Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ainda a "Exposição" - José Nilton Mariano Saraiva

Conhecemos o sensato e equilibrado Emerson Monteiro (embora sem uma maior proximidade, naquela ocasião) desde os bancos escolares, quando cursávamos o antigo “primário” no saudoso Grupo Dom Quintino, ainda ali onde é hoje, esquinas das ruas São Francisco e Monsenhor Esmeraldo, no bairro Pinto Madeira; depois, levados pelo colega comum José Newton Agostinho (outro “pedra noventa”), também militamos juntos numa espécie de clube de serviço (composto de adolescentes), de nome Interact Club, que ficou conhecido em razão dos seus integrantes saírem pelas ruas do Crato (do comércio aos bairros de gente com poder aquisitivo capaz de), à busca de donativos para distribuição com os menos favorecidos (portanto, já ali, aos 13, 14 anos, o Emerson mostrava sua preocupação com o “social”).
Depois, o Emerson Monteiro conseguiu aprovação no concurso do Banco do Brasil (BB) e de nossa parte fomos aprovados no do Banco do Nordeste (BNB) e, assim, cada um seguiu caminhos outros, desconhecidos, diferentes. Ficou, no entanto, a lembrança da sua inteligência, da sua sensatez, da firmeza das suas ações, do caráter retilíneo já definido, da sua preocupação com as “questões sociais”, de par com certa timidez (ainda hoje uma de suas características).
Muito tempo depois, já morando em Fortaleza e o Emerson de volta ao Crato, tomamos conhecimento, através de familiares, de um “azedo” artigo publicado no Jornal do Cariri, de autoria de um determinado advogado da cidade (que não nos conhece e o qual não conhecemos), no qual fomos citados mais de uma vez, de maneira um tanto quanto desrespeitosa; de imediato, resolvemos que não ficaríamos calados e, quando soubemos que o Emerson Monteiro era um dos diretores da publicação, imediatamente entramos em contato, via e-mail, solicitando o mesmo espaço, à mesma página, a fim de exercer o competente “direito de resposta”; como esperado, ele nos escancarou as portas e assim o texto de nossa lavra “Ao mestre, com carinho”, foi publicado na íntegra (o tal advogado preferiu não treplicar, ao constatar que não estava lidando com algum irresponsável).
O preâmbulo acima é só pra que nos reportemos sobre um recente artigo do Emerson Monteiro (“O parque de exposições de Crato”, veiculado nos blogs do Cariri) tratando da delicada e discutível “relocalização” do Parque de Exposições da cidade; ali, ao nos segredar que “...coça por dentro uma vontade de falar qualquer palavra de cidadão no quadro que se estabeleceu”, o nosso educado Emerson mostra-se visivelmente desconfortável, já que “...a querela estabelecida virou domínio público”; aproveita pra discorrer sobre o crescimento do evento, do caos do trânsito no período da festa, da judiação provocada pela selvageria das alturas do som ensurdecedor (pra humanos e animais, conforme o seu depoimento) e, alfim, sobre a formação de “...uma espécie de cabo de guerra entre os gestores do Município cratense e o Executivo estadual quanto ao jeito certo de resolver, daqui para adiante, onde funcionará o Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcanti”.
Como estivemos na cidade durante os últimos quatro dias do evento (e de conhecido, lamentavelmente, só encontramos o Pedro Esmeraldo), vamos abordar alguns “detalhes” que não constam do texto do Emerson: 1) há, sim, embora as partes não admitam, interesses “não tão republicanos” por trás de toda essa querela; 2) como o atual presidente do “grupo gestor”, responsável pela organização do evento, é “sogro” do atual Governador do Estado, não há a menor chance de alguém tomar-lhe o lugar (pelo menos enquanto o “genro” estiver dando as cartas; 3) como o Governador do Estado e o prefeito da cidade de há muito não falam o mesmo idioma, é notório o progressivo esvaziamento da nossa cidade (devidamente “escondido” por trás de uma farsa grotesca, a criação de uma tal Região Metropolitana do Cariri, maneira “legal” de direcionar os recursos e empreendimentos estaduais para uma única cidade da região); 4) embora haja espaço suficiente, sim, pra ampliar o atual “Parque de Exposição” (já que apenas 1/3 da sua área é usada/utilizada), bem como para a criação de largas vias de acesso em seu entorno, capazes de resolver de vez o problema da trafegabilidade, o desinteresse do governador do Estado em “bancar” tal idéia (ou projeto) parece ter a ver com a pretensão, externada publicamente pelo próprio querido “genro”, de adquirir – COINCIDENTEMENTE DE UM DOS COLEGAS INTEGRANTES DO TAL “GRUPO GESTOR”, uma enorme área, a preço exorbitante, distante da cidade e certamente de difícil acesso à população, para sediar o “novo” parque (mesmo que no “..Sítio Palmeiral, NAS BANDAS DOS BREJOS, entorno da Avenida do Contorno”, conforme assegura o Emerson).
No mais, seria bastante interessante e certamente esclarecedor se saber o “nome” (ou “nomes”) de quem patrocina e a quem se destina a polpuda “bilheteria” dos dois shows (“noite do brega” e “jovem guarda”) realizados no recinto do atual parque, antes do início oficial do evento, já que, não constando da programação oficial, só pode ter “particular” usufruindo da farra.
Um picolé de chocolate (recheado de morango), pra quem desvendar a charada.
FESTA NA FAZENDA SERRA VERDE EMBALA LEMBRANÇAS DE TEMPOS IMEMORIAIS
Por Claude Bloc
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A coisa foi meio improvisada e talvez por isso tenha dado certo. Desde os tempos imemoriais da Serra Verde, nada do gênero havia sido feito para ter tanta semelhança com as festas de Seu Hubert.
Naqueles tempos áureos de algodão e rapadura em abundância, era costume se fazer "sambas" na casa grande que era carinhosamente chamada de França Livre (denominação concebida por papai).  Manuel Dantas o "fiel escudeiro", fiscal da Fazenda, preparava as festas dando um novo colorido aos dias de férias que passávamos por ali.

