Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Puro instinto de conservação - Emerson Monteiro


Na caminhada através de estradas longas, nessa história que há de ser quase completa, a preservação das espécies, cuidado por demais inevitável, na angústia da precisão de produzir valores e necessidades novas, experiências e audácias, quais heróis valiosos das vitórias esplendorosas, para prosseguir, selecionar e correr todos os riscos, fugir de toda armadilha ao decorrer do percurso. Salvar vidas e se salvar (vida), mandatários da saudade lançados aos sabores tumultuosos dos ventos. 

Quais, pois, isso, de andar sorrateiro face dos tetos em ruína das ruas desertas, em cidades abandonas, após largas explosões distantes, chegados solitários aos restos que ficaram ali perdidos entre nuvens de silêncio absolutas pelos cantos das cercas de arame farpado. De coração às mãos, esses agentes avançados da noite escura do desejo estiram passadas e avançam, na fome guardada na espera jamais satisfeita das sedes transcendentais, afoitos deuses. 

Nos blocos destruídos dessas gerações, paredes carcomidas no tempo fecham seus dentes nas dores intransponíveis dos trastes e das flores artificiais, nos toques autênticos dos poucos que ainda seguem no caldo de sangue pelas veias rasgadas através dos tecidos de corações magoados. 

Contar das movimentações clandestinas dos audazes aguça o amor pelas palavras e dispõe atitude continuadora do fator vida, no seio dos sistemas religiosos e profanos. Vultos encapuzados de tochas acesas nas mãos calejadas deslizam, contudo, misteriosos nas cavernas inundadas de substância verde que escorre nas pedras em volta. Os representantes anônimos das arcaicas raízes ardentes do furor das resistências, indivíduos mil, marujos desencaminhados nas frias ondas do mar do Infinito, seres humanos da caravana e vadios sobreviventes, cavaleiros andantes das jornadas mágicas de autores de Si, erguem os olhos e rezam.

Soltas assim, vadias alimárias na busca das alvoradas além nutrem de esperança as ânsias desesperadas, fé rigorosa que lhes invade a alma e desce e sobe os relevos dos degraus da espinha dorsal, os palácios e planisférios das vendidas estradas. Tontos de convicção, saltam inúmeros os impossíveis obstáculos da febre da dança tribal, vagueiam alheios aos tribunais da consciência e se ajoelham perante os totens; e devoram seus próprios símbolos na pele do corpo enigmático. Máquinas perfeitas desfilam incontroláveis com meios conhecidos, resistem a tudo a duras penas de adorar os nasceres de sol. Depositam aos pés da Eternidade este pedaço de Mim que cabe ao Senhor que carrego comigo nos refolhos da Existência que conduz incansável ao destino da Verdade.     

As fotos de Heládio Teles Duarte

A lente fotográfica de Heládio Teles Duarte nos remete aos mais nobres sentimentos de caririensidade, com direito a reflexões. As fotos abaixo, também nos leva às seguintes ilações:

1 – Bandeira gigante de Barbalha
Juazeiro do Norte já colocou seu imenso pavilhão na Praça do Triângulo Crajubar. Barbalha
fez o mesmo à entrada da Cidade dos Verdes Canaviais. E o Crato, quando imitará seus vizinhos?



2 – Barbalha preserva seu patrimônio arquitetônico e artístico
       Uma imagem vale mais do que mil palavras. Eis como ficou a histórica, bonita e pitoresca igreja de Nossa Senhora do Rosário, após cuidadosas e demoradas obras de restauração. A população do centro de Barbalha voltou a ouvir o som dos sinos e ver a Igreja do Rosário limpa e bem cuidada. O que deveria ser feito com as demais igrejas  do Cariri.



3 – Continua o  desmatamento no Cariri
      Na semana que antecede ao Dia Mundial de Meio Ambiente, eis uma prova de que o homem continua destruindo a natureza. O que é preocupante. As condições naturais quanto à flora e à fauna da mata virgem nunca mais  serão refeitas. Mesmo que se fizesse um  reflorestamento artificial das zonas desmatadas. O meio ambiente pede socorro!

Fotos: Heládio Teles Duarte
Texto: Armando Lopes Rafael

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Menina Benigna: Fiéis sepultam restos mortais

(Matéria publicada no “Diário do Nordeste”, 28.05.2012)

Santana do Cariri. A comunidade católica de Santana do Cariri e demais Municípios do Cariri Oeste reuniu-se para sepultar os restos mortais da jovem Benigna Cardoso da Silva. O corpo foi exumado no último dia 27 de abril e, desde a data, a Diocese do Crato assumiu a responsabilidade sob os restos mortais da menina.
Na última sexta-feira, o material retornou a cidade de Santana, onde permaneceu exposto na Igreja Matriz. Vários devotos visitaram o local. Já no sábado, os ossos de Benigna foram levados para o distrito de Inhumas, local em que ela foi martirizada e onde atualmente existe um santuário em seu nome.

