Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Dia 15 de Agosto- Dia do teclado- Aniversário de Dihelson Mendonça


" Dihelson Mendonça é Pianista, arranjador, Compositor, Fotógrafo, Videomaker, webdesigner, além de inúmeras outras atividades. Reside atualmente em Crato-CE, onde mantém um grande estúdio de produções audio-visuais, e de onde mantém diversos websites dedicados à promover a Música Instrumental Brasileira, o Jazz, e a música Clássica. Como músico profissional há 20 anos, tem viajado pelo mundo, divulgando a sua arte e sua região, e procurado promover os grandes valores da arte e da cultura. Criador do Blog do Crato, o maior website da região, com mais de 50 escritores e milhares de artigos e membros. Embora sua principal paixão seja o seu Piano, Dihelson Mendonça é artista de múltiplos talentos. Tem se dedicado com grande empenho à arte da fotografia e do vídeo. Atualmente produz vários documentários e CDs em seu estúdio. "
Seu site oficial: http://www.dihelson.com/





Feliz aniversário ,Dihelson !

Oscar Peterson - canadense de Montreal



Oscar Peterson, canadense de Montreal, nasceu no dia 15 de agosto de 1925 e começou estudando piano clássico aos seis anos. Quando completou quatorze, ganhou um concurso amador e passou a trabalhar regularmente num show de uma rádio local. Com o tempo, ficou famoso na sua cidade, fato esse que não o animava a deixar Montreal.

Mas em 1949 foi persuadido por Norman Granz a integrar a sua trupe "Jazz at the Philharmonic", que excursionava pelos Estados Unidos com celebridades como Roy Eldridge, Zoot Sims e Ray Brown.

Seu sucesso foi imediato, causando enorme empatia com o público jazzístico, fato esse que o fez ganhar várias vezes como melhor pianista, na revista Downbeat, durante os anos 50.
A sua maior popularidade vinha dos trios: o primeiro era formado pelo guitarra de Herb Ellis e o baixo de Louis Hayes; o segundo e também o mais famoso, tinha Ray Brown no baixo e Ed Thigpen na bateria, durou de 1959 a 1965; o terceiro era formado por Sam Jones no baixo e Bob Durham na bateria, durou até 1967.

A partir dessa data, Peterson passou a realizar trabalhos mais pessoais, principalmente através de solos ou duetos, como o gravado com o guitarrista Joe Pass, em Paris, na sala "Le Pleyell". Eventualmente, em excursões, tocava com trios ou quartetos; quando esteve no Brasil no final dos anos 80, o seu trio era formado por David Young no baixo e Martin Drew na bateria.

Muito se tem falado sobre o estilo de interpretação de Peterson; o crítico James Collier o define como eclético. Quando executa suas baladas, se assemelha a Art Tatum, quando toca bebop, lembra Bud Powell; sem contar as influências que teve de músicos como Errol Garner e Teddy Wilson.

Oscar Peterson é um improvisador de muito swing e forte personalidade e, afora a repetição de alguns clichês, sua música é conhecida pela força e vitalidade de seu toque.



Fonte: http://www.clubedejazz.com.br/



Para viver um grande amor - Vinícius de Moraes

15 de Agosto - O dia dos solteiros - Para eles , uma crônica de amor.








Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor

O mio bambino caro - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Antes de mais nada não falo do Babbino (papai) personagem da ópera "Gianni Schichi" de Giacomo Puccini. Babbino e Bambino tanto nos confundem em pronúncia italiana que muitos tendem a imaginar um canto sofrido por alguma criança. Mas é exatamente o oposto, é uma das árias mais belas da ópera italiana para um velho pai já na sepultura diante da qual a filha declara seu amor.

Aproveitando a deliciosa confusão, fiz um texto para um PPS com ária de fundo e imagens da internet. O texto segue abaixo. Uma nota: foi feito quando os EUA entraram com a guerra sobre o Iraque, a foto de um prisioneiro com uma venda nos olhos e tendo o seu filho ao colo. Um evento em perfeita correlação com a guerra do Vietnã e aquela imagem da criança nua correndo com as queimaduras da bombas.


Quanta tristeza
nesse meu amor pelo frágil,
as lágrimas
que me escorrem
do transbordo fatal.

Aquela criança bombardeada
ao vitupério
das guerras
em quê os mortais tresloucados de ódio,
cegos da memória
lacrimejam o sangue da desgraça
choros antecipados.

Quanto de mim morre
a cada vez
que ela sussurra
o riso inocente.

O mio bambino caro.

