Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 3 de junho de 2011

URCA receberá acervo de periódicos da Câmara dos Deputados

O campus da URCA estará recebendo um dos maiores acervos de periódicos do Brasil, o acervo de periódicos da Câmara dos Deputados. Aproximadamente 100 caixas já chegaram ao Crato no mês passado, e uma carreta sairá de Brasília levando outra parte do acervo, que dotará o Cariri talvez como o maior do Estado do Ceará.

Nessa parceria da Fundação Enoch Rodrigues/ECOCÂMARA/Câmara dos Deputados, os responsáveis pela iniciativa vêm procurando dar ao Cariri um referencial de pesquisa que possa suprir a Região da pouca atenção que recebeu durante todos esses anos, levando aos estudantes um suporte que dê condições de um trabalho com mais subsídios.

Além da preocupação de Elmano Rodrigues Pinheiro, somou-se a inquietude do Prof. Jackson Antero, sempre atento às necessidades da Universidade, tão carente de tudo.

Aos poucos foram ganhando a confiança das autoridades e da população de Brasília, e hoje já têm firmado ótimas parcerias, que se transformam em ganhos bastante expressivos, motivo de destaque em congressos e na imprensa, quando tratados assuntos ligados à difusão cultural e à formação de bibliotecas comunitárias pelo Brasil.

Quando a Fundação Assis Chateaubriand, do grupo Diários Associados, procurou para fazer doação de acervos, foi que começaram a perceber a importância do trabalho do cearense Elmano Rodrigues.

Hoje, com a Arca das Letras do Ministério do Desenvolvimento Agrário ajudando com acervos, a ESAF - Escola de Administração Fazendária auxiliando os órgãos públicos com doação de mobiliário, e centenas de pessoas que procuram diariamente trazendo incentivo, é que o responsável por tão expressiva ação cultural, nessa luta, coloca tudo de seu próprio bolso para cobrir despesas, acreditando no sucesso da empreitada.

Para Elmano Rodrigues, suas providências lhe permitem uma felicidade imensa, quando vê os amigos dos mais diversos quadrantes nacionais fazendo a divulgação do seu trabalho, porque sabe que outras pessoas receberão essa corrente positiva em prol dos nossos semelhantes nos distantes rincões do solo pátrio.

A Cesta Básica de Cultura e Conhecimento é uma prova cabal disso tudo, pois já contempla com 60 obras dezenas de autores que em breve farão parte das 10 mil Arcas das Letras espalhadas por todo o Brasil.

E a caminhada continuará fornecendo o pão do espírito para aqueles que tanto dele necessitam.

Profissão Barbeiro:Cabeça Raspada e os Pesqueiros Nos Faziam Chorar-Wilson Bernardo.

Quem nunca chorou pra ir a escola,com medo de levar pesqueiro dos colegas,tempo de recordações e talvez o fim de um profissão,engolida pelos salões de beleza coletivos e preços popularizados.Mas a velha cadeira de barbeiro,aquela que deita e você dorme uma eternidade tirando a barba e um velho cochilo cortando os cabelos,talvez esteja prestes a ser apenas uma fotografia.Em Crato velhos barbeiros ainda resistem a velocidade do capital eletromodernizado,ainda temos seu Zé barbeiro e a tradição de velhos amigos no calçadão do Crato,seu Pinto no beco da Siqueira Campos,Rua da  Saudade,enfrente a Prefeitura e uns mais dois  resistindo ao tempo. Quem viveu verá,quem não sinta o prazer da maquina raspadeira em seu casco cabeludo de saudosismos.
Seu Zé Barbeiro no Salão do Calçadão,seu Zé é pai da cordelista Josenir Lacerda
O velho corte de tempos remotos mais saudoso de satisfações
Wilson Bernardo(Texto & Fotografia)

A Filha do Rio Verde – por Armando Lopes Rafael



Lembro-me bem do meu primeiro livro de leitura. Era um volume fino e comprido, em papel couché, capa grossa e com o titulo “A Filha do Rio Verde”, escrito por Lúcia Miguel Pereira (foto ao lado). Contava a história de uma menina que um dia subira em um peixe e descendo o Rio Verde fora conhecer novas paisagens e descobrir o mundo. Devia ter por volta de 6 a 7 anos quando recebi este livro, dado por meu pai, Antônio Rafael Dias, um entusiasta dos livros, o qual, com o presente, incentivava-me ao hábito da leitura. Coisa que se tornou presente no meu modo de vida até os presentes dias.

