Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Por Lupeu Lacerda


Teus olhos que sigo
Acompanham o giro
Da roda gigante
Você mastiga seus cadarços
E desvenda o velcro
O menino passa com sua bola
O traficante passa dando uma bola
O tempo fica
Teus olhos explodem
O parque fica bem mais bonito

Um centauro canceroso
Acende seu marlboro
E conta pra ninguém
A história real das lendas

 por lupeu lacerda

Puro -por Domingos Barroso

Puro
Use o fone de ouvido.
Esqueça-se um pouco das palavras.

A vida lhe convida a alma
para uma dança.

Terá de deixar suas coisas
(memória, sonhos, planos) .

Como bailar com esse peso?
Livre-se da roupa engomada.

Do ventilador.
Dos chinelos ao pé da cama.

Creia apenas no frio da sua barriga
que lhe sobe ao coração já feito fogo.

Não sofrerá tanto como ontem.

(talvez até mais
ou só uma fisgada
entre as vértebras)

Mas sofrerá.

E quando não houver medo
tampouco vaidade

será o tempo certo
para ensinar à vida
um novo passo.

(mas não me fale de morte)

A alma que renasce
subiu apenas o corpo
ao cadafalso.

A vida (acredite)
não flerta zumbis
para dançarem
alegremente.

Agora tire o fone de ouvido.
Veja quem entrou: o sol,

saudade dos enfermos,
xamã dos recém-nascidos.

por Domingos Barroso

Convite !



Dia 12, Esta semana

Ariano Suassuna ministra aula-espetáculo na abertura da 12ª Mostra SESC Cariri de Cultura


A abertura da 12ª edição da Mostra SESC Cariri de Cultura irá acontecer na próxima sexta-feira (12), às 19h, com uma aula-espetáculo do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, na RFFSA, Crato. Em suas apresentações, Ariano Suassuna, que é um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, autor dos célebres Auto da Compadecida e A Pedra do Reino, é um defensor da cultura do Nordeste, fala sobre a valorização da cultura popular nordestina. Estará presente na ocasião o presidente do Sistema Fecomércio, Luiz Gastão Bittencourt.

Sobre a Mostra SESC Cariri de Cultura

A 12ª edição da Mostra SESC Cariri de Cultura, já consolidada no calendário nacional, atua fortemente na propagação e divulgação da arte e da cultura. O evento reúne no sul do estado do Ceará núcleos de literatura, música, artes cênicas, artes plásticas, audiovisual, meio ambiente e artes visuais.

Durante a realização da Mostra, dez municípios irão compor o quadro geral do festival: Crato, Barbalha, Nova Olinda, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Campus Sales, Araripe, Assaré, Santana do Cariri e Potengi. Seis países e 12 estados da federação farão parte do contexto abrangente do evento. Estão previstas 107 apresentações, envolvendo cerca de 300 artistas. No núcleo audiovisual, serão exibidos 78 filmes entre curtas e longas da produção cinematográfica cearense. Na seção literária, uma programação que inclui um jornal literário, recitais de poesias, oficinas de troca de experiências e lançamento de cordel

O circuito, programado para acontecer de 12 a 17 de novembro na região do Cariri, traz para a abertura uma apresentação com o escritor Ariano Suassuna. A partir do dia 19 de novembro, o caldeirão artístico cultural do Cariri chega em Fortaleza, onde acontecem espetáculos para todos os públicos se estendendo até o dia 21.


Assessoria de Imprensa: AC Comunicação

Jornalistas Responsáveis: Giselle Norões – (85) 3452.9060 / 8898.9899

Carla Pinto – (85) 8703.3244


Altemar Dutra - por Socorro Moreira



"Altemar Dutra de Oliveira (Aimorés, 6 de outubro de 1940 — Nova Iorque, 9 de novembro de 1983) foi um cantor brasileiro. Sucesso em toda a América Latina, interpretando obras como "Sentimental Demais", "O Trovador", "Brigas" e "Que Queres Tu de Mim", boa parte das canções de autoria da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim, foi progressivamente destacando-se no gênero musical bolero. De fato, veio a ser aclamado como o "rei do bolero" no Brasil."

Na minha adolescência, a música de ALTEMAR estava em voga. Eu gostava de outros rítmos. Parecia do contra-musical. Enquanto  a galera ouvia  MPB, eu curtia música instrumental. Mas, no pé do rádio, nas serenatas, e na amplificadora local, Altemar era fundo musical, de todos os sentimentos nascentes, e todas as nossas esperanças sentimentais.
Quando ele fez um show na Rádio Educadora, nos anos 60, o Crato s4e mobilizou. O auditório ficou lotado. Quem não tinha um interesse na plateia para mandar um seu recado musical ? O menino dos recados era ALTEMAR.
Tinha um repertório eclético, e muitas das suas canções eram belíssimas, inclusive noutras interpretações.Um dia perguntei ao meu primeiro namorado :
Qual a música que você mais gosta ?
Ele respondeu de imediato: "O Trovador", cantado por Altemar.
Fiz uma carinha de pouco entusiasmo, mas por amor , passei a gostar um pouco mais do nosso cantor.
Qquantas vezes chorei de saudades ouvindo aquela música, quando o namoro acabou ?
Hoje os sentimentos são outros... Mas, se fechar os olhos vejo a festa da Padroeira, e a voz do Altemar na amplificadora da praça. Minha geração perfumada de intenções e trejeitos. Olhares  que se buscavam, até o coração disparar , e acertar o ponto  do entendimento.
Bons tempos... Namorar, ao som do Altemar !. 