" O Mio Babbino Caro " - Bidu Sayão



Mais um filho que se casa.--por João Marni


David e Tassiana, vocês vêm tecendo juntos a memória dos dois ao longo desses anos, num tecido de linho branco, munidos de paixão, amor e amizade. Esperamos que a ponta do fio continue a escrever essa história bonita até que todos os nus vistam-se com dignidade.
Perguntamos a Deus por que tamanha pressa em casar depois de doze anos de namoro?Precisam avaliar melhor os riscos de desentendimentos, a começar se não chegar em casa o homem à hora costumeira, ainda mais sem o pão, ou pela comidinha queimada que a mulher esqueceu no fogão após horas à frente do espelho! Que movimentem-se não de uma incerteza para outra, mas com a convicção de que existe um traçado superior para nossas vidas, e que determina nossos passos. No final, ficará apenas o trajeto das nossas almas em prol das pessoas e a saudade da juventude. O amor de vocês não está estreando, não é como a primeira página em branco de um livro, pois tem já várias gerações, e Deus apela àqueles que amam, que façam ninho e procriem.
Sentencia que nunca mais pensem separadamente e que seus filhos condicionarão suas vidas, sendo isto tão verdadeiro quanto as estações do tempo. Hoje consagram a união em público porque em particular já o fizeram perante Ele desde aquele dia, David, em que Tatá sorriu para você pela primeira vez, revelando covinhas em suas bochechas adolescentes.
David, de olhos cândidos, de azul celeste, e Tassiana com os seus, esses olhinhos de jaboticaba: negros e doces. Que casal lindo, de sorrisos francos, largos e acolhedores, vocês que são incapazes de fazer mal a alguém ou a qualquer ser vivo não humano, não tenham medo mas saibam que a dor virá de algum modo, como um desafio, para que só os bravos e os sofridos possam abrir o Grande Portão como quem chega em casa!
Na cerimônia das alianças, lembrem-se que o compromisso primeiro é com o próprio Deus, pois vocês são meros figurantes da festa. Festejem e festejem muito, pois Ele estará muito mais exultante e feliz do que todos nós e, enquanto jogam arroz os convidados, do ALTO cairão bênçãos e mais bênçãos.
Tassiana, você é uma filha que não tivemos e que por isso mesmo não nos deu trabalho; não a vimos correndo pelos nossos corredores, mas a queremos como tal e qual. Pedimos-lhes que fiquem atentos para que não criem filhos arrogantes ou filhas submissas, mas que tenham a disciplina necessária da paciência e do amor de vocês, com a graça e o perdão perenes de Jesus, pois certamente assim não recorrerão eles à felicidade volátil e vã das drogas.
Cici e Beta, obrigado por essas crianças lindas e boas em nossas vidas: Tassiana, Tales e Tiago. Saibam que Deus retribuirá a todos nós com netos barulhentos!
David, Tassiana é sua companheira sonhada e encontrada. Cuida bem dela. Com nosso mais longo abraço, abençoamos-lhes!

Seus Pais e irmãos.

João Marni de Figueiredo
15/08/2009

“ Bidú Sayão, O Rouxinol Brasileiro ''

(Soprano brasileira)11/5/1902, Rio de Janeiro (RJ) 13/3/1999, Rockport, EUA

"Ela tem uma voz admirável, de encanto impregnante", disse o escritor e musicólogo Mário de Andrade, encantado com a voz e a presença de Bidu Sayão. "Que frágil tenuidade vibra tão frágil e intensa no seu cantar. Prova de que uma alma de ave pode escalar na paixão."

Bidu fez sua estréia oficial em 1926, em Roma, interpretando Rosina, da ópera "O Barbeiro de Sevilha", de Gioacchino Rossini. O sucesso a levou a cantar nas principais casas de ópera da Europa, aí incluído o teatro La Scala (Milão), onde em 1930 tornou a desempenhar o papel de Rosina. Em 1935, estreou nos EUA, cantando no Carnegie Hall (Nova Iorque): ali, sob a regência de Arturo Toscanini, atuou na ópera "La Demoiselle Élue", de Claude Debussy. Em 1937, cantou pela primeira vez no Metropolitan Opera House (também em Nova York), interpretando a personagem que dá nome à ópera "Manon", de Jules Massenet.
Bidu radicou-se nos EUA e fez brilhante carreira no Metropolitan, onde atuou durante 16 temporadas operísticas, cantando em 155 apresentações. Apresentou-se também em turnês por outras grandes cidades dos EUA, como Chicago e San Francisco. Em 1945, gravou em Nova York a versão mais conhecida da "Bachiana Brasileira no 5", de Heitor Villa-Lobos.
"O Brasil repugna porque transforma todas as suas manifestações artísticas em folclore carnavalizado. Isola um determinado objeto para encará-lo com lente de aumento ou distorcê-lo no espelho de parque de diversão das metalinguagens mal-assimiladas. Quem é mais esclarecido tende a desprezar esse tipo de ufanismo semi-analfabeto, nutrido na televisão e nas passarelas do samba. Cultura brasileira virou monopólio de bicheiro e produtor caça-dólar. Exemplar é o caso da soprano carioca Bidú Sayão (Balduína de Oliveira Sayão), nascida no Rio de Janeiro em 11 de maio de 1902 e moradora de uma mansão em Lincolnville, no estado do Maine, Estados Unidos, desde os anos 40. Bidú foi homenageada no carnaval de 1996 por uma escola de samba carioca. Só por este motivo a mais importante cantora lírica brasileira do século XX se tornou conhecida pela massa consumidora.

Pela primeira vez desde 1936, um disco de Bidú é lançado no Brasil. O CD intitula-se "Opera Arias & Brazilian Songs'' (Columbia/Sony Classical) e traz 23 faixas, com mais de 73 minutos de duração, além de um livreto com entrevista, ensaio biográfico e fotografias da artista. É uma oportunidade para rever a contribuição real de Bidú, de forma racional.

O disco reúne gravações realizadas em Nova York entre 1941 e 1950, o período áureo da carreira da cantora, durante o qual atingiu o máximo de engenho vocal. Traz a lendária gravação inaugural da "Ária - Cantilena'' da "Bachiana Brasileira número 5'', realizada no Leiderkranz Hall de Nova York em 26 de janeiro de 1945, com solo de violoncelo de Leonard Rose e conjunto de oito violoncelos e regência do compositor, Heitor Villa-Lobos (1887-1959). A pedido de Bidú, Villa-Lobos alterou a peça, escrita originalmente para solo de violino, para solo vocal em boca chiusa. Por causa da gravação de Bidú, a obra tornou-se conhecida no mundo todo.

Ela conseguiu concretizar as impossibilidades concebidas pelo compositor, que pensava em violino, não em voz, quando a escreveu. A composição resultou também no último registro sonoro de Villa-Lobos, que mais uma vez regeria Bidú em 1959. "É o meu canto de cisne'', disse o compositor à soprano.

