Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Boa noite !

Cantinflas



Cantinflas, nome artístico de Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes, (Cidade do México, 12 de agosto de 1911 — 20 de abril de 1993) foi um premiado ator e humorista mexicano.

Nasceu em uma família muito humilde e tinha 12 irmãos. Teve uma adolescência marcada pela pobreza o que o levou a começar a trabalhar muito cedo, primeiro como engraxate e depois como aprendiz de toureiro, motorista de táxi e pugilista.

A sua vida mudou quando aos vinte anos, trabalhando como empregado em um teatro popular, teve a oportunidade de substituir o apresentador do espetáculo que adoeceu. Ao inverter frases, trocar palavras e abusar do improviso, Cantinflas, conquistou o público hispânico.

As suas origens inspiraram várias personagens, entre eles o famoso "El Peladito". A sua maneira de falar acabou por prejudicar a sua carreira internacional. Dos mais de 40 filmes que fez, a maior parte foi produzida pela sua própria companhia.

Em Hollywood ele teve apenas dois filmes: A Volta ao Mundo em 80 Dias, um sucesso de bilheteria e vencedor do Óscar de Melhor Filme em 1956, e Pepe, um fracasso de público e crítica. A sua carreira durou até a década de 80. A crítica, porém, destaca que os melhores filmes do comediante foram feitos nos anos 40 e 50. Entre os seus trabalhos mais elogiados deste período estão, Os Três Mosqueteiros (1942), O Circo (1943), El Supersabio, O Mágico (1948), O Bombeiro Atômico (1950) e Se Eu Fosse Deputado. Todos escritos para ele pelo seu amigo Jaime Salvador.

Recebeu o Golden Globe Award para Melhor Ator (comédia ou musical) em cinema por A Volta ao Mundo em 80 Dias em 1957.

wikipédia

Henry Fonda


Henry Jaynes Fonda (Grand Island, 16 de maio de 1905 — Los Angeles, 12 de agosto de 1982) foi um ator de cinema norte-americano. É o patriarca de uma família de atores, entre os quais seus filhos Jane Fonda e Peter Fonda, e sua neta Bridget Fonda.

Thomas Mann


Thomas Mann (Lübeck, 6 de Junho de 1875 — Zurique, 12 de Agosto de 1955) foi um romancista alemão.

É considerado por alguns como um dos maiores romancistas do século XX, tendo recebido o Nobel de Literatura de 1929. Foi o irmão mais novo do romancista Heinrich Mann e o pai de Klaus, Erika, Golo (aliás Angelus Gottfried Thomas), Monika, Elisabeth e Michael Thomas Mann.

Cecil B DeMille



Cecil Blount DeMille (Ashfield, 12 de agosto de 1881- 21 de janeiro de 1959) foi um cineasta americano, um dos 36 fundadores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Clara Nunes



Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, conhecida como Clara Nunes (Caetanópolis, 12 de agosto de 1942 — Rio de Janeiro, 2 de abril de 1983), foi uma cantora brasileira, considerada uma das maiores intérpretes do país. Pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos e de seu folclore, Clara também viajou várias vezes para a África, representando o Brasil. Conhecedora das danças e das tradições afro-brasileiras, ela se converteu à Umbanda. Clara Nunes seria uma das cantoras que mais gravaria canções dos compositores da Portela, escola para a qual torcia. Também foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual mulheres não vendiam disco.


Poemas de Miguel Torga


Miguel Torga

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...


Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga


Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, (São Martinho de Anta, Sabrosa, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX, considerado, por alguns, o poeta português mais importante do século XX.

Colaboração de CAIO MARCELO

BARRIGA É BARRIGA... Arnaldo Jabour


Barriga é barriga, peito é peito e tudo mais. Confesso que tive agradável surpresa ao ver Chico Anísio no programa do Jô, dizendo
que o exercício físico é o primeiro passo para a morte. Depois de chamar a atenção para o fato de que raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos e citar personalidades longevas que nunca fizeram ginástica ou exercício - entre elas o jurista e jornalista Barbosa Lima Sobrinho - mas chegou à idade centenária, o humorista arrematou com um exemplo da fauna:

A tartaruga com toda aquela lerdeza, vive 300 anos. Você conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos?

