Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 6 de setembro de 2009

Curiosidades

da Efe, em San Francisco

O crescente uso da internet e a falta de investimento em infra-estruturas devem saturar a rede de internet em apenas três anos, afirma um estudo da empresa de consultoria Nemertes Research anunciado na quarta-feira em San Francisco, nos Estados Unidos.

Segundo Nemertes, os usuários terão que contar com cortes no serviço da internet daqui a 2010 se não for elevado drasticamente o investimento. A situação será especialmente preocupante na América do Norte, acrescentou o estudo.

Os provedores deveriam investir entre US$ 42 bilhões (R$ 74,7 biliões) e US$ 55 bilhões (R$ 97,8 bilhões) –cerca de 65% mais do que estimam os planos atuais– para elevar sua capacidade.

O principal problema é que a infra-estrutura atual não pode cobrir a crescente demanda de conexão à internet de banda larga, afirmaram os consultores.

Nemertes reconheceu que este estudo é só “a melhor aproximação possível” da situação real, pois a internet é “quase opaca à investigação”.

Segundo ele, isso ocorre porque os provedores comerciais não querem divulgar informações que pudessem chegar à concorrência ou colocar em perigo a privacidade dos usuários

da Folha Online

Relativamente à conclusão quanto à impossibilidade do estudo ter um melhor resultado possível do que este, quer-me parecer que as razões invocadas não devem ser tanto essas, mas sim o de os utilizadores da internet não ficaram a saber que não estão a ser feitos grandes investimentos nesta área porque o que essencialmente importa é rentabilizar o negócio, ainda que o serviço do ponto de vista da qualidade se vá degradando.

A primeira ligação telefônica internacional

A primeira ligação telefônica internacional foi feita em 25 de dezembro de 1900, em uma experiência para determinar se a voz humana poderia ser levada por cabos usados para telégrafos, entre Key West, nos Estados Unidos, e Havana, em Cuba. John W. Atkins, gerente do escritório de Key West da International Ocean Telegraph Company naquela época, ajustou os cabos e ligou para Havana. "Por um bom tempo não houve som, exceto o barulho ouvido à noite, às vezes, causado pela corrente de eletricidade", contou Atkins na época. Atkins continuou a ligar para Cuba, quando ele finalmente ouviu as palavras "Eu não estou te entendendo".

A máquina de escrever foi criada por um padre brasileiro.

O verdadeiro inventor da máquina de escrever foi um padre brasileiro, José Francisco de Azevedo.Além de matemático era excelente mecânico.Ganhou medalha de ouro por um protótipo em 1861, em exposições de Pernambuco e Rio de Janeiro.Nos Estados Unidos, só em 1868 é que Christopher Sholes registrou a patente.
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Paulo Autran, Personalidade Símbolo do Teatro Brasileiro

Paulo Paquet Autran ( RJ 07/09/1922 - SP 12/10/2007 ).

Ator. Intérprete de grandes recursos expressivos e vários registros dramáticos, inicia-se nos anos 50 e constrói sólida e diversificada carreira, protagonizando um repertório que inclui os maiores autores clássicos e contemporâneos.
Inicia-se no teatro em 1947, com Os Artistas Amadores, grupo fundado por Madalena Nicoll, que encena Esquina Perigosa, de J. B. Priestley, um dos espetáculos que marcam a fase amadora do Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, nos seus primórdios.

Volta aos palcos com A Noite de 16 de Janeiro, de Ayn Rand, 1948, no papel de um advogado, profissão que, de fato, ele exerce no período. Em 1949, entra para ao Grupo de Teatro Experimental, GTE, atuando em Pif-Paf e A Mulher do Próximo, textos e direções de Abílio Pereira de Almeida, e como o protagonista de À Margem da Vida, de Tennessee Williams, no Teatro Copacabana, Rio de Janeiro, todas em 1949. Ainda nesse ano, numa produção de Fernando de Barros, protagoniza ao lado de Tônia Carrero, recém-chegada de Paris, Um Deus Dormiu Lá em Casa (Anfitrião), de Guilherme Figueiredo, seu primeiro papel no profissionalismo.

Em 1950, a mesma companhia realiza Amanhã, Se Não Chover, de Henrique Pongetti, com direção de Ziembinski. No ano seguinte, ele e Tônia Carrero são contratados em São Paulo: ele, para o TBC e ela para a Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

Em 1951, atua em importantes produções da companhia, tais como: Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello, direção de Adolfo Celi; Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring, direção também de Celi; Ralé, de Máximo Gorki, direção de Flaminio Bollini, e A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, encenação de Luciano Salce.

