Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Na roda da prosa
Café de versos

Sexta- feira é noite de seresta ....

Pérola da MPB

Correio Musical

Desconto - José do Vale Pinheiro Feitosa

Estava em algum lugar. Sem longitude e latitude. Graus a norte, sul, leste ou oeste. Mas estava e isso é a realidade. Saber-se em que lugar exato se encontra não diz mais da realidade do que por lá se encontrar. E estava em algum lugar. Qual? Não se sabe!

Era um tempo de estar no mundo. Sem datas e contagens. Horas do dia, minutos ou segundos. Mas ele está e isso é a verdade. Anotar o tempo exato dele no mundo não traduz a verdade dele estar no mundo.

Algo lhe motivava ali em um tempo qualquer. Sem preliminares e explicações. Porquês, ainda que ou apesar. Descobrir os motivos exatos que o mantinha ali por aquele tempo, não explica a cena. Não traduz o móvel de sua permanência.

Chegou a algum lugar num tempo qualquer por motivo indefinido. Sem narrativas e perguntas. Subterfúgios, estratégias e práticas. Como chegaria ou sairia por algum motivo daquele lugar nalgum tempo nada mais acrescenta que chegou.

Ele chegou motivado a algum lugar num tempo qualquer. Sem nomes e sobrenomes. Nacionalidade, província ou família. Descobrir quem ele é não diz mais do que ele é. Estando em algum lugar, num tempo de estar no mundo, por algum motivo com uma prática retirada do imediato, não se acrescenta nada ao conto.

Mas seria uma boa teoria literária ou um bom texto jornalístico. Sem as célebres perguntas: quem, quando, onde, por que, como?

Rabanadas de Natal


Ingredientes

- 200 ml de leite de coco (1 garrafa)
- 1 lata de leite condensado
- 1/2 xícara (chá) de leite
- 10 fatias de pão amanhecido

- 5 bolas de sorvete de creme

- 3 ovos bem batidos com canela em pó a gosto

Modo de Preparo

Modo de Preparo

1º - Numa tigela, misture leite de coco, leite condensado e leite. Nesta mistura, umedeça 10 fatias de pão amanhecido (coloque de 2 em 2 fatias por vez).

2º - Coloque uma bola de sorvete de creme entre duas fatias de pão umedecido fazendo um "sanduíche". Aperte bem, fechando as laterais e passe o "sanduíche" em 3 ovos bem batidos com canela em pó a gosto. Embrulhe em papel filme. Repita este processo com as outras fatias de pão e o sorvete, formando mais 4 "sanduíches" e embrulhando-os. Leve-os para o freezer por 24 horas. 

3º - Retire os "sanduíches" do freezer e passe no tempurá de guaraná (receita abaixo). Frite em óleo quente até dourar.

OBS: neste processo, o recheio permanece gelado e a crosta fica crocante por fora.

Tempurá de guaraná (para empanar)

Ingredientes: - 1 lata de guaraná gelado - 1 colher (chá) de fermento em pó - 200 g de farinha de trigo 

Modo de Preparo:

1º - Numa tigela, misture guaraná gelado e farinha de trigo. Depois, adicione fermento em pó até obter uma mistura cremosa.

* Rendimento : 5 porções

http://receitas.maisvoce.globo.com/Receitas/Doces_Sobremesas

Cariricaturas - Edição especial-Fotos de Pachelly Jamacaru

Título e capa, em estudo ( aceitamos sugestões)





Prefácio de José Flávio Vieira
Contracapa de José do Vale Feitosa


-Sem ônus para os escritores.
-Número de textos por autor : 2 + release + fotografia
-Reciprocidade : 5 livros para cada autor.


Autores convidados: todos os nossos colaboradores !


-Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella ,até no máximo, 15 de Dezembro de 2010.
-Fase de revisão : o tempo necessário .

- stelasiebra@yahoo.com.br

Inesquecível !