Gostaria de contribuir com outro exemplo, o de Dorival Caymmi. O letrista compositor e intérprete baiano era conhecido como pai da preguiça. Passava 4/5 do dia deitado numa rede, bebendo, fumando e mastigando. Autêntico marcha-lenta, levava 10 segundos para percorrer um espaço de três metros. Pois mesmo assim e sem jamais ter feito exercício físico viveu 90 anos.

Conclusão: Esteira, caminhada, aeróbica, musculação, academia? Sai dessa enquanto você ainda tem saúde...

E viva o sedentarismo ocioso!!! Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso!!!


Então: NÃO FAÇA MAIS DIETA!! Afinal, a baleia bebe só água, só

come peixe, faz natação o dia inteiro, e é GORDA!!! O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!!!

VIVA A BATATA FRITA E O CHOPP!!! Você menina bonita, tem pneus? Lógico, todo avião tem!

E nunca se esqueçam: 'Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal.´

E lembrem-se sempre: Celulite quer dizer - EU SOU GOSTOSA! Em braile.


COMPOSITORES DO BRASIL


Nossa homenagem aos 100 anos de

HAROLDO LOBO

Por Zé Nilton

“Depois das aulas, no bonde, no ponto de ônibus ou no bate-papo das confeitarias, as alunas do Instituto de Educação chegam a comentar o interesse com que aquele estranho vem acompanhando a conversa. Os olhos do homem de traços mongóis e terno banco de linho parecem duas câmaras a registrar todos os movimentos das futuras professorinhas. Ele não perde uma palavra sequer, muitas mocinhas até se afastam, para ficar longe daquele intrometido.

Dentro do ônibus, às vezes, ele finge indiferença, mas quem se preocupar mais com seus gestos verá que discretamente ele faz anotações, escrevendo frases inteiras ou rabiscando apenas algumas palavras. Seus dedos batem com ritmo num ponto qualquer do banco da frente ou na palma da outra mão, enquanto um leve movimento nos lábios denunciam que ele está solfejando alguma música. E os olhos asiáticos de repente ganham um brilho especial: ele acaba de fazer alguma descoberta”. (Nova História da Música Popular Brasileira. Abril Cultural, 1977).

De descoberta em descoberta, entendamos, de música em música, Haroldo Lobo ((Rio de Janeiro, 22 de julho de 1910 - Rio de Janeiro, 20 de julho de 1965) é um compositor brasileiro dos mais produtivos da Música Popular Brasileira principalmente em músicas de carnaval.

Até meados de 1960, a indústria fonográfica brasileira trabalhava com duas frentes comerciais: a música de carnaval e a música de meio de ano. Em tempos mais recuados os maiores investimentos corriam para o filão carnavalesco. Reparem nas chanchadas da Atlântica como a empresa do carnaval fazia girar a fortuna no mundo artístico e cultural.

Haroldo Lobo, com 80 por cento de suas músicas registradas em parceria com o excelente Milton de Oliveira, fez de tudo em se falando de composição. Diria mesmo todos os ritmos. E gostava de usar os animais da fauna ou suas onomatopéias em suas músicas, coisa inusitada no cancioneiro brasileiro.

Remetemos o leitor para os sites sobre o assunto caso queira saber mais desse mostro sagrado de nossa canção. Dê um presente ao grande compositor pelos seus 100 anos de nascimento. Ouça-o.

Pode ocorrer que ao ouvir amanhã no Compositores do Brasil algumas de suas composições sendo a maioria em ritmo de carnaval, talvez alguém interrogue:
- Música de carnaval a essa hora ? E ainda mais das antigas ? Direi:

- Sim, e porque não? Os defensores da cultura de mass media não absolutizaram o ritmo forró (muito embora o produto não o traduza) como hits de todos os momentos? Então lá vai nossa vingança. Ouviremos:

O PASSARINHO DO RELÓGIO, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira com Aracy de Almeida;
ALLAH-LA-Ô, de Haroldo Lobo e Nássara Carlos Galhardo ;
ALÔ, PANDEIRO, (Não é economia), de Haroldo Lobo e Wilson Batista com Jorge Goulart;
CABO LAURINDO, de Haroldo Lobo e Wilson Batista com Jorge Veiga e Cyro Monteiro;
GUIOMAR, de Haroldo Lobo e Wilson Batista com Joel e Gaúcho;
PRA SEU GOVERNO, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira com Gilberto Milfont;
EMÍLIA, de Haroldo Lobo e Wilson Batista com vassourinha;
TRISTEZA, de Haroldo Lobo e Niltinho, com Jair Rodrigues
MARGARIDA, de Haroldo Lobo e Wilson Batista com Quatro Ases e um Coringa;
E O 56 NÃO VEIO, de Haroldo Lobo e Wilson Batista com Deo e o conjunto de Zé Menezes;
JURO, Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, J.B. de Carvalho e conjunto Tupí
COMO SE FAZ UMA CUÍCA, de Haroldo Lobo e Wilson Batista com Anjos do Inferno;
A COROA DO REI, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira com Dircinha Batista.

Quem ouvir verá!

COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri – 1020 (www.blogdocrato.blogspot.com)
Quintas-feiras, de 14 às 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton

Foto histórica !


Foto histórica da Orquestra da Ceará Rádio CLub, obtida em 1947. Da esquerda para direita, de pé João Ramos (locutor-apresentador), Tompson Lemos (pistão); Eliézer Ramos (trombone de vara); Luiz Róseo (sax alto); João Baptista Brandão (flauta); Carlos Alenquer (sax alto); Emygdio Santana (pistão); Mário Alves (cantor); RUiz Noronha (pistao e violoncelo); Osvaldo ("Canelinha"), baterista. Na mesma ordem, na fila intermediária: Chileno (3o. violino); Francisco Alenquer (flauta); Oscar Cirino (2o violino); Edgar Nunes (1o. violino). Na fila da frente, ainda da esquerda para direita: Otávio Santiago (cantor); Epaminondas (cantor); José Amâncio (sax-tenor); Luiz Assunção (pianista) e Reginaldo Assunção, filho de Luiz Assunção.

Francisco Alves para lembrar Otávio Santiago ( uma das vozes mais bonitas do Ceará)

Vida itinerante de uma bancária (IV)- por Socorro Moreira



Estoril -  recanto dos boêmios
Vista  da Pça do Carmo, nos anos 70
Cristiano Câmera, meu guru !

Agosto de 1977

Fortaleza do alto me pareceu pequena. Procurei sua personalidade física, e não identifiquei..Estava apaixonada por Recife!
Ag. Centro Fortaleza, na Pça do Carmo. Um novo tempo de vida, novos amigos!
O cearense é receptivo. Senti a alegria de voltar pra casa!
Praia de Iracema, e seus recantos boêmios: Bar de Tia Rosa, Nick Bar, ou ainda, onde Zivaldo Maia tocava. No Estoril, reunia-se uma tribo política, figuras estereotipadas, alguns da esquerda festiva, mas o papo era agradável..Tinha gente que fazia a diferença, e bebíamos consciência política, democratização, e cidadania.
Tempo em que passei finais de semana numa Canoa Quebrada à luz de lampiões, dormindo na casa dos pescadores, comendo peixe com farinha , e café com tapioca. Dançávamos na noite, ao som de uma vitrolinha, com um disco arranhado de forró. Mas os nativos sabiam dançar, e a gente pegava um embalo festivo.
Trabalhava no Câmbio ( setor considerado de elite), mas depois fui transferida para um setor de estiva. Meus filhos exigiam minha assistência, e eu não dispunha de tempo para prorrogação de expediente.
Frui alocada, no SEDIV (setor de serviços gerais), como provação ou castigo.
Enquanto expurgava documentos, ou fazia ordem no arquivo morto, cantava todas as canções que eu sabia. Trabalhava ludicamente, e as noites me esperavam com as suas rodas de viola.
Saudades do "Santiago Drinks" ! Saudades da voz de  Otávio Santiago que, acompanhado de Zivaldo ,cantava “A mulher que ficou na taça”, " Dama de vermelho", "Foi Ela ..."
Um dia, acordei  querendo uma mudança de vida. Já tinha completado minha faculdade de boemia. Cristiano Câmera, a quem visitava com freqüência, já tinha me contadas mil histórias sobre a música clássica, a música popular brasileira, e o cinema antigo. Foi um professor e tanto!
Antes de pedir nova transferência, vivi a experiência de uma adição no Amazonas. Depois, pedi remoção  para o Cesec de Juazeiro do Norte, querendo ficar de novo perto da família, e melhor conduzir a vida dos meus filhos.
E, mais uma vez, com o coração machucado de saudades, segui a estrada do destino. Deixei o mar para trás.
Lábrea  (AM) e Cesec Juazeiro do Norte, merecem capítulos à parte. 