Uma multidão ,estimada em 4 mil pessoas, acompanhou a cerimônia religiosa de sepultamento dos restos mortais de Benigna, tendo à frente dom Fernando Panico. A expectativa é que seja construído um santuário FOTO: YACANÃ NEPOMUCENA

Todos os membros das 10 paróquias próximas a Santana do Cariri realizaram uma visita ao santuário de Benigna, fizeram orações e de lá caminharam em uma grande romaria forânea até a Igreja Matriz, lugar escolhido para acolher os restos mortais da "Heroína da castidade".

Multidão
Em meio a uma multidão de mais de quatro mil pessoas, o bispo da Diocese do Crato, dom Fernando Panico celebrou, junto a diversos sacerdotes, uma missa denominada de momento devocional para pedir a beatificação de Benigna.
Após a celebração eucarística aconteceu o sepultamento da menina. A urna mortuária de Benigna foi colocada em um túmulo que fica próximo a pia batismal da Igreja Matriz, onde a jovem havia sido batizada.
O evento aconteceu para divulgar a causa de Benigna e pedir, em oração, pela beatificação da jovem. Para fortalecer a meta da igreja, em janeiro deste ano, a Diocese do Crato elaborou uma oração que está sendo amplamente divulgada.

No ano de 1941, aos 13 anos de idade, Benigna foi brutalmente assassinada por Raul Alves dos Ribeiro, um jovem de mesma idade, que numa tarde fatídica passou a observar a jovem quando ela ia pegar água em uma cacimba próximo a sua casa. Raul escondeu-se dentro do matagal e ao aproximar-se, abordou-a sexualmente. Mas, com a recusa de Benigna, ele foi tomado pela fúria e a golpeou com um facão. Benigna que preferiu morrer a não pecar contra a castidade além de receber o título de "Heroína da castidade", também é considerada santa. Muitos devotos acreditam que ela realiza milagres.
Após levantar dados sobre a vida de Benigna, um processo em prol da beatificação foi aberto pela Diocese do Crato. Vários documentos confirmando a existência da menina, narrativas de sua história da vida, relatórios de testemunhas e depoimentos de graças alcançadas já foram enviados ao Vaticano.
Agora, a Diocese do Crato aguarda uma carta da Santa Sé autorizando o inicio do processo de beatificação. Quando o Vaticano emitir o resultado, a Diocese irá enviar um dossiê completo sobre a vida da jovem.

Um livro biografia com mais de 150 páginas, contendo todos os casos de milagres relatados, a vida cristã e os passos antes de morte, além de depoimentos de irmãs de criação de Benigna está sendo traduzido para o idioma italiano e será encaminhado ao Vaticano. O Monsenhor Vitaliano Mattiolli, postulador da causa de beatificação está à frente do processo, tem encaminhado as informações ao Vaticano. A comunidade católica local mantém grande esperança de que haverá o reconhecimento para futura canonização.

A jovem Benigna Cardoso poderá ser a primeira beatificada no Ceará. Para o Bispo Diocesano, Dom Fernando Panico, esse processo poderá ser agilizado. "Benigna amava a Jesus de uma maneira intensiva, apaixonada. Por isso, preferiu morrer para não pecar. Se Roma vier conhecer que essa jovem foi mártir por causa do amor a Jesus, testemunhado a sua fé, essa será uma grande oportunidade para ir a frente, pois esse martírio já dispensa qualquer outro milagre no processo", afirma.

Mais informações:
Igreja Matriz de Santana do Cariri
Rua Padre Cristiano Coelho
Bairro - Centro
Diocese do Crato
Telefone: (88) 3545-1485
YACANÃ NEPOMUCENA
REPÓRTER

domingo, 27 de maio de 2012

TAMBORES DE OGANS



Ouçam longe os tambores
Ouçam o som dos tambus
Ogans de larga mandinga
Tambus  guias e protetores
Invicando seus eguns
Candongos de bela ginga
Nas mãos dos seus batedores
São eles... são os tambores
São deles a nossa alma
São deles nossos amores

Por quem soam os tambores?
No seu batucar rasteiro
Por quem cantam os seus louvores?
No seus versos loroteiros
Por quem velam os tambores?...
É à noite que eu escuto
Eles chegam na madrugada
 Ritimado, ouço o seu bater astuto
Numa rica e seca batucada