Página da Mitologia - Andrômeda


www.google

Filha de Cefeu, rei da Etiópia, e de Cassiopéia, Andrômeda foi vítima da hybris, do descomedimento da mãe, que pretendia ser mais bela que todas as nereidas, ou mais bela que a própria deusa Hera, conforme a versão.
As nereidas (ou Hera), inconformadas e enciumadas, solicitaram a Posêidon que as vingasse da afronta. O deus do mar enviou contra o reino de Cefeu o monstro marinho Ceto, que o devastava por inteiro. Consultado o Oráculo de Amon, o deus declarou que a Etiópia só se libertaria do flagelo se Andrômeda fosse agrilhoada a um rochedo à beira-mar, como vitima expiatória ao monstro, que a devoraria. Pressionado pelo povo, o rei consentiu que a filha fosse exposta, como Psique, "às núpcias da morte".
Exatamente nesse momento, o herói Perseu, retornando de sua vitoriosa missão contra a Medusa, chegou ao reino de Cefeu e se apaixonou por Andrômeda. Prometeu ao rei que a salvaria, caso este lhe desse a filha em casamento. Feito o pacto, Perseu, usando suas armas mágicas, libertou a noiva e a devolveu aos pais, aguardando as prometidas núpcias.
Cefeu e Cassiopéia colocaram, porém, dificuldades, porque a jovem já fora prometida em casamento a seu tio Fineu, irmão de Cefeu, que planejou eliminar o vencedor do monstro marinho. Descoberta a conspiração, Perseu mostrou a cabeça de Medusa a Fineu e seus cúmplices, transformando-os em estátuas de pedra.
Uma variante do mito mostra o herói em luta não contra Fineu, mas contra Agenor, irmão gêmeo de Belo. É que Agenor, instigado por Cefeu e Cassiopéia, que se haviam arrependido da promessa de dar a filha em casamento ao herói argivo, avançou cotra este com duzentos homens em armas. Após matar vários inimigos, já cansado de lutar, Perseu petrificou os demais com a cabeça da Medusa, inclusive o casal real.
Em uma interpretação evemerista, contada pelo mitógrafo Cônon, do século I a.C., Cefeu seria rei de Iope, nome antigo da Fenícia e Andrômeda era cortejada por Fênix, epônimo da Fenícia, e por Fineu. Após muitas tergiversações, o rei decidiu dá-la em casamento a Fênix, mas, não querendo desagradar ao irmão, simulou um rapto de Andrômeda. Este se consumaria numa ilhota onde a jovem costumava sacrificar a Afrodite. Mas em sua célebre nau Ceto, Fênix raptou a noiva, que ignorando tratar-se de uma encenação destinada a enganar o tio, gritou por socorro. Perseu, que por ali passava, apaixonou-se por ela, invadiu a Ceto, petrificou os marinheiros e levou consigo Andrômeda, qu se tornou rainha de Tirinto.

Frases de Rainer Maria Rilke

"No mundo, a coisa é determinada, na arte ela o deve ser mais ainda: subtraída a todo o acidente, libertada de toda a penumbra, arrebatada ao tempo e entregue ao espaço, ela se torna permanência, ela atinge a eternidade. (...)"

§

"Quero viver como se o meu tempo fosse ilimitado. Quero me recolher, me retirar das ocupações efêmeras. Mas ouço vozes, vozes benevolentes, passos que se aproximam e minhas portas se abrem..."

§

"Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, a dizer o que vê, vive, ama e perde. (...)"

Dançarina Espanhola- Rainer Maria Rilke



Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.

E logo ela é só flama, inteiramente.

Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com a arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.

Então, como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.

(Tradução: Augusto de Campos)

Rainer Maria Rilke



Rainer Maria Rilke, por vezes também Rainer Maria von Rilke (Praga, 4 de dezembro de 1875 — Valmont, Suíça, 29 de dezembro de 1926) foi um dos mais importantes poetas de língua alemã do século XX. Escreveu também poemas em francês.



A Pantera
No Jardin des Plantes, Paris

De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.

A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.

De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.