De um amgio de João Marni - José do Vale Pinheiro Feitosa

João e neste dia,
como amigo retirado,
não se sabe se antes,

deixo uma promissória,
para uma janela testamental,
uma paisagem para o olhar,
uma vaga de eventos acontecidos,
sem pesos e medidas,

um lençol tecido de lavanda,
com a brancura do capucho de algodão,
tantos como a seiva do paraiso
e um silêncio de catedrais,
no dorso da treze horas
quando os crentes fazem a sesta.

Torquato Neto


Torquato Pereira de Araújo Neto (Teresina, 9 de novembro de 1944 — Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi um poeta, jornalista, letrista de música popular, experimentador da contracultura brasileiro.

A rua


Toda rua tem seu curso
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba

De uma rua, de uma rua
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
E de meninos correndo
Atrás de bandas

Atrás de bandas que passavam
Como o rio Parnaíba
O rio manso
Passava no fim da rua
E molhava seus lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua

Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão

De longe pensando nela
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão

Ê, minha rua, meu povo
Ê, gente que mal nasceu
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zé Velhinho
Esse menino crescido
Que tem o peito ferido
Anda vivo, não morreu

Ê, Pacatuba
Meu tempo de brincar já foi-se embora
Ê, Parnaíba
Passando pela rua até agora
Agora por aqui estou com vontade
E eu volto pra matar esta saudade

Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão

Domingo na Lagoa Rodrigo de Freitas - José do Vale Pinheiro Feitosa

Andar na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas aos sábados e domingos é bem diferente dos outros dias. Alguém dirá: ora cara pálida isso acontece em todos os parques do mundo! Nos domingos e feriados os pais podem levar os filhos, os avós podem acompanhar, as meninas lindas vão exibir seus dotes de promover suores de desespero aos sessentões. Nos outros dias só aposentados podem se alongar na caminhada de 7,5 Km, e por isso a impressão geral que exercícios envelhecem e engordam.

No domingo de ontem a Lagoa estava mais cheia do que aquelas antigas “ondas” nas festas da Penha na Praça da Sé no Crato. A “onda”, era um círculo imenso, suspenso por cabos que davam efeito pendular enquanto toda a geringonça girava à base de energia muscular humana. No círculo existiam assentos, com as pernas penduradas no ar e começava o giro. O mais curioso era que o giro era lento, natureza da fonte energética, e entre os bancos apinhados de rapazes e moças ia um conjunto musical tocando os sucessos da ocasião: sanfona, zabumba, triângulo e pífano.
Na verdade a Lagoa estava mesmo era apinhada de gente. Crianças nas cadeirinhas das bicicletas de papais e mamães. Casais andando para espairecer a noitada passada, idosos catando endorfinas nas calçadas apinhadas, cachorros de todas as raças, corredores bufando à procura de uma identificação na fronteira da dor e do prazer.

Vendedores de água de cocô, pipoqueiros, academias físicas propagandeando vantagens, o pessoal do aluguel de pedalinhos e as centenas de bicicletas e quadriciclos de aluguel para infernizar o trânsito das pessoas. Epa, cuidado: lá vem o sujeito, suando em bicas, turbinado de prazer, com sua bicicleta a toda prova, passando como motoboy na brecha entre um corpo e outro.

A maior revelação antropológica são os moradores da Zona Sul com seus fones enfiados nos ouvidos. Exercitam-se, de olhar fixo no impreciso, enquanto uma das paisagens mais lindas do mundo se faz notar. Tudo é endorfina e música. Mas não é preciso pedir licença para saber o que ouvem. De vez em quando um grito desafinado se conecta com aquele ruído que embebeda seu labirinto e a voz dele tenta capturar alguma nota e o trecho da letra daquilo que o conduz. Então a revelação: sempre serão palavras em inglês. Eles correm no Brasil com um Brazil imenso na cabeça.

E lá vou quase correndo, dizem que para inventar mais tempo ao meu tempo. E ali na curva quase em frente à sede do Flamengo o encontro atravessando a rua. Com um chapéu de palha envelhecida, o pano da roupa desbotado de tantas lavagens, o rosto vincado de tanto tempo, o semblante sério, com óculos escuros. Tive duas seqüências de reconhecimento.

A primeira é que se tratava de um conhecido pescador de Paracuru, aqueles senhores que já não podem mais ir para o mar alto nas jangadas. Hoje sobrevivem amarrando varas com cordas para colocar nos currais de peixe ou ficam na praia assuntando saída ou chegada de jangada, para ajudar nos desencalhe e ganhar um peixinho de ajuda.