"E o meu também'', respondeu ela. De fato, Bidú encerraria a carreira discográfica com a "Ária'', dois anos depois de sua despedida dos palcos, no Metropolitan Opera House em 1957, em concerto realizado em comemoração dos 20 anos de trajetória da soprano naquela casa de ópera.
A gravação mais antiga do CD é a da ária "Je Veux Vivre'', da ópera "Roméo et Juliette'', de Charles Gounod. Data de 18 de agosto de 1941 e foi realizada no mesmo Leiderkranz Hall. Já com a carreira firmada, ela havia se tornado conhecida nos EUA pelas interpretações do repertório francês.
Seu grande sucesso nova-iorquino se deu no concerto de 16 de abril de 1936, no Carnegie Hall, quando cantou "La Demoiselle Élue'', poema lírico de Claude Debussy, com versos de Dante Gabriel Rosseti. A regência era do maestro italiano Arturo Toscanini, com acompanhamento da Schola Cantorum de Nova York. Toscanini se interessou por Bidú desde que a ouviu no Town Hall, em dezembro de 1935, no recital de estréia da cantora nos Estados Unidos.

Contratada pela Columbia em 1941, Bidú se dedicou a princípio aos mestres franceses e aos nacionalistas brasileiros, geralmente em gravações feitas em teatros, com a atmosfera de concerto. O álbum mostra a soprano à vontade entre os franceses. De Gounod interpreta também "Roi de Thule'' e "Jewel Song'', gravadas no Met em junho de 1945. Na mesma sessão fez três árias de Jules Massenet ("Je Suis Encore Tout Étourdie'' e "Reston Ici... Voyons, Manon'' e "Adieu, Notre Petite Table'', da ópera "Manon''). Com "Manon'', ela fez sua estréia triunfal no Metropolitan. Além dos românticos, devotou-se ao modernos: "Toi, le Coeur de la Rose'', de Maurice Ravel (1875-1937) , "Si Tu Veux'', de Charles Koechlin (1867-1950), "Le Nelumbo'', de Ernest Moret te"Chanson Triste'', de Henri Duparc (1846-1933), "De Fleurs'' e "L'anée en Vain Chasse'', de Debussy. Esta última faixa, bem como "Si Mes Vers Avaient des Ailes'', de Reynaldo Hahn (1874-1947), ela registrou no estúdio da Columbia, na 30th Street de Nova York, em 12 de maio de 1950. Completa o programa do álbum o ciclo de "canções folclóricas brasileiras'' arranjadas por Ernani Braga (1898-1948): "Nigue, Nigue, Ninhas'', "Capim di Pranta'', "´´O Kinimba'', São João da Ra Rão'', Engenho Novo'' (gravado erradamente no livreto como "Engenho Noval''), "A Casinha Pequenina'', "Meu Boi Barroso'' e "Ogunde Varere''. O acompanhamento ao piano é de Milne Charnley. A sessão foi realizada em 2 de junho de 1947, em local indeterminado. A cantora está mais à vontade no programa francês do que no brasileiro. Em francês, sua segunda língua, mostra-se natural e simples. Em português Bidú canta com a prosódia italiana, seguindo as normas do canto lírico nacional, tão questionadas mesmo na época por Mário de Andrade.
Por força da lei, os cantores interpretavam (e ainda interpretam em alguns casos) num português macarrônico, sem sibilações ou vogais anasaladas e com erres fortes à italiana. A canção caipira "Engenho Novo'', por exemplo, soa ridícula para os ouvidos modernos. Bidú dá um festival de arbitrariedades prosódicas, com muito erre e "ao'' em vez de "ão''. Sempre com a emissão perfeita, emitindo cada nota com sabedoria.

A voz de Bidú é de soprano coloratura, própria a canções virtuosísticas e repertório leve. Isso lhe causou problemas e frustrações. Desde pequena, filha de família riquíssima e criada na Praça Tiradentes e em Botafogo, queria seguir carreira no teatro. Foi um tio, o advogado -pianista e compositor nas horas vagas- Alberto Costa que lhe sugeriu a ópera, por conciliar representação, canto erudito e respeitabilidade. Naquela época, atrizes eram consideradas prostitutas. Bidú começou a ter aulas com a professora romena Elena Theodorini e evoluiu rapidamente. A fim de examinar a própria voz, ela gravou particularmente, em 1918, duas árias de "Il Guarany'', de Carlos Gomes. Fez recitais no Teatro Trtanon e em outros salões cariocas. Sua peça de resistência era a "Ária da Loucura'', de "Lucia de Lamermmoor'', de Donizetti.
Um tipo de seqüência dramática, que poucas vezes iria ousar. Na época, ganhou o apelido de "O Pequeno Rouxinol'' e o crítico Oscar Guanabarino decretou: Não tem voz para salões, quando muito para salinhas''. Ainda que tenha se enganado redondamente, Guanabarino tinha razão no juízo sobre o tamanho da voz de Bidú. Era pequeno, embora o timbre delicado e a sutileza da interpretação compensassem o problema. Era melhor que fizesse tudo em boca chiusa.

Apoiada pela família e podendo viajar muito, estava em férias na França quando foi procurar, em Nice, o professor polonês Jean d Reszke (1850-1925). Ele lhe ensinou o repertório básico da ópera francesa e italiana, sempre acompanhado por Reynaldo Hahn. Em 1925, viajou para Roma e foi convidada a cantar "O Barbeiro de Sevilha'', de Rossini, abrindo a temporada do Teatro Constanzi. Logo depois, estreava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com a mesma opera. Também nesse ano ela debutou no Municipal de São Paulo, como Gilda do "Rigoletto'', de Verdi. De volta ao Rio, cantou "Il Matrimonio Segreto'', de Cimarosa, e "Soror Mariana'', do tio que a incentivou, Alberto Costa.

Voltou à Europa e estreou no Scala de Milão em outubro de 1929.Fez furor no Municipal do Rio em 1933, com "Lucia'', ao lado de Beniamino Gigli.

Em 1936, apresentou-se no teatro carioca como Ceci, de "Il Guarany''. Neste ano, Benito Mussolini mandou que Bidú cantasse em "Don Pasquale'', de Donizetti, para celebrar o casamento do príncipe herdeiro italiano, Umberto, e a princesa da Bélgica. Mussolini era um fã de Bidú. E vice-versa.