(Tradução: Augusto de Campos)

Severo e a Guerra Can-Can


Semana passada, Matozinho parou literalmente para acompanhar , pela TV , a guerra contra o tráfico nas favelas cariocas. O súbito interesse pelo assunto tinha sua raízes em razões modernas como o fascínio pela mídia, como em qualquer outro lugar desse mundão de meu deus, mas , também, em outras bem mais profundas e históricas. Por incrível que possa parecer, o Morro do Alemão, a Penha, a Rocinha são fronteiriços a Matozinho. É que a miséria e a desassistência do estado tornam todos viventes muito próximos e parecidos. A pobreza, como a morte, irmana e iguala muitos num estranho socialismo . Claro que a pobreza é produzida para alguns e a morte, muito mais igualitária, reúne todos numa mesma lápide, no mesmo nada, no mesmo esquecimento. Um outro fato a aproximar Matozinho dos cariocas: incontáveis matozenses vivem nas favelas do Rio, no comércio ambulante, como crediaristas. De alguma maneira, pois, a Guerra Civil carioca mexia diretamente com a Vila e sua economia.
As operações militares envolvendo Polícias Militar, Civil, Federal e o Exército, remeteram, também, imediatamente, a Vila a períodos conturbados da sua história. Os mais velhos lembraram rapidamente dos tempos do velho Pedro Cangati, aí pelos idos de 1950. Pedro fora chefe político local e desencadeara uma verdadeira guerra contra uma família de Serrinha , cidade vizinha : os Cangulo. As primeiras desavenças começaram por conta de briga no espaço político da região e acirraram-se ainda mais por contra dos Cangatis e Cangulos serem parentes próximos. A Guerra Cangati-Cangulo ficou conhecida como Can-Can. Hordas de pistoleiros campeavam naquelas brenhas , de lado a lado, e , em menos de dez anos, já se computavam mais de cinqüenta mortes . A vendetta acometia quase que proporcionalmente as duas famílias envolvidas. Com o passar dos anos, a questão se foi arrefecendo uma vez que a cara manutenção dos dois exércitos acabou por derrotar financeira e politicamente os dois contendores.
Pois bem, amigos, começamos pelas beiradas, como quem come mel quente, saído da passadeira. Imaginem a aflição de um destacamento policial, em Matozinho, em plena Guerra do Can-Can . Eram meros cinco soldados , armados de espingardas soca-soca e jardineiras, totalmente despreparados e mal acostumados, postos a enfrentar exércitos de jagunços perigosos e peçonhentos. Entre estes, havia uma folclórica figura , conhecido de todos: Severo. Apesar do nome de soldado espartano, Severo não fazia por merecê-lo. Franzino, magricela, alto, parecia um “Mané-Magro de Jurema”. Salvo ,por pouco ,de uma tísica na adolescência, Severo carregava aquele corpo de mamulengo, meio desengonçado. Sentara praça na polícia por mera falta de opção. Já perto da aposentadoria , dizia-se, a boca miúda e grande, que nosso militar, durante toda sua carreira, jamais prendera ninguém. Evitava enfrentamentos e operações em que tivesse que fazer campana sozinho. Pelo soldo pequeno que recebia, compreendia-se a dificuldade de atos de patriotismo e heroísmo exacerbados.
Quando apelado a exercer suas funções repressivas, Severo dava sempre um jeito de chegar atrasado. No máximo, tentava uma psicoterapia á distância, tentando convencer o bandoleiro a se entregar, a acompanhá-lo, mas sempre mantendo distância regulamentar. Do seu lado, ele usava técnicas de marketing, mostrando aos circunstantes a dificuldade da sua função, informando que se lá fosse e desse uma surra no acusado, a própria sociedade o condenaria, os direitos humanos viriam puxar sua orelha. A conversa se prolongava até que o baderneiro, ou bêbado resolvesse ir embora. Mesmo assim, Severo o acompanhava, sempre à distância, dando ordens de “Teje Preso”, até que o malandro se escafedesse. Depois, o soldado fazia uma relatório informando aos superiores a impossibilidade da prisão, uma vez que ao sentir seu poder de fogo, o desordeiro , com medo, fugira em desabalada carreira.
Matozinho, diante das operações dramáticas, no Morro do Alemão, remeteu-se, diretamente à mais heróica façanha do nosso Severo. No auge da Guerra Can-Can, alguns pistoleiros dos Cangulos, após uma chacina em Bertioga, se acoitaram numa casa estrategicamente construída na subida da Serra da Jurumenha. O lugar era militarmente privilegiado, num alto, com ampla visão em 180 graus de todo o horizonte. A polícia de Matozinho foi chamada para enfrentar os bandoleiros e, ao se aproximar do local, perceberam, claramente, que se tratava de uma tarefa perigosa e dificílima. Os facínoras atiravam sem parar com rifles papo-amarelo. No meio do destacamento estava nosso corajoso Severo que, mais que rapidamente, percebeu a enrascada em que estava metido. Mal chegaram no pé do morro, sob fogo cerrado, viram ser alvejado um pobre agricultor que ali passava, tardizinha, de volta da roça. Como Severo mesmo comentou: “a bala bateu no homem e ele caiu de cu trancado, nem estrebuchou”.
Severo, então, resolveu, num átimo, estabelecer a tática que mais havia treinado durante tantos e tantos anos: a retirada. Aproximou-se , se arrastando, do colega mais próximo , em meio ao ziguezaguear das balas e informou:
--- A coisa tá difícil ! Sustentem o fogo que vou buscar reforço !
Ao anoitecer, ainda sem poder tomar chegada, os soldados viram, por fim, os pistoleiros fugirem sem deixar rastro. Foram escapando , um a um, pelas portas dos fundos. Os que ficavam, continuavam a atirar em diversas janelas, dando a impressão que o batalhão ainda estava todo lá em cima. Por fim, o último escapou e só ao amanhecer o destacamento deu pela fuga da tropa. Já era muito tarde !
Em todo episódio, só houve uma baixa: a do agricultor. Sim, houve ainda um ferido leve: Severo ! Ele cortou o dedo enquanto, sentado no chão, escondido no canavial, vizinho à casa, descascava cana para chupar, enquanto as balas , por cima, cortavam as folhas e ele esperava por um reforço que não chegava, talvez porque não existisse e , mesmo se houvesse, sequer havia sido acionado. Foi garapa !