A segunda, a luz da certeza: era Fernando Gabeira em sua bicicleta solitária.

Minha Cara Claude Bloc - José do Vale Pinheiro Feitosa

Minha cara Claude,

Esse começar que lembra ser protocolar não o é. E nem quer falar de preço elevado, apenas quer expressar a singularidade que é você. Que não existe por atributos de fora, mas essencialmente por um existir de propriedades especificamente pessoais. Essa é você, com o cabedal de tua família, com a apreensão da Serra Verde, que embora comuns à Dominique e ao Jacques, em você tem um tom reconhecido. Nem mais ou menos que eles, nem superior ou inferior, essencialmente esse modo gostoso de se tomar conhecimento por seus textos como aconteceu e ainda acontece.

Essa é a cara Claude dos blogs do Cariri. Como uma Guantanamera e seu mote de acalentar versos. Tanto pode ser um José Marti quanto uma notícia versejada a respeito de um girassol que caiu no asfalto junto ao canteiro em que a planta floria. A cara Claude que nunca pedirá licença para se manifestar e com a qual jamais existirá uma voz que a afaste dos seus leitores. Onde os leitores estiverem.

A cara Claude dos versos que atravessam madrugadas. A menina que brilha de alegria e nos deixa alegre com suas histórias de ensino, com a singeleza do relato de uma pós-graduação e as danações do sofrimento acadêmico. A adolescente que partiu e jura que está de volta ao seu vale de nascença. A andarilha das BRs esburacadas ora aqui, noutra ali e, depois, muito depois.

A mulher dos ensaios plásticos. Que parece ter aprendido nos cadernos de desenho de Huber, que era um artista como ela e o Jacques. Que fotografa e verseja com as imagens, que trás certa nostalgia de vesperal, mas nunca deixa que nas manhãs seguintes a tenhamos no clicar do Cariricaturas ou noutro blog da região.

E antes de terminar, minha cara Claude, volto para você com toda a liberdade que você tem comigo. Lembra de uma vez que você me perguntou por que me admiti humilde diante a virulência de pensamentos críticos? Agora chegou a minha melhor explicação para aquele momento.

O mais genuíno orgulho que tive nas minhas reflexões não foi imaginar que o sol nasce por minha causa, como muita gente, com complexo de Chantecler, imagina. Foi exatamente imaginar-me equivalente ao humus da terra. Aquele em que as plantas nascem, crescem e se reproduzem. Afinal não existe animal sem planta, na cadeia entre o primo e o segundo, é certo que o vegetal tem precedência. E a ele o húmus, ou seja, o verdadeiro sentido da humildade.

Mas ninguém imagine que estou pedindo isso à Claude, apenas me explico com os termos de antão. Não estou. Apenas gosto do que faz a Claude aqui no Cariricaturas. Exatamente por isso. E a quero de volta. Isso pode não ser muito, mas é o que quero.

Recebido por e-mail - O IMPORTANTE É O FOCO...

Um paciente vai num consultório e diz pro psiquiatra:
- Toda vez que estou na cama, acho que tem alguém embaixo.
Aí eu vou embaixo da cama e acho que tem alguém em cima. Pra baixo,
pra cima, pra baixo, pra cima.
Estou ficando maluco!
- Deixe-me tratar de você durante dois anos. - diz o psiquiatra.
- Venha três vezes por semana, e eu curo este problema.
- E quanto o senhor cobra? - pergunta o paciente.
- R$ 120,00 por sessão - responde o psiquiatra.
- Bem, eu vou pensar - conclui o sujeito.
Passados seis meses, eles se encontram na rua.
- Por que você não me procurou mais? - pergunta o psiquiatra.
- A 120 paus a consulta, três vezes por semana, dois anos =R$
37.440,00, ficar caro demais, ai um sujeito num bar me curou por 10 reais.
- Ah é? Como? - pergunta o psiquiatra.
O sujeito responde:
- Por R$ 10,00 ele cortou os pés da cama...

Muitas vezes o problema é sério, mas a solução pode ser muito simples...

Há grande diferença entre foco no problema e foco na solução...

Foque uma solução ao invés de ficar pensando no problema.

(Autor desconhecido)

