Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Destino do Poeta – Por Enéas Duarte.

Renata Menezes e Ananda na foto
Conduzir tanto amor, tanta amizade,
Na pequenez sutil do coração;
Desprezar o clarim da realidade
Pela sonora flauta da ilusão.

Vagar pelo silencio em direção
À desventura, às magoas, à saudade,
Menoscabando o fausto e a sedução,
Vivendo quase sempre na humildade.

Respondendo às injurias com o desdém
Sem maltratar e sem pungir ninguém,
Caminhando altivo em linha reta.

Lançando roças pelo caminho
E recebendo em troca acerbo e espinho,
Eis o destino de qualquer poeta.

FALANDO DE FLORES - Por Edilma Rocha


CALÊNDULA - Maravilhas - Calêndula Officinalis. A alegria do nascer ao pôr-do-sol.
Uma planta solar cuja energia se equilibra com a força lunar. Suas cores amarelas, laranjas e vermelhas que indicam uma ligação intrínseca com Júpiter, que favorece as aptidões criativas.


Planta ornamental, atinge até 40 cm de altura. Originada do Mediterrâneo, seu nome vem do latim "Calendas" que remete à crença de que florescia sempre no primeiro dia do mês. Cultivada em solo de argila fina, mas aceita quase todos. Semear na primavera. Pode ser cultivada em vaso, desde que exposta ao sol. Floresce quase o ano todo e as flores de cores intensas, se abrem com o nascer do sol e se fecham com o pôr-do-sol. A Calêndula é muitas vezes cultivada junto às especiarias, para afastar uma praga chamada besourinho.

A Calêndula é cicatrizante, anti-inflamatória, anti-séptica, bactericida, fungicida e tonificante da pele. É usada na higiene do bebê, no tratamento da acne, da gengiva, como cicatrizante de feridas e úlceras, fissuras da mama e queimaduras. Tem poderes sedativos, equilibrando o sistema nervoso central e vegetativo.
Na culinária, as flores são usadas para dar cor de açafrão e um leve gosto picante em pratos como arroz, sopas, peixes, carnes, omeletes, queijo, bolos, pães e doces. O óleo vegetal da Calêndula é usado como carreador para óleos essenciais. Aplicado em massagem, aumenta a tonicidade da pele.

Dedico esta postagem a Dihelson Mendonça . Em nossas vidas, a criatividade se manifesta de diferentes formas nas inúmeras expressões artísticas. 

Edilma Rocha

Fonte :  Jardim Interior - Denise Cordeiro

Para pensar um tema - Manuel Fernandes (Nande)

Um tema pode ser qualquer coisa que nos leve de um minúsculo pontinho até o infinito ou pode ser o minúsculo infinito que nos leve ao ponto máximo. Uma simples discussão sobre grandezas já é um tema que daria um samba matemático ou papo geográfico, por exemplo, sobre escalas. Foi com temas geradores que Paulo Freire alfabetizou um bocado de gente. As vezes a partir da palavra tijolo se construía uma cidade de palavras, um arsenal vocabular que fazia as pessoas serem capazes de ler politicamente o mundo.
Um tema não é coisa que se tema, porque ele pode nascer assim... de repente. Pode inclusive, nascer meio guenzo e ir se equilibrando devagarinho - engatinha, anda, corre. Porque a única exigência temática está em fazer as pessoas se sentirem a vontade em seu próprio universo conceitual e vocabular, posto que o fundamental mesmo é desencabular o sujeito e a sujeita; até uma palavra que não consta do dicionário pode ser motivo para se começar uma conversa.
A busca está nas associações mais diversas que podemos ser levados a fazer com os outros - entrou pelo pé do pato saiu pelo pé do pinto e por aí vai. Pato e pinto são bípedes, são aves, têm bico, põe ovos e aí, de saída, antes que um desses bichos voe, já se tem um tema penoso, mas um tema que pode dar uma história para criança ou em discussão sobre os transgênicos.
O importante é se aventurar no mundo das coisas correlatas e também das disparatadas, para fazer as associações já conhecidas e aquelas imaginárias. Para ciência e para arte, porque uma coisa imita a outra, vez ou outra ou outra e vez, e foi assim que começou a história com coisas que ás vezes a gente não acredita, porque parecem não ter pé nem cabeça, mas é tudo coisa das criações humanas e da fantástica imaginação que temos.
Em outros termos nós temos temas para quase tudo aquilo que desejamos discutir. Um tema é a ponta de um novelo. Uma nota musical. Uma data às vezes sem sentido aparente. Uma imagem fotográfica. Um risco na pedra deixada por comunidades de dez mil anos atrás. A visão primeira que os homens tiveram da lua.
Quem sabe não foi isso que nos aventuramos a voar, imitar patos e pintos, imitar peixes e dialogar com a natureza com sua imensa selva de temas e de possibilidades intermináveis? Quem sabe não começamos por onde deveríamos ter terminado e fizemos o contrário?
Um ponto de partida é exatamente a possibilidade de criar as coisas do início e não temer chegar nos lugares inatingíveis. Para os professores talvez seja começar sempre com os outros onde eles estão, por onde já se passou um dia, como um retorno paciente ao lugar das primaveras do que conseguimos aprender.
Um tema deve ser capaz de suscitar debates, levantar questões, despertar preocupações, recuperar a tradição e vislumbrar o futuro. pode ser qualquer coisa assim que aparentemente é coisa alguma.