J. Flávio Vieira

"Pombos-correio" - José Nilton Mariano Saraiva

“Decisão política” - por parte dos governos Federal/Estadual - este o ingrediente que faltava a fim de restabelecer a ordem pública e garantir o ir e vir das pessoas trabalhadoras e honestas, humilhantemente acuadas pelos agentes do tráfico nas íngremes ribanceiras dos morros cariocas.
A partir do momento em que tomaram tal decisão, intervindo pra valer nas favelas do Rio de Janeiro, através do efetivo policial da cidade e com o decisivo e inestimável apoio de soldados e blindados das Forças Armadas, o “braço-operacional” do tráfico sofreu um contundente revés e se acha, temporariamente, imobilizado, fora de combate.
É bem verdade que não faltaram, na oportunidade, as estapafúrdias manifestações dos plantonistas estafetas do caos e do quanto pior melhor, que, incontinente, trataram de desqualificar a operação, alegando uma suposta inconstitucionalidade. Debaldemente, já que o artigo 142, Título V, Capítulo II, da Constituição Federal, garante o que foi feito.
Não nos iludamos, no entanto, com a aparente calmaria. Muita água ainda há de correr por debaixo dessa larga e extensa ponte.
Sim, porque agora é que vem a parte mais difícil, complicada e emblemática da luta contra o tráfico: extirpar, decapitar de vez as dezenas de “cabeças-pensantes” que, mesmo trancafiadas nas tais “prisões de segurança máxima”, determinam à arraia-miúda (operadores do tráfico) o “COMO, QUANDO E ONDE” atacar. Como isso é possível, se estão reclusos, presos a dezenas de quilômetros e, portanto, "incomunicáveis" ???
Aqui é que entram em ação os indesejáveis e malévolos “pombos-correio”.
Como nossas leis e códigos são caducos, frouxos, repletos de brechas e pra lá de benevolentes para com a marginália, embora os tais presídios sejam denominados de “segurança máxima” existe a permissão para que as “cabeças-pensantes” do tráfico recebam “visitas íntimas” (mulheres e namoradas) e mantenham contato direito com os seus defensores (na verdade, advogados comprovadamente mafiosos). E é principalmente através desses dois agentes visceralmente antagônicos, que telefones celulares, de última geração, lhes são disponibilizados e, na via inversa, orientações são levadas/repassadas para os diversos “multiplicadores” que se acham do outro lado da muralha (o “braço operacional” do tráfico). Todos sabem disso, inclusive e principalmente as autoridades constituídas, mas falta, aqui, a tal “decisão política” (pra complementar aquela) a fim de que se consiga viabilizar o regime conhecido por “tolerância zero” (nem que para tanto se tenha que alterar os normativos e – por que não ??? - a própria Constituição Federal, já que o Estado é afrontado por uma excrescência. Por que não fazê-lo, se toda uma nação será beneficiada ???).