“Lengalenga” e “Nhenhenhem” - José Nilton Mariano Saraiva

Depois da fragorosa e humilhante derrota (afinal, foram mais de 12 milhões de votos de “lambuja”), eles submergiram covarde e vergonhosamente às profundezas; agora, ainda um tanto quanto grogues e ressabiados, emergem, e, como não têm propostas nem projetos, vêm com uma conversa mole que é pura dor de cotovelo (e das grandes): a Dilma não foi eleita, o eleito foi Lula; ela só ganhou graças aos “analfabetos” do Nordeste; se o “coiso” (Serra) não tivesse sido traído pelo Aécio-pó, a “coisa” teria sido bem diferente; e assim, claudicantemente, usam e abusam de esfarrapadas desculpas na tentativa de justificar o injustificável.
Mais recente e recorrentemente, o “lengalenga” e o “nhenhenhem” inconsistente de sempre evoluiu para a tentativa deliberada de criar intrigas, baldear o coreto e semear a discórdia: nem esperaram, por exemplo, que a nossa presidente Dilma sequer tivesse tempo para descansar e se preparar para receber o bastão do Lula em 01.01.2011, e já anunciam (quanta má-fé e desfaçatez) que ela teria se posicionado em relação ao pleito de 2014: vai concorrer, sim, à reeleição.
Se tivessem um mínimo de bom senso e clarividência, os “eternamente do contra” (aqueles, que nunca se reciclaram e que usam uma viseira que os impede de enxergar perifericamente), deveriam saber que em 2014 teremos o retorno do maior presidente que o país da teve, Lula da Silva, para mais oito anos de pujança e crescimento do Brasil, findo os quais, aí sim, convocará Dilma, em 2022, para a reeleição "dela".
A propósito, leiam, abaixo, algo mais ou menos parecido com o que aconteceu aqui; só que com um desfecho educado, humilde, real.
Mirem-se no Obama, otários !!!

José Nilton Mariano Saraiva
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O exemplo de Obama (Zuenir Ventura, O Globo, de 06/11/10)

Ao contrário do Presidiente Obama, que com invejável franqueza aceitou a derrota, confessou-se humilhado e assumiu a responsabilidade pela “surra”, reconhecendo sua culpa, os perdedores daqui estão tendo grande dificuldade de admitir a derrota nas últimas eleições. O chororô comporta todo tipo de alegações para desqualificar a vitória de Dilma Rousseff – algumas até fazem sentido, mas outras são justificativas ridículas, desculpas esfarrapadas.
O candidato José Serra chegou a transformar sua frustração em “vitória estratégica”, mas pelo menos não tentou diminuir o mérito da adversária.
Em compensação, foi estranha a reação de certos dirigentes da oposição e de torcedores inconformados. Houve quem alegasse que “Dilma não se elegeu, foi eleita por Lula”, como se essa simplificação justificasse tudo. E houve quem afirmasse que a candidata do PT ganhou porque os seus 55 milhões de eleitores têm desprezo pelos valores éticos ou, mais precisamente, por terem "assassinado a ética". A disputa teria sido um jogo maniqueísta entre um lado onde só houvesse o bem e outro onde só existisse o mal, com derrota do bem, claro.
Malabarismo maior fez outro observador, ao concluir que a expressiva votação de Serra, somada aos votos brancos, nulos e ao alto nível de abstenção, "deixa clara a insatisfação da maioria do povo não só com ela, mas também com o próprio Lula". Por esse raciocínio, que considera todos esses votos serristas, Serra teria sido o verdadeiro vencedor das eleições, não sua adversária. É o time daqueles que, por não gostarem de Lula, acham um absurdo 80% gostarem. Como pode ser tão popular se eu não o apoio ?
A derrota às vezes não só obscurece a razão como mobiliza baixos instintos, como os dessa tal estudante de Direito Mayara Petruso, de SP, que postou no seu twitter a mensagem racista contra o Nordeste: "Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado." Os ataques de xenofobia da futura advogada — advogada, imagine !!! — provocaram polêmica nas redes sociais e o repúdio da OAB. E a reação bem-humorada de um pernambucano em meio à indignação: "Eles elegem o Tiririca e vêm nos chamar de atrasados”!!!
Em vez de tentar tapar o sol com a peneira, seria mais honesto e realista responder como fez o brasilianista Timothy Power, quando lhe pediram para explicar a vitória de Dilma: "O padrão de vida de muitos brasileiros melhorou nestes últimos oito anos de governo, e as pessoas quiseram uma continuação”.
Ou então se render ao óbvio, como fez Obama, adotando um mea culpa: perdemos porque não soubemos vencer. Simples assim.

Colaboração de Fátima Figueiredo


Cuidados Médicos, depois dos 60 anos.

Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta:

-Quais as causas que mais fazem pessoas com mais de 60 ANOS terem confusão mental?


Alguns arriscam: "Tumor na cabeça".
Eu digo: "Não".

Outros apostam: "Mal de Alzheimer".
Respondo, novamente: "Não".
A cada negativa a turma espanta-se.


E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns:
- diabetes descontrolado;
- infecção urinária;
- a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.


Parece brincadeira, mas não é.

Constantemente, sem sentir sede, deixamos de tomar líquidos.
Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez.
A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo.

Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos ("batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte.


Insisto: não é brincadeira.
A partir dos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo.
Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.

Portanto, menor reserva hídrica..
Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água,

pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.


Conclusão:
Pessoas com mais de 60 anos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo.
Mesmo que a pessoa seja saudável, fica prejudicado o desempenho

das reações químicas e funções de todo o seu organismo.


Por isso, aqui vão dois alertas:
O primeiro é para os MAIORES DE 60 ANOS:

Tornem voluntário o hábito de beber líquidos.
Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite.

Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi,

laranja e tangerina, também funcionam.

