Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 8 de janeiro de 2011

Ser Transparente
- Claude Bloc -


As vezes me pergunto por que é tão difícil ser transparente... Quando falo “ser transparente” não é simplesmente e apenas ser sincero/a, não enganar os outros. É muito mais do que isso... É a pessoa ter coragem de se expor, de se mostrar frágil, de chorar, de ajudar, de se doar, de perdoar, de ser solidário/a, de falar o que  sente...

Ser transparente é desnudar a alma e deixar cair as “máscaras”, baixar as armas, destruir os muros enormes que insistimos tanto em levantar... Ser transparente é ir à luta em busca de um sonho, é permitir que toda a nossa doçura, nosso amor, desabroche e até transborde.

O que podemos perceber é que infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. De um modo geral se prefere a dureza da razão à leveza que exporia toda a nossa fragilidade humana.

Muitas vezes preferimos o “nó na garganta” às lágrimas que vêm nos socorrer trazendo alívio. Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar diante da verdade e admitir que não sabemos de tudo, que temos medo.

Muitas vezes construimos uma “máscara” que nos distancia cada vez mais de quem realmente amamos e preferimos manter essa imagem que nos dá a sensação de proteção, mas que nos esvazia e nos dilacera. E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos. Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas porque somos como folhas secas, nos perdemos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado.

Com o passar do tempo, acabamos por nos envolver num vazio frio e escuro e quando acordamos percebemos que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar: a doçura, a compreensão, o amor, a amizade, a doação, a solidariedade, o perdão, a ajuda...

E, no entanto, tudo isso pulsa e grita dentro de nós, só que já não temos coragem de mostrar, pois aprendemos que é mais fácil simplesmente dizer: “Você está me machucando, me magoando”.

Aprendemos, que ser fraco, é ser bobo, é ser menos. Mas, na verdade o que devemos fazer é deixar explodir toda a doçura que sentimos sem prender o choro, sem conter a gargalhada, sem esconder tanto o nosso medo, sem desejar parecer invencíveis. Simplesmente sendo transparentes.

Claude Bloc
Adaptação do texto de Rosana Braga 
http://www.rosanabraga.com.br/index.php?pagina=artigos

(INTER)TEXTUALIZANDO COM CHAGAS - Por Claude Bloc


* Chagas
* Claude


despe-se na noite
em fuga
e em retalhos se desdobra

nuvens desenham um céu
que mal cabe no coração
de quem escreve por temor
de que o dia resulte em palavras estropiadas
poesia no escuro
poesia no espaço
céu de cetim em lábios exangues
véus de promessas,
silêncios apagados

olhos castanhos de um nada casto
no horizonte não vislumbram
senão a certeza de uma cidade
toda feita de memórias
de lembranças opostas
impostas
dispostas
no vazio da obscuridade

com a palavra saudade
escreveria seu nome
mas saudade é uma coisa que consome
e deixa marcas dessas que se fazem com fogo
para nunca mais
com saudade
escreveria o mistério
os traços, os sinais
dessa chama que arde e
se extingue ao amanhecer


vinho
cigarros
livros
poemas
aí se faz uma morada
acima do tom sombrio
dessa tarde toda de ocre
criando raízes num coração oco
com todos os seus enganos
dúvidas mas também vozes
desfilando canções
porque nem tudo é triste
e a tarde é tudo
nessa sede infinita
nessa “promessa de sol
contra a solidão”.


de tarde II

quando chega a tarde
sobre as palmeiras
e longe gemem pássaros de palha

é certo que os homens
fogem da fome
de amor semeada
nas ruas onde
seus passos ficarão
de fato
na prisão do tempo

nasce um de olhos vermelhos
não do sangue
mas da luz
toda de espadas
e as faces expostas
ao sol insuportável do meio dia

pra onde vou não sei
nuvens abraçadas ao ar
sobre as espáduas

o mundo na oca cabeça oca
os mares na boca
nenhuma palavra
que saiba traçar as linhas
no azul e seus segredos
abrindo o mar
na alma de queixosos peixes