“Tolerância zero” significa, por exemplo, acabar de vez com os tais “indultos” (no Natal, Fim de Ano, Semana Santa, etc) que implica na liberação dos presos para “congraçarem” com a família (já está mais que provado que a maioria dos beneficiários não retorna ao “ninho”, mas, paradoxalmente, volta a delinqüir e com a mesma constância); significa revistar, sim, minuciosamente (já que se trata de um exceção), os advogados dos traficantes (na entrada e saída das visitas) e, se possível, guardar distância entre eles e os clientes, através de alguma barreira física que impossibilite o repasse de algum objeto e/ou “papers” depositários de orientações mafiosas (e, se possível, gravar as conversas, já que também comprovado restou que os “doutores-advogados” se prestam a funcionar como irresponsáveis, saltitantes e inescrupulosos “pombos-correio”); significa acabar de vez com as tais “visitas íntimas”, que teoricamente objetivam a que os “coitadinhos” satisfaçam suas necessidades sexuais (também já se constatou que algumas desses mulheres introduzem o “celular” em uma certa parte íntima do corpo, dentro de um saco plástico, “descarregando-o” durante o encontro); significa abolir de vez com essa tal de “regressão da pena” para os considerados de bom comportamento, fazendo-os cumpri-la na integralidade (ora, se o “distinto” foi apenado a 200 anos de prisão é porque foi considerado de alta periculosidade; então, por qual razão solta-lo após módicos 30 anos ou então fazê-lo cumprir dois terços, um quinto ou qualquer um outro abrandamento divisor da pena ???); significa não permitir que se traga de fora do presídio refeições requintadas e nababescas, acompanhadas de bebidas, financiadas pelo dinheiro do tráfico (tem que comer o que todos comem, e fim de papo); significa, enfim, além do isolamento em uma cela individual, não permitir-lhes acesso a jornais, revistas, televisão e qualquer vínculo com o mundo exterior. Em resumo, tolerância zero significa isola-los do convívio com as pessoas normais, levando-os a refletirem sobre as covardias praticadas.
Enquanto tais medidas não forem tomadas, enquanto não houver o necessário e devido enquadramento, enquanto não prevalecer o rigor, estaremos, nós outros, sujeitos a ouvir, do interior de uma dessas “prisões de segurança máxima”, via celular, a voz impassível, fria e serena do “poderoso” Fernandinho Beira Mar, determinando a um dos seus subalternos, lá numa das favelas cariocas, que o “traidor”, que houvera sido capturado momento antes tenha uma das orelhas decepadas, ali, na hora e, em seguida, seja obrigado a engoli-la, mastigando-a (e isso foi feito e o áudio veiculado pela TV).
Ou, se preferirem coisa mais “amena”, que tal continuar a assistir ônibus serem parados em plena via urbana, suas portas e janelas trancafiadas e seus inocentes e infelizes usuários serem queimados, vivos, sem qualquer chance de fugir daquele inferno (como ocorreu anos atrás, também no Rio de Janeiro) ???
“Tolerância zero” deveria ser, pois, a palavra de ordem, a ação imediata, o modus operandi a ser acionado nesse momento decisivo de enfrentamento do tráfico.
Chegaremos lá ???
Dificilmente, já que pairam dúvidas sobre o comportamento de determinadas figuras do nosso Poder Judiciário, sempre solícitas e disponíveis a encontrar uma brecha, achar um atalho qualquer que privilegiem marginais graduados.
Ou vocês já esqueceram do que o ministro Gilmar Mendes fez em favor do Daniel Dantas ???