Por quem soam os tambores?
Por quem canta essa madeira?
Quem são os adoradores?
Que acompanham  a batedeira
Espalmando, jogando flores...
De quem são esses tambores?
Essa turba candongueira
Vai em noite enluarada
Por vielas becos e guetos
Vai em festa e brincadeira
Pela risca da estrada
Dessa terra brasileira

De quem são esses tambores?
E estes cantos verdadeiros
Que em festa negra encantam
Batidos por candongueiros
Pouco a pouco se agigantam
São dos negros coroados
Lá dos guetos do além mar
Dos sem terra aqui trazidos
Amarrados e cativos
Pra sofrer, não prá cantar


São tambores corajosos
São vozes no seu rufar
São candongos insistentes
Gritos negros renitentes
Que não querem se entregar
Que Rufem os nossos tambores
Do  nosso povo guerreiro
Indio, Mulato, Cafuso
Negro, amarelo e Luso
Viva o povo  candongueiro

Wilton Dedê

(imagens: google)

Tristeza do Zé – Zé Miguel Wisnik / Luiz Tatit


Tristeza do Zé – Zé Miguel Wisnik / Luiz Tatit

"Melodia de inspiração sertaneja que eu passei para o Luiz Tatit já com os dois versos iniciais e com o título, brincando com a 'Tristeza do Jeca' de Angelino de Oliveira. A letra foi sendo feita num diálogo entre partes de um e partes de outro." (Zé Miguel Wisnik)

 ‘té que foi tão bom fugir e te esquecer
não saber mais nem notícia de você
com a tristeza consegui me entender
com a saudade conviver
e com a dor não me doer

mas aos poucos tive que reconhecer
que a tristeza não parava de crescer
tomou conta da cidade e do país
tudo que é melancolia
dizem que fui eu que fiz

é só chorar
em palmas, teresina ou jequié
já vão avisar
que a origem é a tristeza lá do zé

já não quero nem lembrar que te esqueci
não sabia que a tristeza era assim
que ela segue seu caminho até sem mim
não tem pouso nem tem fim
se deixar vai invadir

evitar de se espalhar bem que tentei
mas também não é só comigo, eu reparei
a tristeza é todo mundo e é de ninguém
a tristeza ‘tá no fundo
da tristeza eu sou o rei

chorar chorar
no crato, em cachoeiro e macaé
já vão avisar
que a origem é a tristeza lá do zé

já não quero nem lembrar que te esqueci
não sabia que a tristeza era assim
que ela segue seu caminho até sem mim
não tem pouso nem tem fim
se deixar vai invadir

evitar de se espalhar bem que tentei
mas também não é só comigo, eu reparei
a tristeza é todo mundo e é de ninguém
a tristeza ‘tá no fundo
da tristeza eu sou o rei

então valeu
brasília diamantina e taubaté
canção leva eu
vem nas asas da tristeza quem quiser
matão belém
são paulo maringá chuí bagé
canção leva eu
vem nas asas da tristeza quem quiser
vem nas asas da tristeza quem quiser
vem nas asas da tristeza azul do zé

Zé Miguel Wisnik / Luiz Tatit

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A realidade nua e crua de Cuba

“– A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos dons que os céus deram aos homens; com ela não se podem igualar os tesouros que encerra a terra nem o mar encobre; pela liberdade assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pode vir aos homens”. – Miguel Cervantes, “Dom Quixote de La Mancha”.

Um livro que deveria ser lido por todos, esse “Viagem ao Crepúsculo”, (2ª edição) escrito por Samarone Lima, 42, jornalista e escritor, nascido em Crato e hoje residente em Recife (foto ao lado).
Li-o, emprestado que me foi pelo pai do escritor, o ex-craque de futebol de salão dos anos 60 em Crato, José Vicente Lima, hoje aposentado do Banco do Brasil. O livro mostra o cotidiano da população cubana, uma realidade vivenciada por Samarone Lima. Este, conheceu a vida real da infelicitada população da ilha-cárcere, pois, ao invés de percorrer itinerários pré-estabelecidos pela ditadura da dinastia dos Castros – roteiros falsos, enganosos e manipulados – preferiu ficar hospedado em residências de cubanos anônimos.

Com isso ganhou a confiança dessas pessoas. E constatou a triste realidade social e econômica de Cuba, onde as pessoas, para sobreviver, vendem e compram – no mercado negro – gêneros alimentícios desviados dos armazéns e hospitais do Estado. Até para fazer uma curta viagem – de ônibus ou trem – a população cubana é vítima da máfia na venda das passagens. Os bilhetes de viagem são ofertados, pela máquina estatal, com grande antecedência, todos pré-datados, para serem utilizados semanas e até meses à frente.