POR ENTRE SAUDADES - Por Edilma Rocha


O meu coração se encheu de expectativas ao entrar no carro rumo a Fazenda Serra Verde depois de tantos anos. Ao meu lado Ricardo e Claude e lá estávamos nós, os três entre sorrisos e prosas ao encontro de Rita, nossa guardiã da infância.
Quando saímos do asfalto e entramos  por uma  estrada de calçamento em Dom Quintino, era realmente o começo dos encontros com os antigos moradores que se instalaram por ali.

As casinhas simples de um colorido vibrante abrigavam os amigos da Fazenda que nos recebiam com alegria novamente. Um delicioso café com bolo de milho lembrava o passado e um picolé de castanha guardado no congelador demonstrava a atualidade. Nos quintais o recanto das flores, das cascas de laranjas ao sol, das galinhas e dos porquinhos como a esperar o clique de nossas máquinas fotográficas.

Registramos tudo. Tudo era festa com a nossa chegada, até o gatinho amarelo brincava de esconde- esconde com um filhote de cão por entre as pernas de Ricardo. A amizade pura entre supostos rivais já representava o caminho para a Fazenda França Livre.
E lá estávamos nós entrando na estrada de terra, antigo caminho para a Serra Verde. Não nos incomodava o sacudir do carro por entre as pedras da estrada sinuosa e empoeirada. Grande foi a emoção quando nos deparamos com o arco que faz a divisa das terras. Dali por diante estávamos na Serra Verde.  A velha estrada até a subida do Morro do Cabloco, passando pelos pastos da engorda e as ruínas do engenho de cana de açúcar.

Coração apertado e chegamos ao sangradouro do açude que nos levava até a antiga escola e depois a Igrejinha de Santa Joana D'arc. Depois da curva logo após a subida, lá estava ela, a casa da Fazenda, ainda de pé desafiando as intempéries do tempo.
Foi um momento de emoção ficar por alguns instantes a contemplar aquele lugar tão cheio de lembranças. Não mais encontrei meu pé de Cajarana com nossos nomes gravados em fantasias infantis e juras de amor e nem o colorido das flores do imponente Buganville que enchia de beleza a frente da casa. A escada rachada, as telhas da varanda que não a protegiam do sol e da chuva por inteiro e a pintura desbotada deixando visível as marcas do tempo. Mas a velha plaquinha de flandre pintada, ainda continuava ali com os dizeres " França Livre".

Escolhi para um ângulo fotográfico um monte de arames jogados num canto tal qual uma trincheira de guerra a proteger dos inimigos a vida ainda viva nos descendentes que ali passeiam. Cada canto uma saudade e a cada passo um pedaço de nossas vidas.

A sala grande com a velha estante cheia de livros, o corredor, os quartos, a sala de jantar e a cozinha com o mesmo fogão a lenha que preparou tantas delícias para nós depois das cavalgadas. Estava tudo a nossa frente, real e palpável. O quarto de Dona Janine com a linda vista para o açude e lá fora a natureza continuava exuberante. Se  lá dentro  os antigos habitantes não estavam mais ali para pintar e consertar os estragos do casarão, lá fora Deus tomou conta de tudo. No azul do açude com o morro do Cabloco refletido nele feito um espelho de luz e cada plantinha, cada flor e cada árvore.