O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro.
Lembrem-se disso!


Meu segundo alerta é para os familiares:

Ofereçam constantemente líquidos aos familiares com mais de 60 anos.
Ao mesmo tempo, fiquem atentos.

Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro,

ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção.

É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação.
"Líquido neles e rápido para um serviço médico".


Arnaldo Lichtenstein (46), médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Para o nosso mestre Do Vale- por Socorro Moreira



Nas entrelinhas , a força conciliadora
O coletivo não admite escolhas
Na adversidade
aprendemos  tolerância.

Ideias em movimento...
Fatos  admitem argumentos ?
Clama pela compreensão
e a vontade de internalizar
novas propriedades.

O silêncio é a melhor pedida
Mas as mãscaras escondem o nosso coração.
Ninguém pode fugir de um olhar solar...
Mesmo que resulte em queima,
ou numa pequena ferida.

A razão não é unilateral
nem única, nem unânime....
As forças se agregam para construir,
mas a crítica nos impele à restauração,
inclusive de nós mesmos.
Teus textos geram  ressonâncias
Pela boa intenção de agregar,
e estabelecer a corrente da paz
Conjugar no plural é um ideal
Vivê-lo  é crescimento geral !

Pérola do bastidores - Não identifiquei o autor.



Socorro,
(das a)Moreira(s), fio de seda das mais puras,como toda seda que dali brota...
Tuas lembranças são nossas lembranças presos ao fio do fuso da vida,na linha do tempo.
Inquestionável...indimenticável.

JAT

Se a profecia se cumprir- Por Stella Siebra de Brito


1.
Larguei o sertão
corri para o mar
entre o cais e o mangue fiz minha morada
cumpri sina de homem caranguejo
Severino que sou
a lama
é minha cama
onde me atolo em sonhos
de verdes canaviais.

Se o mar virar sertão
Já sorvi do mandacaru
a água
e do juazeiro
a sombra.

2.
Larguei o mar
naveguei para o sertão
cumpri sina de homem sertanejo
Fabiano que sou
de seca vida só privação.
Nas miragens do deserto
doçura de rapadura se derrama da minha boca
nas miragens do deserto
caranguejos e homens
irmãos.

Se o sertão virar mar
já fiz vida
no cais
e no mangue.

(Stela Siebra Brito)

Peru se mata de véspera ! - por Socorro Moreira



O dia da estrela !
Hoje eu senti vontade de torcer o pescoço de um. Deixar no vinho d'alho, e prepará-lo para o almoço amanhã da nossa amiga Stella. Uma farofinha dos miúdos, um arroz com açafrão e pequi, uma macarronada caseira , um prato de verduras , e uma grande torta de sobremesa. Que acham ?
Amanhã ela decerto comemorá com a família e amigos, com maravilhosos quitutes, a exemplo do ano passado, quando pude abraçá-la pessoalmente. Foi uma festa inesquecível. Deliciosa !
Essa escorpiana amiga, que faz parte da minha vida há tantas décadas , que sabe ganhar a simpatia de todos, merece toda felicidade do mundo. Ela tem o dom da alegria. O dom do aprofundamento , até nas coisas mais pueris. O dom da transparência  e sinceridade no que diz, no que faz, no que acha.
Stella, você tem a minha admiração incondicional . Ah, se eu soubesse fazer poesia... !
Mas, o que dizer para uma alma que é de fato poeta ?

Falar de singeleza
Das boas intenções
inscritas nas estrelas ?
Da responsabilidade de ser feliz e leal
como ser humano ...
- Esse eterno desconhecido,
que nos chega com tantas caras e tantos risos!
Stella sabe separar o joio do trigo
Sabe ser justa e solidária
Sabe enxugar minha lágrima 
com o melhor dos seus sorrisos. .

Feliz aniversário, querida !
Que Deus tenha guardado os frutos , cujas sementes tu plantastes, e que este seja o teu banquete de partilha com a própria vida !

Francisco Petrônio- popr Norma Hauer


No dia 8 de novembro de 1923, nascia em São Paulo, Francisco Petrone, de origem italiana e que ficou conhecido como Francisco Petrônio
Francisco Petrônio viveu sempre em São Paulo, onde inicialmente foi motorista de praça.
Em seu táxi conheceu um radialista de nome Nerino Silva, que o levou para as Emissoras Associadas.
Isso em 1960. Tinha então 37 anos.

Ingressou depois na TV Tupi de São Paulo,apresentando o "Baile da Saudade", lançando em 1961, sua primeira gravação, exatamente com a melodia que leva esse nome, que representou seu primeiro grande sucesso.

Fez uma série de LPs com músicas de "seu" baile, sendo acompanhado por um violonista famoso:Dilermando Reis.

No primeiro LP , de uma coleção de 7, gravou “Rapaziada do Brás”;”Arrependimento”; “Tarde de Lindóia”; “Se Ela Perguntar” (de Dilermando e Jair Amorim) ; “Ave Maria” (de Erostides Campos) e o sempre lembrado “Chão de Estrelas”.