Correio Musical - "Pétala" da MBP

Livro de Vida- Por Rosa Guerrera


Todo Natal eu envelheço cronologicamente mais um ano , e se fosse calcular quantas folhinhas já arranquei no meu calendário de vida , por certo daria um livro com um bom número de páginas.
É curioso a gente pensar como esse eterno clandestino chamado TEMPO se infiltra lentamente nos nossos dias , no nosso físico , nas nossas experiências e nos nossos valores .
Abrimos e fechamos cortinas com paisagens diferentes , recebemos vaias e aplausos nos palcos da vida ,conhecemos o frio da solidão , o ardor das paixões,o renascer de esperanças, e nos descuidamos na maioria das vezes de olharmos o relógio do tempo que por sua vez caminha seus ponteiros mais e mais para a frente .
Lembro os meus vinte , trinta , quarenta anos , como se tivessem acontecido ontem, mas que num piscar de olhos passaram por mim num correr tão vertiginoso como o escoar da água por entre os dedos.
Caminhei muitas estradas, plantei muitas flores ,chorei muitas despedidas , criei atalhos, ultrapassei muitos obstáculos, e fui também derrotada em muitas batalhas que a vida me presenteou.
Muitas histórias eu teria hoje para contar...mas o tempo urge e eu preciso continuar .
Seria uma deslavada mentira se eu afirmasse que não carrego nas costas uma grande mochila cheia de saudades , mas inútil também seria pensar em retroceder um tempo que já se foi.
Joguei todos os jogos que a vida me convidou a participar sem jamais me vestir em glórias quando saía vencedora .
Arquitetei sonhos que se desmoronaram no primeiro impacto de uma decepção .
Caí inúmeras vezes , e outras muitas prossegui a caminhada mesmo repleta de profundas cicatrizes .
Quantas e quantas pessoas passaram na minha vida , e em quantas vidas eu também passei !
Quantas partiram sem um adeus ,e quantas vezes parti também sem me despedir !
Cada ruga hoje no meu rosto parece carregar uma história bem ou mal vivida .
Todo Natal , é verdade que envelheço mais um ano , mas sei que ainda possuo no meu livro de vida , algumas páginas em branco , e certamente antes de encerrá-lo muitas outras histórias eu ainda terei tempo para viver e contar .

por rosa guerrera

Pérola dos bastidores- Por Aloísio


A natureza inteira
Mostrando suas criaturas
Tizius, graúnas, passarim e afins
Aqui no Cariricaturas

... E por falar em passarinhos... - Aloísio

Pássaros


Pássaros passando voando
O bem-te-vi ficou aqui
O sabiá canta lá onde tem palmeiras
O canário da terra em qualquer lugar

Na ingazeira canta a coleira,
O papa-capim na cerca de arame
O guriatã no cacho da bananeira
Junto ao sofrer que é só no nome

O estevão com seu canto imponente
Aqui também mostra seu cantar
Outro passarinho de menor porte
É o curió, que não pode faltar

Pássaro preto como era bom
Ouvir de longe seu lindo cantar
Mas agora só ouço cantar dos pneus
E buzinas de carro a me aporrinhar



Aloísio

Nas águas mansas do Cariricaturas - por Socorro Moreira



São pássaros que aqui pousam
Cariricaturas, Blog  verde de folhagem rosa
Cariricaturas do Vale que amamos
Das imagens
Rocha, poesia da luz.
De Belo chiar, correm nossas águas,
Lima  a graúna,  flor do seu cantar.
Ali mais terra
Severamente

É Verso.
Ardo,
num sentimento múltiplo.
Lupa e Demos
Iluminando o mundo
Bradam,  hibernam
no mosteiro sacro
vozes e melaços
num feliz enlace

Uma flauta toca ...
Ouviram?
-Nosso  dó maior

Maga sorte
Esmeralda pedra

Estrela nos olhos
dos menestreis de agora


alô
Isso ainda é pouco
Faltam-se tantos
É porque são muitos!

Brincadeira poética
Carinho sem brincadeira
de uma amoreira, no solo
da Figueira.


Foto de Pachelly Jamacaru

Participem da brincadeira fazendo uma  leitura  !

A Graúna

Queira me desculpar se sou um canalha
mas creia que todos os meus pecados
eu forjo sob a graça da candura.

As minhas botas não me olham com desprezo
então por que me olharia sua alma?

Por falar em botas,
penso no meu pégaso
que nunca pastou estrelas

(nem sobre os telhados
muito menos na varanda)

Perdoe-me por mais essa mentira.

Se você contasse as vezes que sorri (meio
debochado) perceberia que eu escondia
meus dentes amarelos e tristes

(como pode um poeta feliz
se o sorriso é tosco?)