Manuel Fernandes, filho de Maria Zélia Correia e de Antônio Arcanjo, neto de Zé Odimar e Balbina Correia.
Professor da área de teoria e método na Universidade de São Paulo (USP)

As emissoras internacionais - Emerson Monteiro

Houve um tempo quando apreciei com intensidade as transmissões da radiofonia mundial em ondas curtas, reservando horas e horas noturnas para ouvir as programações em português e espanhol, elaboradas nos mais diversos países. Esse gosto veio despertado por amigos e colegas de colégio que nutriam interesses ocasionais em colecionar selos, quadros de fitas de cinema, estudar inglês e acompanhar lançamentos cinematográficos, assuntos que preencheram a minha adolescência.
Além de seguir de perto as grades de programação, também escrevia às emissoras, dando notícias das recepções e apresentando ideias e motivos talvez a serem aproveitados pelas estações de rádio.
Era uma época de extrema efervescência e movimentação das forças políticas, na primeira metade da década de 60, auge da Guerra Fria, quando, inclusive, o rádio se prestou à divulgação e propaganda ideológica dos blocos nela envolvidos. De um lado, o capitalismo internacional do Ocidente, liderado pelos Estados Unidos. Do outro, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ponta de lança do que propunha o comunismo, já instalado também na China, desde 1949, com Mao-tsé-tung no poder; em Cuba, após a revolução de Fidel Castro, em 1959; no bloco dos países da Europa Oriental, na Coréia do Norte, como alternativa ao modelo da democracia americana para as outras nações, após a Segunda Guerra.
Recordo que, nessa fase, ouvia com assiduidade transmissões da Rádio Difusão e Televisão Francesa, Rádio Canadá, BBC de Londres, Rádio Havana, Voz da América, Rádio Holanda, Rádio Suíça Internacional, Rádio Suécia, Rádio Praga, Rádio Sofia, Rádio Cairo, Rádio Espanha Internacional, Rádio Pequim, Rádio Central de Moscou, Rádio Tirana, Rádio Vaticano, Voz da Alemanha, dentre outras, que mantinham horários para o Brasil e os demais países de língua portuguesa.
Informações fervilhavam a cruzar os céus logo que chegava a noite, das 19 às 23h, horário de melhor propagação das ondas. O meu receptor, rádio a válvulas, permanecia ligado todo tempo, enquanto promovia anotações e apurava os ouvidos, nas faixas de 16 a 49m, vezes sob chiados e ruídos intensos que dificultavam as audições.
No país, eram as notícias peneiradas pelos órgãos de segurança e que, entretanto, vazavam pelos correspondentes estrangeiros, chegando ao nosso conhecimento pelos departamentos internacionais, época de clandestinidade e repressão, anos de chumbo, quais se dizem.
Remetia cartas aos endereços dessas emissoras, que as respondiam com regularidade e juntavam às respostas publicações dos países; livros, revistas, jornais, postais, selos, broches, flâmulas e outros brindes. Cada recebimento dessas respostas era um dia de festa. Abria o envelope e examinava com cuidado seu conteúdo, estimando o valor em face da distância que percorrera. Nisso, espécie de fetichismo logo invadia a alma de mistério.
Depois, novos apegos surgiriam com a descoberta do prazer da literatura e seus variados autores brasileiros e estrangeiros. Mais adiante, os filmes de Hitchock, do Cinema Novo, os clássicos da Cristandade, os faroestes inolvidáveis, o cinema de arte europeu, além dos festivais da canção, e a MPB, reunidos às emoções dos primeiros namoros, para, assim, excluir em definitivo o pouco espaço que restara entre os estudos e aqueles solitários serões radiofônicos.