Só adulto, senti na plenitude aquele gesto do meu pai. Homem pobre, com muitos filhos para criar, o livro que me presenteara – adquirido numa livraria de Crato, em meados dos anos cinquenta – deve ter custado a ele um bom dinheiro, dado o seu modesto salário. Em troca, restou em mim uma doce recordação que guardei ao longo da minha existência.

Outro dia, recebi um exemplar do Jornal da ANE-Associação Nacional dos Escritores, entidade presidida por José Peixoto Júnior, caririense de Caririmirim (ou Caririzinho) vilarejo localizado no lado pernambucano da Chapada do Araripe. Lá estava publicado um artigo sobre Lúcia Miguel Pereira, a autora de “A Filha do Rio Verde”. Consta no jornal a seguinte informação: “Miguel Pereira, o grande médico brasileiro das duas primeiras décadas do século passado, teve uma vasta prole. Lúcia Vera, ou apenas Lúcia, como ela mesmo se encarregou de simplificar, foi a segunda dos seus seis filhos, precedida apenas pela irmã Helena. Nascida em 12 de dezembro de 1901, era mineira por acaso. Sua mãe, para fugir do calor do verão do Rio de Janeiro, passava uma temporada em Barbacena, quando deu à luz, sem tempo de voltar ao Rio para fazê-lo, como era seu desejo”.

Lúcia Miguel Pereira tornou-se escritora ainda adolescente. Em 1936, escreveu e publicou o livro “Machado de Assis–estudo crítico e biográfico”. Escreveu também uma biografia do poeta Gonçalves Dias, intitulado “Prosa de Ficção”. É autora de quatro livros infantis. O artigo do Jornal da ANE, sobre Lúcia Miguel Pinheiro, foi encerrado assim: “Filha exemplar, companheira perfeita, mãe e avó incomparável, amiga atenta e presente, intelectual e escritora como poucas o Brasil conheceu, a vida de Lúcia Miguel Pereira, encerrada tragicamente, ao lado do seu amado, em 22 de dezembro de 1959, encontrou sua melhor definição na síntese irretocável que sobre ela produziu seu primo e discípulo Antônio Cândido de Mello e Souza: “Lúcia foi um ser de exceção”.
Para mim, na minha meninice, Lúcia Miguel Pereira fez-me descobrir os livros, povoando meus sonhos infantis com a menina Esmeralda montada num enorme peixe, descendo o Rio Verde...

Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

"CALDO DE BILA" - José Nilton Mariano Saraiva

Independentemente da raça, cor, sexo, religião, ideologia, credo, preferência clubística ou política, os milhões de adeptos de uma “geladinha” (cerveja) ou da “marvada” (cachaça), detêm a exclusividade de uma certeza absoluta: dia seguinte à farra homérica, quando se excedem no consumo e acordam com aquele terrível “gosto de cabo de guarda-chuva na boca”, nada mais apropriado pra curar a “ressaca braba” (que às vezes dá vontade até de morrer), do que “forrar o estômago” com um revigorante e bendito caldo (de mocotó, carne moída ou costela de boi), no capricho e tinindo de quente, capaz não só de matar todos os vermes que “encontrar na descida”, como também “levantar ou por de pé até defunto”.
Mas... há que se ter cuidado com os “caldos da vida”.
Sim, porque existem duas espécies de caldo:
1) o “caldo verdadeiro”, original, genuíno, que é aquele bem preparado, repleto de temperos e condimentos, capazes de lhe dar cheiro, sabor e “sustância”, e ainda operar o milagre de fazer seu usuário “renascer” das cinzas, a ponto de, sob o pretexto de “lavar o peritônio”, tirar o gosto ali mesmo com uma outra geladérrima, recomeçando a farra; e,
2) o “outro caldo”, o caldo falso, o caldo de araque, que é aquele que é só uma espécie de água morna, desprovido de temperos e condimentos, sem gosto, sem cheiro, sem poder revigorante e, enfim, sem nenhuma serventia, capaz até de “bater e voltar”, ou seja, de fazer com que o seu usuário “bote os bofes pra fora”, na hora. Esse, por suas características peculiares, findou sendo designado pelos biriteiros da vida com a alcunha de “caldo de bila” (portanto, quando você ouvir a expressão “caldo de bila”, lembre-se de que é algo fraco, inútil, sem serventia).
E a “expressão” pegou de uma maneira tal, foi tão bem assimilada por gregos e troianos, que quando queremos manifestar nosso descontentamento com algo ou alguém que não corresponde às nossas expectativas, em qualquer competição ou atividade, imediatamente professamos: é “mais fraco que caldo de bila”.
Tomemos como exemplo a Fórmula 1, um esporte por demais admirado no mundo todo e que, para nós brasileiros, num determinado momento da história, foi motivo de orgulho e respeito, quando tínhamos a nos representar nos mais diferentes autódromos dos quatro cantos do planeta os Emerson Fittipaldi, Nélson Piquet e Ayrton Senna da vida.
Afinal, quem não lembra das manhãs de domingo em que renunciávamos à praia, clubes, açudes, cinemas ou um outro divertimento qualquer, só pra ficar por duas horas frente à telinha, beliscando uma cervejota com tira-gosto de panelada e vibrando com o “pé-pesado” ou as ultrapassagens sensacionais dos nossos “homens voadores”, campeões mundiais em seguidas temporadas ??? Quem não lembra dos pegas fantásticos e espetaculares entre Fittapaldi X Jack Stuart, Piquet X Mansel, Senna X Prost, Senna X Piquet, dentre outros ???
Foi então que o destino nos pregou aquela peça terrível, aquele momento dantesco, nos levando prematuramente o Ayrton Senna, numa calma manhã de domingo, durante uma corrida aparentemente tranqüila, na Itália, após a quebra da barra de direção de seu carro, a mais de 200 quilômetros por hora.
Imediatamente a TV Globo, em razão principalmente dos milhões de dólares despendidos na transmissão de cada corrida, e temendo a perda dos exuberantes patrocínios, tratou de “fabricar” da noite pro dia um substituto para o Senna; como não havia muitas opções naquele momento, literalmente foi “decretado” pela cúpula da Globo e nos imposto goela abaixo, que um jovem piloto paulista, novato na Fórmula 1, seria o novo “ídolo” da torcida brasileira; e foi assim que tomamos conhecimento da existência de Rubens Barrichello, logo batizado pelo chefão de esportes da emissora (Galvão Bueno) de “Rubinho” (certamente que numa tentativa de torna-lo mais “palatável” ante os aficionados da categoria).
Daí pra frente todos nós sabemos a história de cór e salteado: apesar do hercúleo esforço da Globo em alavanca-lo, do generoso espaço lhe disponibilizado, de lhe arranjarem inclusive um lugar na disputadíssima e então imbatível Ferrari (à época detentora dos mais possantes e velozes carros da categoria), o que se via nas pistas era um piloto atabalhoado, lento, medroso, excessivamente burocrático, sem qualquer pegada, além de potencial e exímio “quebrador” de carros, os quais não conseguia “ajustar” nunca (quantas vezes vimos o tal “Rubinho” em desabalada carreira durante as corridas - SÓ QUE A PÉ E NA CONTRAMÃO - em busca do carro reserva ???).
Sem carisma, desprovido de simpatia, sempre com uma desculpa pronta para os recorrentes fracassos nas pistas, inventor de uma comemoração pra lá de ridícula (uma tal de “sambadinha”) quando ocasionalmente ganhava alguma corrida, Barrichello aos poucos foi se eclipsando, sumindo, escafedendo-se.
Hoje, competindo por uma equipe de nível médio (Willians), Barrichello ainda assim conseguiu a proeza de fazer com que a Globo optasse por uma estranha e incrível “inversão de valores”: é que, à falta de resultados (quase sempre fica lá na rabeira, quando não quebra), o locutor global trata de potencializar o fato de “Rubinho” às vezes ficar entre os 10 que obtiveram melhor classificação nos treinos, além de insistir e persistir em nos informar ser ele é o piloto que disputou mais de trezentas (300) corridas de Fórmula 1 (olvidando, no entanto e propositadamente, de nos cientificar dos resultados ou da relação entre o número de vitórias obtidas e os grandes prêmios disputados).
Por essa e outras é que poderíamos associar Rubens Barrichello ao nosso famoso “caldo de bila”: não fede, não cheira, não tem gosto, não propicia qualquer serventia ou bem-estar.

QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO

Pedro Esmeraldo

No momento queremos responder críticas desairosas de pessoas aventureiras que por hora vêm nos ofender com palavras desagradáveis que nos deixam totalmente amargurados.
Não ofendemos nenhuma pessoa humana mas o que está acontecendo na área política cratense merece discussão. O desinteresse em defender o Crato é gritante.
Na semana anterior fomos abordados por pessoas idôneas, querendo defender esses políticos desajeitados e que não querem esforçar-se a fim de organizar um trabalho sério para reconquistar o patrimônio do Crato, perdidos há anos. Não formamos palavras desmerecedoras com os políticos locais, mas queremos que haja uma reação e que venha estimular o povo para que todos saiam da morosidade permanente.
A causa desse abandono do Crato foi devida a falta de amor desses homens e que hostilizaram os políticos acarretando falta de interesse de melhorar a cidade com infra-estrutura moderna.
De maneira alguma, referimos aos políticos cratenses essa série de desagrados e que ao mesmo tempo merecem respeito e que trabalham com amor e tenacidade. Vemos um bando de homens interessados, lutando, deixando a cidade bem equilibrada economicamente e politicamente. Isto é coisa de deixar o cratense desanimado com seu trabalho profícuo e tenaz.
O Crato está se elevando, está progredindo assustadoramente graças a alguns políticos bondosos que foram escolhidos pelo povo e o próprio povo está satisfeito.
Ninguém fala em outra coisa senão no crescimento ordenado do Crato. Vejam bem: não se fala na expansão do curso da URCA, pois anda em marcha lenta. Não se comenta a expansão do melhoramento da Expocrato. Não há ritmo acelerado na construção da escola de ciências agrárias e da construção da escola profissionalizante, na Rua Coronel Teodorico Teles. Tudo ocorre ao Deus dará, devagar, muito desequilibrado.
Queremos dizer que não gostamos de falar mal de ninguém, mas relembramos a fraqueza dos prefeitos passados que deixaram o Crato entregue a própria sorte. Não se fala das brigas dos vereadores na Câmara Municipal. Isso tudo é agravante e fica na maré mansa sem resolver os problemas do Crato.
Por isso, queremos afirmar que a palavra Beócio, como comentaram anteriormente e fomos criticados aleatoriamente, queremos dizer que não citamos nome de ninguém e consultando o dicionário Aurélio, Beócio significa pessoas que nasceu na antiga cidade da Grécia e também significa ignorante, tolo, etc. É isso que temos que falar, porque não desejamos mal a ninguém. Da próxima vez venham com mais moderação.

27/05/2011.
Crato-CE.

A unidade nacional brasileira - José do Vale Pinheiro Feitosa

As pessoas mais importantes são aquelas com as quais dialogamos. Não interessa se concordando ou discordando. Sobretudo dialogando.”


Quando descobri o espírito monarquista do Armando Rafael, algumas outras pessoas que conhecia pensavam iguais. O Armando concentra-se tanto no assunto que já trocamos e-mails específicos sobre aquilo que fere ou não fere no confronto de idéias. Uma questão importante e recorrente no pensamento do Armando é a idéia da unidade nacional e de certa hombridade moral que conduz exatamente a isso: a harmonia nacional.

Seguindo uma corrente de estudiosos da região, com influência dos Institutos Históricos Geográficos, centrados no Rio e espalhados pelo Brasil, estas pessoas guardaram fatos, personagens e a cronologia do tempo de nascimento das províncias e das cidades. Sem elas muitos documentos e muitas publicações brasileiras teriam se perdido. Especialmente não teria nascido uma literatura sobre eventos regionais.

Uma vez colocado este princípio argumentativo vou apresentar duas teses para manter uma dinâmica que garanta que os assuntos colocados são todos importantes e que aqueles que mais expõem, merecem a atenção dos demais. A primeira tese é que a unidade brasileira, assim como a expansão territorial dos EUA se deveu à formação de uma elite americana centrada nas fazendas que produziam para o sistema mercantil e para a formação de capitais na revolução industrial.

A segunda tese é que o sistema monárquico em si pouco teve a ver com esta unidade, a não ser por algumas instituições típicas do mercantilismo e pela herança imperial de três grandes nações: Portugal, Espanha e Inglaterra. No caso destas nações embora tenham os apogeus em séculos diferentes, todas estiveram na formação da expansão colonial do continente americano.

Sobre a primeira tese a dinâmica partia da necessidade que as economias européias tinham em manter a estrutura produtiva americana para garantir a expansão das suas. Então não havia efeito desagregador externo a não ser no campo de idéias que aprofundavam o interesse da burguesia mercantil e industrial. Nestes termos a manutenção ou superação da monarquia era muito mais gestão do Estado do que da sociedade (a base econômica da sociedade).

Sobre a segunda tese é de se considerar que os movimentos de manutenção da unidade nacional foram todos resolvidos pelas elites coloniais. Mesmo no momento mais crítico dos movimentos separatistas, todos ocorreram no período da regência e todos foram resolvidos pelas lideranças oriundas da terra. Um exemplo que é muito bem explorado pelo Armando é o da revolução republicana de 17 quando a solução no Crato se faz com o concurso de Leandro Monteiro, um típico colono brasileiro.