Corri cada canto do lugar e reencontrei os moradores que permaneceram para receber com alegria os meninos das férias do passado, hoje adultos e cheios de sabedoria. Na noite coberta por estrelas a brisa fria que cobria de orvalho o verde da Fazenda como um verdadeiro milagre para preservar a beleza natural. O silencio enchia o coração de paz e tranquilidade numa verdadeira fuga do stress e novamente estávamos os três amigos irmãos sentados no sofá da sala a relembrar antigas histórias. E ao pisar o  assoalho, o ranger da velha madeira nos dava a certeza da presença de Papí, Mamí, Hubert e Janine a nos acolher novamente. A casa era a mesma, mais sem a vida de outrora e a falta das pessoas da família ficou em cada canto. O meu quarto com Dominique já não existia mais, deu lugar à ampliação da sala. Restaram o quarto de Mamí, intacto, perfeito com os mesmos móveis, o quarto de Claude com Teresa, o dos meninos e a galeria dos banheiros que ainda guarda a lembrança dos mais audaciosos fumando escondido.

Ficou a certeza da Serra Verde de antes, com Hubert produzindo com fartura, motivo de orgulho para o Cariri e a Serra Verde de agora, vazia, triste, sem vida, aqui e alí ruínas como marcos de uma história. Uma casa vazia, em dores por entre as suas rachaduras, uma casa que mora a saudade dos tempos da "França Livre", dos tempos da nossa infância ...

Edilma Rocha

de tarde

a tarde não cumpre a promessa
de sol contra a solidão
de quem espera

nuvens desenham um céu
que mal cabe no coração
de quem escreve por temor
de que o dia resulte em palavras estropiadas
poesia no escuro

olhos castanhos de um nada casto
no horizonte não vislumbram
senão a certeza de uma cidade
toda feita de memórias

com a palavra saudade
escreveria seu nome
mas saudade é uma coisa que consome
e deixa marcas dessas que se fazem com fogo
para nunca mais

vinho
cigarros
livros
poemas
aí se faz uma morada
acima do tom sombrio
dessa tarde toda de ocre
criando raízes num coração oco
com todos os seus enganos
dúvidas mas também vozes
desfilando canções
porque nem tudo é triste
na tristeza que existe

Sísifo

Entrou em casa , à noite, como se trouxesse no corpo as feridas de uma batalha. Os dias todos pareciam uma xerox de um só . Trabalho repetitivo de tabelião de cartório, imerso no cofre da fina burocracia: escrituras, registros civis e de óbitos, reconhecimento de firmas. Olhava para aquele mundão de livros velhos e sobrenadava-lhe a certeza: ali , no cartório, estava depositada a vida perdida de várias gerações. Prazeres que não foram desfrutados, viagens que deixaram de ser feitas, felicidade enfim que acabou encarcerada em páginas esmaecidas, aguardando a sanha feroz dos inventários.O estranho é que, com o passar do tempo, aquela inutilidade armazenada nas prateleiras empoeiradas começou a inundar um pouco a sua própria existência, como se seu mundo, de alguma maneira, fosse sendo também aprisionado entre carimbos e certidões. O patrão, rígido, já tinha aquela cara esquisita de formato partilha. Até mesmo o descanso do domingo adquirira uma feição cartorial: ou Faustão ou Sílvio Santos. Sentia-se, como tantos dos seus clientes, um pouco órfão, ausente e interdito. Pois foi com aquela cara de arquivo morto que entrou em casa, por volta das 20 horas. Dirigiu-se para a mesa da sala em busca do jantar, já olhando , com o rabo do olho, a rede que o esperava atravessada na varanda. Estranhamente não viu pratos , nem talhares. Súbito, a mulher saiu do quarto e, sorridente, andou em sua direção. Estava maquiada, cabelo esticado às custas de uma escovinha de última hora e vestia um longo , preto, ainda com o cheiro da loja. Pensou, rapidamente, que ela devia estar voltando de alguma festinha da escola do filho. Com a barriga protestando, pediu-lhe que servisse o jantar. A esposa franziu o cenho , não deu palavra e retornou cabisbaixa, apagando os próprios passos . Ele recostou-se na rede e ficou imaginando o que poderia ter ocorrido: alguma fofoca de vizinha, um telefonema anônimo, alguma festa em casas de amigos ou na toca daquela jararaca da sua sogra, que havia esquecido ? Antes que chegasse a alguma conclusão, ouviu uns soluços secos que ressoavam a partir das paredes do quarto. Correu para lá e deu com a esposa aos prantos, sentada na cama, com a maquiagem já toda borrada. Que diabos estava acontecendo ? Achegou-se e perguntou, carinhosamente do que se tratava:

--- O que aconteceu ,Terezinha?Você está doente? Está sentindo alguma dor ?Levantaram algum falso contra mim ? Quer que eu lhe ajude a tirar esta roupa de festa ?

