Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Vinho, vela e poesia - Por Socorro Moreira



Faz tempo não acendo uma vela
Não tomo uma taça de vinho...
Mas vivo a poesia amorosa
sem duplo sentido

Valia a pena abrir a garrafa de vinho,
enquanto preparava uma massa ,
e macerava um raminho de manjericão.

A música soava , como Passos
no corredor, e na sala...
Era Rosa, cantando baixinho,
ao invés do João.
Rede num balanço solitário
Sonhos na fila das esperas...
Frustrados ou não
viveram a intensidade do querer

Na madrugada a luz é desligada
Abro a janela de um céu encantado
e desisto de contar estrelas
Apenas converso com o vento
que passeia na calçada,
sem recados  ou bilhetes
Apanho um verso no ar...
Seguro e solto
Ele é tão besta
que não vale a pena cantá-lo...
Ele diz  que a estrela mais distante
Já foi perto
E que o seu brilho  é luz acesa
Não se apaga  ,
no sopro de um suspiro.

foto de Nívia Uchôa

Uma relíquia Musical.

Libertad Lamarque





Libertad Lamarque de Bouza (Rosário, 24 de Novembro de 1908 — Cidade do México, 12 de Dezembro de 2000 (92 anos)) foi uma atriz argentina radicada no México.

Filha de um uruguaio de origem francesa e de uma imigrante espanhola, desde os primeiros anos de vida Libertad mostrou grande talento para a atuação e principalmente para cantar, razão pela qual sua mãe apoiou-a em tudo o que pode, aos sete anos estreou-se numa peça de teatro, e aos doze anos já era uma profissional.

Em 1922, a família Lamarque foi viver em Buenos Aires onde Libertad poderia alcançar um futuro artístico. Quando Libertad completou dezoito anos, em 1926, gravou o seu primeiro disco de tangos, que foi um admirável sucesso. Os êxitos sucederam-se, mas Libertad sentia necessidade de amar e ser amada em casa com Emílio Romero, com quem teve uma filha em 1928 de nome Mirtha. Passados anos as decepções começam a surgir e Libertad pede o divórcio, mas naquele tempo era muito difícil.

Após este fato, Libertad começa a sofrer de depressões e com o desespero tenta suicidar-se atirando-se de uma janela de um hotel em Santiago do Chile, mas felizmente o toldo do hotel a salva. Logo o seu ex-marido, rapta sua filha e leva-a para o Uruguai.

Libertad acompanhada de polícia e amigos parte para Montevideu, com o propósito de recuperar a sua filha. Mas a sua carreira continuou e sempre com êxitos, embora uma grande discussão com a colega de teatro Eva Duarte, levou-a a sair da Argentina e ir para o México acompanhada pelo seu segundo marido.

Em 1945 no México todos conheciam Lamarque como uma excelente atriz dramática, uma ótima cantora de tangos, boleros e canções folclóricas da América Latina, e por estes motivos começaram a chamar-lhe a “Noiva da América”.

Quando volta a Buenos Aires, depois da queda de Peron, entrou na peça “La Dolly Levy” de Hello Dolly, o povo ansioso por aquela magnífica voz, aclamou-a com admiração, respeito e amor. Em toda a América do Sul Libertad junta multidões. Os anos passaram e em 1996 decidiu radicar-se em Miami, Flórida, acompanhada de sua ajudante Irene Lopez, e sua filha Mirtha, seu genro, cinco netos e dez bisnetos ficaram em Buenos Aires.

Com 92 anos Libertad continuava ativa, alegre, cordial e muito feliz porque tinha uma participação especial numa telenovela A Usurpadora.

