Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Mulher e o Signo ( Vinícius de Moraes)



LEÃO
(de 22 de julho a 22 de agosto)

A mulher de leão
Brilha na escuridão.
A mulher de leão, mesmo sem fome
Pega, mata e come.
A mulher de leão não tem perdão.
As mulheres de leão
Leoas são.
Poeta, operário, capitão
Cuidado com a mulher de leão!
São ciumentas e antagônicas
Solares e dominicais
Ígneas, áureas e sardônicas
E muito, muito liberais.

Vinícius de Moraes

Ainda sobre Orlando Silva - Por Norma Hauer


O dia era 7 de agosto, o ano:1978; nessa data faleceu um dos maiores fenômenos da música popular de nossa terra: ORLANDO SILVA. Desde suas primeiras gravações já deixou sua marca.
Estreou na extinta Rádio Cajuti, levado por Francisco Alves que, em 1934, tinha um programa na emissora. Chico Alves apoiou-o logo de saída para que ele "derrubasse" o prestígio de Silvio Caldas, por ter a voz semelhante à de Sílvio. Só que ele surpreeendeu:não só passou a ter mais prestígio que Sílvio, como até Chico Alves "balançou" com o fenômeno ORLANDO SILVA.

Suas primeiras gravações na RCA Victor foram duas composições de Cândido das Neves:"Lágrimas" e "Última Estrofe".
Antes, gravara na Colúmbia um gingle para o lançamento do "Chope da Brahma", exatamente com esse título e da autoria de Ari Barroso. É... muito antes de Zeca Pagodinho, um cantor então iniciante fez apologia da Brahma . Embora os tempos fossem outros(não havia televisão)o lançamento foi um sucesso.
Estreando, em seguida, na Victor, Orlando gravou aquelas composições de Cândido das Neves e, em seguida, "No Quilômetro 2".

A Victor, como se tratava de um cantor novo, fez mais fé neste samba, lançando-o primeiro no mercado discográfico.Só que sua interpretação nas músicas de Cândido das Neves mostraram sua grande sensibilidade como cantor e apareceram mais do que "No Quilômetro 2".

Foi, porém, com "Lábios que Beijei", de J.Cascata e Leonel Azevedo" que ele ficou conhecido em todo o Brasil como "O Cantor das Multidões", cognome que lhe foi dado por Oduvaldo Cosi depois de uma apresentação sua no Largo da Concórdia, em São Paulo.

Quase tudo que Orlando Silva gravou foi sucesso, tanto no terreno romântico, como no carnaval.
Ele sempre contava, a respeito de "Carinhoso", uma história que não batia pela contada por Heloísa Helena, cantora e atriz de renome nos anos 40. Orlando, em mais de uma entrevista, disse que seu pai teria feito parte do conjunto "Oito Batutas", dirigido por Pixnguinha e que grande sucesso fizera na Europa.)

O pai de Orlando não acompanhou Pixinguinha nessa ocasião, por motivo de família e, alguns anos depois veio a falecer, mas antes apresentara o filho ao Mestre Pixinga.
O choro "Carinhoso" foi um dos que fizeram parte do repertório de "Os Oito Batutas", grupo somente musical; assim, as melodias por eles apresentadas não tinham letra.
E "Carinhoso" era uma delas, lançada em 1918.

Orlando em várias entrevistas, em rádio e já em televisão gostava de dizer que apreciava muito o chorinho e que gostaria de gravá-lo mas, para que isso acontecesse, Pixinguinha pediu a Braguinha (então mais conhecido como João de Barro) que fizesse uma letra para "Carinhoso",a fim de que Orlando o pudesse gravar, o que aconteceu para o carnaval de 1939. Até hoje, "Carinhoso" é um sucesso em todo canto do país.

Heloísa Helena contava uma história diferente: sempre dizia que ela, gostando da música, pedira a Pixinguinha que fizesse uma letra, para ela apresentar em um espetáculo que se realizaria no Theatro Municipal.Foi quando João de Barro fez a letra.

Já com "Rosa" aconteceu algo que só anos mais tarde chegou ao conhecimento do público.Essa também era uma música dos anos 20, que não tinha letra. Orlando, achando-a lindíssima, pediu a Pixinguinha para gravá-la. E o fez, aparecendo no disco somente o nome de Pixinguinha.

Mas...aí surge Paulo Tapajós, um dos maiores pesquisadores de música popular que este país já teve. Paulo, entrevistando Pixinguinha para um depoimento no Museu da Imagem e do Som, perguntou-lhe"Pixinga, você não é letrista, quem compôs a letra de "Rosa"? Pixinguinha confessou que foi um rapaz modesto (Octavio de Souza), que já falecera e que trabalhara nas oficinas da Central do Brasil, ali, onde hoje é o "Engenhão".

Só a partir daí ficou-se sabendo o nome do letrista de uma das mais bonitas letras
que fizeram parte de nossa música. E isso graças a Paulo Tapajós.

Não sei se esses casos constam de algum site sobre ORLANDO SILVA ou sobre Pixinguinha, mas o caso de "Rosa" ouvi-o do próprio Paulo

Ainda sobre a música "Rosa", gostaria de informar que essa era a de que mais sua mãe gostava. Depois de seu falecimento, Orlando não podia cantar essa melodia sem chorar. Ele era muito sentimental e adorava sua mãe. Assim era difícil,para ele, cantar "Rosa".

Só para citar, algumas gravações de Orlando que marcaram muito sua carreira:"Nada Além" e "Enquanto Houver Saudades", ambas de Mário Lago e Custódio Mesquita (as primeiras da parceria);"Súplica"(aquela, cuja letra não tem rima);"Caprichos do Destino";"Por quanto Tempo ainda";"Dá-me tuas Mãos";"Por Ti"; "Uma Lágrima, uma Dor, uma Saudade":"Lágrimas de Rosa";"Página de Dor";"Apoteose do Amor"...."A Jardineira";"O Pranto Meu Ninguém Vê";"Cidade Brinquedo" e "Cidade Mulher"(ambas exaltando o Corcovado):"O Meu Pranto Ninguém Vê"... estas últimas para os carnavais nos quais ele era sempre o mais ouvido.

Só para lembrar, a letra de

LÁBIOS QUE BEIJEI

Lábios que eu beijei,
Mãos que eu afaguei
Numa noite de luar assim.
O mar na solidão bramia
E o vento a solicitar pedia,
Que fosses sincera para mim.
Nada tu ouviste
E logo partiste
Para os braços de outro amor.
Eu fiquei chorando,
Minha mágoa cantando
Com a estátua perenal da dor...






Norma Hauer

Futebol de Salão na Quadra Bicentenário - Por Socorro Moreira



Quebrando as limitações da vida social dos anos 60, principalmente para quem não tinha ainda 15 anos (e só queria ser adulto), o Crato teve a sua fase áurea, no Futsal, entre os anos 64 e 68.

O dia da inauguração da Quadra Bicentenário foi marcado como um evento espetacular.

As famílias já haviam adquirido suas cadeiras cativas, e os times já se achavam organizados (Votoran, AABB, Tênis e Wolks). Em pouco tempo virou mania geral. Velhos e meninos viciados, torcendo pelo seu time de predileção. Meu pai não perdia um jogo, e não se incomodava de levar-nos (eu e as minhas irmãs) à tiracolo. Lotava. Os melhores dias configuravam-se, nas quartas e aos sábados.
Aos domingos tínhamos a Praça Siqueira Campos; na segunda um cineminha, no Moderno. E assim encontrávamos quem queríamos, em muitas oportunidades.