Terezinha , muda, apenas chorava convulsivamente e aumentava o tom do pranto, em uma oitava, a cada nova pergunta do marido. Em pouco , a patroa parecia um soprano interpretando uma ópera desconhecida. Ele achou mais sensato parar e voltar à rede da varanda onde tentou , sem êxito, descobrir o enigma. Adormeceu em meio ao cansaço e a fome e sonhou com uma terra em formato de almofada, assolada por uma tempestade de carimbos. Despertou cedinho e retornou para a tarefa de Sífiso. Não adiantava mexer com aquela sensitiva, ressonando ainda com o vestido da véspera na cama. Ao retornar, à noite, encontrou-a ainda trombuda e só , então, descobriu o erro fatal: esquecera seu aniversário de vinte anos de casado. A esposa o aguardara, ontem, para um jantar a luz de velas e algum presentinho que relembrasse a data. Passara batido. Tentou desculpar-se , sabendo de antemão que para tal crime não haveria perdão, não tinha sursis, era inafiançável : estaria condenado ad eternum .
Tentou minar aquele coração pétreo com afagos, com uma posição diferente na cama, com um almoço arrumado de última hora e um perfume francês. Mas tudo parecia exatamente o que era : uma tentativa vã de corrigir um erro imperdoável. Usou então o argumento derradeiro , deslocou-se até uma floricultura e encomendou um bouquê de rosas vermelhas , aquelas que trazem o cor flamejante da paixão . Junto anexou um cartãozinho dourado , com dois pombinhos ,aos beijos em um dos cantos, e sapecou a cantada em letra bonita, com seu linguajar de tabelião:

“ Para Terezinha,
Meu maior bem móvel.
Amo-te
O referido é verdade.
Dou Fé .
Osvaldo"

Depois das flores o clima melhorou um pouco, as coisas foram voltando para o devido lugar. . Qualquer briguinha , no entanto, qualquer arrufo e lá ressuscita o terrível pecado de omissão :

--- Você não lembra, não ? Até nosso aniversário de casamento você esqueceu ...

Aprendeu, tardiamente, que o coração feminino tem arquivos impecáveis e de facílimo acesso. O detalhismo está profundamente entranhado naquelas almas :Terezinha perdoou , mas não esqueceu. Osvaldo comprou agenda eletrônica, marca as datas importantes no calendário sobre seu bureau, usa até a Internet, temendo uma recorrência fatal no mesmo crime hediondo. Contratou até algumas testemunhas que possam falar a seu favor em casos mais melindrosos. Percebe, porém, que como na vida, nos livros de tombo do sentimento não é possível passar procuração e nem substabelecer.


J. Flávio Vieira

Como aprender a escrever?

Manuais de escrita feitos por quem entende do riscado, oficinas literárias, jogar todas as ideias no papel. Afinal, onde e como começa o trabalho de um escritor.

Por Rafael Rodrigues

Acrescente popularização da internet nos últimos anos trouxe à tona uma verdade da qual poucos desconfiavam, mas que agora é notória: o número de pessoas que gostam de escrever e querem ser lidas é muito maior do que se imaginava. Prova disso é a quantidade de blogs criados na rede mundial de computadores.