Numa manhã, sentiu-se mal e teve de ser internada de urgência no Hospital do Distrito Federal mexicano, onde esteve hospitalizada dez dias, e no dia 12 de Dezembro de 2000 (dia da Virgem de Guadalupe), a Dama do Tango, a Noiva da América veio a falecer. Seu corpo foi cremado e as suas cinzas deitadas na costa de Miami.

wikipédia

Tudo pode ser diferente - José do Vale Pinheiro Feitosa



LIGUE A MÚSICA E LEIA O TEXTO


Somos. Estamos no mundo. Mas a face deste nem sempre é risonha para você. Há muito que me sei uma minoria, sem qualquer defesa, sem apelo político ou políticas específicas. Mesmo assim tive sorte, ninguém pretendeu mutilar-me o modo, afinal a minha avó o era também. Somos canhotos e não existe minoria mais descuidada que os canhotos.

Na indústria e nas atividades que envolvem ferramentas somos vítimas usuais do design que se construíu para destro e só raramente se considerava o canhoto. Um exemplo neste dia do músico é de Canhoto da Paraíba quando foi aprender a tocar violão. Quem viveu a renovação das carteiras escolares, com aqueles bancos com o apoio para escrever do lado direito sabe o que falo. Ainda bem que a caneta tinteiro desapareceu e veio a esferográfica que não borra a escrita enquanto minha mão se arrasta sobre ela.

A outra minoria eu não sabia a dimensão que tem. Uma recente pesquisa da Fundação Perseu Abramo identificou as coisas que os brasileiros mais têm aversão ou intolerância: a que ganhou, inclusive à frente dos usuários de drogas, foi os ateus. A coisa é tão intensa que se encontra em segundo lugar, um pouquinho apenas atrás dos usuários de droga quando se perguntou sobre as pessoas com que menos gosta de encontrar.

E tem mais. Há algum tempo um amigo desejou se encontrar no olho do furacão pois ali reina a paz, no centro onde tudo gira. Eu fiquei fervendo de insatisfação. Não posso me conformar, aceitar o dado passivo de uma realidade que sei uma opção de gente muito ativa. Não me conformei e respondi-lhe com este poema bem ao estilo rebelde e para sempre rebelde:

PORTAS SEM FECHADURAS

Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2006 - às 21:55 horas


meu ser, não abandones as tempestades,
que desfolharam as roseiras de tua juventude,
e transportaram para o chão as pétalas sedosas,
as cores impressionistas de tua alma aprendiz.

tantos galhos quebrados, pedaços lançados,
no turbilhão que dobra, tanto dobra até partir,
na janela e feche-a para as ventanias inaceitáveis,
negues demônios intoleráveis que te ofertar morta paz.

meu ser, nunca te adaptes as coisas como estão,
alguém ou algo lhes deu o estado que não te convém,
aceita a tua natureza de não aceitar jamais o que é,
no mundo em movimento, o que é, o é em transformação.

meu ser, diga sempre sim, já expirando a palavra não,
o infinito de Deus, é uma plêiade de astros finitos,
a eternidade é a pausa da respiração entre o não e o sim,
é como a harmonia dissonante de tantas vozes se exprimindo.

se queres viver a própria morte, antes negue a renascença,
e tua alma se apascentará nos meandros medievos de Francisco,
chagas te atravessarão as palmas e calma, calma em teu inferno,
de cuja profundidade jamais sairás, este é o conceito primeiro.

mas abraça o chão que te sustenta, sempre desejando voar,
ama a multiplicidade, sonha com a unicidade e fragmenta-te;
os espaços que entre eles surgirão, de dor ou alívio, são lembranças,
da unidade que se adiciona, se divide e se multiplica em tantos.

viaja, transita nos espaços distantes, com as pás dos ciclones,
junta-te aos objetos que por lá são jogados, tonteia-te no giro,
retorna ao mesmo que antes estiveste, sabendo da outra volta,
mas, meu ser, não te deixes ficar no olho vazado dos furacões.

banha-te neste rio de batismo, purifica-te de tantas limpezas,
deixa que as águas adicionem a esta superfície que nada tem,
os minerais que nodoam, as manchas que distinguem,
pois o imaculado é a ditadura de uma única nota na canção exilada.

meu ser, quando a ponta do chicote lanhar tua carne, viva de sofrimento,
não dialogues com o acoite e tampouco com a ferida, ambas irracionais;
olha bem fundo nos olhos do rosto cuja mão acionou o corte em ti,
e revele que aquilo não é natural, é apenas a vontade de alguém.

meu ser, ao sair nas ruas, não te esqueças de ti mesmo, no silêncio interior;
o vai e vem da vida, é um tanto que vai e outro que não virá, chegando e saindo;
na marcha a paisagem que revela é crítica, pois é construção de cada um,
contempla-a com senso de transformação e com alguns tragos de preservação.