Moagens à parte, a animação era grande. No terreiro da frente o chão era preparado para receber os dançarinos da noite: chão batido, molhado para evitar a poeira excessiva, latada de lona ou palha de coqueiro abrigando os bancos dos tocadores e em cada canto um cacho de riso para enfeitar a noite festiva.
À noite as estrelas disputavam o espetáculo e a lua brechava lá de cima, a alegria espalhada em cada rosto. Era realmente o auge dos auges. Um alegria que banhava a gente de felicidade.
Muitos anos se passaram desde então. Seu Hubert e Dona Janine foram passear em outras esferas. Seu Manuel Dantas e Dona Hermínia também foram se encontrar com eles lá em cima, mas, mesmo assim, deixaram plantado nos corações de seus descendentes um grande amor à Serra Verde e uma harmoniosa amizade entre todos.
Nesta feita, os Blocs Boris que estavam no Cariri resolveram se encontrar na fazenda com os Dantas. Filhos netos, sobrinhos, foram arrebanhados para animar o momento de festa. Levamos, em panelas, uma jantar sertanejo, bebidas ao gosto do freguês e muita garra e alegria para soltar pela casa relembrando os tempos de nossos pais.
A energia tomou posse de nossos passos. Luiz Dantas levou um sanfoneiro de Milagres (Seu Pedro) e toda a nossa força de reserva se fez valer. Manuel Dantas (filho) levou a brincadeira e a macaquice do pai. Dinha levou a emoção, a criatividade e a inteligência do Velho Mané... Foram anos de uma ausência total dessa convivência, dessa marca da amizade que ficou para sempre...
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Lula (proseando), Lorena e Alessandra (sentadas), Luis Neto (na janela) vieram de Fortaleza para conhecer o calor verdadeiro de uma amizade sincera. Na foto, dois Dantas por parte de Maria entraram no roda de causos. (Pitchuca e Junim).
O sanfoneiro Pedro, e seus contrapesos: o zabumbeiro bonequeiro e exigente e o rapaz do triângulo que substituia o sanfoneiro na hora do famoso mote: 
"o tocador quer beber!"
Na hora da dança, os Dantas estavam sempre na pista.
Na hora da brincadeira todos estavam nela (até o rapaz do cofrinho - risos)
Othon, Melo, Bloc, Dantas? Que diferença faz na hora da brincadeira?
Num momento de pausa, as amigas Dinha de Mané Danta, Claude de seu Hubert, e Iza de seu Valdimiro se abraçam e sorriem para o tempo:
o de hoje e o de ontem - unidos nesta festa.
Dinha e Luiz cantam as músicas de tanto tempo atrás. A emoção nessa hora é lágrima de alegria e saudade.
François Bloc sai do limbo da timidez e dança com Regina Bloc
Lula e Alessandra se encantam com a alegria e a simplicidade dessa gente.
Silvanira, Claude e Adriana tomam posse dos instrumentos.
Vocês já viram Bertrand dançando? Eu também não - mas ó aí, ó!!!!!!