Com Antígone, de Sófocles (1º ato) e de Jean Anouilh (2º ato), dirigido por Adolfo Celi, em 1952, arrebata o Prêmio Saci de melhor intérprete; que vai repetir-se com Na Terra Como No Céu, de Franz Hochwalder, e Assim É...(Se Lhe Parece), novamente Pirandello, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, ambos em 1953.

Outro grande sucesso de sua carreira no TBC vem com Santa Marta Fabril S. A., em 1955. No ano seguinte, ele, Tônia Carrero e Adolfo Celi saem do TBC e fundam, no Rio de Janeiro, a Companhia Tônia-Celi-Autran, CTCA, estreando com Otelo, de William Shakespeare. Nos anos seguintes, as mais significativas montagens que sobem à cena são: A Viúva Astuciosa, de Carlo Goldoni, 1956; Entre Quatro Paredes (Huis Clos), de Jean-Paul Sartre, 1956; Frankel, de Antônio Callado, 1957; A Ilha das Cabras, de Ugo Betti, 1958; Calúnia, de Lillian Hellman, 1958; Negócios de Estado, de Louis Verneuil, 1958; Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Luigi Pirandello, 1959; Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins, 1961; Um Castelo na Suécia, de Françoise Sagan, 1961; e Tiro e Queda, de Achard, última montagem da CTCA em 1962.

Estréia, com brilho e sucesso, ao lado de Bibi Ferreira em My Fair Lady, 1962. Em 1964, com Maria Della Costa, está em Depois da Queda, de Arthur Miller, direção de Flávio Rangel, para o Teatro Maria Della Costa - TMDC, recebendo o Prêmio Associação Paulista dos Críticos Teatrais, APCT, de melhor ator. Faz, logo após, um show de boate denominado Paulo Autran da 1 às 2, repetindo Flávio Rangel como diretor, que inspira a criação de Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, levado em 1965 no Teatro Opinião, enorme sucesso de crítica e público. Ainda com o espetáculo correndo o país, Paulo filma Terra em Transe, de Glauber Rocha, em que vive o ditador de um país latino-americano, saudado como o mais importante lançamento de 1967.

Monta sua própria companhia e, em 1966/1967, percorre o Brasil com uma encenação de Flávio Rangel para Édipo Rei, de Sófocles, ao lado de Cleyde Yáconis. Esse tipo de atuação repete-se com O Burguês Fidalgo, de Molière, em 1968. Em 1970 faz o show Brasil e Cia. e, no mesmo ano, integra uma controvertida montagem de Macbeth, de William Shakespeare, com direção de Fauzi Arap. Antunes Filho o dirige no espetáculo Nossa Vida em Família (Em Família), de Oduvaldo Vianna Filho, 1972. Ainda nesse ano, vive o Quixote no musical O Homem de la Mancha, de Wasserman, novamente com Bibi Ferreira, bem como o protagonista de Coriolano, de William Shakespeare, direção de Celso Nunes, em 1974.

Seguem-se novas produções bem-sucedidas: Dr. Knock, de Jules Romains, 1974; Equus, de Peter Shaffer, 1975, ambas novamente dirigidas por Celso Nunes; e recebe o Prêmio Mambembe de melhor ator em A Morte de um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, encenação de Flávio Rangel, 1977.
Com Eva Wilma protagoniza Pato com Laranja, de William Douglas Home, trazendo Adolfo Celi da Itália para um retorno ao Brasil, em 1979, um dos maiores sucessos de sua carreira. Em 1982, está em Traições, do dramaturgo Harold Pinter, com direção de José Possi Neto, levando o Prêmio Molière de melhor ator, e em 1983, dirige A Amante Inglesa, um rebuscado texto de Marguerite Duras. Num mesmo programa apresenta alternadamente, em 1985, Tartufo, de Molière, e Feliz Páscoa, de Jean Poiret, mais uma direção de José Possi Neto.