Atenção cariricaturenses !



EDIÇÃO ESPECIAL DO CARIRICATURAS

Título e capa, em estudo ( aceitamos sugestões)
Prefácio de José Flávio Vieira
Contracapa de José do Vale Feitosa

-Sem ônus para os escritores.
-Número de textos por autor : 2 + release + fotografia
-Reciprocidade : 5 livros para cada autor.


Autores convidados: todos os nossos colaboradores !

-Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella ,até no máximo, 15 de Dezembro de 2010.
-Fase de revisão : o necessário .

- stelasiebra@yahoo.com.br

PARTICIPEM DESSE BANQUETE POÉTICO !

Consumo consciente - Emerson Monteiro

Depois da Revolução Industrial, dois séculos atrás, que as sociedades se veem expostas aos caprichos do comércio, principal distribuidor dos bens produzidos nas fábricas. Da necessidade em vender a produção criaram-se motivos feitos pela propaganda, o que virou ciência e arte, denominada mercadologia, ou “marketing”.
A impulsão nas vendas ultrapassa regras corretas do anseio natural das pessoas, provoca faixas mentais abstratas e gera seres dependentes dos supérfluos, ou virtuais, como hoje são denominadas necessidades artificiais criadas pela propaganda.
Alguém disse certa vez do quanto são exóticas as criaturas humanas, pois gastam o que não têm para adquirir coisas de que não necessitam, visando impressionar a quem não gostam. Isso indica bem o momento da oferta e da procura, onde bilhões se atropelam no afã de alimentar ilusões estabelecidas pelas mensagens subliminares contínuas dos meios de comunicação de massa, sugando energias vitais à sobrevivência.
O gesto de comprar exercita o poder para deslocar os objetos da loja para casa, na forma de mercadorias que alimentam o sonho da dominação, atitude criada por máquinas e vendida pelas indústrias.
No entanto, também põe sob risco a vontade das pessoas, a saúde, a moral, a integridade física, tempo e liberdade. Quando, por exemplo, o consumo desperta vício de bebidas, cigarros, chocolates, há flagrante troca desonesta da saúde na doença.
Ao oferecer revistas, filmes e jornais que fazem a apologia dos objetos do desejo, algo de irreal passa a girar na personalidade dos adolescentes, o que ocasiona consequências imprevisíveis, às vezes trágicas, de resultados ainda inavaliáveis.
Porém aquilo que merece relevância na aquisição exige critérios que transformam sorte em azar, vez que milhões perdem o que disso apenas uma minoria se beneficia, no final do processo, os empresários.
Contudo, diante da onda avassaladora que só visa lucros nos balcões da atualidade, surge um movimento defensivo, provando a importância de uma seleção prévia do que se consume por instinto comercial.
O envenenamento do corpo através do açúcar, produtos químicos, aditivos, componentes químicos inorgânicos hostis ao corpo, no uso, materiais tóxicos e de fontes duvidosas acham-se sob suspeita. A humanidade precisa do senso crítico nas aquisições dispensáveis e de pouca responsabilidade para consigo mesma, cliente principal do poder mercantilista. Por isso, a consciência do que fazer cabe em todo lugar.