Claude (dá uma pausa) - e libera um dedo de prosa com Nina
Mas Mundinha e Toim têm gás pra noite inteira...


Pensam que a festa acabou aí? Depois tem mais!!!
(Para uma melhor visualização, clique nas fotos para vê-las em tamanho maior)
Claude Bloc

Crônicas cangaceiras - Emerson Monteiro


Em dias recentes, com satisfação recebi o livro Cariri: cangaço, coiteiros e adjacências, de Napoleão Tavares Neves, publicado pela Thesaurus Editora, de Brasília DF, em 2010. Sob o ordenamento das memórias recolhidas de suas observações e escutas, Dr. Napoleão descreve as presenças do cangaço na região do Cariri cearense e entorno através de crônicas bem narradas, fotografias primorosas de um passado que ainda perdura no seio desta humanidade, inclusive nos interiores sertanejos.

Capítulo a capítulo, vemos desfilar episódios marcantes que nutriram as histórias repassadas dos ancestrais da primeira metade do século XX, nas salas, varadas e bagaceiras de sítios e engenhos, dotes imorredores daquilo que praticaram coronéis, polícias e cangaceiros, desfilar de casos que apavoraram o imaginário social antes de chegar o tão propalado desenvolvimento da indústria moderna.

Enquanto escorrem das letras filmes desse acervo de rifles e punhais dos tempos em sobressalto, nas maldades dos Marcelinos, de Sabino, Antônio Silvino, Lampião, cenas horripilantes de crimes impunes dos dois lados do feudalismo em decadência, transcorria também a história do mesmo homem e das dimensões trágicas que carrega consigo na busca da perfeição.

Quando criança, ouvia, na escola, apenas o lado romântico das vitórias, nos acontecimentos históricos. Esse aspecto escabroso de cores amargas pouco aparecia na movimentação das tropas e dos confrontos. Achava até que o pior restava só na memória. No entanto ainda se anda longe dos dias de paz plena.

As versões escutadas pelo autor barbalhense, ora transmitidas através dessa obra literária que leio, atende às necessidades do conhecimento de assuntos ocorridos aqui por perto, lugares conhecido no desfilar dos calendários. As marcas cruéis da violência campeavam nas quebradas das serras, no meio dos marmeleiros das campinas esturricadas, nos brejos. Tiros, incêndios, cavalgadas, talhes de facões, medo, destruição, em época de ninguém obedecer aos ditames da Lei nas ações, fosse qual banda fosse que a executasse, casos típico dos fuzilados do Leitão, nos arredores de Barbalha, e do fogo das Guaribas, em Brejo Santo, para executar Chico Chicote.

Esse tropel de cenas guardadas pelo escritor transmite com maestria o panorama daquela fase rude que parece não ter fim diante das injustiças que pouco mudaram nos dias de hoje. A diferença mais forte, porém, é que as histórias tristes deixaram de ocupar as conversas noturnas das varandas brejeiras de sítios e fazendas, e repontam frescas na guerra aberta de extermínio a plena luz do dia nos programas televisivos dos horários de almoço da atualidade cangaceira.

Pérola nos bastidores - Por Aloísio


Saudade precisa de tempo
Saudade de coisa à toa
Saudade a qualquer momento
Lembranças de coisas boas...

Aloísio