Tributo, de Bernard Slade, é a criação de 1987. Com o Grupo TAPA integra o elenco de Solness, o Construtor, de Henrik Ibsen, direção de Eduardo Tolentino de Araújo, em 1988, mesmo ano em que atua em Quadrante, texto e direção do próprio Autran, peça que permanece apresentando por muito tempo. No ano seguinte, participa de outra montagem com jovens, A Vida de Galileu, de Bertolt Brecht, direção de Celso Nunes. Também em 1989, recebe o Prêmio Apetesp especial por seus 40 anos de profissão. Em 1991 atua e dirige em Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Luigi Pirandello. Em 1993, está como ator em O Céu Tem que Esperar, de Paul Osborn, direção de Cecil Thiré; e, em 1994, atua em A Tempestade, de Shakespeare, direção de Paulo de Moraes, realizada em Londrina. Um ano depois, volta ao boulevard com As Regras do Jogo, de Noel Coward, e a Shakespeare, com Rei Lear, dirigido por Ulysses Cruz, em 1996. Para Sempre, de Maria Adelaide Amaral, 1997; e O Crime do Dr. Alvarenga, texto e direção de Mauro Rasi, são seus últimos trabalhos nos anos 90. Em 2000, monta um grande sucesso, Visitando o Sr. Green, de Jeff Baron, dirigido por Elias Andreato, que lhe rende os prêmios Associação Paulista de Críticos de Artes, APCA, e Shell de melhor ator de teatro.

Para tornar-se conhecido de um público mais amplo, participou de telenovelas "Gabriela, Cravo e Canela"; "Pai Herói"; "Guerra dos Sexos" e "Sassaricando"; além de minisséries como "Hilda Furacão". Em todas elas, conseguiu tornar seus personagens populares.
Em mais de 50 anos de carreira fez cerca de 90 peças, 15 filmes, inúmeras novelas e especiais para a TV. Era casado, desde 1999, com a atriz Karin Rodrigues.
Para tornar-se conhecido de um público mais amplo, participou de telenovelas "Gabriela, Cravo e Canela"; "Pai Herói"; "Guerra dos Sexos" e "Sassaricando"; além de minisséries como "Hilda Furacão". Em todas elas, conseguiu tornar seus personagens populares.Em mais de 50 anos de carreira fez cerca de 90 peças, 15 filmes, inúmeras novelas e especiais para a TV. Era casado, desde 1999, com a atriz Karin Rodrigues.
Segundo o crítico Yan Michalski: "Paulo Autran é uma das raras personalidades-símbolos do teatro brasileiro. Este gentleman construiu, ao longo de 40 anos de teatro profissional, uma carreira admiravelmente digna, na qual tanto o público como os colegas sabem vislumbrar um exemplo merecedor de incondicional respeito. Este protagonista nato nunca se deixou sensibilizar pelo canto de sereia do estrelismo. Tampouco caiu nas armadilhas do modismo, definindo sempre a sua carreira por um critério pessoal, aberto mas inflexível e exigente, da qualidade: faz com o mesmo entusiasmo e a mesma competência um grande clássico, uma comédia ligeira ou um texto marcado pelo conceito da modernidade, contanto que identifique nele valores literários, teatrais, intelectuais, sociais ou humanos que mereçam o seu engajamento, e que a construção do papel se constitua para ele num desafio e numa alegria. E seria difícil citar um outro ator tão completo a ponto de responder a qualquer tipo de desafio interpretativo com a mesma amplitude e adequação de recursos. (...) Culto, discreto, elegante em cena como fora dela, exaltado por todos os que com ele trabalham como um colega exemplar, Paulo Autran talvez possa ser adequadamente definido como um ator visceralmente e em todos os sentidos, civilizado".1

Notas:

1. MICHALSKI, Yan. Paulo Autran. In:_________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
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História do Rádio no Brasil (Aspectos Gerais)


Apesar de a história oficial não confirmar, acredita-se que a primeira experiência radiofônica remonta de 6 de abril de 1919, quando, em Recife, através de um transmissor importado da França, a Rádio Clube foi inaugurada por Oscar Moreira Pinto. Porém, segundo dados oficiais, apesar de existirem documentos que comprovam o que acima foi dito, a primeira transmissão via rádio tem data de 7 de setembro de 1922 e origem no Rio de Janeiro, capital federal naquela época. Esta transmissão inaugural fez parte das comemorações do Centenário da Independência do Brasil e, na ocasião, foi feito um discurso do presidente da República, Epitácio Pessoa. Como o rádio era uma novidade foi preciso importar 80 receptores (aparelhos de rádio) especialmente para o evento.