Uma Biblioteca em Cada Comunidade

O projeto Uma Biblioteca em Cada Comunidade foi iniciado no dia 15 de outubro, às 19h00, no Pólo de Atendimento do Bairro João Cabral, pelo Prefeito de Juazeiro do Norte Manoel Santana e Secretário de Cultura Fábio Carneirinho. Na oportunidade foi inaugurada a primeira Biblioteca Comunitária denominada de Padaria Espiritual Enock Rodrigues, com um acervo de mais de três mil livros.
“Esta será um protótipo para 19 bibliotecas que serão criadas pela Administração até o Centenário de Juazeiro. A Secretaria de Cultura pretende, até o final do ano, criar mais seis, nas seguintes localidades: bairros Vila Nova, Frei Damião, Parque Antônio Vieira, Sítio Gavião, ONG Juriti e Socorro”, enfatiza Franco Barbosa, Assessor Técnico da Secretaria de Cultura, autor do projeto.
Os livros foram doados pela Fundação Enock Rodrigues, através de Elmano Pinheiro Rodrigues. A seleção do acervo para cada comunidade está sendo realizada pela Empresa Junior da Universidade Federal do Ceará, com os alunos do curso de Biblioteconomia. Uma parte das 12 toneladas de livros doados pela Fundação será destinada ainda aos sítios Malhada e Assentamento 10 de Abril, em Crato, como também, às comunidades de Barbalha, Antonina do Norte, Mauriti e Caririaçu.
Neste sentido, Fábio Carneirinho solicita a todos doação de livros para as próximas bibliotecas, não importa a quantidade, pode ser um livro e pode ser uma caixa, ou mais. Dê um presente a Juazeiro neste Centenário.


Franco Barbosa
Assessor Técnico
Secretaria da Cultura
Juazeiro do Norte - Ce
(88) 3511 1999 - 8804 0715.

Uma lista dos meus sonhos- Por Rosa Guerrera



Hoje tentei rabiscar algum poema , mas nem sempre a poesia senta ao nosso lado.
Resolvi então fazer uma lista ( talvez até pueril ) das coisas que gostaria de colocar para sempre na minha vida..

Começar todos os meus dias sorrindo mesmo que sem nenhum motivo especial.
Acalentar e acariciar uma lembrança bem gostosa no meu coração.
Não me esquivar do amor por medo de sofrer .
Sentir que posso num gesto de ternura ter o universo nas minhas mãos.
Pegar uma praia e deixar no meu corpo o sabor das algas marinhas.
Voltar no tempo e brincar mais uma vez num carrossel de cavalinhos.
Contar piadas e ouvir gargalhadas dos meus amigos.
Apagar as lembranças amargas , e entender o perdão.
Aprender a jogar todos os jogos que o destino me convidar a disputar.
Olhar no espelho e sorrir para a nova ruga que apareceu no meu rosto.
Contar estrelinhas no céu só para passar o tempo.
Ouvir aquele CD com músicas que marcaram fatos inesquecíveis.
Tomar um sorvete e comer pipocas no meio da rua .
Sentar num barzinho , pedir uma caipirinha e pouco me lixar com olhares indiscretos.
Reler os meus poemas , e lembrar os amores vividos em cada um deles.
Não negar um beijo a quem necessita desse gesto.
E agradecer cada vez mais a Deus ,
O dia , a noite , o sonho , a vida , a chuva e o sol que Ele sempre me ofertou!