Francisco Petrônio faleceu no dia 19 de janeiro de 2007, também em São Paulo.

norma


Recebido por e-mail- Colaboração de Francisco Babo JR.

Aprendendo com os pequenos...

O autor e conferencista Leo Buscaglia certa ocasião falou de um concurso em que tinha sido convidado como jurado. O objetivo era escolher a criança mais cuidadosa.
Eis alguns dos vencedores:
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Um garoto de 4 anos tinha um vizinho idoso ao lado, cuja esposa havia falecido recentemente. Ao vê-lo chorar, o menino foi para o quintal dele, e simplesmente sentou-se em seu colo. Quando a mãe perguntou a ele o que havia dito ao velhinho, ele respondeu:
- Nada. Só o ajudei a chorar.
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Os alunos da professora de primeira série Debbie Moon estavam examinando uma foto de família. Uma das crianças da foto tinha os cabelos de cor bem diferente dos demais. Alguém logo sugeriu que essa criança tivesse sido adotada. Logo uma menina falou:
- Sei tudo sobre adoção, porque eu fui adotada.
Logo outro aluno perguntou-lhe:
- O que significa "ser adotado"?
- Significa - disse a menina - que você cresceu no coração de sua mãe, e não na barriga!
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Sempre que estou decepcionado com meu lugar na vida, eu paro e penso no pequeno Jamie Scott. Jamie estava disputando um papel na peça da escola. Sua mãe me disse que tinha procurado preparar seu coração, mas ela temia que ele não fosse escolhido. No dia em que os papéis foram escolhidos, eu fui com ela para buscá-lo na escola. Jamie correu para a mãe, com os olhos brilhando de orgulho e emoção:
- Adivinha o que, mãe!
E disse aquelas palavras que continuariam a ser uma lição para mim:
- Eu fui escolhido para bater palmas e espalhar a alegria!
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Conta uma testemunha ocular de Nova York:
Num frio dia de Dezembro, alguns anos atrás, um rapazinho de cerca de 10 anos, descalço, estava em pé em frente a uma loja de sapatos, olhando a vitrine e tremendo de frio. Uma senhora se aproximou do rapaz e disse:
- Você está com pensamento tão profundo, olhando essa vitrine!
- Eu estava pedindo a Deus para me dar um par de sapatos - respondeu o garoto...
A senhora tomou-o pela mão, entrou na loja e pediu ao atendente para dar meia duzia de pares de meias para o menino. Ela também perguntou se poderia conseguir-lhe uma bacia com água e uma toalha. O balconista rapidamente atendeu-a e ela levou o garoto para a parte detrás da loja e, tirando as luvas, se ajoelhou e lavou seus pés pequenos e secou-os com a toalha. Nesse meio tempo, o empregado havia trazido as meias. Calçando-as nos pés do garoto, ela também comprou-lhe um par de sapatos. Ela amarrou os outros pares de meias e entregou-lhe. Deu um tapinha carinhoso em sua cabeça e disse:
- Sem dúvida, vai ser mais confortável agora.
Como ela logo se virou para ir, o garoto segurou-lhe a mão, olhou seu rosto diretamente, com lágrimas nos olhos e perguntou:
- Você é a mulher de Deus?

A vida é da cor que a gente pinta...

Cariricaturas em verso e prosa - EDIÇÃO ESPECIAL

 "Cariricaturas em prosa e verso" (Segunda Edição), será editado,  com o objetivo de compensar os escritores que se sentiram lesados, naturalmente, sem intenção dolosa da nossa parte
Não  é justo que as falhas deixem de ser corrigidas.
O livro não implicará em qualquer ónus para os seus escritores.

A REVISÃO SERÁ FEITA CRITERIOSAMENTE PELA NOSSA COLABORADORA STELLA SIEBRA DE BRITO QUE MANTERÁ CONTATO PERMANENTE COM OS ESCRITORES.

FAREMOS OS SEGUINTES ADITAMENTOS, NESSE LIVRO ESPECIAL, A SABER :

Prefácio :José Flávio Vieira 
Texto da contra-capa : José do Vale Feitosa
Orelha do editor : Emerson Monteiro
As dedicatórias serão feitas em particular, fazendo parte do release de cada autor.

Com o intuito de  uniformizar as postagens , disponibilizaremos espaço para 2 textos de cada autor , mais um folha para release, e dedicatória pessoal.

.Ana Cecília S.Bastos
.Bernardo Melgaço
Corujinha Baiana
Carlos Esmeraldo
Carlos Rafael
Ceci Monteiro
.Dimas de Castro
.Domingos Barroso
 Edilma Rocha -
.Edmar Cordeiro 
Everardo Norões
.Izabella Pinheiro
.José Flávio
.João Marni-
.João Nicodemos
 Joaquim Pinheiro-
.José do Vale Feitosa
 José Neuton Alves de Sousa
José Nilton Mariano
Liduína Vilar
Magali de Figueiredo
Marcos Barreto
Rejane Gonçalves
Socorro Moreira
Vera Barbosa
Rosa Guerrera
Jacques Bloc
Wilton Dedê
Nilo Sérgio Duarte
José Carlos Brandão
Sônia Lessa 
Lupeu Laceda
Marcos Leonel
Geraldo Urano
Abidoral Jamacaru
Pachelly Jamacaru
Ronaldo Correia Lima
Stella Siebra de Brito
Aloísio Paulo
Pedro Esmeraldo

Não  limitaremos o número de páginas. Solicitamos releases sumários , com fotografia.
A capa terá uma nova foto de Pachelly.
Faremos uma tiragem de 200 exemplares ( 5 para cada autor) ,impressos em papel reciclado.

