucos”, não importam se reais ou não, desde que pareçam que sejam, logo estarão sob a mira vingativa dos linchadores.

É muito triste quando o humano se resume a este insano desejo de sair de série em série dando pauladas em cachorros loucos, especialmente se alguma revista diga “veja” este é mais um.

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