rosa guerrera

Chá-Verde - Por Socorro Moreira


Escutar um instrumento bem tocado é uma viagem nos confins do Universo.O corpo fica inerte e a alma alça livres voos, na companhia dos movimentos musicais. Parece que em cada frase, uma nova paisagem se descortina, e somos tomados por sentimentos novos e antigos. A sequência sugere uma parada de contemplação.A “suíte” internaliza a melodia. O arranjo nos faz brincar em rodopios como borboletas, ao redor das flores.
Aí para... E o mental se agita.Domina a situação, mas não despreza a intuição e o insight que despertam da na nossa letargia.
Penso, mas escrevo sem pensar.Deixo os ares da retórica se espalharem. Respirarem, antes que me sufoquem.
A fé fortalecida cria a felicidade. Será?
Imaginem , imaginem...O cuidado no imaginar!Pode ser que venha tudo de uma vez, ou falte o essencial, nas prateleiras dos desejos.
Essa inquietude de alcançar distâncias, e tudo que está fora do nosso alcance, vão ficando serenadas, quando amadurecemos.
Minha mãe repete muito esta frase:
“Se não aprender com o erro, a transformação fica adiada. O que era mínimo, cresce em dimensões impagáveis”.
Ainda temos tempo para cantarolar muitas canções, nos banhos de todos os dias.Ainda podemos  expressar o amor, declarar, soprar vestígios de poeiras que não voltarão a entupir o nosso coração.
Em tudo imperfeito, achamos o defeito. Em Deus, achamos o vazio.Com Ele construímos s o que nos falta, basta receber da sua fonte a luz da criação.
Nos Seus mares a água do amor é doce !

socorro moreira
Nas tuas águas
- Claude Bloc -

Tantas vezes me aqueço com as estrelas enquanto dormes.
E quando te olho de longe ficas cinzento, águas plácidas, (lembranças, lembranças minhas...) Será que também sofres,quando mudas de cor?

O sol nos seca nesse longo estio e seca também o brilho que derramas quando ficas sem viço, sem sossego. Prossegues em mim, pois és como uma janela que o tempo abriu, és imprescindível.

Assim, preciso de ti, da tua luminosidade, assim como preciso do sol, das estrelas, da lua, nessa distância que te esconde de mim quando me queres ninar...

Gosto de ti quando estás azul. Quando o dia chega e quando te transformas nos finais de tarde ...
Então, segues de mãos dadas com o sol, trocando beijos com a lua numa cumplicidade que me faz sonhar.

Hoje, só quero que guardes meus segredos e o mundo todo que espelhas nesse céu refletido... Só então, poderei chamar um exército de anjos para se banharem nas tuas águas aprisionando, a cada dia, a paz no teu reflexo.

Agora, apaga as estrelas e deixa-me dormir, enquanto a lua nos guarda, enquanto a vida se arruma.



Claude Bloc

Um holocausto diante dos olhos de cada um - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ontem na CADEG de Benfica (um mercadão cheio de “pé-sujo” com comida ótima) um garçom cearense me dizia: eu sou de Cariré e lá ninguém quer trabalhar mais. Vêm para o Rio, ficam seis meses e chegam lá com uma Hilux (como se vê é o objeto do desejo do cearense). Como pode, só querem roubar. Ninguém pode ter nada que eles tomam.

Quem primeiro levantou o problema foram as seguradoras de automóveis: pessoas seguradas tendiam a ficar mais displicentes com seus veículos. Então as companhias inventaram a partilha do sinistro com o nome de franquia (mas o prêmio não foi partilhado). A esse comportamento humano deram o nome de Risco Moral (Moral Hazard).

A base do pensamento liberal (e os neo são iguais) é que o mercado eficiente funciona por que as pessoas serão felizes pelo que se esforçarão. Estado de bem estar social é como aquele pessoal do Ceará que deseja um atalho pelo roubo e não pelo trabalho. Esquemas coletivos ou mutuais ou de outra natureza como seguros são frouxos por que vicia o cidadão no atalho.

A matriz disso tudo se baseia numa só visão dos seres humanos. São alienados da própria realidade que vivem e não percebem que não existe almoço de graça. É a conclusão com base em meia verdade. O trabalho efetivamente é o grande meio transformador do ser humano. A sua inteligência, o conhecimento do mundo, o poder transformador que como espécie humana tem, além da cultura com língua e tudo é uma potência do trabalho. Por isso mesmo é um besteirol sem limite achar que o Marx sujeitou de modo totalitário todas as coisas à leis da economia política. Mas isso é outro assunto.