Qualquer dúvida, peço que se manifestem !

A ausência na relação de alguns autores , se justifica pelo de acordo, na primeira edição,( Emerson, Roberto, Claude, Carlos, Armando, Bruno, Olival ,Assis Lima, ) mesmo assim, se quiserem poderão ser incluídos. Convidamos outros autores, que não participaram da primeira edição, cujos assentimentos nos darão muita honra.

Agradecemos a atenção, e contamos com a compreensão e apoio geral.

stelasiebra@yahoo.com.br
sauska_8@hotmail.com

Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella até, no máximo,  31 de Dezembro de 2010. A fase de revisão não tem tempo determinado. A partir dessa conclusão , o livro será editrado.

Abraços do Cariricaturas.

O que é que tem seu Aureliano? – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

A família de Aureliano Pereira da Silva mudou-se do Sítio Branca, município de Atalaia no Estado de Alagoas para o Juazeiro, em 1895. Os pais de Aureliano, assim como muitos sertanejos de várias partes do Nordeste, foram também atraídos pelas noticias dos milagres extraordinários ocorridos em Juazeiro, quatro anos antes. Aureliano tinha oito anos de idade e Afra, sua irmãzinha contava apenas seis anos. Viajaram por mais de três semanas juntamente com seus pais, montados em jumentos e percorreram uma distância de setecentos e vinte quilômetros. As crianças foram acomodadas dentro de dois caçuás, uma em cada lado da cangalha.

Ao chegarem a Juazeiro, após a estafante travessia, a família acomodou-se numa casa alugada à Rua do Cruzeiro e em seguida foi se apresentar ao Padre Cícero para pedir dele a bênção e ouvir seus conselhos. O padre abençoou aquela família e orientou que o pai de Aureliano se instalasse com uma pequena mercearia na Rua do Comércio. Ao avistar Aureliano, o “padim” pôs a mão em sua cabeça e disse: “Você vai ajudar o Juazeiro a crescer. Vai casar cinco vezes e ser pai de trinta e seis filhos.”

Aureliano cresceu ajudando ao pai na mercearia deste, que progredia a cada ano. Este período foi de grande aprendizado na arte de negociar. Ao completar 18 anos resolveu se desligar do pai e trabalhar por conta própria. Pensou em comprar dois burros e viajar como comboieiro pelos sertões do Ceará, Pernambuco e Piauí. Aconselhou-se com o “padim Ciço” sobre seus planos, recebendo dele o incentivo necessário, além de conselhos para agir sempre com honestidade, não roubar, não matar e nem pecar contra a castidade. Em poucos anos, Aureliano já era dono de doze burros de carga, varando os sertões e progredindo em seus negócios a cada dia. Era uma época de sertão nordestino, sem estradas, sem automóvel e os sertanejos isolados em suas distantes terras careciam dos mínimos utensílios domésticos, bem como daqueles bens necessários para compor a alimentação diária.

Ao completar 24 anos, Aureliano realizou seu primeiro casamento com Maria Guimarães, uma moça de Exu, residente no Juazeiro. Do enlace nasceram nove filhos.

À medida que as crianças iam nascendo, Aureliano observou que necessitava se instalar como um comerciante fixo e então montou uma grande mercearia na Rua do Comércio. Aureliano trabalhava do nascer ao por do sol, sem descanso. Mas a felicidade de Aureliano durou apenas nove anos.

Ao dar a luz ao nono filho sua mulher veio a falecer, deixando-o completamente desapontado. Mais uma vez o Padre Cícero lhe aconselhou a procurar uma noiva e casar-se. As crianças necessitavam de uma mãe.

Então Aureliano casou uma segunda vez com a pernambucana Maria Fernandes. Neste segundo matrimonio Aureliano foi pai de mais nove filhos, vindo sua segunda mulher a falecer em conseqüência de parto.

Durante alguns dias, Aureliano foi o viúvo mais cobiçado pelas moças do Juazeiro. Naturalmente elas ignoravam a terrível profecia do “padim”. Casou-se mais uma vez com a alagoana Sebastiana Magalhães que lhe deu apenas dois filhos, morrendo também em conseqüência de parto. Dois anos foi o tempo que durou este casamento.

A quarta mulher de Aureliano foi Lídia Gondim, uma moça de Jardim, cuja família passou a residir em Juazeiro. Deste casamento nasceram sete crianças. Ao engravidar do sétimo filho, Lídia ficou com uma anemia profunda. Em conseqüência disso não resistiu ao parto. Era a quarta mulher de Aureliano que falecia ao dar a luz a mais um filho de Aureliano.