Interessante que Samarone Lima viajou a Cuba levando a ilusão que é vendida ao imaginário dos turistas: a de que, naquela ilha da fantasia, a saúde e a educação pública funcionam; impera a igualdade social; não existem nem fome, nem violência, nem corrupção na máquina administrativa. “Todas, absolutamente todas as pessoas que me relataram viagem a Cuba como turista, falam de outro país, onde há conforto, bons carros, comida farta, mulheres, charutos, rum. Esse é o mundo do turismo, não o mundo real”, constatou Samarone. A realidade que ele viu lá foi exatamente o contrário do que falam por aqui.

Numa fila para a compra de alimentos, ele presenciou esta cena e escreveu: “Jaime (um cubano em cuja casa Samarone se hospedou nos primeiros dias em Havana) entregou sua caderneta de controle e comprou dois pacotes de macarrão, meio libra de arroz (que dá menos de um quilo). Neste dia não havia óleo vegetal para venda. Comprou ainda 250 gramas de carne de soja. Era a sua cota mensal”. Na fila de compra, o escritor cratense ouviu: “Quando esse inferno vai acabar?”. A declaração aspeada é de uma senhora cubana, logo após uma tentativa frustrada de adquirir sua cota mensal de carne de porco, já que a carne de gado não existe para o consumo da população.

No livro “Viagem ao Crepúsculo” (226 páginas), o autor descreve a violência que domina as ruas de Havana (ninguém lá fala disso, a não ser do que acontece no bairro onde mora, pois a imprensa estatal só divulga falácias favoráveis ao regime); fala da miséria que domina as camadas sociais, onde a prostituição é negócio rendoso; descreve diálogos com jovens que sonham em fugir de Cuba; da corrupção generalizada em todos os setores da máquina pública e da falta – ampla, geral e irrestrita – das liberdades democráticas.

Na sua obra, Samarone conseguiu descrever os efeitos dos 53 anos de um regime que há muito perdeu as rédeas do rumo a ser tomado. “Os cubanos não são livres. Não podem sair do país. Não podem criticar o regime na fila do pão, sob o risco de serem rapidamente presos pelos infiltrados, e condenados a 20, 30 anos de prisão, após julgamentos rápidos”, diz o autor cearense.

Escrito e postado por Armando Lopes Rafael
Informação: O livro de Samarone pode ser adquirido em qualquer
filial da Livraria Cultura.
Em Fortaleza ela funciona no Shopping Varanda Mall
Av. Dom Luís, 1010 - Lojas 8,9 e 10
Meireles - Fortaleza - CE

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Diga-me o que pensas e te direi quem és – por Raúl Candeloro


Como já dizia o sábio, ‘diga-me com quem andas e te direi quem és’. Ele provavelmente estava referindo-se aos amigos, parceiros, sócios, etc. da pessoa em questão, mas certamente podemos aplicar a mesma lógica aos nossos pensamentos. Por mais que vivamos rodeados de gente, passamos muito mais tempo sozinhos com nossos pensamentos. E podemos certamente transformar a frase acima em ‘diga-me com que pensamentos andas e te direi quem és’.

Nossos maiores amigos e nossos piores inimigos são justamente nossos próprios pensamentos. Pensamentos podem ser melhores do que um doutor ou podem machucar mais do que uma pedra. Muita gente culpa forças externas pelos seus fracassos, quando na verdade deveria entender que pode estar sendo enfraquecido constantemente pelos seus próprios pensamentos. Nietzsche já dizia que muitas vezes a cabeça é o caixão dos nossos maus pensamentos.

Você conhece suas fraquezas? Você está disposto a aceitá-las e admiti-las? O que tem freado sua vida, impedindo-o de viver exatamente da forma que gostaria? Quando você é honesto consigo mesmo sobre suas fraquezas, e disposto a dedicar-se a trabalhar para melhorá-las, você acaba identificando um excelente caminho para melhorar e alcançar o sucesso.

Se você é criativo e tem ideias arrojadas, prepare-se para o fato de que a maioria das pessoas vai dizer constantemente que você está errado. Aí justamente reside um grande problema: por mais que tentemos evitar, temos a tendência de nos moldar à visão que os outros têm de nós.

A coisa mais fácil do mundo é ser você mesmo. A coisa mais difícil do mundo é ser a pessoa que você acha que os outros querem que você seja. A imagem que você tem de si próprio vai influenciar todos as decisões, momentos e atos do seu dia. Cada uma dessas decisões vai moldar e dar contorno à sua vida e ao mundo ao seu redor. Se você fizer apenas o que acha que deve fazer por causa dos outros, vai viver sempre insatisfeito e cheio de pensamentos conflitantes.