Durante a Segunda Guerra, a cantora pendurou, em seu apartamento de Nova York, o retrato do sorridente ditador com dedicatória, na mesma parede em que estava o de Franklin Roosevelt, para horror dos amigos americanos.

Alcançou fama internacional no Met, onde interpretou 16 papéis ao longo de 20 anos. Era especialmente chamada para Susana de "As Bodas de Figaro'' e Zerlina de "Don Giovanni'', ambas de Mozart, e outros personagens leves, que sempre detestou. "Eu odiava meu repertório', diz em entrevista no livreto. "Toda aquela coloratura, todos aqueles papéis que não eram emocionais!''.

Seu repertório compreendia 22 papéis. Bidú não achava apropriado fazer papéis demais. O papel favorito foi o de Melissande, da ópera "Pelléas et Melissande'', de Debussy, representado em 1946 no Met e no ano seguinte no Municipal do Rio.

A ópera foi recebida com frieza pelo público brasileiro, mas Bidú nã se importou. Disse que um dia os brasileiros se acostumariam com Debussy. Ninguém acreditou nela. O "Rouxinol Brasileiro'' tinha qualquer coisa de Cassandra, de sibila.

Tinha sua própria teoria de canto, revelada na pequena, mas interessante biografia escrita por Fernando de Bortoli, "Bidú Sayão, O Rouxinol Brasileiro'' (101 páginas, edição particular, 1992). Bortoli cita uma entrevista de Bidú à repórter Rose Hylhut da revista "The Stude''. Discorre ali sobre o ofício do cantor: "A arte do canto exige preparo sólido e consciencioso da voz e da cultura musical A voz é o instrumento musical do cantor, que primeiro precisa construir o seu instrumento antes de poder utilizá-lo. A base do canto pouco tem a ver com a arte e depende do desenvolvimento e do domínio muscular, uma espécie de ginástica sutil.
O canto depende da ação de certos músculos do abdômen, do diafragma, do peito, do pescoço, do rosto, das cavidades do nariz e da boca''. E conclui: "O cantor que aspira à ópera, deve certificar-se primeiro se possui a verdadeira habilidade dramática. É erro grave supor que qualquer boa voz pode alcançar sucesso no palco. A voz é apenas um dos numerosos fatores que o artista deve ter à sua disposição para comover o auditório''.
Apesar do talento teatral, o que resta de Bidú são as gravações, 35 discos de 78 rotações e 12 LPs, gravados entre 1935 e 1959. Neles, mostra virtude nas coloraturas e no virtuosismo que tanto abominou. Em toda a carreira, ela viveu o paradoxo de desejar emoções violentas, mas só poder transmitir as mais sutis.

http://www.geocities.com/Vienna/8179/bidu.html
www.mulher500.org.br/



Dia nacional do frevo



O DIA DO FREVO!


Dia de frevo é um dia especial para todos os Pernambucanos especialmente os Recifenses e Olindenses pois foi aqui o berço deste gênero musical/dança que aos poucos foi conquistando o Brasil carnavalesco. Em qualquer lugar do nosso País, durante os festejos de momo certamente você ouvirá seus acordes esfuziantes embora nem sempre as pessoas de outros estados saibam os “passos”.
Nós Caririenses nesse “exílio” voluntário em terras pernambucanas aprendemos a gostar e a ensaiar os diversos passos do frevo uma coreografia plasticamente bela e que exige muita energia.
Desde que aqui chegamos aos idos de janeiro de 1970 demos de cara logo no mês seguinte com o carnaval recifense! Uma loucura! Entramos na folia subindo e descendo as ladeiras de Olinda turbinados pelo famoso “pau do índio”, bebida preparada num bar dos “4 cantos” que ninguém nunca soube os ingredientes mas isso pouco importava, valia o efeito! E o frevo rasgado motivando e aumentando a alegria. Apaixonamo-nos por este ritmo, e eu particularmente, por todas as manifestações do folclore pernambucano rico e belo.

Para aqueles que não conhecem sua história transcrevo as informações necessárias e convido-os a passarem um carnaval em recife e Olinda para constatarem os fatos aqui relatados. Esta dança teve origem nos movimentos da Capoeira. A estilização dos passos foi resultado da perseguição infligida pela Polícia aos capoeiras, que aos poucos sumiram das ruas, dando lugar aos passistas.1
Em meados do século XIX, em Pernambuco, surgiram as primeiras bandas de músicas marciais, executando dobrados, marchas e polcas. Estes agrupamentos musicais militares eram acompanhados por grupos de capoeiristas. Por esta mesma época, surgiram os primeiros clubes de carnaval de Pernambuco, entre eles o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1889) e o C.C.M. Lenhadores (1897), formados por trabalhadores, cada um possuindo a sua banda de música. Os capoeiristas necessitavam de um disfarce para acompanhar as bandas, agora dos clubes, já que eram perseguidos pela polícia. Assim, modificaram seus golpes acompanhando a música, originando tempos depois o "Passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas armas pelos símbolos dos clubes que, no caso dos Vassourinhas e Lenhadores, eram constituídos por pedaços de madeira encimados por uma pequena vassoura ou um pequeno machado, usados como enfeites. A sombrinha teria sido utilizada como arma pelos capoeiristas, à semelhança dos símbolos dos clubes e de outros objetos como a bengala. De início, era o guarda-chuvas comum, geralmente velho e esfarrapado, hoje estilizado, pequeno para facilitar a dança, e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do carnaval de Pernambuco.2

O frevo é uma dança inspirada em um misto de Marcha e Polca, em compasso binário ou quaternário, dependendo da composição, de ritmo sincopado. É uma das danças mais vivas e mais brejeiras do folclore brasileiro. A comunicabilidade da música é tão contagiante que, quando executada, atrai os que passam e, empolgados, tomam parte nos folguedos. E é por isso mesmo, uma dança de multidão, onde se confundem todas as classes sociais em promiscuidade democrática. O frevo tanto é dançado na rua, como no salão. O berço do frevo é o Estado de Pernambuco, onde é mais dançado do que em outra qualquer parte. Há inúmeros clubes que se comprazem em disputar a palmo nesta dança tipicamente popular, oferecendo exibições de rico efeito coreográfico. Alguém disse que o frevo vem da expressão errônea do negro querendo dizer: "Eu fervo todo", diz: "Quando eu ouço essa música, eu frevo todo". O frevo é rico em espontaneidade e em improvisação, permitindo ao dançarino criar, com seu espírito inventivo, a par com a maestria, os passos mais variados, desde os simples aos mais malabarísticos, possíveis e imagináveis. E, assim, executam, às vezes, verdadeiras acrobacias que chegam a desafiar as leis do equilíbrio.