Ora aí é que está a meia verdade: vivemos num mundo de classes sociais determinadas pelo apropriação dos capitais. Existe uma classe de gente que trabalha (e quando trabalha), mas leva do trabalho muito mais do que a maioria das pessoas. Elas estão na matriz da volúpia da gastança e da destruição do meio ambiente. Não imaginam o bem comum como igual ao seu. O delas sempre está no topo de uma montanha, com carrões turbinados e gastadores de combustíveis, aviões particulares, ilhas de veraneio, a especulação, o jogo e o desperdício generalizado.

Estas classes se tornam tão poderosas que a democracia é impossível. Vamos fazer um teste? Imagine a Dona da Daslu que desviou uma montanha de recurso em impostos e lesou a sociedade e aquele jovem ladrão que tentou puxar o cordão de ouro do Ministro do STF Gilmar Mendes. Que será apenado com certeza e com todo vigor?

Por isso os jovens de Cariré tentam o atalho. Preferem morrer fuzilado dentro de uma Hilux do que sobre uma moto. Lá na traseira da sociedade desigual, querem chegar ao carro chefe num pulo cujo vôo é tracejado por balas fatais. 80% das vítimas de armas de fogo são jovens, homens, pobres, mulatos ou negros.

O BODE CHUPANDO MANGA




O BODE CHUPANDO MANGA

Coisa boa para se ver
num fim de tarde, de sol
queimando até os miolos
é bode chupando manga.

Espada, rosa, coquinho,
manteiga, formiga, ubá,
não escolhe qualidade
o bode chupando manga.

Na avenida, na sarjeta,
vai sério, compenetrado,
o rabo espantando moscas,
o bode chupando manga.

Não existe ocupação
mais séria, mais responsável,
nesta humana condição
que bode chupando manga.

Chamem o prefeito, o juiz,
com o padre e o delegado,
vejam se é crime ou pecado:
um bode chupando manga.

Olhem que calamidade,
cuidado, é o fim do mundo,
coisas estranhas sucedem:
um bode chupando manga.

Venham todos admirar
fato nunca imaginado
nesta vida e outra invenção:
um bode chupando manga.

A origem do universo
e o fim de todas as coisas,
nada importa tanto quanto
o bode chupando manga.

A metafísica, o nada,
a náusea, a dor de existir
se evaporam no ar diante
do bode chupando manga.

As guerras, fome, doença,
a destruição do planeta,
tudo se esquece observando
o bode chupando manga.

Fora gregos e troianos,
os poetas e os poetastros
que outro valor se alevanta:
o bode chupando manga.

Humoristas de plantão,
fujam de medo e vergonha:
maior piada não há
que o bode chupando manga.

_________

Pensamento para o Dia 23/11/2010


“É uma questão de grande bem-aventurança ser amado por muitos. Conquistar os corações de tantas pessoas é um sinal de Divindade. Eu amo todos e todos Me amam. Não faça mal a ninguém através de suas palavras duras e não entrem em qualquer caminho do mal. Reconheça a verdade de que Deus permeia tudo, do microcosmo ao macrocosmo. Com sinceridade de propósito e fé (Shraddha e Vishwasa) e auto-confiança, você pode conseguir qualquer coisa no mundo. Ame Deus do fundo do seu coração. Siga os comandos de Swami e você alcançará tudo e será vitorioso em todos os seus empreendimentos!”
Sathya Sai Baba

CLIQUE - FAZENDA SERRA VERDE - Por Edilma Rocha

A verdadeira paz consiste
em parar por um instante
e deixar que
a exuberância da natureza
tome conta dos nossos sentimentos.
Rever o azul do céu,
a calma das águas do açude,
o morro do Cabloco,
refletino no espelho dágua,
é um espetaculo único.
E sentir o perfume
das flôres brancas,
puras e delicadas
numa manhã de sol,
é sentir a presença de Deus.