Um dos principais componentes da sabedoria é conhecer os limites do seu conhecimento. É preciso saber o que se sabe, e também saber o que não se sabe. As pessoas realmente inteligentes são aquelas que sabem e entendem que elas não têm todas as respostas. Pessoas realmente inteligentes estão sempre dispostas a perguntar, aprender e crescer, vendo as coisas como deveriam ser, não apenas como são.

Se você quer mudar seu mundo deve mudar seus pensamentos, disse Norman Vincent Peale, pois você acabará inevitavelmente transformando-se em tudo aquilo em que acredita. Se você acredita alguma coisa sobre si mesmo, podia nem ser verdade antes de você começar a acreditar, mas com o passar do tempo com certeza vai ser. Isso pode ser tanto uma boa notícia quanto uma má, dependendo da imagem que tiver de si próprio.

Você transforma seu amanhã pelas ações que toma hoje. Por isso você tem que tomar tanto cuidado com o que você pensa sobre si mesmo, porque você investirá todo seu tempo, esforços e tudo o que tem (e faz) buscando alcançar esse resultado – positivo ou negativo, seja ele qual for.

Citando Dale Carnegie: “Qualquer tolo pode criticar, condenar e reclamar – e a maioria faz exatamente isso”. Se você deixar seu amanhã chegar sem sua participação ativa, existem grandes possibilidades que você não goste do resultado final.

Já dizia Aristóteles que a excelência não é um ato, mas sim um hábito, porque somos o que fazemos repetidamente. Parte importante da sua autoestima é responsabilizar-se pelos próprios atos. Por mais desculpas que possamos inventar, somos o que pensamos e fazemos.
Todas as pessoas podem ser divididas em 3 grupos: os imóveis (ou imexíveis), os móveis, e os que se movem. Para sair da zona de conforto e fazer alguma coisa muitas vezes precisamos de coragem. Infelizmente tem muita gente que acha que coragem é só para super-heróis. Mas isso não é verdade. Como escreveu Robert Louis Stevenson, todo dia a verdadeira coragem tem poucas testemunhas. Mas sua coragem não é menos nobre só porque não tem uma banda tocando ou a torcida gritando seu nome.

Seja corajoso e faça o que acha que tem que fazer. Esqueça o que os outros vão pensar ou dizer. Faça o que é certo. Se for diferente, já sabemos que vai ter sempre alguém criticando. Mas somente assim você romperá barreiras e estabelecerá novos limites. Você só pode descobrir um mundo novo arriscando-se a sair do velho.

Não tem muita coragem? Não sabe por onde começar? Não tem problema. Faça como os japoneses – aplique a filosofia do Kaizen: pequenas melhorias contínuas que no final dão um grande resultado.
Existem 3 coisas que todo ser humano deve saber: o que é demais para ele, o que é de menos, e o que é certo. Encontre alguma coisa que esteja dando certo na sua vida e tente melhorá-la só um pouquinho. Não é necessário fazer alguma coisa grandiosa ou revolucionária – basta um simples detalhe, algo que você pode fazer agora mesmo. Veja só que coisa interessante: hoje é justamente um dia excelente para você melhorar só um pouquinho alguma área da sua vida.

Gandhi resumiu bem quando disse que a diferença entre nossa capacidade de fazer e o que realmente fazemos poderia resolver todos os problemas do mundo. Basta termos a coragem de pensar de forma diferente – e depois agir. Um passo por vez, um pouquinho todos os dias, e com certeza você conquistará qualquer objetivo em sua vida.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Grande caririense -- por Geraldo Menezes Barbosa (*)



Os homens se personalizam pelos seus valores positivos direcionados ao bem, ao próximo e ao amor de Deus. Fazem história.

Nesta semana, o Cariri abre o sodalício dos seus homens ilustres, por solicitação da Academia Cearense de Medicina, a fim de convidar um dos seus mais antigos profissionais, Dr. Napoleão Tavares Neves para, em Fortaleza, receber o título de Membro Honorário, "como exemplo marcante de amor ao paciente e homem de cultura invejável". Esse ato envolve a benquerença de todos os caririenses que acompanham o apostolado profissional e humanístico do decano da medicina regional e um dos mais válidos pesquisadores da história do coronelismo da região e testemunha da passagem de Lampião em terras do seu avô. Radicado em Barbalha, casado, filhos formados, participou da evolução das ciências médicas da terra dos canaviais, na construção do Hospital S. Vicente, o maior do interior do Ceará, chamado de "transatlântico branco da saúde" e, aos 80 anos de idade Dr. Napoleão vai ao consultório como um anjo da medicina e um medicador da paciência, humanismo e amor cristão a uma clientela que já se sente curada após a consulta.