Lembro quando o América do Rio veio jogar no Crato. Foram três dias de jogos com o campeão brasileiro de futebol de salão. Não estou lembrada dos placares de resultados, mas sei que acabamos todos muito roucos de tanto gritar e torcer.

Quando os meninos que faziam os times começaram a viajar para estudar fora, ocorreu o esvaziamento e extinção do nosso entretenimento esportivo.

Nunca os colégios tiveram tantos times de vôlei, futebol e basquete. Nunca gostamos tanto de esportes.

O movimento na quadra foi retomado, na década de 70 com os acontecimentos dos festivais de música. Tempo em que eu já estava ausente das brincadeiras.

* Estive uma noite , na Expo Crato, e uma figura conhecida abordou-me para entregar essa imagem da inauguração da Quadra Bicentenário. Falou-me: olha, acho que é do teu interesse porque vejo teu pai, tua mãe e você. A qualidade é péssima , mas dá pra identificar várias figuras da época.

* A foto do time é do acervo de Dulce Carvalho.

Não identifico todos , mas lembro de muitos atletas ligados à epoca : Paulo César, Zé César, Gledson, Zé Vicente, Careca, Manga, Carlindo, Freire, Dau, Bosco, Chico Pão, Gledson, Miguel, Gilton , Danja, Hibernon, Ítalo, Pernambuco,Assis ...!
-Convoco a memória de vocês para recompor em detalhes esse nosso tempo.

( Impressionante como não existem registros oficiais. Pelo menos não os encontrei).

HIROSHIMA - NAGASAKI - por Cesar Augusto Fontes

Fatos que precederam Hiroshima.

1 - No processo de renovação (Meiji Ishin), o Japão r'apidamente se organizou com um período
de expansão territorial e controle econômico visando aumentar seus recursos naturais
----
2 - Com essa estratégia, o Japão embarcou em várias aventuras militares, a saber, China em
1894 (controle de Taiwan), guerra com a Russia em 1904 onde ganhou territórios na China
e na Península Koreana.
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3 - Depois da guerra de 1914, a Liga das Nações deu a custódia das colônias da Alemanha
Imperial no leste e nas águas do Pacífico. Em 1931, Japão estabeleceu o controle na
Mandichuria (Manchukuo).
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4- A Liga das Nações e vários ougtros países, incluindo os Estados Unidos, todos com interesses
territoriais no sudoeste da Ásia, não aprovaram as ações militares japonesas contra a China
e responderam com condenação e pressão diplomática causando a saída do Japão da
Liga das Nações.
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5 - O Japão continuou sua campanha militar contra a China e em 1936 assinou o Tratado anti-
Comintern com a Alemanha nazista o que acabou formalmente com as hostilidades do fim
da Primeira Guerra Mundial.
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6 - Em 1941, o Japão assinou o "Pacto Tripartite" com a Alemanha nazista e a Itália fascista
formando assim, os poderes, ou as potências do eixo.
----
7 - Em represália as ações japonesas, os Estados Unidos criaram embargos contra as importações
japonesas de metal e combustível fechando também o Canal do Panama 'a todas embarcações
de bandeira nipônica. A situação se agrava, e em 1941, Japão avança para o norte da
Indochine (atualmente Vietnan, Laos e Cambodia) e os Estados Unidos retaliaram congelando
todos os bens japoneses na América e iniciou então, um embargo completo 'as importações
japonesas de petróleo.
----
8 - Quando os Estados Unidos enviaram uma nota, descrita pelo Primeiro-Ministro Hideki Tojo
como um ultimatum, o Japão ficou entre retirar-se da China e dos territórios adjacentes
ou continuar seu expansionismo. Assim que, o Japão preocupado em perder o prestígio na
comunidade internacional, o governo imperial japones, que já tinha opções militares
preparadas, decidiu executá-las e, covardemente atacou Pearl Harbor matando mais de
2400 militares e e pessoal civil, destruiu 11 navios e 188 navios, provocando a entrada dos
Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
----
9 - Não quero dissertar sobre a guerra pr'opriamente dita, mas quero sublinhar que, até o
bombardeio de Hiroshima, o número de mortos já alcançavam 50 milhões e 28 milhões de
mutilados e observem que não estou considerando milhões de inutilizados por traumas
psíquicos.
----
10 - A discussão a respeito da real necessidade do uso de tais armas, repercute até hoje e a
maioria da população americana, inclusive eu, aceitou a justificativa de que não fosse isso,
muito mais vidas se teriam perdido devido a recusa do Japan a se render.
A recusa do Japão se render, mesmo depois da bomba em Hiroshima, foi tomada a decisão
de bombardear Nagasaki, forçando assim a rendição incondicional do Japan.

O vaqueiro que derruba - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Isso ficou esquecido num cantinho qualquer de comentário. Recupero para que todos os touros reconheçam o destino líquido e certo do vaqueiro.


E touro brabo da caatinga,
nunca lanço me apanhou,
qualquer vivente me derrubou,

Mas se fosse este vaqueiro,
todas a carga ia pru chão,
do dedo do pé ao coração.

Prisioneiro de movimentos,
mão que deita ferro quente,
sou marca das posses dela.


Desafio respondido:

touro brabo da caatinga,
nunca lanço me apanhou,
qualquer vivente me derrubou,

-Touro brabo, de repente
-levou poeira e vento
-pelo sertão sofredor

Mas se fosse este vaqueiro,
todas a carga ia pru chão,
do dedo do pé ao coração.

- Este/a vaqueiro/a é manso/a
- que nem flor de mandacaru
- touro babo, me ensina
- a ser brabo como tu

Prisioneiro de movimentos,
mão que deita ferro quente,
sou marca das posses dela.

- Ferro quente não te marca
- não te marca ferro quente
- quem marca, a bem da verdade,
- é a saudade da gente


Abraço,

A Vaqueira

" O Baile" - Sessão XII- Por Zélia Moreira


Vocês conseguem imaginar um filme em que todas as cenas acontecem num mesmo ambiente? Esse filme existe e se chama "O Baile."
Ganhei de presente de uma amiga querida. Ter vindo de "Vó Jacy"(minha referência cultural) foi decisivo para despertar em mim a vontade de assisti-lo.
Vi o filme sem piscar os olhos (exagero, claro!).
Realizado pelo grande cineasta italiano, Ettore Scola( roteiro e direção), ele conseguiu transformar um filme com muitas musicas e nenhum diálogo, num grande entreterimento.
O filme começa no ano 1983, em um grande salão construído nos anos 30. As primeiras a chegarem ao local são todas mulheres. Altas , baixas , jovens, seguidas pelos imponentes, tímidos ou amedrontados homens. Os personagens dançam ao longo do salão enquanto se recordam do passado.
Transportamos-nos para os idos de 1936, e viajamos no tempo ,percorrendo cada período da História. Ao lado dos bailarinos conhecemos a França dos anos 30 aos anos 80: a classe trabalhadora; o período de ocupação nazista, durante a segunda guerra mundial; a libertação pelas forças dos aliados; a musicalidade de Glenn Miller; a chegada do rock'n'roll...
Em 1983 é a vez da música discô.
Nas cenas finais, acontece a invasão dos salões pelos estudantes, e o Baile termina , melancolicamente.

Confiram !


AMOR A DEUS, TEMOR AO PECADO E MORALIDADE NA SOCIEDADE - PARTE DO DISCURSO DE SATHYA SAI BABA

Organização Sri Sathya Sai do Brasil
www.sathyasai.org.br

Data: 06.07.2009 - Ocasião: Guru Purnima(I)1 - Local: Prashanti Nilayam



Brahma, Vishnu e Shiva são três diferentes nomes e formas da mesma divindade. “Todas são um, mesmo tendo vários nomes”. Embora os nomes e as formas do corpo físico sejam
diferentes, a Divindade em todos os seres é somente uma. Brahma é o criador, Vishnu é o Protetor e Shiva é o Destruidor. Assim, todos os três aspectos representam a única Divindade.