P.S. Dessa passagem por Fortaleza grandes amizades se firmaram :  
Abraços em Maria de Jesus Andrade, Celeste, Dona Raimunda, Dorvina, Condé, Wilson Garcia, Luiz Ailton, Zivaldo e Maria do Carmo, Sérgio Rodrigues, Cecília, Luciano Lira, e tantas outras pessoas queridas !

Poema de Daniel Hubert Bloc Boris (Jacques)

Clique na imagem para ler o poema de Daniel Hubert Bloc Boris (Jacques)

Amor Declarado - por Eduardo Lara Resende

(Imagem: LeDiscoLemon)
Crônica publicada em Pretextos-elr em 06/07/2009

Em qualquer lugar onde fosse possível escrever usando lápis, caneta, giz, carvão ou a ponta dos dedos, a Humanidade haveria de saber do amor eterno de Priscila por Ricardo. Pri ama Cacado - era o aviso, o recado de esperança aos corações velhos dessa multidão de coroas que tem espalhada pelo mundo. Todos descrentes do amor que sorri, acarinha, acompanha nos programas de fim de semana.

Cacado era mais que o colega de escola: era o amigo, o irmão, o confidente, o.... Melhor não especular, tentar enxergar um futuro que a sonhadora Priscila não conseguia ver muito além de sucesso, felicidade, alegria, compras no shopping e, claro, o Cacado. O vapor da água quente do chuveiro embaçava o espelho do banheiro? Lá aparecia logo um Pri ama Cacado e, abaixo, um coraçãozinho bem desenhado. Carro com poeira ou lama seca em seu caminho? Cimento fresco na calçada? O quadro na sala de aula limpo e sem ninguém por perto, na hora do recreio? Pri ama Cacado.

Tudo isso pelo lado dela, que nem ligava pelo fato de Ricardo não estar tão presente como gostaria - tão próximo, tão amigo, tão irmão, tão confidente. Duas ou três vezes tinham ido ao cinema, outras tantas a festas de aniversário da turma, onde Priscila aproveitara para deixar em guardanapos, blocos de anotações da casa e até em um imã de geladeira, a marca de sua paixão.

Mas tudo começou a mudar no dia em que Priscila surpreendeu a turma rindo dela na sala de aula. Dela e do que deixara escrito no quadro, antes do recreio. Confusa, só caiu em si quando lhe explicaram que a frase 'Pri ama Cacado' compreendia um cacófato - amacacado, com jeito de macaco. Qual palavra seria mais ridícula - cacófato ou amacacado? Priscila então resolveu mudar. Treinou a tarde toda nas folhas de seu fichário escolar: Priscila ama Ricardo, Pri ama Ricardo, Pri ama Ric...Nada bom, tudo muito certinho. Parecia coisa de apaixonado velho e bobo. Foi quando ouviu da apresentadora na TV que era preciso "que nós mulheres nos amemos, nos gostemos". Uma exortação definitiva ao amor universal, sempre nas mãos e nos corações das mulheres.

A revelação coincidiu com a descoberta de que Ricardo já estava em outra, atrás de uma garota horrível, sem graça, cujo nome ela nem queria saber. Nem assim, pensou, desistiria de seus recados. Ela se amava, como havia recomendado a apresentadora. Além disso, era verdade que o Cacado ainda mexia com ela, mas pra que deixar que ele e os outros percebessem?

No dia seguinte – um novo dia para uma nova mulher – a frase apareceu bem desenhada no espelho do banheiro:

“Eu amo a gente”.

O último voo - por Eduardo Lara Resende

(Imagem: LinBow)


Oraci só tinha de seu o riso constante. Ria sem saber de felicidade ou infelicidade. Riso de poucos dentes e de olhar cheio de dor, que ele não sentia. Como sentia a vida por trás da grade da janela. Dali Oraci via o mundo coberto de grama verde. Tinha árvores, flores e uma centena de pássaros.