Segundo o site BlogPulse (www.blogpulse.com), existem mais de 143 milhões de blogs no mundo inteiro - até o fechamento desta matéria -, sendo que alguns desses endereços virtuais são mantidos não apenas por uma pessoa, mas por duas ou mais, as chamadas equipes de blogs coletivos. É possível encontrar desde espaços destinados a simples desabafos sobre o dia a dia até blogs que abrigam textos longos e reflexivos sobre temas variados.

Mas o que leva alguém a escrever e publicar na internet? É possível que o grande chamariz seja a possibilidade de ter seus textos lidos por conhecidos e desconhecidos do mundo inteiro, sem muito mais trabalho que o de escrever e clicar no botão de postagem. O ato de escrever repentinamente se tornou um hábito para pessoas que antes nem sequer mantinham um bom e velho querido diário. Com tanta gente escrevendo virtualmente, não demoraria muito para que os autores da internet começassem a sentir necessidade de transformar suas páginas virtuais em páginas impressas.

Também não demorou para que as editoras enxergassem esse filão literário e em pouco tempo vários blogs foram transformados em livros ou, ao menos, seus autores foram convidados a engrossar as fileiras dos que têm livros publicados pelo modo ortodoxo nas prateleiras das grandes livrarias. Entretanto, não é preciso passar as noites rezando para que um funcionário influente de uma grande editora vá parar no humilde endereço do seu blog. Há maneiras mais fáceis de publicar seu livro.

Comparado com o crescimento vertiginoso da internet e dos blogs, pode-se dizer que essa mudança de visão foi lenta, mas na última década os avanços tecnológicos fizeram com que o processo de publicação independente de um livro se tornasse relativamente fácil. O site Clube de Autores (www.clubedeautores.com.br), por exemplo, permite que o escritor edite seu livro sem sair de casa. Basicamente, basta enviar o arquivo do original a ser publicado, definir as preferências de tamanho, montar a capa, dar preço ao volume e pronto: qualquer pessoa pode adquirir a obra através do site. Como a impressão é feita sob demanda, ou seja, o livro só é impresso se alguém fizer o pedido e pagar por ele, não há risco de que o escritor ou a empresa saiam no prejuízo.

No entanto, por mais que tenha ficado cada vez mais fácil escrever e publicar um livro sem sair da frente do computador e ainda que alguns ditos escritores imaginem que para se produzir a obra capital da literatura mundial basta ser alfabetizado, pode-se dizer que o excesso de segurança não é o forte dessa nova geração de escritores. Dessa forma, a procura por oficinas literárias aumentou - e muito. Afinal, quem tem experiência na área sabe bem que escrever não é uma tarefa fácil. 

Assim, surgiram no Brasil cursos destinados à formação de escritores. O problema é que o custo dos tais cursos é relativamente alto. Para cursar a oficina de criação literária da Academia Internacional de Cinema de São Paulo, por exemplo, é preciso desembolsar R$ 1.800,00 por cinco meses de aulas.

Mas se oficinas e cursos estão fora da realidade financeira de muitos aspirantes a novo expoente da literatura brasileira, existem saídas bem mais cômodas e em conta. Há, por exemplo, livros, parte de um gênero que poderia ser chamado de "auto-ajuda para escritores", obras que visam a motivar as pessoas a escrever e, mais que isso, ensinar-lhes a melhor maneira de fazê-lo.

A Conhecimento Prático Literatura inaugura aqui uma série de matérias especialmente voltadas para aspirantes a escritor. Resenharemos as principais obras que querem ensinar e auxiliar àqueles que pretendem se prestar à tão nobre tarefa de escrever e traremos conselhos de escritores que já estão experienciados na labuta do mercado editorial brasileiro. Aspirantes, divirtam-se.

Rafael Rodrigues é editor-assistente e colunista do site Digestivo Cultural, além de colaborador de outros veículos. Mantém o blog Entretantos (http://bravonline.abril.com.br/blogs/entretantos).

Fonte: http://literatura.uol.com.br/literatura/figuras-linguagem/33/mercado-editorial-como-aprender-a-escrever-194413-1.asp

Ulisses Germano - O poeta no Diário do Nordeste !