Mas esta não seria a data que viria marcar o início da vida do rádio no Brasil. Devido a escassez de aparelhos de rádio e a falta de projetos que possibilitassem uma continuidade, as transmissões que se iniciaram no dia 7 de setembro tiveram vida curta. Apesar da Westinghouse ter instalado um transmissor de 500 watts no alto do morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, que possibilitou que aos donos dos 80 aparelhos de rádio e mais seus vizinhos, parentes e colegas pudessem ouvir em óperas transmitidas diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a experiência não tardou a encerrar, causando a frustração de todos que acompanharam os primeiros passos do rádio no Brasil.

*Foi oficialmente inaugurado a 7 de Set. 1922.
*Com um transmissor de 500 watts, da Westinghouse, no alto do Corcovado - RJ, para 80 recepts.
*O primeiro programa foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa.
*A Instalação de fato aconteceu aos 20 de Abril de 1923 com Roquete Pinto e Henry Morize com a "Rádio Sociedade do Rio de Janeiro".

Sua programação era para a elite, não para a massa:

- com ópera, recitais de poesia, concertos, palestras culturais...
- Receptores caros, importados.
- Finalidade cultural, educativa e altruísta.
- Mensalidades pagas para quem tinha os receptores, doações.
- Anúncios pagos eram proibidos

Era comercial:

- Começa na década de 30 as transformações.
- Decreto n. 21.111 de 01/03/32 autorizava a 10% de sua programação ter comerciais.
- O erudito se torna popular.
- Contrata-se artistas e produtores.

A competição trouxe:

- desenvolvimento técnico,
- status da emissora (ibope) e
- popularidade do veículo

Época de "Ouro do Rádio"

"O impacto do rádio sobre a sociedade brasileira nesta época, foi muito mais profundo do que aquele que a televisão viria a produzir 30 anos depois." A era do Rádio,Orlando Miranda, p.72
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- Nos anos 40 acontece a "época de ouro do Rádio"
- Programação mais popular, mais audiência
- Surge o Ibope, dia 13 de Maio 1942
- A primeira radionovela, 1942: "Em busca da felicidade"
- Esportes, radiojornalismo -Repóter Esso...
- O contexto da primeira guerra mundial e a copa do mundo marcaram esta época do Rádio.

Chega a TV e o rádio muda:

- Os artistas do Rádio vão para a TV
- Troca-se os artistas e programas de humor por música
- As novelas e programas de auditório por serviços de utilidade pública
- Busca-se a segmentação
- Chega um poderoso impulso: o Transistor, em 23/12/47.
- Comunicação mais ágil, ao vivo da rua, e receptores sem tomadas.
- As FMs aparecem na década de 60, com muito mais músicas.

Getúlio se utilizava das rádios (em especial a Rádio Nacional) como o veículo transmissor das idéias e feitos do governo estadonovista.

"O impacto do rádio sobre a sociedade brasileira a partir de meados da década de 30 foi muito mais profundo do que aquele que a televisão viria a produzir trinta anos depois. De certa forma, o jornalismo impresso, ainda erudito, tinha apenas relativa eficácia (a grande maioria da população nacional era analfabeta). O rádio comercial e a popularização do veículo implicaram a criação de um elo entre o indivíduo e a coletividade, mostrando-se capaz não apenas de vender produtos e ditar 'modas', como também de mobilizar massas, levando-as a uma participação ativa na vida nacional. Os progressos da industrialização ampliavam o mercado consumidor, criando as condições para a padronização de gostos, crenças e valores. As classes médias urbanas (principal público ouvinte do rádio) passariam a se considerar parte integrante do universo simbólico representado pela nação. Pelo rádio, o indivíduo encontra a nação, de forma idílica: não a nação ela própria, mas a imagem que dela se está formando.” (Getúlio Vargas)

Algumas pérolas:

*Pão Bragança autoria de Antônio Nássara, aqui relembrado por Almirante, o primeiro jingle do Brasil foi ar em 1932, no Programa Ademar Casé (avô de Regina Casé) para a Padaria Bragança – 1932.

http://www.locutor.info/audioEradeOuro/RadioPrimeiroJingle.mp3

*Rádio Nacional e a Radionovela "O Direito de Nascer" - 1951

http://www.locutor.info/audioEradeOuro/RadioNacionalDireitodenascer1951.mp3

*Paulo Gracindo e Ivon Cury - Rádio Tupi - Anos 50

http://www.locutor.info/audioEradeOuro/Radio%20Tupi%20Paulo%20Gracindo%20e%20Ivon%20Cury.mp3