Edilma Rocha

O "papa-anjo" de Pau dos Ferros - José Nilton Mariano Saraiva

Em postagem anterior (Coisas da vida...), nos referimos à receptividade, ao calor humano dos seus habitantes e, mui especialmente, à “beleza-brejeira” e à requintada elegância das mulheres da cidade de Pau dos Ferros - RN.
Mas Pau dos Ferros, como toda cidade pequena que se preza, também tinha suas excentricidades, suas esquisitices, suas idiossincrasias, suas legendárias e folclóricas figuras (e bote folclore nisso). E, dentre elas, sem favor nenhum se destacava um tal “papa-anjo” de Pau dos Ferros.
Paraibano, presumíveis 30 e poucos anos de idade (à época), altura mediana, esbelto, educado, conversa agradável, gentil, afável e chegado a uma cervejinha gelada, o colega de trabalho Godofredo (nome fictício, evidentemente) contava também com um “handicap” (em relação aos demais colegas) pra lá de poderoso perante aquelas mulheres monumentais: a maviosidade da sua voz e a competência e destreza com que dedilhava as cordas de um sonoro violão, de par com um repertório eclético e de agrado de todos.
Nas noites de sexta-feira, por exemplo, em uma churrascaria localizada no então “campo de aviação” da cidade (uma espécie de planalto, onde pousavam os “teco-tecos” da vida), quando toda a sociedade pauferrense se reunia para comemorar a chegada de mais um final de semana, a voz de Godofredo ecoava tonitruante e maravilhosa, desvirginando o sepulcral silêncio da madrugada (vezes sem conta, a nosso pedido ele interpretou “Súplica Cearense”, em tributo ao Ceará que ele tanto admirava); outrossim, se em noite de lua cheia você quisesse surpreender sua amada com um toque de enlevo e romantismo, bastava convidar que nosso amigo sempre se achava disponível para uma seresta maravilhosa, tão comum em cidades interioranas, (evidentemente que “deglutindo alguma “marvada”, com tira-gosto de siriguela”, em plena 3 da matina); quando de um casamento religioso, se alguém quisesse mais brilho (e sempre queriam), lá estava ele na Igreja, devidamente paramentado, com o seu dileto amigo violão, a entoar a Ave Maria; enfim, não tinha um evento sequer, alguma comemoração, uma reunião oficial, eclesiástica ou particular em que o nosso grande Godofredo não fosse o primeiro a ser convidado para abrilhanta-la. E não se mostrava de rogado; comparecia e mostrava, sempre e sempre, a competência usual. Era, sem favor nenhum, a garantia de inolvidáveis momentos.
Mas...
Godofredo tinha uma esquisitice, uma coisa um tanto quanto difícil de entender, uma preferência que era pura excentricidade: apesar de literalmente disputado “no tapa” pelas exuberantes mulheres da cidade (com as quais se dava muito bem), só namorava (com seriedade e repleto de boas intenções, tanto que durante a semana fazia questão de freqüentar suas casas e conhecer os pais), jovens recém-saídas das fraldas, desabrochando para a vida, cheirando a leite (como ele mesmo gostava de dizer) e que tivessem - NO MÁXIMO - 14 anos de idade (mas não havia, com sinceridade d’alma, nenhuma intenção pedófila; aliás, nem se falava nisso àquela época).
Quando, aos fins de semana, na bifurcação do crepuscular por do sol e o alvorecer da noite, aparecia no principal “point” da cidade (a Sorveteria do Sales), de mãos dadas com uma daquelas meninotas estonteantes que exalavam frescor e inocência por todos os poros, seu sorriso era mais sorriso, sei olhar brilhava intensamente em plena escuridão e ele parecia flutuar nas nuvens, certamente que ao som de algum canto celestial inaudível para nós outros; a impressão que se tinha é que Godofredo se comprazia e parecia querer fazer aflorar em todos nós, pobres mortais comuns, um dos pecados capitais, a inveja; e assim, só nos restava, ante a visão daquelas formosas e inocentes beldades, humildemente improvisar “babadores”, usando as toalhas das mesas para tal fim.
Mas foi aí, depois dele desfilar com tantas formosuras e despertar aquele sentimento em todos nós, que um colega mais expedito “vingou-se” em alto estilo, ao lhe por a alcunha apropriada, perfeita, mortífera: Godofredo, o “papa-anjo” de Pau dos Ferros. O tempo quase que fecha. Foi uma dureza acalmar os ânimos. Mas a coisa “pegou” e Godofredo teve que conviver com aquele “calo”, a partir de então.
Com o passar dos meses situações novas apareceram e Godofredo, transferido para uma cidade maior, finalmente deu de cara com a temida “mulher fatal”, a conhecida “aqui é final de linha”, aquela que lhe colocou nos trilhos, chamou-o à responsabilidade, deu-lhe um solavanco, impôs-lhe uma nova postura, um diferente padrão de comportamento. E a flechada foi tão certeira, seu efeito tão imediato e devastador, que, rendido pelo cupido, nosso amigo deixou até o querido violão de lado, apagou a chama do seu canto, deu um sumiço na maviosidade da voz. Godofredo, eclipsou-se. Foi a nocaute, literalmente (sua esfarrapada desculpa é que cansara daquela vida de “eterna procura”). Acredite se quiser...
Hoje, aposentado, muitíssimo bem casado, pai de filhos e já caducando com os netos, Godofredo tem uma dúvida atroz a persegui-lo diuturnamente, deixando-o meio cabreiro e com uma pulga atrás da orelha: será que os seus descendentes, filhos e netos (todos incrivelmente do sexo masculino), hão de “herdar” os métodos e a incômoda alcunha de “papa-anjo”, que o perseguiu durante anos, desde os inolvidáveis momentos vivenciados em Pau do Ferros ??? Será que essa coisa complicada e difícil de entender, chamada DNA, contempla até isso ???
Será ???