COLÉGIO PIO X - Por Edilma Rocha


Esta menininha de olhar sereno, narizinho pequeno e boquinha apertada não possuía cabelos cacheados, eram produzidos por um "Baby lise" artesanal as custas de brasas de carvão. A sua mãe ficava horas separando as mechas com cuidado para torná-las em lindos cachos e a menininha dura, petrificada de medo até o final do penteado. Tudo isso para depois vestir o uniforme do Colégio Pio X e sair para mais um dia na escola. Usavam saias azuis pregueadas, blusa branca de manguinhas e um enorme laço azul na altura do pescoço. Nos pés sapatinhos pretos e meias brancas. Debaixo do braço um caderno só, que ocupava todas as anotações e deveres de casa, lápis preto e borracha de bolinha.
A casa onde funcionava o educandário era grande demais para os seus pequeninos olhos e lá as primeiras letras eram aprendidas com alegria. Cadeiras e mesinhas destribuidas por salas da 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries do primário, tudo tão simples e interiorano. No intervalo para o lanche que se chamava "Hora do recreio", era aguardado com ansiedade para se juntar às amiguinhas e brincar no enorme quintal em baixo das frondosas mangueiras. Cada aluna poderia levar o lanche de casa ou esperar por entre as frestas da pequena mureta que dava para a Praça da Sé a comidinha que vinha de casa. Vilanir, que chegava pontualmente às 9 horas trazendo uma canjica, uma fatia de bolo Luís Filipe acompanhado com suco de fruta, mas ela gostava mesmo era das migalhinhas de pão com leite e mel.
Durante o mês de Setembro as crianças trocavam o recreio no quintal para assistir as montagens do "Parque Maia". A enorme roda gigante  cheia de  luzinhas piscando, o carrossel dos cavalinhos, as cadeirinhas dependuradas pelas  compridas correntes que voavam aos céus. Era um mundo de fantasia montado sob os olhinhos curiosos da criançada. Havia muito respeito entre as professoras e as alunas. Se por acaso fossem chamadas na diretoria, era coisa terrível. Mas as festinhas com dança e representações, era coisa certa todo o final do ano. E assim corria a vidinha das pequenas princesinhas do Colégio Pio X.
Tudo tão diferente das escolas de hoje, com seus transportes escolares, prédios especiais, salas com ar condicionado, lanche da MC Donald com refrigerantes, mochilas nas costas para tantos cadernos e livros acompanhados de canetas e mais canetas coloridas, tudo com a estampa da moda. O comércio na exploração da volta as aulas dividido em parcelas no cartão de crédito. O uniforme, a célebre calça Jeans, ténis e apenas a blusa com o nome do Educandário estampado no peito.
Mas a doçura das pequenas princesinhas continua sendo a mesma no coração de papais e mamães corujas nos tempos atuais.

Edilma Rocha 

Ulisses Germano - Coração Louco - Por: Dihelson Mendonça

De onde nascem os corações dos poetas?
Ninguém jamais saberá responder

Ulisses Germano 04


Ulisses Germano 05

Mesmo o mais poderoso dos profetas
Vasculhando o Universo não vai ler


Ulisses Germano 02



Ulisses Germano 03

A fábula das palavras inauditas
O cheiro e o sabor das biritas

Ulisses Germano 01



Ulisses Germano 06



Ulisses Germano 09



Ulisses Germano 08

Que inverte toda a razão do querer.

Ulisses Germano - Dihelson Mendonça



Ulisses Germano 07


Ulisses Germano - Por: Dihelson Mendonça


Fotografia: Dihelson Mendonça
Poesia: Ulisses Germano ( POEMAS DE ISOPOR III )

Proibida a Reprodução sem Autorização dos Autores

ENCONTRO COM AMIGOS - Por Edilma Rocha


Dr. Humberto Macário e Edilma
Sem palavras ...