Na verdade esqueça essa tolice
dentes amarelos e riso triste

pois só escrevo nesta madrugada
para lhe contar como estou agora
(sentado no pufe, a língua de fora
balançando-me as pernas
ouvindo o ventilador)

Aproveito e lhe digo
que certamente terei muito tempo
de calçadas debaixo das minhas botas.

Mas quando eu partir espero
um leve sorriso no rosto.

Debochado,
mas doce.

Papo de Passarim - Claúdio Nucci e Zé Renato






Papo de Passarim
Cláudio Nucci & Zé Renato
Composição: Zé Renato/Xico Chaves

Tiziu pulou no ar e cantou
Se canta avisa bem que já viu
O seu amigo noutro capim
É papo de passarim
É papo de passarim

Assim de pé no ipê deve ter
Assim de ipê de pé deve ter
Pra colorir o mato pra mim
O mato é bom passarim
Num mata não passarim
Passarim

Clareia o dia
É festa, é cantoria na luz do sol
E tudo fica mais verde
Vim te ver como um bem-te-vi
É isso que eu quero sim
Faz a cantiga pra mim
Passarim
Passarim

Tiziu... passarim

Clareia... passarim

Poesia e canção

Passarim
Tom Jobim
Composição: Antonio Carlos Jobim / Paulo Jobim

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração..
Que me devora o coração..
Que me maltrata o coração..
Que me maltrata o coração..

E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo? A água apagou
E cadê a água? O boi bebeu
Cadê o amor? O gato comeu
E a cinza se espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou?
(Passarim quis pousar, não deu, voou)

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..

Cadê meu caminho? A água levou
Cadê meu rastro? A chuva apagou
E a minha casa? O rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta então, me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
E a luz da manhã? O dia queimou
Cadê o dia? Envelheceu
E a tarde caiu e o sol morreu
E de repente escureceu
E a lua, então, brilhou
Depois sumiu no breu
E ficou tão frio que amanheceu
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar não deu
Voou, voou, voou, voou, voou

Uma pérola da MPB



Para quem acredita nas asas da paixão,
e no pouso sereno do amor
Sem gaiolas !

socorro moreira

A poesia do nosso escritor ASSIS LIMA - Foto de Pachelly Jamacaru



Sonho botânico

Há quem se sonhe árvore
à sombra da qual
o animal repouse.
A avó que conheci
plantava bogaris
e cultivava mamonas.
Uma vez a surpreendi
brincando de voar com os passarinhos.
Assim a vejo e a tenho.
Meu avô plantava tabaco.
Era a sua planta de poder.
Raras vezes cantava,
e, ao fazê-lo,
tal uirapuru,
calava as outras aves,
a escutá-lo.
Meu pai sabe a angico,
ao bom angico,
com sua densa e saborosa resina.
Minha mãe, perfumada caroba,
me rimava com cravo e alecrim.
Só Jesus é tão cravo.
Só José alecrim.
Pela carne da macaúba,
pela polpa do pequi,
pela massa do jatobá
desasnei
e sobrevivi.
Há quem viva à sombra
das carnaúbas,
da samaúma,
do juazeiro,
da figueira
ou do salgueiro.
Mas, como diz um mestre
das plantas medicinais,
toda planta é sagrada,
mesmo os matinhos mais simples.
Folheando um manual de botânica,
encantei-me com o ramo
rico e polimorfo das solanáceas:
ervas,
arbustos,
árvores,
trepadeiras,
tão brasileiras.
O tomateiro,
o pimentão,
várias pimentas,
a beladona
e as ornamentais.
A vida ornou-me
e o sonho valeu-me.

(Assis Lima )

Retalho - poema inédito do grande Assis Lima






Eu ia por um caminho
(e tu também),
avistei um passarinho
que me habitou menino,
e da memória
(seu ninho)
já não pude removê-lo,
e até o vejo
pousar no galho
(que oscila ao seu peso),
girar o bico,
inflar a graciosa coleira
e depois
voar
no arvoredo.