Vários livros e publicações em revistas e jornais sobre história caririense, este meu velho companheiro de hotel e lutas universitárias, para sermos alguém no futuro, nos anos 40, em Fortaleza, será homenageado no dia l7 próximo, no Auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará.
Nem sei como explicará sua ausência de 3 dias, aos clientes, como médico de Cristo, para tantas dores.

(*) Geraldo Menezes Barbosa
jornalista e escritor

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Rebu em Mauriti: crise da Delta promove calote e desemprego

(Reportagem publicada no jornal “Estado de S.Paulo” desta 2ª feira)

O escândalo da máfia dos caça-níqueis abalou Mauriti, uma cidade cearense de 45 mil moradores, a quase 500 quilômetros de Fortaleza. Nesse município do sertão do Cariri fica um dos principais canteiros da transposição das águas do Rio São Francisco e da Delta, construtora citada no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.


Wilson Pedrosa/AE
Animais andam livremente onde antes era o canteiro de obras da Delta

Há três anos, a empresa iniciou a obra de um trecho de 39 quilômetros de canal e passou a dar o ritmo do comércio, da política e até da agricultura local. Quando o escândalo veio à tona, no começo de abril, a construtora demitiu 80% dos seus mil operários no município, encostou os 145 caminhões, escavadeiras e tratores e rompeu contrato com as empresas agregadas, que saíram da cidade sem pagar as contas nas oficinas, lojas de autopeças e imobiliárias familiares.

Por causa do calote, a Delta e suas agregadas estão com nome sujo na feira da praça central, nas farmácias, nas mercearias e no setor mecânico. Vendas para diretores das empresas, só à vista. Na Autopeças Mauriti, o dono proibiu a entrada dos homens do consórcio. Ericon Gomes de Lima, o proprietário, diz que sofreu um calote de R$ 27,6 mil, o que o teria obrigado a demitir um dos quatro funcionários da casa.
"Não foi uma surpresa ver a Delta envolvida nessa história na TV. Eu já tinha recebido cano no ano passado. Voltei a dar bobeira e negociar. Agora, o consórcio me deu um calote de R$ 27 mil", relata Lima. "Todas as agregadas chegavam para comprar em nome da Delta, que se nega a nos ajudar a receber. É um absurdo porque foi a Delta que trouxe para cá esse comboio de ladrões", diz. "Se meu funcionário rouba, eu sou o culpado."

Tratores

Antes da chegada da Delta a Mauriti, o mecânico João Alberto Rodrigues Silva, o Dedé do Crente, e o filho João viviam do conserto da patrola da prefeitura e de máquinas dos poucos fazendeiros da região. Nos últimos anos, pai e filho passaram a consertar 35 tratores por mês. A oficina São José se estendeu para a rua, para atender à nova demanda.
Desde a interrupção das obras do canteiro do Lote 6, a 20 quilômetros do centro, o serviço na oficina se reduziu. As empresas agregadas deram calote. Dedé e o filho ainda tentaram prender um trator para garantir o pagamento, mas a empresa pressionou e teve de liberar a máquina. "Vou começar tudo de novo", lamenta Dedé. João vive a mesma angústia do pai. "O cabra ficou sem as pernas", diz.
A oficina amarga um prejuízo de R$ 10,3 mil, segundo os donos. João afirma que, na cidade, logo que o escândalo estourou, ninguém lamentou pela Delta. "Pela construtora, a gente não está achando ruim, não. A nossa vontade é que uma outra empresa venha tocar a obra", ressalta.
Há um mês, um diretor do consórcio pediu a João e a Dedé para intermediar o aluguel de cinco casas na cidade. Pai e filho bateram nas portas dos vizinhos, mas, diferentemente de anos anteriores, os moradores só aceitaram contratos com pagamento à vista e de curta temporada. "Eu respondi para os diretores da Delta que a empresa não tem mais nome limpo e só terá aluguel com dinheiro na mão", conta Dedé.

Em Quixabinha, povoado mais próximo do canteiro da Delta, a queda nas vendas chega a 80%. "Eu faturava R$ 100 por dia, mas agora não tiro R$ 20", afirma Jacinta Dantas, dona de uma pequena mercearia. O agricultor João Barbosa, que vende feijão e milho para a comerciante, diz que três filhos e dois genros perderam o emprego que tinham no canteiro. "Um bocado de filho meu foi cortado. O Chico, o Zilvan e o Erinaldo e os meus genros Valdério e Dodô não trabalham mais."
O prefeito Isaac Gomes Junior (PT) mobilizou, nos últimos dias, colegas dos municípios da região leste do Cariri para cobrar da gerência do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) informações claras sobre as obras do canal do São Francisco. Ele pretende ir junto com outros prefeitos em breve ao Ministério do Planejamento. "Precisamos de respostas mais concretas para tranquilizar as pessoas", afirma ele.