Após enviuvar pela quarta vez Aureliano, aos 55 anos, refez os cálculos; faltavam-lhe ainda nove filhos para completar a profecia do padrinho. Isto lhe dava uma perspectiva de vida além dos setenta anos.

O quinto casamento de Aureliano deu-se pouco tempo depois. Aureliano escolheu sua cunhada Beanora, irmã de Lídia, como sua quinta esposa. Deste enlace nasceram nove filhos, completando o total de 36 filhos. Um desses filhos, Antonio Gondim Pereira foi meu companheiro de trabalho na Coelce.

Aureliano era estimado por todos os moradores de Juazeiro pela sua honestidade e retidão de caráter. Certo dia do mês de junho de 1942, um senhor proveniente de Alagoas o procurou em sua mercearia. Contou ao seu Aureliano que estivera em sua loja um ano antes e indagou se não teria esquecido uma bolsa de couro sobre o balcão. Aureliano pediu que o visitante aguardasse um pouco. Foi até um depósito no fundo da loja. Poucos minutos depois retornou com a bolsa toda recoberta por uma fina película de poeira. O visitante identificou ser a mesma que havia deixado sobre o balcão há um ano. Ao abrir a bolsa, retirou dela vários pacotes de cédula e conferiu que todo seu dinheiro estava ali intacto. Aureliano nem sequer se preocupou com o que havia no interior da bolsa. Aguardou pacientemente que o dono viria à procura do que lhe pertencia. Então o forasteiro lhe contou que havia vendido todo o seu gado em Alagoas para comprar uma propriedade em Juazeiro. Pensava que havia sido roubado e voltou triste para sua terra. Depois se lembrou que estivera naquela loja e pensou haver esquecido sua pasta com o fruto de anos e anos de trabalho.

Assim era Aureliano Pereira da Silva, um homem respeitado por todos no Juazeiro, falecido em 16 de junho de 1973 aos 86 de idade, deixando sua quinta esposa viúva. Dos seus 36 filhos, ainda vivem 21 deles.

No Juazeiro de muitos poetas satíricos, logo surgiu uma quadrinha no sepultamento da sua quarta esposa. Ninguém sabe ao certo o autor. Mas acredito que deve ter sido o meu amigo Leofredo Pereira, genro do seu Aureliano. Ouvi dele a história dos cinco casamentos de seu Aureliano e a quadrinha que foi recitava para quem quisesse ouvir.

Que é que tem seu Aureliano,
Que toda mulher ele mata?
Será que esse véio tem veneno,
Na ..................?

Deixo ao leitor a liberdade de descobrir a rima.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo:
Fonte: “O padre e Romeiro” de Geraldo Menezes Barbosa, Edição do Instituto Cultural Vale do Cariri, Juazeiro do Norte, 1997
Fotograria de Edilma Rocha

Irmãos de Sangue - Por Rosa Guerrera



Dois meninos moravam em casas próximas e frequentavam a mesma escola. Ambos eram filhos únicos, e talvez porque não possuíssem irmãos, se apegaram demais um ao outro .
Um deles , o Chico tinha o temperamento calmo, apaziguador, enquanto o outro , o Paulo vivia sempre se envolvendo em brigas na redondeza e também na escola. Nada no entanto , mesmo com a grande diferença de personalidade, ocasionou qualquer rusga entre eles.
Quando já estavam com 13 anos, resolveram fazer um “ juramento de sangue”.Com um canivete ,deram um pequeno corte em seus dedos , e juntando o sangue que escorria, juraram para sempre que seriam a partir de então “irmãos de sangue”. Anos se passaram , e enquanto o Chico conduzia sua vidinha dedicada ao trabalho e as responsabilidades do dia a dia , o Paulo por sua vez devido ao temperamento violento que possuía , se envolvia mais e mais em brigas e arruaças .Muitas vezes esses “irmãos de sangue “ passavam meses sem se encontrar, mas quando o momento acontecia , o abraço que trocavam possuía o mesmo amor de muitos anos passados . Uma noite , Paulo foi até a casa do Chico e pediu que lhe arranjasse uma certa quantia em dinheiro , porque ele precisava fugir , partir para bem longe , porque tinha cometido um homicídio .Chico lhe entregou tudo que possuía no momento , e depois de um carinhoso e sincero abraço , Paulo desapareceu na estrada, deixando o amigo a chorar , preocupado com o que poderia lhe acontecer.

Muitos anos se passaram e nunca mais esses irmãos se encontraram.
Hoje o Chico é casado , possui três filhinhas e uma família feliz . Mas todas as vezes que olha para aquela apagada cicatriz no seu dedo , com lágrimas nos olhos ele repete aquele juramento feito a anos passados : “Paulo ,você será para sempre o meu irmão de sangue , e um dia tenho certeza de que iremos novamente nos encontrar”

por rosa guerrera