O Deus único, quando em seu aspecto criador, é Brahma; quando está protegendo e
sustentando a vida, é Vishnu; e, finalmente, atuando como Laya (dissolvendo ou destruindo a criação) é conhecido como Shiva.

Para evitar a confusão criada pelo uso de diferentes nomes e formas atribuídos à Divindade,Deus é referido como Atma ou o Absoluto Brahma (o sem nome, o sem forma, a Divindade sem atributos). O único Atma permeia todos os seres vivos.

As religiões são diferentes; o caminho é o mesmo.
As roupas são diferentes; o algodão é o mesmo.
Os seres são diferentes; o Atma é único.
A nacionalidade e o estilo de vida são diferentes, o nascimento dos seres é o mesmo.

Cada ser humano deve desenvolver três qualidades: amor a Deus, temor ao pecado e
moralidade na sociedade. É somente a falta de temor ao pecado a responsável pela atual falta de moralidade na sociedade. O amor é o elemento de ligação que une as pessoas. Onde existir amor, a sociedade estará unida. Desprovido de moralidade, um indivíduo não merece ser chamado de ser humano. Portanto a moralidade é importante para tudo.

Embora Deus mostre Seu amor por todos, é o ser humano que perdeu a sua preciosa
qualidade de temor ao pecado. O homem, atualmente, está cometendo vários pecados com a crença de que Deus é bondoso e irá, no final, perdoar as suas transgressões. Com essa crença, ele se está entregando cada vez mais aos atos pecaminosos. Desenvolveu uma espécie de complacência a esse respeito e pensa que poderá escapar da punição.
Mas o fato é o contrário. Embora Deus seja misericordioso e possa perdoar todos os atos pecaminosos, o ser humano deve, necessariamente, pagar pelos seus pecados.

Portanto cada ser humano deve desenvolver essas três qualidades: amor a Deus, temor ao pecado e moralidade na sociedade. Onde não existe temor ao pecado, não haverá moralidade na sociedade.

As pessoas estão-se comportando irresponsavelmente e empreendendo várias atividades
indesejáveis, guiadas pelo ego fora de controle. Não mais temem o pecado. Nem sequer
pensam, por um momento, nas consequências de seus atos. A pessoa deve, portanto, evitar ver o mal, falar o mal e fazer o mal. Caso contrário, as consequências voltarão cedo ou tarde,como bumerangue, para a pessoa que cometeu tais atos. É também possível que os resultados desses atos pecaminosos voltem para aquela pessoa na mesma hora, de um só golpe.

Se o indivíduo estiver realmente interessado no bem-estar da sociedade, deverá trabalhar para desenvolver a moralidade nela. Aquele a quem falta a moralidade não é, absolutamente, um ser humano, mas é, verdadeiramente, um animal. Dizer mentiras, cometer injustiças com outras pessoas, ser indulgente com atos incorretos e práticas más é muito ruim. O indivíduo deve, portanto, levar uma vida guiando-se pelos três princípios: amor a Deus, temor ao pecado e moralidade na sociedade.
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1 O dia da lua cheia (Purnima), do mês de Ashadh (julho-agosto) do calendário hindu, é tradicionalmente celebrado
como Guru Purnima pelos hindus. Nesse dia, os devotos oferecem puja (adoração) ao seu Guru. Os Gurus são
reverenciados em homenagem à vida e aos ensinamentos de Vyasa, sábio hindu que escreveu o épico sagrado
Mahabharata, que nasceu nesse dia. No ano de 2009, na ocasião, foram dois discursos feitos por Sai Baba: um no dia
06 e outro no dia 07.
2 Shiva, o Grande Senhor.
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É dito que aquele que não tem moralidade consigo mesmo é pior do que um macaco. De fato,um macaco é bem melhor do que tal indivíduo.

Ninguém respeitará um indivíduo que se entrega a atos imorais neste mundo. Somente uma pessoa que segue os princípios morais terá o respeito de todos. E aqueles que tentarem causar danos a tal pessoa serão contidos pelos outros com uma advertência: “Essa pessoa é boa. Não tente feri-la”. Aqueles que são desprovidos de moralidade são menosprezados pela sociedade como se fossem piores do que cães. Portanto cada ser humano deve desenvolver a moralidade e levar uma vida de princípios morais todo o tempo.

Há três sadhanas (práticas espirituais) pelas quais o amor a Deus, o temor ao pecado e moralidade na sociedade podem ser desenvolvidos. São elas: bhakti (devoção a Deus) jnana (o caminho do conhecimento) e vairagya (desapego). O karma (ação) é um atributo natural e essencial do corpo físico. É somente quando o corpo empreende bons karmas que a mente funciona bem. Quando a mente está saudável, o amor a Deus pode desenvolver-se. Então, bhakti, jnana e vairagya estão conectados com o amor a Deus, temor ao pecado e moralidade na sociedade. São como as três pás do ventilador: somente quando as três giram, podemos ter o ar refrescado. De outra forma, nos sentiremos desconfortáveis.

Atualmente, as pessoas questionam por que devemos desenvolver o amor a Deus. O amor a
Deus permite que a pessoa desenvolva o temor ao pecado, o que, por sua vez, desenvolverá a moralidade na sociedade. Todos precisam saber discriminar o bem do mal, o pecado da virtude. Tendo analisado, precisamos tentar fazer o bem somente.

Sejam bons, façam o bem,vejam o bem; esse é o caminho para Deus. Desprovidos desses três, qualquer número de rituais e adoração, japa (recitar o nome de Deus) e tapa (penitência) serão inúteis.

São nove as formas de devoção: sravanam (ouvir), kirtanam (cantar), Vishnusmaram
(contemplação de Vishnu), Padasevanam (servir aos Seus Pés de Lotus), vandanam
(saudação), archanam (adoração), dasyam (servir) sneham (amizade) e Atmanivedanam
(autoentrega).

O primeiro passo é sravanam (ouvir). Depois, devemos analisar se o que foi ouvido é bom ou mau. Se vocês consideram que é uma sugestão ruim e, portanto, que não é de seu agrado,como poderão colocá-la em prática?

Atualmente, é possível uma pessoa conseguir que um trabalho seja feito mediante mentiras e obtenha o sucesso sobre os outros por meios falsos e injustos. Assim, devemos nos indagar sobre a santidade de cada ato que realizamos. Não se pode ser complacente com as consequências que se seguirão; cedo ou tarde, o resultado de um ato pecaminoso aparecerá.

Pode ocorrer agora ou um pouco mais tarde, a qualquer momento. Dessa forma, estejam
preparados para somente realizar atos bons e nobres com a mente pura.

Mais do que qualquer outra coisa, a pureza de consciência é de extrema importância.

É o Atma Thatthwa (Princípio Átmico). Ninguém consegue entender o que é o Atma. Desde que os corpos e as formas são muitos, alguns nomes devem ser dados para se fazer a distinção entre eles. Contudo, Atma3 ou Brahman4 não têm nascimento ou morte, como acontece com os corpos físicos. Portanto não pode ser identificado como sendo isto ou aquilo.

Atma, embora além da compreensão de cada um, tem sido descrito como nitya, shuddha,
budha, mukta, nirmala swarupinam (eterno, puro, iluminado, livre e encarnação do sagrado). É niranjanam, sanathana niketanam (a morada final, sem máculas). Há somente um Atma, que é imanente em todos os seres. Essa é a natureza essencial do Atma.