Desde abril, a prefeitura de Mauriti (CE) virou centro de peregrinação de demitidos das obras do consórcio da transposição das águas do Rio São Francisco, que repassou R$ 1 milhão em impostos, no ano passado, para a prefeitura. Nas primeiras horas da manhã, trabalhadores chegam para pedir passagem de volta a seus Estados, bilhetes para São Paulo, cestas básicas e remédios. O prefeito diz que preferia perder os impostos do que as ofertas de trabalho. "O impacto é grande não apenas na economia, mas especialmente na área social", afirma. "Não tenho otimismo de resolver o problema das pessoas sem o retorno das obras."

Até Hospital pode fechar

Sem dinheiro na praça, o hospital filantrópico da cidade que dependia de contribuições corre risco de fechar. Dos 135 leitos, 80 ainda estão em funcionamento. A chegada de trabalhadores de fora só aumentou a demanda do hospital. O prefeito Isaac Gomes avalia que as invasões e saques no comércio e escolas de agricultores famintos em tempos de seca parecem ser imagens do passado. "Não podemos deixar de enaltecer os avanços ocorridos nos últimos anos, mas a figura do boia-fria é uma realidade visível", observa o prefeito.
O canteiro da Delta em Mauriti ainda não é alvo de investigação. O Ministério Público Federal, no Ceará, já avalia possíveis irregularidades cometidas pela empresa nas obras de asfaltamento e recuperação das BRs 020, 222 e 116 e na construção das pontes sobre os Rios Jaguaribe e Cocó. As primeiras conclusões indicam que a construtora causou um prejuízo de pelo menos R$ 5 milhões apenas em fraudes nas licitações das rodovias federais que cortam o Estado.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

MENINO CAÇADOR - Marcos Barreto de Melo



Vou falar de peito aberto
Da maldade que já fiz
Porque fui menino esperto
E também muito traquino
A minha melhor brincadeira
Foi caçar de baladeira

Matei tanto passarinho
Que nem me lembro da conta
Alguns até foi no ninho
Na chegada pra dormida
Outros matei no riacho
Quando vinham pra bebida

Com a minha baladeira
Matei rolinha e campina
Quase fiz uma chacina
Pois também a lavadeira
Que serviu Nosso Senhor
Morreu de atiradeira

Até mesmo a sabiá
Tida como a majestade
Sofreu a perseguição
Pois lhe matei sem piedade
Por troféu ou vaidade
Sem ter fome ou precisão

Hoje ando arrependido
Desse tempo de horror
Por ter morto o passarinho
Que cantava inocente
Descuidado, alegremente
Atraindo o caçador




quarta-feira, 9 de maio de 2012

A rosa e os espinhos -- por José Antônio Dominguez


Quem nunca feriu os dedos ao segurar, sem o devido cuidado, um formoso "buquê" de rosas? A reação é instintiva: uma curta exclamação de dor, seguida de um leve balançar da mão. Se a picada tiver sido suficientemente profunda, logo se verá o brilho de um ponto vermelho, o qual se avoluma até se transformar num filete de sangue que vai traçando o seu caminho ao longo do dedo.

Na mente da vítima pode nascer certa perplexidade: uma flor tão bela, a rainha das flores, e com esses espinhos tão pontiagudos!... Deus não poderia ter criado a rosa sem espinhos? A pergunta é compreensível. A resposta virá mais adiante.

Já nos primeiros séculos da Igreja, a rosa passou a ser tomada, por sua beleza, como um símbolo da Virgem Maria. No hino "Akathistos Paraclisis", das Igrejas do Oriente, se canta: "Maria, Tu, Rosa Mística, da qual saiu Cristo como milagroso perfume". Também, no Ocidente, na Ladainha Lauretana, rezamos: "Rosa Mística, rogai por nós!"

Por que rosa? Por que mística? E será com espinhos?! .....

A rosa, como todos sabem, é constituída por pétalas que se sobrepõem e se envolvem numa harmonia perfeita. À medida que ela vai se abrindo, mostra gradativamente suas belezas, ocultas no interior, onde encerra o melhor de seu perfume. Se fixarmos a atenção na textura das pétalas, veremos que são de uma suavidade sem igual, evocando o modo de ser afável e acolhedor com que Nossa Senhora trata seus filhos e filhas.

As flores não emitem sons, mas, se a rosa falasse, como seria o tom de sua voz, para representar Nossa Senhora? Sem dúvida, teria analogia com o aveludado de suas pétalas...