Coreografia: a coreografia, descrita por Dalmo Berfort de Mattos, dos passos que se seguem do frevo, dão uma idéia de quão interessante é essa dança:
Dobradiça: O passista se curva para frente, cabeça erguida, flexionando as pernas, apoiado apenas sobre um dos pés, arrasta-o subitamente para trás, substituindo o pé pelo outro. E assim por diante. Este jogo imprime ao corpo uma trepidação curiosa, sem deslocá-lo sensivelmente.
Parafuso ou saca-rolhas: O passista se abaixa rápido, com as pernas em tesoura aberta e logo se levanta, dando uma volta completa sobre a ponta dos pés. Se cruzou a perna direita sobre a esquerda, vira-se para a esquerda, descreve uma volta completa e finda esta, temo-lo com a esquerda sobre a direita sempre em tesoura, que ele desfaz com ligeireza para compor outros passos.

Da bandinha: O passista cruza as pernas, e mantendo-as cruzadas, desloca-se em passinhos miúdos para a direita, para a esquerda, descaindo o ombro para o lado onde se encaminha. Alinhava o movimento como quem vai por uma ladeira abaixo. O passista com os braços para o alto e as nádegas empinadas aproxima e afasta os pés, ou caminha com as pernas arqueadas e bamboleantes.

Corrupio: O passista se curva profundamente e ao mesmo tempo em que se abaixa, rodopia num pé só, em cuja perna se aplica flexionada outra perna, ajustando o peito do pé à panturrilha. Toma uma atitude de quem risca uma faca no chão. O passista manobra com uma das pernas jogando para frente o ombro correspondente à perna que avança, o que faz ora para a direita, ora para a esquerda, alternadamente, na posição de quem força com o peso do ombro uma porta. Este passo se se encontra parceiro é feito vis-à-vis. O passista descreve, todo empinado, o passo miúdo, num circulo, como um galo que corteja a fêmea. O passista anda como um aleijado, arrastando, ora com a perna direita, ora com a esquerda alternadamente, enquanto o restante do corpo se conserva em ângulo reto. O passista põe-se de cócoras, e manobra com as pernas, ora para frente, cada uma por sua vez, ora para os lados.

Chão de barriguinha: O passista com os braços levantados, aproxima-se vis-à-vis e com ele troca uma umbigada, que nunca chega a ser violenta. Se são as nádegas que se tocam, temos o Chão de Bundinha. O passista se verticaliza afoitamente, espiga o busto, levanta os braços e caminha em passo miúdo, arrastando os pés em movimento "saccadé". O passista dá uma volta no ar, de braços arqueados, caindo com os tornozelos cruzados apoiando-se sob os bordos externos dos pés. O passista dá grandes saltos para um lado e para o outro, mantendo estirada a perna do lado para onde se dirige, e tocando o chão com o calcanhar. Geralmente o passista utiliza-se de um chapéu de sol, afim de melhor garantir o equilíbrio."
Ainda há inúmeros passos como o do Urubu Malandro, etc.3

Nilo Sérgio

14/09/2009

1. Ver informações mais detalhadas no Museu do Frevo Levino Ferreira. 2. Extraído do texto "A Sombrinha no Frevo" de Luiz Gonzaga C. Souza Filho do Museu do Frevo Levino Ferreira. 3. Danças do Brasil / Felícitas. - Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint Lttda., sem/data Foto Conjunto de Frevo: Atlas Universal Interativo - Coleção Recreio - Ed. AAbril

Minha amiga Odete Righi - Por Socorro Moreira



Em 1992, trabalhei no Banco do Brasil de Nova Friburgo (RJ), como Gerente de Expediente.
Dentre todos os clientes, na minha plataforma, Odete Lara era especial.
Linda, beleza frágil e marcante, elegante sempre, usava um chapeuzinho de palha, feminino e leve, que a protegia do sol serrano. Quando ela chegava, parava todos os meus trâmites: papel para assinar, telefone para atender... Depois de colocar as suas contas em dias, conversávamos sobre o trivial. Não falava de si, nem do passado. Era outra pessoa... Mística e iluminada!Impressionava-me em serenidade e sabedoria. Depois de algum tempo nos tornamos grandes amigas. Finais de semana ela ligava e perguntava-me: "Tem bacalhoada? Você alugou os nossos filmes? Vou dormir aí".
Trazia seu saco de dormir, e frutas do seu pomar e horta. Assistíamos em silêncio os clássicos do cinema, e alguns lançamentos. Era apaixonada por cinema, e uma excelente companhia.
Quando vim embora de Friburgo, ainda trocamos telefonemas vários. Depois perdi o endereço e contato, mas a amizade ficou guardada num canto especial da minha alma.
Às vezes , quando estou fazendo palavras cruzadas, ou assistindo um filme na madrugada, escrevo o seu nome, vejo a sua imagem, mas não é do mito que eu sinto saudades!

Socorro Moreira



ODETE LARA por ANDRÉ SETARO

Foto: cena de "O Dragão da Maldade Contra O Santo Guerreiro" (1969),
de Glauber Rocha

Entre todas as atrizes brasileiras, a que mais me fascina é Odete Lara, talvez porque este fascínio venha da infância, quando ainda em tenra idade comecei a ver seus filmes e me fixei, garoto, na sua forte personalidade, na sua extraordinária presença, e na sua singular beleza de mulher.