O Lusitano

Minto tanto
aos meus ouvidos
quando dormem os justos -

Iludo as paredes,
abro-lhes os braços

mas na verdade
tudo que quero

é alcançar aquela teia
é tatuar aquela aranha
no meu peito.

Os justos dormem
tão serenos

E eu,
um mentiroso
tão devasso

ainda tenho a loucura
de abrir os braços
às paredes

mas tudo que quero
é alcançar quela teia
é tatuar aquela aranha
no meu peito.

De lua de mel com a ilusão - Por Emerson Monteiro

Os ditos populares economizam um tanto de fosfato às cabeças pensantes, no correr das literaturas, trazendo em linha reta o que, por vezes, acostaria largas demandas ao querer expressar a sabedoria das palavras. Lembra a propósito o brocardo de que “depois das tempestades vem a bonança”. Tempestades que também dão-se longas, em alto mar, de sete, nove dias; de anos secos; anos de guerras, angústia; ditaduras, exceção, qual no caso brasileiro dos anos de chumbo, duas décadas e meia de astenia e nevoeiro, de onde saíram os líderes atuais, ferrenhos defensores dos seus feudos e donatários ambiciosos dos parlamentos e palácios, ilegítimos dominadores do peso do ouro e da impunidade nacional.

Em épocas escuras da história, momentos de lapsos cruéis, guerras mundiais, depressões, desastres, estados de sítio, guerras civis, idade média, revoluções, êxodos, guerras frias, exílios, imperou o ânimo de que tudo passaria num piscar de olhos, e dias melhores se instalariam, para nunca mais retornar o tempo do negrume, tangido pelos clarões de novos sonhos.

Isso marcou sobremaneira o século XX. Exemplos clássicos são enumerados com fartura, uns maiores, outros menores, que sobejam nos compêndios. Grandes guerras mundiais. Depressão de 29. Guerra Civil Espanhola. Guerra da Coréia. Do Vietnam. Seis Dias. Golfo. Afeganistão. Iraque. Etc. Cicatrizes vincam fundo a geopolítica, no tropel da civilização, desde os remotos antecedentes das cavernas, dose certa de interpretar o organismo afetado na mesma proporção dos haustos de progressos e conquistas das oportunidades sociais da raça lutadora.

Quando se afigurou que o pêndulo permaneceria sem grandes balanços após a queda do Muro de Berlim, no julgar do Ocidente vitorioso, o povo árabe chegava trazendo a conta do desconforto imposto na divisão da Palestina perante o retorno do povo judeu, dali ausente desde a última diáspora.

Tais movimentos de tropas, canhões, navios, aviões, sacudiriam Europa, Ásia, Oceania, deixando de fora pontos particulares de outras áreas, nesses cem anos de aventura. O continente africano, saco de pancadas dos brancos, quase nunca escapou dos desmandos tempestuosos e seus imperialismos sucessivos. As Américas ensaiaram os episódios armados de Cuba, Granada, Panamá, Malvinas, Nicarágua, Haiti e Colômbia, além de algumas escaramuças entre Peru e Equador e os focos revolucionários na Bolívia, e a Guerrilha do Araguaia, no Brasil, anos 70. Já em dias atuais, nota-se o agravamento de ações táticas na Colômbia, repudiadas pelos países vizinhos, o que põe nos lábios travos de apreensão, conquanto relativa calma ainda existe nesse mundo de cá, mantido abaixo da linha do subdesenvolvimento emergencial, próximo dos Estados Unidos, ricos e poderosos.

Houve, por isso, um tempo em que se pensou andar livre das outras indagações ácidas do restante do universo mundial, onde o fator da guerra restringir-se-ia ao quadro asséptico televisivo e que a paz reinaria altaneira nessa zona de puder, fruto da bonança que viera. Há que trabalhar, entretanto, os homens antes de julgar-se isento de risco, invés de adormecer bem cedo nos cálidos braços da ilusão.

Dois momentos - Anita D Cambuim

Em meio a panelas

Componho os meus haicais –

Almoço poético.

Trova

O luar de agosto é belo
Então nubla de repente
É como os nossos castelos
se vão e a gente não sente.

Dr. David Benedicto Ottoni - Por Glória Pinheiro

(David Benedicto Ottoni)




(Maria Luiza Bezerra Monteiro Ottoni)


(Maria Luiza e um dos seus bisnetos)

É interessante a história do primeiro Prefeito de Poços de Caldas, o Dr. David Benedicto Ottoni.

Filho de família ilustre, tendo como pais Augusto Benedicto Ottoni e Maria Carlota Ottoni (nascida Vieira de Pina), nasce David aos 14 de abril de 1857, na antiga Filadélfia, hoje Teófilo Otoni.

A cidade que se formava às margens do rio Mucuri tinha, em seu pai Augusto e seu tio Theóphilo, conhecido como "O Senador do Povo", os seus fundadores.

Seu pai e seu tio, naturais de Vila do Príncipe, mais tarde Serro, também em Minas Gerais, sonhavam já àquela época com um porto para Minas, na região de Caravelas, justo na foz do rio Mucuri. Era essa a forma de livrar Minas da Alfândega do Rio de Janeiro e escoar os produtos agropecuários da região e importar máquinas trazendo o progresso para aquele território esquecido.

Nessa empreitada, os irmãos Ottoni contratam dois mil agricultores alemães, italianos, chineses, belgas, portugueses, franceses, suíços, e holandeses.

É neste ambiente progressista e eclétíco que David passa os primeiros anos de sua vida e, talvez por isso, é marcado para sempre na direção de abrir seus horizontes e seus conhecimentos.

Motivos políticos determinam a volta do tio Theóphilo à vida pública no Rio de Janeiro e Augusto decide também, dirigir-se àquela cidade com a finalidade de cuidar da educação de seus três filhos: Jorge (que se toma engenheiro), David (futuro médico e o primeiro Prefeito de Poços de Caldas), e Theóphilo (também futuro engenheiro).

Antes da mudança para o Rio de Janeiro, retomou Augusto ao Serro, acompanhado a família, no intuito de despedir-se de sua mãe. Era o ano de 1868 e contava David 11 anos de idade.

Encontrava-se o Serro nesta época, movimentada por tropas que vinham de toda parte. Umas vinham do Rio, conduzindo mercadorias para os negociantes locais, outras atravessavam a cidade em demanda de outros pontos ao norte.

Augusto observa o intenso comércio de compra e venda de diamantes que há na cidade e decide experimentar esse comércio.

O sucesso é maior que o esperado e Augusto estabelece-se na cidade com um negócio baseado em freqüentes viagens à Capital onde vende os diamantes comprados no Serro e retoma com gêneros que ali são comercializados.

O negócio prospera e mantém Augusto no local, enquanto seus filhos são enviados à Corte com a finalidade de concluírem os estudos.

Resolvido a juntar-se aos filhos no Rio de Janeiro, faz Augusto uma última viagem, realizando pesado investimento na compra e venda de um grande lote de diamantes que pretende revender no Rio de Janeiro e lá estabelecer novo negócio.

Nos dias que se seguem, corre a notícia que enormes depósitos de diamantes são descobertos em Kimberley, África do Sul, levando à queda violenta dos preços da mercadoria nacional.

Isto faz com que Augusto tenha um grande prejuízo e fique sem condições de manter David estudando no Rio de Janeiro.

Graças à interferência do tio Christiano Ottoni, consegue uma bolsa de estudos para David, no conceituado Colégio São Bento.

Em 1872, grassa a febre amarela no Rio de Janeiro e David contrai a moléstia, sendo obrigado a interromper seus estudos indo morar com duas tias solteiras.

Após o restabelecimento, continua David seus preparatórios ao curso medico, num dos mais notáveis colégios daquele tempo, o afamado Colégio Victório.