Diário do Nordeste

Sábado 8/1/2011


O poeta cearense Ulisses Germano: "O que escrevo faz menção às coisas que leio, vejo e escuto. Não é o erudito pelo erudito, são aprendizados adquiridos que costumo registrar"


8/1/2011

Explorar elementos com teor mais erudito na literatura de cordel é uma das propostas trazidas pelo professor e artista plural Ulisses Germano. Sua poética tem como fonte inspiradora a vida e os sentimentos humanos


Bom de prosa, Ulisses Germano arranca sonoridade das palavras e poesia de tudo aquilo que vê ou sente. Cordelista, artista plástico, professor, músico e poeta, ele tira de suas próprias experiências de vida a inspiração necessária para seus cordéis. "Retiro muitos elementos da cultura nordestina. Escrevi um folheto chamado ´A História do Espinho que Furou os Olhos de Lampião´. Nesse cordel, dou voz e vez ao Espinho que expõe o seu discurso sobre a temática do cangaço que envolve muito lirismo, mas também fraudes, crimes e corrupções. O espinho de quipá encontra no meio de uma cancela um corrupto que começa a execrar a imagem de Lampião".

O cordelista completa: "muita coisa tem sido escrita sobre o cangaço, então eu resolvi escrever essa fábula. O corrupto tenta subornar e comprar o Espinho. Ele se enfurece e depois se acalma tentando explicar para o deputado corrupto que tem muita gente que confunde memória curta com consciência tranquila. No folheto ´A Poética da Indiferença´, eu e Josenir Lacerda defendemos a tese de que o oposto do amor não é o ódio: é a indiferença. No ódio você ainda identifica o objeto odiado: ´Eu lhe odeio!´. Na indiferença o objeto é negado com mais perversidade. É lógico que um assunto tão abrangente como esse não pode ser abordado em sua inteireza nos 32 parágrafos de um folheto, mas o cordel também pode ser catarse".

Da parceria com a amiga e também cordelista Josenir Lacerda, ele faz emergir belezas como a "Poética da indiferença", a "Poética da inveja" e a "Poética do cangaço". Além das produções individuais: "A quintessência da existência" e o já citado "A história do espinho que furou o olho de Lampião".

Há quatro anos, o professor vem se aventurando pela literatura de cordel. Paixão antiga que lhe segue desde os tempos de menino. "Nunca na vida tinha me atrevido a fazer versos obedecendo à métrica e à rima. Um dia a poetisa Josenir Lacerda lançou um desafio de escrever um folheto de cordel em parceria. No começo eu relutei, mas Josenir tem a maestria do convencimento e eu acabei acreditando que realmente poderia fazer um cordel. Portanto, meu primeiro cordel foi escrito em parceria com ela", explica. Por entre métricas e rimas, Ulisses Germano recupera lembranças ou, simplesmente, solta versos sobre amores, política, seres inanimados e pessoas reais. O cordel é aquilo que o torna leve. É o que lhe faz expurgar as dores e os rancores. Não é literatura inferior, como se apressa em dizer, mas a vida ritmada. De feitura tão difícil como um soneto.

"Uma boa amizade/ irmanada no respeito/ dura uma eternidade/ não deixa marca no peito/ o amor é uma semente/ que nasce dentro da mente/ que ama de qualquer jeito/Não é fácil conviver/ muito menos preservar/ o bom amigo quer ver/ o outro amigo lutar/ sem invejar seu sucesso facilita o processo/ que conduz ao verbo amar" (um trecho de "A quintessência da existência").

Encantamento

Nascido em Iguatu e radicado no Crato, Ulisses Germano herdou dos avós, o clarinetista José Facundo e a bandolinista Ormecinda Correia, o amor pelas artes. Sentimento que lhe fez explorar diferentes áreas artísticas. Já criou na música, na literatura e nas artes plásticas. Uma imersão que o possibilita reinventar sua arte.