Quando comecei a ir ao cinema, em meados dos anos 50, a maioria dos filmes brasileiros que via era constituída de chanchadas. A primeira impressão forte de Odete Lara, apesar de meus 8 anos, veio de Absolutamente certo (1957), deliciosa comédia de costumes dirigida por Anselmo Duarte, que considero, sem medo de errar, um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos. Odete num número musical, nos estúdios da televisão onde o personagem principal, Zé Lino, interpretado por Anselmo Duarte vai pela primeira vez se apresentar para fazer um teste.

Não perdi, desde então, Odete Lara de vista. E a vi no papel de Júlia em Uma certa Lucrécia, de Fernando de Barros (1957), em Dona Xepa, de Darcy Evangelista, Moral em concordata (1959), de Fernando de Barros, e, de repente, Esse Rio que eu amo (1960), de Carlos Hugo Christensen, quando, pela primeira vez, recebo uma Odete Lara colorida dentro do cartão postal da ex-Cidade Maravilhosa. Evidentemente que, naquela época, não tinha em mente os diretores dos filmes citados, ainda que, num caderno colegial, fosse de anotar os filmes vistos.

O menino que se queria já um adolescente vivia lendo em Cinelândia sobre a sua grande atriz, e esperando o seu próximo filme. Que vieram: Cacareco vem aí (1960), de Carlos Manga, Na garganta do diabo (1960), de Walter Hugo Khoury, Dona Violante Miranda (1960,. de Fernando de Barros, e o desconhecido Sábado a la noche, cine. Interessante observar que Odete Lara fazia um filme atrás do outro, sem parar, considerando que somente em 1960, quatro longas metragens.

Mas Odete ainda se revelar mais em Mulheres e milhões (1961), thriller de Jorge Ileli, onde tem mais oportunidade de mostrar os seus encantos. E, principalmente, em 1962, quando domina a cena de quase todas as seqüências de As sete Evas, de Carlos Manga. A seguir: Bonitinha mas ordinária (1963) de J. P. de Carvalho, que desconfio ser pseudônimo de Jece Valadão, uma adaptação sensacionalista da famosa peça de Nelson Rodrigues.

Mas quero aqui apenas registrar a minha predileção por Odete Lara entre todas as atrizes brasileiras de todos os tempos. E não fazer a sua filmografia. Mas é preciso registrar a Odete Lara essencial, e ela se encontra, perfeita e acabada, em Noite vazia (1964), de Walter Hugo Khoury, um dos grandes momentos do cinema brasileiro, Copacabana me engana (1968), obra de estréia na direção de Antonio Carlos Fontoura que viria a lhe dirigir depois em A rainha diaba (1973). E a Odete Lara enfurecida, em O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969), de Glauber Rocha, que, vestida de roxo, esfaqueia com quase duas dezenas de golpes de faca Hugo Carvana em momento antológico do cinema brasileiro.

Sim, Odete Lara é única, ainda que tantas as belas e boas atrizes que o Brasil possui.


André Setaro é, antes de tudo, um pensador de cinema.
Crítico, pesquisador e professor de cinema da UFBA -
Universidade Federal da Bahia, André Setaro foi um dos colaboradores
da indispensável "Enciclopédia do Cinema Brasileiro",
organizada por Ferrnão Ramos e Luiz Fernando Miranda.


Nome Completo: Odete Righi
Natural de: São Paulo, SP, Brasil
Nascimento:17 de Abril de 1929

Filmografia - Atriz
2001 - Barra 68 - Sem Perder A Ternura
1986 - Um Filme 100% Brasileiro
1979 - O Princípio do Prazer
1974 - Assim Era a Atlântida
1974 - A Estrela Sobe
1974 - A Rainha Diaba
1973 - Primeiros Momentos
1973 - Vai Trabalhar, Vagabundo
1972 - Quando o Carnaval Chegar
1972 - Viver de Morrer
1971 - Lúcia McCartney, uma Garota de Programa
1971 - Aventuras Com Tio Maneco
1971 - O Jogo da Vida e da Morte
1970 - Os Herdeiros
1970 - Vida e Glória de um Canalha
1969 - Copacabana Me Engana
1969 - O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro
1968 - Cancêr em Família
1967 - As Sete Faces de um Cafajeste
1965 - Mar Corrente
1964 - Noite Vazia
1964 - Bonitinha Mas Ordinária
1964 - Pão de Açucar
1963 - Sonhando com Milhões
1962 - Boca de Ouro
1962 - Sete Evas
1962 - Esse Rio Que Eu Amo
1961 - Mulheres e Milhões
1960 - Dona Violante Miranda
1960 - Na Garganta do Diabo
1960 - Duas Histórias
1959 - Dona Xepa
1959 - Moral em Concordata
1958 - Uma Certa Lucrécia
1957 - Absolutamente Certo
1957 - Arara Vermelha
1956- O Gato de Madame
Filmografia - DiretorPrêmios
- Recebeu no Festival de Gramado o prêmio Oscarito, por sua contribuição ao desenvolvimento do cinema brasileiro.

Curiosidades
- Filha única de imigrantes do norte da Itália. Seu pai, Giuseppe Bertoluzzi, era originário de Belluno. Sua mãe, Virgínia Righi, cometeu suicídio quando Odete tinha apenas seis anos. Foi então internada num orfanato de freiras e depois levada para a casa da madrinha. Odete se apegou fortemente ao pai, seu único referencial afetivo. Mas vitimado por uma tuberculose, Giuseppe foi obrigado a ficar afastado da filha. Giuseppe também se matou quando Odete tinha 18 anos, deixando a filha sozinha.

- Nesta época, Odete já trabalhava para se manter. Seu primeiro emprego foi como secretária e datilógrafa.

- Incentivada por uma amiga, Odete fez um curso de modelo no Museu de Arte Moderna de São Paulo e participou do primeiro desfile da história da moda brasileira realizado no próprio MASP.