Em 1874, com apenas l7 anos, matricula-se no Curso de Medicina.

Passa, ainda, por grandes dificuldades financeiras e consegue com amigos trabalhar na "Gazeta de Notícias", onde tem por companheiros José do Patrocínio, Demerval da Fonseca e Américo Luz.

Trabalha na "Gazeta" até 1879 tendo, a partir do ano de 1876, acumulado o trabalho o jornal com o de interno no Hospital da Misericórdia.

As condições sanitárias do rio encontram-se péssimas e David presta um grande serviço durante as epidemias de febre amarela e varíola que se abatem na cidade, nos anos de 1877 a 1879.

Ao fim do ano de 1879, com 22 anos, forma-se em Medicina, obtendo distinção em sua tese de doutoramento.

O ano de 1880 encontra David trabalhando como médico em fazendas de Carangola, Minas, onde fica por um ano e onde consegue fazer boas economias.

Seu pai recupera-se financeiramente e transfere-se pára o Rio de Janeiro (onde morreria aos 94 anos de idade).

Em dezembro de 1880, decide David continuar seus estudos na Europa. Tais estudos têm início em maio de 1881 e, enquanto não parte, começa a clinicar em Juiz de Fora recebendo o apoio de seu colega João Nogueira Penido.

Chegada a hora da partida, não se sensibiliza com os apelos do colega Penido para que fique e mantenha a extensa clínica que, em tão pouco tempo, havia conseguido formar.

Toma um vapor no Rio com destino à Europa, desembarca em Lisboa e parte com destino a Paris, onde começa seus estudos de especialização em Oftalmologia -ou, moléstia dos olhos, como era então chamada.

Passa três anos estudando em Paris, Viena, Heideiberg e Londres. Toma-se um dos primeiros médicos brasileiros com especialização em Oftalmologia.

De volta ao Brasil, decide percorrer seu interior, levando seus conhecimentos aos pontos mais distantes. Visita e clinica em Ubá, Cataguases, São João Dei Rei, São Geraldo, Viçosa, Ponte Nova, Barra Longa, Mariana e Ouro Preto, em Minas Gerais. Daí passa ao estado de São Paulo, visitando as cidades de Sacramento, Franca, Batatais, Ribeirão Preto, São Simão, Casa Branca, Mogi-Guaçú, Mogi-Mirim, Jundiaí, Piracicaba, Campinas, Santos e Sorocaba.

Partindo para o sul do país, visita o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estando, entre outras cidades, em Pelotas, Bagé e Piratini (antiga capital da República dos Farrapos e futura Porto Alegre).

Monta sua base no Rio de Janeiro e dali parte em incursões por todo o país, inclusive indo à Argentina, Uruguai e Paraguai.

Volta mais tarde para o Rio, desmonta seu consultório e segue para o Norte. Visita o Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Em incursão ao Ceará, conhece no Crato, Maria Luiza Bezerra Monteiro, sua paciente, filha do fazendeiro Capitão José Geraldo Bezerra Monteiro e Dona Luiza Collares Bezerra.

Iniciava-se aí o ano de 1893 e, em 20 de maio casa-se com Maria Luiza; tinha ele 36 anos e ela 22. Dois meses depois inicia sua volta ao Rio de Janeiro, partindo do Ceará, para onde nunca mais sua esposa retomaria.

Novamente estabelecido no Rio de Janeiro, onde reabre sua clínica, progride cada vez mais. Mas, o destino faz com que novamente deixe o Rio.

Em setembro de 1893, a revolta dos Almirantes Custódio de Melo e Saldanha da Gama contra Floriano Peixoto ameaça a paz da cidade. Maria Luiza está grávida e, devido à confusão que se toma o Rio de Janeiro, decidem partir em direção a São Paulo.

Durante a viagem, a caminho de São Paulo, em Guaratinguetá são obrigados a paralisar a viagem devido ao nascimento do primogênito, em 11 de março de 1894. Ali são recebidos pelo primo Homero. Em sua homenagem a ele dão à criança o seu nome.

Convidado a operar um ilustre fazendeiro da região de São João da Boa Vista, compra ali uma residência e, nesta cidade, aos 10 de maio de 1895, nasce sua filha Luiza.

A pequena Liliza tem saúde frágil e sua asma motiva visitas constantes à vizinha Poços de Caldas para tratamento. Tais viagens se tomam rotineiras, levando ao surgimento de uma clínica nesta cidade, o que motiva uma nova e definitiva mudança.

Chega finalmente ao seu destino e onde deixaria suas raízes.

Em Poços de Caldas nascem Augusto (falecido na infância), Zulmira, Elvira, David (que se toma também Prefeito Municipal no período 1959/1962) e Maurício. A casa que projeta e constrói completou em 1997 um século e, ainda hoje pertence à família, localizando-se à Rua da Saúde, hoje Rua Minas Gerais, 413.

Não por acaso, o Dr. Ottoni, como era conhecido, passa a participar da vida pública de Poços de Caldas. Seus conhecimentos do mundo e da realidade brasileira de então, obtidos através dos anos passados na Europa e das inúmeras incursões ao enorme território brasileiro que percorrera exercendo uma medicina rara e especializada como era a Oftalmologia àquela época, dão a ele um poder de prever, sem igual.

Em sucessivos artigos publicados na "Revista de Poços", assina uma coluna muito adequadamente chamada “Em Prol de Poços”.

Lá estão registradas suas impressões e recomendações sobre os mais variados temas: o alerta à necessidade do tratamento das águas a serem servidas à população; a recomendação à preservação dos mananciais de águas através da manutenção das florestas; o alerta à necessidade de um sistema de esgoto e de manejamento adequado do lixo; a importância da implantação de um complexo turístico na cidade, onde alertava porém, da necessidade de diversificação de empreendimento.

Na área agrícola torna-se adepto da importação de matrizes importadas para a melhoria dos rebanhos; prega a imigração estrangeira para Poços, citando como exemplo o desenvolvimento que a família Maywaid havia trazido para as videiras da região.

Já àquela época defende a privatização quando cita os benefícios a serem obtidos se certos serviços públicos forem feitos por associações particulares. No campo do ensino prega maior investimento para escolas e uma melhor remuneração para o professorado.

Técnicas de administração pública e acompanhamento estatístico também são recomendados. Tem a coragem de enfrentar os poderosos donos da terra, quando defende uma justa desapropriação das mesmas para implantação de vias de acesso para escoamento de produtos agrícolas, da construção de avenidas e parques na cidade e da vinda de agricultores brasileiros e estrangeiros desejosos de se estabelecerem no local. Em 1905 antevê uma Poços de Caldas com uma população de 300.000 habitantes.

Havendo já ocupado diversos cargos na comunidade (Juiz de Paz, Vereador, Presidente da Câmara Municipal e Presidente do Conselho Deliberativo), por incumbência do Governo do Estado, instala a Prefeitura Municipal em 03 de Janeiro de 1905, exercendo interinamente o cargo de Prefeito.

É ainda, responsável pela melhoria do Plano da Cidade, organizado pelo engenheiro Pedro Luís Taulois em 1872, incluindo avenidas e parques e, ampliando o perímetro da cidade. São de sua responsabilidade a implantação da Av. Francisco Salles e os projetos das avenidas João Pinheiro e do Contorno (inaugurada recentemente).

Por motivo de saúde afasta-se da vida pública, de sua Clínica e recolhe-se ao lar. David Benedicto Ottoni falece em 15 de maio de 1925, aos 68 anos de idade. Sua esposa Maria Luiza lhe sobrevive até aos 82 anos, falecendo em 1960.