Também, ao longo da História, o aprofundamento no conhecimento de Maria cresceu, à medida que a Igreja foi desvendando os tesouros de sua alma imaculada, tal como descobrimos a beleza encantadora da rosa enquanto vai desabrochando.

Entre as riquezas que Maria guarda no interior de seu coração virginal - tal como o encanto da rosa se esconde no âmago de suas pétalas - há graças e dons do Espírito Santo que elevam sua alma à mais íntima união com Deus.

Aos que se aproximam da Rosa Mística com admiração e devoção, Ela os faz generosamente participar de suas graças e de seus dons, inebriando- os com a fragrância de seu odor, que não é senão o próprio perfume de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, e os espinhos? Não são o contrário da suavidade e delicadeza próprias à Virgem das Virgens?

São eles uma imagem eloquente da rejeição ao pecado. Lembram-nos a existência do mal.

Como nem a mais leve sombra de mancha ou imperfeição obscureceu a alma de Maria, por sua completa rejeição ao mal, Ela é o terror dos demônios, sendo representada em muitas de suas imagens calcando aos pés a Serpente. Sem perder nada da suavidade maternal com que acolhe os que Lhe pedem proteção, Ela a pisa com firmeza e superioridade esmagadora, sem baixar o olhar, sequer, para o réptil que rasteja a seus pés.

A rosa é, pois, um belo e adequado símbolo de Nossa Senhora, evocando a mais alta contemplação de Deus e, ao mesmo tempo, a repulsa intransigente ao mal. Se a rosa tivesse sido criada sem espinhos, que flor conseguiria representar tão bem essas virtudes contrárias, mas harmônicas, da alma puríssima de Maria?



Vertigem - Emerson Monteiro


Certa vez, em plena manhã de um final de ano, novembro ou dezembro, na brisa fria e suave do sopé da Serra, lia Ilusões (As aventuras de um Messias indeciso), de Richard Bach, quando fui surpreendido no peito por sentimento de abismo que invadiu a alma do mesmo frio lá de fora daquela manhã; extático, entrou pelos corredores do tórax qual visitante calmo e silencioso; e agora retorna para ser lapidado nas palavras que nascem aqui comigo. 

Mexeu, sim, por dentro, e, descuidado, acionou qualquer botão, que abriu fenda descomunal de solidão, espécie de lava gelada dos vulcões cósmicos, escorrendo medo intenso pelas encostas da montanha do ser, extrato das ausências múltiplas, misto de todas as presenças, eco de galáxias sem aparente final, porta de mergulhos individuais distantes, longe, bem longe, fora das distâncias, nos subúrbios de nossa Via Láctea. Esse tal silêncio de solenidade exótica falava nos meus ouvidos de outras eras, outros planos, dimensões estapafúrdias. Confesso medo aterrador naquele momento, vontade enorme de mais companhia, gentes aos milhares, sede das multidões, das festas, zoada, movimento, quermesses animadas, pois a dor contundia numa condição e velocidade incontidas, lâminas cortantes da matéria, espécies de chamamento às origens dos vários elementos, amálgamas de esferas rolando em plenitude. 

Busquei calor, o calor dos sóis abertos lá em cima. As pálpebras da consciência, contudo, fechavam de falta de sentido os cômodos da personalidade, para virar, logo adiante, na energia fluída de calor na pele, sem, no entanto, alimentar novas chances quanto a retornar ao presente, salvar o passado conhecido, durante a só e única Eternidade que cresceu e abraçou o mundo em torno. 

Olhava o horizonte aberto na essência de mim absorto na grandiosidade da total integração, e fatores internos convergiam, crise das individualidades postas na mesa de planície colossal, e inúmeras tradições fugiram qual névoa desfeita. Sumidas as referências até então preservadas a sete chaves, cigano das estrelas, o eu vagava desarmado pelas espirais do salão imenso, no turbilhão da queda livre, através do antigo espaço indiferente que fugiu. Palco aberto e folhas jogadas ao firmamento, mãos sangrando de absurdo e sonhos, recebiam marcas de saudades profundas, emoções avassaladoras, moléculas e perfumes, soltas pelos ares rasgados em Si próprio. Uma dor translúcida e disforme devorou, assim, doces e ferventes reações inúteis de preservação dos valores arcaicos. Guardei das lembranças o inexplicável desse testemunho, notícia maior da experiência de ver bem perto o mistério abissal das idades, razões primeiras e derradeiras dos fundamentais motivos da existência. Naquele instante, isso veio à tona na voz de forte berro aos céus, entre as letras que dançavam soltas na vista do livro, em meio ao pudor das palavras e no clarão poderoso dos raios do Sol.