- A beleza de Odete deslumbrou o poderoso Pietro Maria Bardi, fundador e diretor do MASP, que a indicou para a então recém-inaugurada TV-Tupi de Assis Chateaubriand.

- Começou trabalhando como garota-propaganda, mas logo seu talento atraiu as atenções e ela foi chamada a participar de uma versão televisiva de "Luz de Gás", com Tônia Carrero e Paulo Autran. Ela fez ainda "Branca Neve e os sete anões", onde interpretou a Rainha Má.

- Ela se tornou estrela do "Programa de Vanguarda", uma das maiores atrações da TV-Tupi. Na TV participou de novelas de sucesso como "As bruxas", "A volta de Beto Rockefeller" e "Em busca da felicidade".

- Foi contratada pelo mais importante grupo teatral em atividade no país, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e estreou na peça "Santa Marta Fabril S/A" dirigida por Adolfo Celi.

- Abílio Pereira de Almeida, autor de Santa Marta, a convidou para participar de seu primeiro filme, O Gato de Madame, ao lado de Mazzaropi.

- Ao lado de Vinicius de Moraes, ela estreou como cantora no show Skindô, que foi registrado em disco. Além deste, ela faria ainda Eles e Ela com Sérgio Mendes, Meu refrão, com Chico Buarque e Quem samba fica, com Sidnei Miller. A trajetória musical de Odete Lara ficaria perpetuada em dois discos: Vinicius e Odete e Contrastes.

- No auge do sucesso profissional decidiu abandonar tudo. Converteu-se ao budismo e partiu para um auto-exílio num sítio nas montanhas do Rio de Janeiro.

- Publicou três livros autobiográficos, "Eu nua", "Minha jornada interior" e "Meus passos na busca da paz", além de traduzir várias obras sobre o budismo.

- Casou-se com o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, e com o diretor de cinema Antonio Carlos Fontoura, mas não teve filhos.

- O filme Lara é baseado na história de sua vida.

Quem deu nome às notas musicais?


No espaço MURAL de Curiosidades da linguagem da Revista Língua Protuguesa - Editora Segmento - encontrei um detalhe que vem ao encontro do que Socorro Moreira postou anteriormente citando as Notas musicais - (sabemos a origem da sua denominação?).

Segundo a revista, a se acreditar nos historiadores, atribuiu-se ao monge beneditino Guido de Arezzo (995-1050) o batismo das notas musicais. Arezzo teria tornado a primeira sílaba de cada verso de um hino dedicado a São João Batista (em Latim).

"Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve polluti
Labii reatum
Sancti
Iohannes"

Ainda no artigo que transcrevo, informa-se que: " Guido de Arezzo teria transposto essas primeiras sílabas num pentagrama, com a finalidade de dar nome às notas musicais. A tradução livre do trecho em destaque é:
.
" Como ressoam amplamente as entranhas quando estão livres de pecado e atos impuros, São João".

A troca do Ut por Do teria sido posterior, e o Si foi extraído das primeiras letras do nome do santo.

Postado por Claude Bloc

O BAILE DA VIDA

"Os anos passam... As lembranças são eternas.
A saudade permanente e nossos olhos em busca de cenas de tempos vividos.
Os anos passam... Vivemos lições de vida, aprendemos a vasculhar nas nossas recordações do coração e a acariciar lindos momentos que se foram para não mais voltar.
Os anos passam... Crescemos na alma, mas sempre seremos frágeis no amor.
Os anos passam... Muitos virão ou quem sabe... Nossa estada nesta vida
seja curta, nada sabemos do amanhã... Nem quando vamos...
Os anos continuam a desfilar na passarela do aprendizado e nós protagonistas da vida, enfrentamos os momentos que nos fazem infelizes e nos deliciamos com os felizes!
Resumimos que a vida é um grande baile em que almas se encontram, se esbarram, se unem e se separam...
Cada qual bailando nos conflitos, nas esperanças e nas suavidades de momentos de amor .
De todos os anos que se foram, concluo que viver...
É ser cada qual, em sua essência adquirida.
Com todas as adversidades, com as lágrimas derramadas, ainda assim, a alegria de viver é o maior presente embrulhado em papéis de brilhos de momentos...
Relembrar é viver um pouco mais...
Viva a sua vida, pois ela é curta.
Valorize e ame a você mesmo, pois ninguém mais que você, te conhece.
E não se esqueça...
Ninguém lembrará o que fez de bem
Mas, todos lembrarão dos seus erros."

(Desconheço a autoria)

Atendendo ao convinte de Socorro para colaborar com o blog, desejo a todos um lindo dia!!!

Festival Cariri da Canção 2009 - Por Tânia Peixoto

Amigos queridos de longe e de perto,

Se acharem que vale à pena e desejarem participar (sei que estão noutro momento de suas carreiras, obviamente), envio material do Festival Cariri da Canção, edição 2009, que se realizará na cidade de Crato - CE, entre os dias 14 e 17 de outubro do ano em curso.

Em 2008, o festival foi consideravelmente menor e voltado, exclusivamente, para a região do Cariri Cearense. Esse ano, com a ampliação do leque de parcerias e apoios e o empenho decisivo da Danielle Esmeraldo, nossa querida Secretária da Cultura, está se firmando em âmbito nacional (aqui, a sensibilidade para não isolar-se, culturalmente e promover intercâmbio com outras regiões do país) e tendendo a crescer, mais ainda, nas próximas edições.

Enviem suas composições ou, simplesmente, divulguem para quem queira participar.

Um abraço do Cariri,

Tânia Peixoto
"O tempo é o meu lugar, o tempo é a minha casa"
(Vítor Ramil)

taniamxpeixoto@yahoo.com.br

SOBRE SAUDADES, APARTAMENTOS E CLARIDADES - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Não tive tempo suficiente para esclarecer se a palavra latina solus tem o mesmo significado que o de solis. Desta origina-se o nome da estrela que aprisiona o nosso sistema planetário e do qual a maior parte da vida depende. Já da primeira palavra, que significa a um só, solitário, deriva para solitas, solidão, unidade, desamparo, retiro...