David Benedicto Ottoni e Maria Luiza Monteiro Ottoni tiveram 7 filhos, 18 netos, 38 bisnetos, 34 trinetos e, por enquanto, 3 tetranetos.


Texto original publicado na Sociedade Brasileira da História da Medicina, postado no Cariricaturas com autorização do autor:
Flávio Penido Ottoni é bisneto de David Benedicto Ottoni e Maria Luiza Monteiro Ottoni. É engenheiro, residente em Belo Horizonte.

NOTA: Maria Luiza Bezerra Monteiro Ottoni era irmã de minhas duas bisavós: Jerônima Monteiro Pinheiro Bezerra de Menezes e Leonor Bezerra Monteiro Moreira.
Glória

O Pelicano -Por João Marni


Deus segurou o sol enquanto soprava esta esfera nossa, árida e errante, a multicoloriu com o verde das matas, o azul dos mares e dos céus, o branco das nuvens, o marrom do barro, o amarelo, o vermelho e o cinza das rochas. Segurou a lua, fazendo as ondas, as praias e os sonhos dos poetas. Criou as placas tectônicas para que a terra aflorasse em montanhas e cordilheiras, nascedouros de rios caudalosos após chorar a neve. Desenvolveu um núcleo quente feito o coração da gente e que mantém a temperatura do sistema com vulcões e gêiseres.

Somos gêmeos: vegetais, minerais e animais e vagamos pelo espaço á mesma velocidade, sabe Deus para onde... Em meio a tamanha exuberância, surgimos nós, os homens, blasfemamente tidos como a imagem e semelhança divina.

Deus é o criador, mas nós somos os criadores de casos, os destruidores, raramente solidários, frequentemente pragmáticos e quase sempre falsos e interesseiros. Desenvolvemos a mentira para atrair a amada quando perdemos a cauda do pavão (ou nunca a tivemos!) Estamos cada vez mais desmembrados, como filhotes de cobra: rastejando logo para longe, sem nem mamar, antes que seja tarde demais, cada um por si, em fuga com sua cota de veneno, fazendo do abraço instrumento de sufocação e morte.

Se existe mesmo a possibilidade de novas vidas, peço encarecidamente ao criador delas que na próxima seja eu um pelicano, símbolo da caridade e da paixão de Cristo. Em tempos de escassez, antes que as lágrimas me devorem, bicarei meu peito em nacos grandes e suculentos e alimentarei meus amores.

Pois é, bem disse Lya Luft. “O contrário do amor não é o desamor. É a indiferença”. Bom é dormir em paz, sossegado por não dar as costas a quem precisa. Não devemos priorizar o que é prioridade para o homem, mas o que é relevante para Deus. Lembre-se, “todos podem dominar a tristeza, exceto quem a possui” ( Shakespeare)
.
P.S. Homenageio todos os pais ,verdadeiros pelicanos.
João Marni

Projeto Água pra que te quero!- Foto Nívia Uchôa


Astrólogo : um artista que interpreta símbolos - Por Stela Siebra de Brito


O papel do astrólogo aporta, além do conhecimento das teorias e técnicas astrológicas, a um saber mais abrangente, a uma compreensão dos fatores universais que se operam em cada ser vivente. Todas as coisas do Universo têm alguma relação com a natureza humana, com suas necessidades e potencialidades. É o relacionamento microcosmo e macrocosmo.
Na sua missão de fazer o cliente compreender essa universalidade, o astrólogo deve indicar-lhe os sinais que lhe farão encontrar o significado de se estar no mundo, deve indicar-lhe os caminhos que apontam para essa unidade entre homem e universo. O astrólogo não precisa ser filósofo, mas desenvolver e recorrer à sua porção filósofo; o astrólogo não precisa ser religioso, mas ter uma reverência religiosa frente à vida; o astrólogo não tem que ser poeta, mas conhecer e amar a poesia da vida; o astrólogo não precisa viajar pelo mundo, mas precisa freqüentar bibliotecas e livrarias; o astrólogo não precisa ser autor teatral, mas conhecer e compreender Shakespeare e os clássicos gregos; o astrólogo não precisa torcer ardentemente por um time de futebol, mas compreender a explosão de alegria do gol. Enfim, o astrólogo não precisa vender jornais na esquina, frutas na feira ou fazer literatura de cordel, mas compreender e aprender as simples e grandes lições da sabedoria popular. Como canta Milton Nascimento, “todo artista tem que ir aonde o povo está”. E o astrólogo é um artista e, como tal, sua função implica numa compreensão da vida por inteiro, para retratá-lo para o cliente no seu mapa astrológico.
O mapa astrológico, que revela a natureza da semente de cada pessoa e seu crescimento e frutificação, vai levá-la à completa e perfeita realização daquilo que ela tem em estado potencial. A apreensão e valorização dos sinais do mapa se faz numa interpretação, não só técnica, mas também dinâmica e intuitiva. No percurso do Mapa, da Primeira à Décima Segunda Casa, o astrólogo conduz a pessoa a uma viagem interior, onde tudo começa com a força impulsionadora da vida, representada por Marte, até a entrega netuniana.
Para passar essa compreensão, o astrólogo carece de um cabedal de conhecimentos e vivências, carece de usar símbolos e imagens, carece de, numa visão tradicional, ser um artista: sair da matéria e transcender. A poesia, por exemplo, pode e deve ser um recurso a ser usado pelo astrólogo, num convite ao cliente entender a chamada da vida, porque é preciso estarmos atentos aos sinais, considerando que a pessoa não escolhe, é escolhida.
Fernando Pessoa, num apontamento solto e depois incluído no início do livro Mensagem, ensina que o entendimento dos Símbolos e dos rituais simbólicos, requer do intérprete cinco qualidades: a primeira é a Simpatia pelo símbolo que se propõe a interpretar; em segundo lugar vem a Intuição, como uma espécie de entendimento do que está além do símbolo; a terceira qualidade é a Inteligência, relacionando no alto o que está embaixo. A Inteligência analisa e reconstrói o símbolo noutro nível; a seguir vem a Compreensão, expressa pelo conhecimento de outras matérias que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, por último a Graça, que é a mão do Superior Incógnito, o Conhecimento. O astrólogo como intérprete de símbolos deve enveredar pelo caminho dessas qualidades.


Stela Siebra

A Carolina - Machado de Assis



Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

"Carolina Augusta Xavier de Novaes e Joaquim Maria Machado de Assis casaram-se no dia 12 de novembro de 1869 e viveram uma plácida e amorosa vida conjugal durante 35 anos. A morte da esposa, em 1904, deixa Machado abatido e queixoso. Em carta a Joaquim Nabuco, datada de 20 de novembro do mesmo ano, escreve, lamentando-se: "Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo."

Em 1906, depois de terem sido publicadas as Poesias completas, o poeta escreve seu mais pessoal e profundamente sofrido poema, um verdadeiro réquiem, intitulado "A Carolina". Talvez, para não demonstrar vestígios de um sentimentalismo piegas, Machado elege uma forma poética que reverencia também, sutilmente, o tom e a textura camonianos. Essa aproximação estilística à linguagem castiça, que renova, mais do que copia, no século XX, o sabor do verso quinhentista, foi observada por J. Mattoso Câmara, no ensaio "Um soneto de Machado de Assis".

Ao lado de conhecidos poemas como "Círculo vicioso" e "A mosca azul", o soneto "A Carolina" é considerado a mais comovente pedra de toque da obra poética de Machado de Assis.