A favor de um cordel que fuja do "matutês", como gosta de enfatizar, Ulisses Germano traz para seus cordéis elementos e temáticas mais acadêmicas. "Meus amigos brincam comigo que meus cordéis precisam de notas de rodapé. O que escrevo faz menção às coisas que leio, vejo e escuto. Não é o erudito pelo erudito, são aprendizados adquiridos que costumo registrar".

Para ele, o cordel é um universo cheio de encantamentos. O primeiro, em sua opinião, diz respeito ao formato dos folhetos ilustrados por xilogravuras. "Considero o cordel o nosso primeiro livro de bolso. Os que são produzidos pela Academia dos Cordelistas do Crato e pela Lira Nordestina de Juazeiro do Norte ainda preservam a antiga tradição de confeccionar artesanalmente os folhetos. E isso me encanta. É Arte!".

Quanto aos outros encantamentos apontados por Ulisses, estão a métrica e o ritmo que as palavras rimadas impõem para a cadência de sua leitura. "Um cordel bem lido é pura música. Todos os assuntos podem ser abordados na literatura de cordel. Nunca podemos esquecer que essa arte é fruto da oralidade, e a multiplicidade de temas abordados por esse estilo de escrever ao longo dos anos atestam essa verdade".

Para este ano, o cordelista prepara vários projetos, perpassando diferentes campos artísticos. "Estou também produzindo trilhas para filmes documentários: ´Fundação Romualdo´; ´Um milagre paleontológico de Bola Bantim´; ´Professor Álamo da URCA´; e ´Água pra que te Quero´, da fotógrafa Nívea Uchôa. Todos serão lançados este ano. Meu mais recente cordel é intitulado ´A Proeza do Peixe Pedra´".

Ulisses Germano diz adorar esta alcunha: "Peixe Pedra! E como não poderia deixar de ser, eu também dou voz e vez para o Peixe Pedra que tem a mania de declamar sextilhas: O passado é infinito/ O futuro também é / A origem está no mito /Da Ciência e da Fé / No longo e lento atrito / Da pedra com a maré".

ANA CECÍLIA SOARES

REPÓRTER

Sacerdotisa

para Socorro Moreira

A tua túnica revela-se encantada
quando o teu sorriso atinge
céus, nuvens, pássaros

e mesmo silenciosa
(formulando nova magia)

dançam teus olhos
risonhos e dóceis

ora sobre o dorso de uma andorinha,
ora nas cintilantes curvas do arco-íris.


(beijo carinhoso minha amiga)

Pensamento para o Dia 08/01/2011


“Os tolos que não conseguem compreender a Verdade, que não podem reconhecer a Divindade e o poder de Deus, que não têm fé em Deus, vivem na ilusão de que seus planos vão salvá-los e que podem triunfar pelo seu próprio esforço! O fato é que nem mesmo o menor sucesso pode ser conseguido sem a graça de Deus. Embora isso seja verdade, não devemos ficar com as mãos postas, acreditando que uma coisa acontecerá se e quando Deus quiser. O esforço humano é essencial e todos devem se esforçar. Você deve usar a força e a habilidade que é dotado e ser resoluto para continuar com o trabalho, depositando em Deus a responsabilidade pelo sucesso. Pois, sem a graça de Deus, todo o esforço será infrutífero.”
Sathya Sai Baba

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“Quando você alcançar a realização, sua vida será saturada de inexcedível bem-aventurança Divina (Ananda) e experimentará a unicidade de pensamento, emoção e conhecimento com todos. Você estará em êxtase, imerso no primeiro e único, o Eterno Princípio Divino, pois somente isso pode conferir a alegria. Essa é a verdadeira alegria, não há outra. Deus é a personificação da alegria eterna, pura. Os fiéis a Deus aceitam o axioma de que "Deus é a maior fonte de alegria".”
Sathya Sai Baba