Sendo o sol único e solitário, tendo a achar que ambas são palavras latinas com o mesmo significado. E se não me engano, passo então ao que venho. Refiro-me a outra palavra derivada de solitas, que é “saudade”.

Saudade que muitos compreendem como um sentimento de incompletude, motivado pela memória de eventos acontecidos ou pelo apartamento das terras, coisas e pessoas amadas. Há quem diga que historicamente a palavra “saudade” seja coisa tipicamente do Português. Que as outras línguas não têm a mesma compreensão.

Um sentimento criado na foz do Tejo, desde a Torre de Belém, com velas sumindo na linha do horizonte. Quem nelas singra, o faz deixando para trás um mundo milenar, um chão de gerações, um céu de sonhos e desejos. Quem fica no porto é como o guerreiro que perdeu a perna na batalha e daí em diante firmou-se num galho morto de uma árvore.

Quando tratamos dos tempos idos temos críticas a eles. Eram tempos de hierarquias familiares exacerbadas, de muita pobreza, sem proteção social. A virgindade se tinha como condenação prévia de toda a sexualidade feminina. A rebeldia era contida na inteireza do controle da renda no pai de família. O ensino era uma dádiva de quem possuía um pouco mais. O cinema para quem tinha trocados no bolso. Existiam duas praças: a dos ricos na Siqueira Campos e dos pobres a de São Vicente (Juarez Távora?).

Por isso quando dizemos “saudade” estamos entre o “apartamento” de um tempo e espaço e a “claridade” do sol. O sol que permite a fotossíntese e desta, a exuberância de toda vida como matriz de energia e proteína. Simultaneamente se diz perda e achado. Pronunciam-se cânticos de amor ao mundo em elisão como se procura nesta mesma manhã que a todos igualmente diz dia, o eixo que dignifica toda existência.

Afinal não somos saudades para aceitar as formas arcaicas do passado, mas para que os presentes não achem do momento uma eternidade que dure. Achem a eternidade que existe e por existir se aparta da sua necessária cessação no tempo. O tempo não é a questão. A questão somos nós. E a percepção de que estamos numa multiplicidade que precisa ser decifrada a cada passo. Uma saudade que traduza para as novas gerações que forjam as próprias saudades que nada se resume a esquema do tipo o “bem” e o “mal”.

Pensamento para o Dia 14/08/2009


“Quando Sri Krishna estava sendo pesado em uma balança, todas as jóias de Sathyabhama não puderam equilibrar Seu peso. Então, Rukmini veio e declarou que o mero cantar do Nome de Krishna seria igual a Seu peso. Com o peso de uma oferta adicional de uma folha, uma flor ou um pouco d’água, a balança se inclinaria para o lado onde estava Krishna. Dizendo isso, ela colocou uma folha de manjericão (Tulasi) no outro prato da balança. E, pasme! A balança se inclinou para aquele lado! Tal é o poder do Nome do Senhor e de uma oferenda cheia de amor a Deus! O Senhor não é influenciado por riqueza ou erudição, poder ou posição. Somente o amor pode movê-lO.”
Sathya Sai Baba

Do Re Mi...Sol- Bom dia !

http://www.flixxy.com/antwerp-central-station-sound-of-music.htm
Curiosidades de Crato: a imagem de São Quintino
por Armando Lopes Rafael
Dedicado a Maria da Glória Pinheiro Cavalcanti Ordonez
que me proporciou conhecer o livro de Jacopo de Varazze

Existe na capela de Santa Teresa de Jesus, em Crato, uma imagem de São Quintino. Santo pouco cultuado no Brasil fiquei curioso em conhecer a origem dessa imagem que se venera naquele templo. E fiquei sabendo que foi uma espécie de agradecimento – feito pelos fiéis cratenses – a Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, 1º bispo de Crato, e construtor daquela capela. Depois, conversando com o diácono-permanente Policarpo Rodrigues – sobrinho-neto de Dom Quintino – este esclareceu que era costume na família Rodrigues dar nome aos filhos homenageando o santo comemorado na data de seus nascimentos.
Dom Quintino nasceu num 31 de outubro, data que se comemora São Quintino.
Mas, quem é este santo venerado em Crato?
No livro de Jacopo de Varazze, “Legenda Áurea–vidas dos santos”, (com 1.040 páginas), consta à página 419:
“Quintino, nobre cidadão romano, foi à cidade de Amiens onde fez muitos milagres e foi capturado por ordem do prefeito Maximiano, sendo espancado com varas até os carrascos estarem esgotados e depois jogado na prisão. Mas, libertado por um anjo, foi para o centro da cidade pregar ao povo. Novamente preso, foi esticado no potro (obs: instrumento romano de tortura, constituído por uma armação de madeira cuja forma lembra um pequeno cavalo, daí este nome) até suas veias se romperem, foi duramente espancado, jogaram nele azeite, pez e gorduras ferventes, e como continuou a zombar do prefeito, este, irritado, mandou jogar na sua boca vinagre, cal e mostarda. Mas como permanecia inabalável, foi conduzido a Vermand, onde o prefeito mandou enfiar nele dois espetos que iam da cabeça às coxas, e dez pregos entre as unhas e a carne; depois mandou decapitá-lo.
“Seu corpo foi jogado em um rio e ali ficou 55 anos, tendo sido depois encontrado por uma nobre dama romana. Esta, que se entregava assiduamente à oração, certa noite foi avisada por um anjo para ir ao castelo de Vermand e ali procurar em determinado lugar o corpo de São Quintino e sepultá-lo com honras. Ela se dirigiu com um grande séquito ao lugar indicado, onde, depois de ter feito sua prece, apareceu o corpo de São Quintino, flutuando incorrupto e exalando um suave odor. Ela o sepultou, e como grande recompensa recuperou a visão. Depois de construir naquele lugar uma igreja, voltou para casa”.

Projeto Água pra que te quero !-Nívia Uchôa