No ano de 2006, comemorou-se o centenário de "A Carolina", publicado pela primeira vez no livro Relíquias de casa velha, soneto que não foi recolhido em algumas edições das poesias completas. "

Não, Não é de Fernando Pessoa ( I )

Fernando Pessoa Não é Fofinho

Falsos textos atribuídos ao poeta fazem ele ficar com fama de poeta de debutante, que escreve coisas estilo auto-ajuda. Como somos pretensiosas, começamos aqui uma campanha para salvar a memória do mestre.

“Fernando Pessoa é coisa de adolescente.” Há tempos os fãs do poeta português estão sendo obrigados a ouvir essa bobagem. Como se o mestre fosse uma espécie de escritor de auto-ajuda.

Espera lá! Já que o Pessoa está morto, achamos que alguém tem que zelar pelo seu nome. E, neste caso, resolvemos assumir a missão e começar a campanha: “Fernando Pessoa não é fofinho”. Coitado do Fernando! Ele deve estar tendo um ataque epilético lá onde está (não sei onde é, mas é deus) ao perceber que virou um poeta de adolescente. Não, ele não merece isso!

Viemos por meio desta salvar o poeta, que não por acaso começa a ser considerado o maior poeta do século 20 (não em língua portuguesa, mas em todas). Na boa, como um cara que escrevia “parem com isso dentro da minha cabeça” pode ser fofinho? Outro dia mesmo a Ana Maria Braga leu um verso dele no seu programa matutino. Tudo bem. OK. Quanto mais gente conhecer Fernando Pessoa melhor, agora, o nosso amigo muito louco, “fumador de cigarros por profissão adequada”, “o indivíduo que fuma ópio”, virar auto-ajuda.

Falsas atribuições
Por que isso começou a acontecer com o pobre coitado?

1 As pessoas se apegaram a poesias mais bobas, tipo “Todas as cartas de amor são ridículas” e acharam que ele era fofo.

2 Uma praga tomou conta da internet e coisas que Fernando Pessoa nunca, em tempo algum, teria escrito começaram a ser atribuídas a ele. Exemplo encontrado no Orkut: “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida”.

O Pessoa jamais escreveria uma bobagem dessas. Ele jamais compararia sua vida com uma empresa. E, não, ele não acreditava em Deus! Fernando jamais escreveria que ser feliz é agradecer a cada manhã pelo milagre da vida. Inclusive porque o Fernando Pessoa não era feliz, ele era POETA. Outra frase atribuída a ele: “O dinheiro compra um mausoléu, mas não um lugar no céu”.

Na boa, temos a pretensão de achar que podemos salvar o poeta e por isso pedimos: divulgue nossa campanha.

http//revistatpm.uol.com.br

Cecília Meireles - A musa contra o ditador

Nos autoritários anos 30, a poeta lutou na imprensa pela democracia e contra o ensino religioso.

"Cecília, és tão forte e tão frágil. Como a onda ao termo da luta. Mas a onda é água que afoga: Tu, não, és enxuta." Manuel Bandeira (em "Improviso", no livro ''Belo Belo'') Cecília Meireles na década de 30 rompeu com todos os tabus de uma sociedade ao defender uma política menos casuísta e uma educação moderna.

Por meio de seus artigos sobre política, educação e cultura, Cecília nos oferece uma outra face daquela que foi considerada a musa diáfana, fluida e etérea da literatura brasileira. Sinônimo de ilha e isolamento (para Sérgio Milliet), a escritora cuja poesia não estava "inserida no drama coletivo de sua geração" (para o crítico Mário da Silva Brito), em sua trajetória intelectual a Cecília Meireles que deixou suas marcas foi uma defensora da idéia universal de democracia, num período em que a incoerência e as paixões pelo autoritarismo arrastaram jovens intelectuais.
Valéria Lamego

Censura da era Vargas perseguiu poeta

Se a história da literatura desconhece a Cecília Meireles da luta política, desconhece também a que sofreu perseguições da censura de Vargas, dos católicos e em concursos literários.

O primeiro desencontro com Alceu Amoroso Lima se dá em 1929, quando Cecília concorre à vaga de professor de literatura brasileira pela Escola Normal. A jovem professora ainda não era a consagrada poetisa de ''Viagem'' (1939), ''Vaga Música'' (1942) e ''Mar Absoluto'' (1945), embora já fosse considerada pelos modernistas cariocas uma revelação, com seus livros ''Espectros'' (1919) e ''Baladas para El-Rei'' (1925).

Concorreu à pretendida vaga com a tese ''O Espírito Vitorioso'', um trabalho francamente liberal, no qual discorria sobre a liberdade individual na sociedade. E perdeu. Antônio Carlos Villaça, em ''Tema e Voltas'', é enfático: "Clóvis Monteiro derrotou Cecília, que sempre guardou tristeza de Alceu (Amoroso Lima) ter votado em seu adversário".

A contenda, até aí, poderia se resumir puramente a problemas de ordem pedagógica. Clóvis Monteiro era um técnico de educação sem qualquer pretensão literária. Sem dúvida, seu perfil, numa época em que a valorização da tecnocracia ganhava espaço, agradou muito mais do que o da jovem professora e poeta.

Passados cinco anos e todo o furor causado pela "Página de Educação", Cecília inaugura em 1934, junto com seu marido, o pintor Correia Dias, o Centro de Cultura Infantil, no "vazio e abandonado prédio" (nas palavras dela) do Pavilhão do Morisco, na praia de Botafogo, no Rio. Na administração de Anísio Teixeira, o centro reunia "mil e quinhentas inscrições de leitores".

Em 1937, em plena vigência do Estado Novo, o centro é invadido pelo interventor do Distrito Federal, que apreende de sua biblioteca ''As Aventuras de Tom Sawyer'', de Mark Twain, por considerá-lo comunista. O caso teve repercussão internacional e nacional. No seu artigo "A Última Aventura de Tom Sawyer", o acadêmico Austregésilo de Athayde lamenta que o ''New York Times'' tenha denunciado ao mundo que, no Brasil, o clássico americano fora retirado das prateleiras de uma biblioteca infantil por ser considerado "material subversivo".

Depois de invadido pela polícia, a prefeitura resolve fechar o Centro de Cultura Infantil e, em seu lugar, instala um posto de arrecadação fiscal.

Em poesia, Cecília Meireles é som, é ritmo e é sensibilidade à flor da pele.
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Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...


" Amor Perfeito "

Naquela nuvem, naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.

Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás, Amor-Perfeito ?

Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda a vida.

Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito ?

Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se aleita,
entre pálpebras de areia...

Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.


Serenata

"Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo"


Soneto Antigo

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

Cecília Meireles
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Parabéns, Renata !


Rosas para Renata Esmeraldo Cavalcante . ( filha de Rosineide e sobrinha de J.Marni e Fátima).
Ela pertence à família CaririCaturas.

Tempero da Lua - José do Vale Feitosa


Tempero da lua,
Fluorescência que revela a mãe d´água.
Destaca o carrapicho na beira da estrada,
Como a solidão condimentada das madrugadas,
Nas trilhas de algum beco escuro do povo esquecido,
Ou nas veredas que ressoam os cascos da montaria.

O tempero da lua é secretado,
Nos limites das curvas do teu corpo nu,
Como partes superiores das dobras do lençol
Pérolas luminescentes da saliva de tantos beijos,
Gotículas de estrelas aos suspiros copulares.

Tem tempero da lua nos mares,
No silêncio da jangada em rumo do fogo guia,
Em cada gume afiado das palhas do coqueiro,
Na corrida de prata das nuvens passageiras,
A elevação iluminada das dunas sobre o mar

Tempero da lua,
Em porções homeopáticas sobre as cidades,
Num pequeno ângulo entre duas torres,
Se derramando inteiro sobre os parques,
E se deitando comigo e a janela para oeste.

