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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 13 de agosto de 2011

"Chumbo grosso" - José Nilton Mariano Saraiva

Meio mundo e mais uma banda dele passaram por agruras inimagináveis quando, em razão da crise braba que eclodiu em seu mercado imobiliário (em 2008/09), o governo dos Estados Unidos da América descobriu que o “buraco” era mais em cima, que a “coisa” era mais horrenda do que se imaginava, que o “bicho” estava fora de controle (em razão, principalmente, da tolerância excessiva como fora tratado até então) e, enfim, que o país estava tecnicamente quebrado, falido, insolvente e (consequentemente) absolutamente incapaz de honrar os vultosos compromissos assumidos (tanto interna, como externamente).
Assim é que, da noite-pro-dia, aquelas grandes, respeitáveis e até então (tidas como) inexpugnáveis corporações financeiras americanas (da estirpe de um Banco Lehman Brothers, por exemplo) viram desmoralizadas e a ruírem por terra suas econométricas previsões e inviabilizados na plenitude seus infalíveis diagnósticos, já que levadas de roldão ao “olho-do-furacão” (em razão, repetimos, dos generosos e comprovadamente irresponsáveis financiamentos ao setor imobiliário); só restou ao governo americano, na tentativa de conter uma crise sistêmica (de proporções amazônicas) intervir no mercado, via disponibilização de TRILHÕES de dólares (praticamente a “fundo perdido”), objetivando “segurar a onda”, ou “debelar o vendaval”, prevenindo que a economia não colapsasse definitivamente; acabou por não consegui-lo, porquanto o estrago fora cumulativo (ao longo de anos e anos) e descomunal (valores estratosféricos).
Como, no entanto, os Estados Unidos da América ainda exercem uma enorme influência além mares e fronteiras (apesar do franco declínio já há algum tempo), era previsível que qualquer espirro, gripe ou sintoma de febre de que fosse acometido haveria de repercutir em todo o mundo (nenhuma novidade), o que findou por acontecer no rastro de tal crise; assim, economias antes consideradas fortalezas sólidas e portos seguros (pra investimentos), acabaram por acusar o golpe e tiveram que contorcer-se e adaptar-se à nova e dramática realidade (raríssimas foram as que, de certa forma, “agüentaram o tranco” e conseguiram a muito custo equilibrar-se sobre a “lâmina da navalha”).
Na “terra Brasilis”, um “analfabeto abirobado”, então incrivelmente respondendo pela Presidência da República (por determinação soberana do seu povo), virou alvo de chacotas e zombarias mil quando ousou afirmar, desabridamente, que o tal “tsunami” financeiro que varria o mundo não passava de uma “marolinha” e que o Brasil conseguiria, sim, “tirar de letra”, nadar de braçadas, atravessá-lo galhardamente, principalmente em função dos sólidos fundamentos econômicos implementados; e ao valer-se da credibilidade conquistada, no e ao longo do seu frutífero primeiro mandato (2003/06), apelou para que a população economicamente ativa (agora acrescida dos milhões de trabalhadores que ascenderam à classe média, em função do aumento real do salário) fosse às compras, consumisse o essencial e, enfim, fizesse a “roda girar”; e assim, apesar do ceticismo e da descrença de muitos, não deu outra: o nosso (agora) vigoroso mercado interno funcionou como um grande colchão receptor de impactos, ou uma eficiente blindagem protetora, e o Brasil acabou por seu um dos últimos a entrar e um dos primeiros a sair da crise braba que varreu o mundo impiedosamente, de norte a sul, leste a oeste.
Hoje, uma nova e mais profunda crise se faz anunciar (aliás, já chegou), originária (de novo, outra vez, novamente) dos Estados Unidos da América, mas com sérias ramificações por todo o continente europeu (vide as situações de penúria total que atravessam Portugal, Espanha, Turquia e outros menos famosos, todos literalmente falidos); e, acreditem, todos os indicativos apontam que dessa vez é “chumbo grosso”, madeira pra dá em doido.
Dispondo de portentosas reservas cambiais de 350 bilhões de dólares (é o sexto país do mundo com maior nível de reservas, ficando atrás apenas da China, Japão, Rússia, Arábia Saudita e Taiwan), o Brasil ainda assim aguarda com expectativa os reflexos de mais essa catástrofe econômico-financeira planetária, capaz de abalar e desestruturar nações de qualquer credo ou ideologia.
Medidas preventivas já foram tomadas e mais uma vez o nosso pujante e vigoroso mercado interno há de ter papel crucial e preponderante nessa travessia penosa e eivada de percalços e armadilhas; e a própria presidenta Dilma Rousseff (tal qual o fez o então presidente Lula da Silva), humildemente já se pronunciou publicamente, estimulando a população a “não deixar a peteca cair”, blindando a nossa economia mais uma vez.
Evidentemente que já tem nêgo aí “lambendo os beiços”, esfregando as mãos e com rojões preparados pra espocar, na torcida silente e covarde para que o Brasil não dê certo, sucumba, vá ao fundo do poço.
Vão quebrar a cara, de novo !!!

A Popularidade de Dilma



BRASÍLIA - Nesta semana, uma pesquisa Ibope mostrou o governo Dilma Rousseff com 48% de aprovação, uma queda de oito pontos em relação a um levantamento de março do mesmo instituto.
A taxa apurada pelo Ibope é idêntica à obtida pelo Datafolha -também 48% de aprovação.
A oposição passou a vaticinar o início da descida ladeira abaixo para Dilma. Os governistas rebateram. Seria só um ajuste sazonal de expectativas, pois todo governante enfrenta uma queda de popularidade no começo de mandato.
É natural os políticos desejarem faturar -a favor ou contra- quando sai uma pesquisa. Mas esses levantamentos mostram apenas o passado, não os fatos futuros.
Agora que o Brasil está virando mais ou menos uma democracia estável e acumula alguma história, a melhor comparação possível é com pesquisas de outros presidentes eleitos pelo voto direto.
Depois de seis meses no Planalto, em junho/julho de 1995, o tucano Fernando Henrique Cardoso registrou 40% de aprovação para sua administração, segundo o Datafolha, e 42%, de acordo com o Ibope. Os percentuais de Lula em junho de 2003 eram de 42% e 43% nos dois institutos, respectivamente.
Dilma, com seus 48%, é a presidente eleita pelo voto direto detentora da maior taxa de aprovação pós-ditadura militar depois de seis meses sentada na cadeira. Antes de 1964 houve presidentes muito populares, é verdade, mas o país era outro. Infelizmente, não há pesquisas confiáveis daquele período.
A conclusão mais factual disponível no momento é que a chefe do Executivo tem um desempenho bem aceitável na comparação com seus antecessores imediatos. No restante do mandato, o resultado é incerto. Dependerá do estado da economia (haverá crescimento até 2014?) e do relacionamento político entre Planalto e Congresso. Até agora, Dilma não deixou claro como se dará nessas duas áreas.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br

Folha de São Paulo 13/08/11