Adoniran Barbosa



João Rubinato0, (Valinhos, 6 de agosto de 1910 — São Paulo, 23 de novembro de 1982), mais conhecido como Adoniran Barbosa, foi um compositor, cantor, humorista e ator brasileiro. Rubinato representava em programas de rádio diversos personagens, entre os quais, Adoniran Barbosa, o qual acabou por se confundir com seu criador dada a sua popularidade frente aos demais.

wikipédia

Sathya Sai Baba



Baghavan Sri Sathya Sai Baba, pseudônimo de Sathya Narayana Raju é um guru indiano. É considerado por muitos como um Avatar (encarnação numa forma humana de um ser divino). O próprio Sai diz ser a segunda de uma tríplice encarnação: teria sido Shirdi Sai Baba, e futuramente será Prema Sai Baba. Nasceu em 23 de novembro de 1926, numa pequena vila no sul da Índia, chamada Puttaparthi, no estado de Andhra Pradesh. Ele reside lá ainda hoje, recebendo milhares de visitantes do mundo inteiro em sua comunidade espiritual (ashram), chamada Prasanthi Nilayam, que significa "Morada da Paz Suprema" (shanti=paz, pra=suprema, nilayam=morada).

Caio Prado Júnior



Caio da Silva Prado Júnior (São Paulo, 11 de fevereiro de 1907 — São Paulo, 23 de novembro de 1990) foi um historiador, geógrafo, escritor, político e editor brasileiro.

As suas obras inauguraram, no país, uma tradição historiográfica identificada com o marxismo, buscando uma explicação diferenciada da sociedade colonial brasileira.

Verão- Rosa Passos



Verão
Rosa Passos
Composição: Rosa Passos e Fernando de Oliveira

Cinco pranchas deslizam nas ondas
E os surfistas parecem voar
Tem veleiros nos verdes ao longe
E o nascente promete um luar

Gaivotas disparam em seta
Num mergulho sem freio no azul
E eu me sinto, assim como o poeta
"água viva dos mares do sul"

Tem conversas e risos nos bares
E lilases na tarde que finda
Passam ônibus cheios de olhares
E um desejo de novo me anima:

Eu desejo o fervor de outros tempos
E a beleza dos dias de então
Chove tanto nos meus sentimentos
E é verão, é verão, é verão

Tu, minha borboleta - por Jacques Bloc Boris