AMADO NERVO - Por Armando Rafael

Amado Nervo (pseudônimo de Juan Crisóstomo Ruiz de Nervo) nasceu em Tepic, Nayarit (México) em 27 de agosto de 1870 e faleceu em Montividéu (Uruguai) em 24 de maio de 1919. Além de grande poeta, ele foi também educador, jornalista e Embaixador do México na Argentina e no Uruguai.

Dele, a poesia que mais me encante é “Em Paz”.
Apresento abaixo uma tradução livre de “Em Paz” feita por mim, mas que pode ser melhorada. A ver:

Bem perto do meu ocaso, eu te bendido ó vida
Porque nunca me deste esperança falida,
Nem trabalhos injustos, nem penas imerecidas.

Porque vejo que ao final do meu áspero caminho
Que fui o arquiteto do meu próprio destino:
Quando tirei o mel e o fel das coisas
Foi porque nelas pus fel ou mel.
Quando plantei roseiras, colhi sempre rosas.

É verdade: a minha altivez vai se seguir o inverno,
Mas tu nunca disseste que o maio era eterno!

Achei, sem dúvida, longas as noites de minhas penas.
Mas tu não me prometeste somente noites tranquilas
E em troca tive algumas plenamente serenas.

Amei, fui amado, o sol acaricicou meu rosto.
Vida, nada me deves! Vida estamos em paz!


Enviado por Armando Rafael - por e-mail

Eu vi a ExpoCrato nascer! – por Napoleão Tavares Neves (*)




Era 1944, já distante! Fazia eu o 2º ginasial no conceituado e histórico Ginásio do Crato. Certo dia, estando no patamar da Matriz de Nossa Senhora da Penha, vi passar um carro Ford preto na direção ao Pimenta.
Naquele tempo, carro era fruta rara no Crato e a simples presença de um já era sinal de fato inusitado. Assim, de relance, notei que o passageiro da frente do carro era o interventor do Ceará, Francisco de Menezes Pimentel, e os ocupantes do banco traseiro eram o prefeito municipal, Dr. Wilson Gonçalves e o professor Pedro Felício Cavalcanti.

Nisto passou o Zezinho de Abdon dizendo: “Vão inaugurar a Exposição de gado do Crato” (hoje conhecida por ExpoCrato). Com alguns colegas do Ginásio subi a pés para o Pimenta e ali vi a 1ª Exposição de Gado do Crato. Fiquei maravilhado com o que vi: muito gado zebu bonito, sobretudo os dos grandes criadores: Coronel Filemon Teles, Dr. Fernandes Teles, Professor Pedro Felício e Dr. Wilson Gonçalves.
O local da 1º Feira de Gado do Crato era mais ou menos onde hoje fica a Rádio Educadora do Cariri. Naquela amostra não se via mulheres bonitas como nas exposições de hoje, mas somente gado e vaqueiros arranchados em barracas de palha. Também não havia serviço de som. O Crato era uma cidadezinha de dez mil habitantes. A atual Praça da Sé era apenas o Largo da Sé, atapetado de capim de burro somente.
Portanto, ali era a hoje pujante ExpoCrato que dormitava no seu berço no deserto sítio Pimenta, uma lonjura do centro do Crato! Pois bem, o menino daquele tempo já é quase o oitentão de hoje!
Tudo cresceu, tudo mudou, mas me ficou na lembrança tudo o que vi naquele já saudoso dia. Portanto, repito, eu vi a ExpoCrato nascer, inicialmente apenas como Exposição de Gado Crato e há 49 anos realmente como a pujante ExpoCrato de hoje...

(*) Napoleão Tavares Neves é médico, escritor, historiador, memorialista e cronista. Reside em Barbalha (CE)

A POESIA DE AMADO NERVO - (UM POETA DE LÍNGUA ESPANHOLA)



Homem-poeta, Amado Nervo foi um apaixonado pela vida, e de tanto amá-la aprendeu a despedir-se  dela. Morrer era apenas um passo para unir-se ao infinito.

 Esse foi Amado Nervo, o depositário de versos que nos acompanham agora e que se convertem em poemas atemporais... São o grito de um homem, de um poeta que soltou seu eco pela eternidade. .



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Si nadie sabe ni por qué reímos

Ni por qué lloramos;

Si nadie sabe ni por qué vinimos

Ni por qué nos vamos;

Si en un mar de tinieblas nos movemos,

Si todo es noche en rededor y arcano,

¡a lo menos amemos!

¡Quizás no sea en vano!