Por Cacá Araújo


LA FELICIDAD

Chegará el tiempo
en que las bestias feroces
serón devoradas por la ira de los bravos
y el amargor de la miseria
non mas manchará nuestras noches

El tiempo
en que ofertaremos balas al emperador
non tardará

Non tardará el tiempo
en que nuestros ojos serón felices
e nuestros bezos serón dulces

Chegará el tiempo
en que nuestros deseos serón plata
y seremos ardientes...

Nuestros hijos
poderón sorrir todo el sorriso
que tienen para sorrir

El tiempo chegará...


Cacá Araújo

Renoir


Pierre-Auguste Renoir
Pierre-Auguste Renoir (Limoges, 25 de fevereiro de 1841 — Cagnes-sur-Mer, 3 de dezembro de 1919) foi um dos mais célebres pintores franceses e um dos mais importantes nomes do movimento impressionista.















 

O Wikileaks é apenas uma novidade - José do Vale Pinheiro Feitosa

Trabalhando num texto sobre a Guerra do Ogaden em 1977 pude perceber o quanto o mito da bipolaridade da Guerra Fria é cheio de furos de interpretação. Naquele tempo o manto ideológico que cobria todo o noticiário (que representa de alguma forma uma espécie de micro-história) se resumia a capitalismo e comunismo, explicando a visão bipolar. Na verdade havia um grande desarranjo em todas as sociedades mundiais e estas, mesmo que seguindo alguns movimentos centrais da União Soviética e dos EUA, tendiam para se dispersar e se alinhar numa lógica nem sempre explicada pelos dois centros. Havia contradições nesse movimento com os tais núcleos, no caso, por exemplo, qualquer um imagina que União Soviética e Cuba estiveram ao lado da Etiópia num alinhamento automático, mas hoje se sabe que Cuba contrariou o centro hegemônico na sua ação.

Uma questão que confunde muito o cidadão nesta micro-visão do dia-a-dia do noticiário em parte é devida ao que se identifica como a interdição do debate público feito pelas mídias tradicionais, estas se tornando a mediadora entre o público e o poder. Isso representaria uma seleção de interesses que se estreitariam entre o poder e as empresas de comunicação, excluindo parte da informação ou dando-lhe interpretações muito aquém ou além do interesse público.

A internet parece ter furado este paradigma, digamos assim, da interdição pública. Os cidadãos passam a ter acesso direto, a trocarem visões horizontalmente (ao contrário do padrão vertical entre poder/mídia e público), a emitirem suas próprias interpretações. E a tecnologia que seguiu os passos da internet cresce pelo que se observa nesse sentido: sistemas de busca, postagem de um amplo material de texto, imagens e som, a velocidade de transmissão de informações, além das tecnologias de processamento em nuvem as quais permitem se criar verdadeiros geradores de informações à disposição de instituições e pessoas.

A novidade é a possibilidade da manipulação aprendida na história, quando vozes com técnicas de psicologia de massa tentam encaminhar a opinião pública para determinados efeitos. É cedo para dizer, mas tudo leva a crer que esta manipulação era um efeito da verticalização tradicional dos meios de comunicação. Numa dinâmica horizontal outras vozes se levantarão, dissidências se sustentarão, numa espécie de reparos e contrabalanços parecido com aqueles mecanismos de “check balance” que existe nas democracias na separação dos poderes e destes com a sociedade.

O caso do Wikileaks é o exemplo mais recente a desnudar o que antes eram “segredos de Estado” que se mostram cada vez mais “segredos do poder” ou em visão mais limitada a “segredos de governos”. A verdade é que os governos precisam se explicar, democraticamente, informar suas medidas e seus acordos. Se o governo é da sociedade ao contrário da visão tradicional vertical, a sociedade manda no governo e este atende ao que a sociedade deseja. Mesmo considerando as contradições para construir a vontade da sociedade, esta continua sendo a mais soberana.

Agora fica mais difícil os Governos fazerem seus acordos e só abrir a informação anos depois quando a sociedade não pode mais. Se a mídia tradicional já pusera dificuldades ao autoritarismo, agora ainda mais a instituição da arrogância perderá sentido histórico. Enfim a arrogância imperial está ficando exposta ao sol do meio dia. Mesmo que o Wikileaks venha a ser manipulado ou impedido, outros mecanismos aparecerão sobre esta nova plataforma social (a internet não é uma mera plataforma tecnológica).