Tempero da lua,
Antítese das marcas e vincas da vida,
Sobretudo depositando incertezas,
Nesta superfície tanto rugosa quanto lisa,
Entre os perfumes que as flores disseminam.

Tempero da lua,
Que o mundo me ofertou,
Logo que o primeiro ácido do dia terminou,
Suavizou o clima do meu olhar,
A vida como algo dual em desejo de outro.


José do Vale Feitosa
-Poema oferecido por José do Vale ao Madrigal. Tomei-o emprestado para trazê-lo de volta.

Pensamento para o Dia 07/08/2009


“Considerando o mundo material como a única realidade, o homem perde-se na busca de objetos materiais. Mas, se a verdade sobre esses objetos materiais for explorada completamente, a pessoa descobrirá que eles não possuem qualquer realidade. Eles são temporários e efêmeros, e não têm o selo da realidade permanente. Eles não concedem a bem-aventurança duradoura. Todo ser humano busca desfrutar da bem-aventurança. Para alcançar a bem-aventurança eterna, o homem deve fazer o esforço exigido. Ele deveria descobrir: ‘Quem sou eu?’. Quando ele tiver encontrado a resposta para essa pergunta, não haverá necessidade de entender o que é o Ser, a Consciência e a Bem-aventurança (Sath-Chith-Ananda). O homem perceberá que ele é a própria encarnação do Ser, da Consciência e da Bem-aventurança. ”
Sathya Sai Baba

Francisco José parece ser da Globo, mas na verdade é do Crato - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Existem nomes próprios adotados pela cultura. O mais interessante é que são nomes completos inclusive com sobrenome e este é o caso de Chico Brito (ou de). Por exemplo Wilson Batista e Afonso Teixeira compuseram um samba gravado entre outros por Chico Alves, Paulinho da Viola e até Lulu Santos: Lá vem o Chico Brito,/ Descendo o morro nas mãos do Peçanha, /É mais um processo! /É mais uma façanha! /Chico Brito fez do baralho seu melhor esporte, / É valente no morro,/Dizem que fuma uma erva do norte./Quando menino teve na escola,/Era aplicado, tinha religião,/Quando jogava bola era escolhido para capitão,/Mas, a vida tem os seus revezes,/Diz sempre Chico defendendo teses,/ Se o homem nasceu bom, e bom não se conservou, /A culpa é da sociedade que o transformou./ Lá vem o Chico Brito,Descendo o morro nas mãos do Peçanha,/ É mais um processo! /É mais uma façanha!/

Um samba que discute a culpa entre o indivíduo e a sociedade. Bem ao estilo do Wilson Batista que se envolveu em famosa disputa com Noel Rosa. O outro é um tipo baião composto por Chico Anísio e Dolores Duran gravado por Elis Regina e por grande número de cantoras: Sou filha de Chico Brito, pai de oito filho maior /Nascida em Baturité, criada a carne de sol / Sete home e eu mulher, oito filho pra criar /Sete home pra mexer e a mulher pra... /Dos oito filho do velho, tem sete que se casou /Os home fez casamento e cinco já procriou / Só eu e que to sobrando, na certa Deus se enganou /Acabo me abilolando, /porque o meu caso é casar /E caso de quarqué jeito, caso inté, uh... /De tanto pisca os olho, já tô ficando zarolha /De tanto chama com a mão, na mão já tenho inté bolha /Já fiz duzenta novena, já me cansei de rezá /Meus cutuvelo ta inchada, de no portão debruça / Mas caso de quarqué jeito, caso inté, uh... /

Mas aí vem o nosso Crato que não se deixa ficar prá trás e tem seu próprio Chico de Brito. O coronel Francisco José de Brito de cuja ação como intendente da cidade foi austera, destemida e “sem conversa fiada”. Andou fora da lei fosse pobre, remediado ou rico sentia os efeitos da lei. Dizia o Coronel: “a lei é dura, mas é lei”. Daí se criou a expressão que todos ainda hoje repetem: “a Lei de Chico de Brito”.

Então é o repórter da TV Globo, Francisco José, filho do coronel Chico de Brito. Do seu segundo casamento com uma senhora muito bonita da família Libório Cavalcanti do distrito de Baixio do Facundo em Potengi. Por faltar-me o nome próprio, usarei o nome íntimo da família que a chamava Morena. Casou-se com o Coronel ainda muito jovem, contam que tinha longos cabelos pretos e desfilava em vistoso cavalo, usando calças compridas pelas ruas do Crato. Mesmo aquela Valquíria Morena encantando todo coração volúvel dos homens, não havia quem ousasse qualquer galanteio.

Francisco José tem exatamente o nome do pai e na infância era muito católico. Logo foi estudar no seminário São José. Idelides Libório, prima da Morena, ouviu desta a frase: Idelides eu não vou deixar herdeiro, Francisco José quer ser padre. O jovem mesmo nas férias ajudava missa nas imediações de sua casa. Depois foi para Recife e hoje quase ninguém do Crato tem contato com ele. Aliás, salvo engano ele não se faz muito presente na cidade.

O professor José do Vale e Manoel Baptista Vieira eram sócio na Livraria Católica. Além de livros, tinha serviços de vidraçaria. Um dos fornecedores dos dois era o Sr. Fernando um Português que tinha uma fábrica em Recife. Acontece que o fornecer ficou viúvo com mais de seis filhos. A maior parte mulheres. A mulheres dos anos sessenta que estudaram no Santa Teresa devem lembrar da Clélia, Cleide e Cláudia. Como se deu esta trama?

O professor José do Vale era, por laços de família, ligado aos Libórios e com isso amigo da Morena então viúva do Coronel Chico de Brito. Seu Fernando tornara-se grande amigo do professor e aí este, homem de enorme poder de união, funcionou como cupido. Morena casou-se e a família mudou-se para Recife. A Cleide era afilhada da minha mãe e do meu pai. Esta menina encantou meu coração de menino de tal modo que até hoje o tem como doce lembrança. Mas, para meu azar, soube de outros tantos apaixonados por ela, só falta o Nilo Sérgio ter namorado-a.

Música e História - Por Norma Hauer

Foto: Orlando Silva e Ary Barroso no meio de populares e jornalistas. Era o encontro entre um dos intérpretes mais populares do país e o compositor que havia rompido as fronteiras brasileiras e fazia sucesso nos Estados Unidos.



ORLANDO SILVA

Estão-se completando 31 anos que ele partiu.
Foi no dia 7 de agosto de 1978.
31 anos!!! Parece que foi "hontem". Como me lembro daquela tarde!
Na véspera,havia falecido o Papa Paulo VI e, como luto oficial, a bandeira que tremulava no alto do Morro do Pasmado estava a meio-pau. Parecia que homenageava Orlando Silva pois, acompanhando seu féretro, saído da sede do Flamengo, na Avenida Rui Barbosa, seus admiradores seguiam a pé ao Cemitério São João Batista.
Vendo aquela bandeira,ela parecia estar ali por causa de Orlando.
E vendo o Cristo, ao Corcovado, veio à minha mente a letra de

"CIDADE BRINQUEDO"

"O Cristo Redentor é uma medalha pequenina,
No rosário imenso da colina,
Bonecas delicadas quase todas moreninhas,
Adornam suas ruas,
Qual um bando de andorinhas"...

Assim foi a tarde de 7 de agosto de 1978. Orlando, desfilando pelas ruas de Botafogo,acompanhado por um grupo de admiradores, deixou em sua passagem um rastro de SAUDADE.

Orlando foi sepultado no Cemitério São João Batista, Quando se completam três anos de seu falecimento, seus restos foram transferidos para o Cemitério São Francisco Xavier, onde também se encontra sua esposa Lourdes.

Norma Hauer