Uma centena de pássaros... Oraci não sabia contar. Nunca soube. Mas para ele, cem era número enorme. Cem dias, cem anos, cem pessoas visitando os hóspedes da Casa nos fins de semana... Uma multidão. Mas era para aqueles cem pássaros que Oraci tinha olhos que brilhavam e sorrisos que fazia chegar à ponta dos dedos - o braço estendido para fora da grade, querendo pegar o mundo.

Oraci também não tinha idéias. Aliás, tinha uma idéia-vontade, idéia-sonho: queria voar como aqueles pássaros. Voar como eles e com eles. Voar sorrindo, rindo muito. Gargalhando. Isso devia ter um nome, mas Oraci não sabia de nomes. Só sabia de pássaros, de sorrisos e da vontade de voar.

De tanto ver os cem pássaros, Oraci um dia descobriu que tinha asas. Só não tinha liberdade. Trocou então o riso por gestos que fazia pela janela. Estendia a mão, franzia a testa. Pedia aos pássaros que o esperassem.

E como quem quer voar sempre conta com o socorro de mãos invisíveis, em determinado amanhecer Oraci achou destrancada a porta do quarto. Justo na hora em que os cem pássaros apareciam no mundo. O homem então saiu pelo corredor. Tinha pressa, os pássaros haviam sinalizado que logo partiriam em migração.

À beira do precipício Oraci sorriu e sacudiu as asas.

Deu um salto, e então voou.

Do baú de Stela - DIA DO ESTUDANTE

Estudante - por Socorro Moreira



O primeiro dia de aula da vida gente é inesquecível.
Lembro do material escolar, cujo encanto ofuscou todos os meus brinquedos. A partir de então apenas livros faziam a minha cabeça. Deixei de gostar de bonecas, justamente nesse dia. Uma pena, porque fiquei velha antes do tempo.
Lembro do primeiro dia de aula do meu filho mais velho. Era tão pequeno, e me pareceu  um homenzinho. A vida começava naquele dia, quando o dia começara mais cedo.
A Escola  sempre foi para mim um sanctum sagrado. Lugar  de abastecimento para o futuro. E, nos estudos, fui faminta, voraz, como a fome de um diabético.
Passei essa carga de carência para os meus filhos. 
Minha mãe brigava comigo para que eu encostasse os livros  por momentos; que eu lesse de menos, nos dias de férias. Achava péssimo, quando o ano escolar terminava. Não sabia brincar, não sabia o que fazer da vida, sem aquela obrigação diária. Depois fui ficando cansada...!
Meu filho do meio  é um nerd. Sua maior compulsão é estudar, estudar, estudar. Esse também não aprendeu a brincar.
Pais, oportunizem  a infância dos seus filhos.Deixe-os brincar na  terra !.
Sinto saudades  do tempo mal aproveitado, nas brincadeiras de roda. Eu só queria mesmo era ouvir histórias !
Se o tempo voltasse,   eu teria  um bicho de estimação , e cataria borboletas e florzinhas pelos caminhos.
Não viveria os contos de fada com a emoção centrada, nos finais felizes.
A vida  exige praticidade. Graças aos números , sai das viagens  da Carochinha, e pisei  no palco da realidade, onde a palavra de ordem é sobrevivência !

Mas, ser estudante é um dom da alma. Somos eternos aprendizes. O mestre é quem está por perto... Seja um sábio ou um menino !


Dia do Estudante

Origem

No dia 11 de agosto de 1827, D. Pedro I instituiu no Brasil os dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais do país: um em São Paulo e o outro em Olinda, este último mais tarde transferido para Recife. Até então, todos os interessados em entender melhor o universo das leis tinham de ir a Coimbra, em Portugal, que abrigava a faculdade mais próxima.

Na capital paulista, o curso acabou sendo acolhido pelo Convento São Francisco, um edifício de taipa construído por volta do século XVII. As primeiras turmas formadas continham apenas 40 alunos. De lá para cá, nove Presidentes da República e outros inúmeros escritores, poetas e artistas já passaram pela escola do Largo São Francisco, incorporada à USP em 1934.

Cem anos após sua criação dos cursos de direito, Celso Gand Ley propôs que a data fosse escolhida para homenagear todos os estudantes. Foi assim que nasceu o Dia do Estudante, em 1927.

Para quem gosta de chorinho...

Delicado de Waldir Azevedo