*Luiz Jatobá na Rádio Jornal do Brasil - anos 70

http://www.locutor.info/audioEradeOuro/Radio%20Jornal%20do%20Brasil%20Luiz%20Jatoba.mp3

*A poeta Cecília Meirelles fala um de seus textos

http://www.locutor.info/audioEradeOuro/Depoimento%20Radio%20MEC%20Cecilia%20Meirelles.mp3

*Alka Seltzer

http://www.locutor.info/Jingles/Alka%20Seltzer%2040.wma

*O compositor Villa Lobos fala sobre suas composições

http://www.locutor.info/audioEradeOuro/Depoimento_Villa_Lobos.mp3

*Combustíveis Shell com Roberto Carlos

http://www.locutor.info/Jingles/ShellRobertoCarlos60.mp3

*Duchas Corona

http://www.locutor.info/Jingles/70/Duchas%20Corona.mp3

Sites pesquisados:

http://www.locutor.info/ (Fábio Pirajá)

Divã - Sessão XVIII- Por Zélia Moreira


O filme que revi ontem e que hoje deixo como dica, me fez rememorar minha vida pelo mundo dos livros.
Fui criança sem grandes recursos financeiros. Curiosa e interessada, farejava as amigas mais abastadas, a biblioteca do colégio e as particulares, que prestavam o serviço de aluguel(Dona Lió, por exemplo, na rua Pedro II).
Nessa caminhada fui viciada em livros que me dessem prazer, que me fizessem suspirar.
Como vocês podem ver, o romantismo em minha vida existiu desde sempre.
Adorava romances, fábulas, poesias.
Lamento hoje não ter tido a oportunidade de ler muitos clássicos. Não era tão fácil o acesso a eles.
Alguns autores foram marcantes e aqui relaciono: Irmãos Andersen, M. Delly, Corin Telado, Barbara Carthran (essas duas últimos daqueles livrinhos de bolso, considerados sub-literatura.)
Lógico que entre uma lelitura e outra também li clássicos, como José de Alencar, Machado de Assis, Érico Verríssimo, e Exupèry, leitura obrigatória de todas as candidatas à miss(?).
Nunca parei de ler, mesmo sem obedecer a um processso seletivo. Valia o que fosse possível chegar às minhas mãos.
Tive meu momento dos livros de auto ajuda. Afinal ninguém é perfeito.
Hoje detesto tudo que me promete transformação a partir de receitas prontas. Se elas valessem nós nasceríamos anexadas a uma bula.
Nesse período descobri autores :Osho, Gaiarsa, Regina Navarro, Augusto Cury, Roberto Shinyashiki , Deepak Chopra. Esses, embora enquadrados no gênero, foram fundamentais na formação da pessoa que hoje sou.
Nem sei se melhor ou pior do que era antes, mas certamente muito mais tolerante , e sem preconceitos.
Na pós fase dos livros de auta ajuda, li autores que se aproximam do gênero numa abordagem diferente. Entre eles eu destaco: Leonardo Boff, Rubem Alves, Arthur da Távola, Lya Luft(essa também já esgotada para mim), Irvin D. Yalom,.etc.
Acho que na realidade, mudando os autores, continuo gostando de ler os temas que dão espaço para alguma reflexão.
Ultimamente me tornei fã de Martha Medeiros. Uma cronista, romancista, poeta, que sendo mulher extremamente sensível, descreve com muitas verdades a alma feminina. É daquelas que a gente ler e pensa, "poderia ter sido escrito por mim...é assim que eu penso, que eu sinto".
A minha dica de hoje é um filme baseado num livro dessa escritora: Divã. Gostei tanto , que trouxe pra vocês. Muita gente deve ter visto .
Encontrei numa comunidade relacionada a Martha Medeiros o comentário que ela faz do filme. Achei tão legal que no lugar de escrever, prefiro trancrevê-lo fazendo minhas as suas palavras.

Enfim, assisti ao "Divã" ( por Martha Medeiros)
Tá visto. Cheguei cedinho ontem no Unibanco Artplex e não via a hora de entrar na sala para assistir ao filme. Confesso que, infantilmente, um dos momentos que eu mais aguardava era ver nos créditos o meu nome: nem nos meus sonhos mais delirantes imaginei que um dia veria tal coisa numa tela de cinema. Um dia ainda vou escrever uma crônica chamada "Nunca imaginei que...". Incrível quanta coisa legal me acontece.

A trilha de abertura é "Rapte-me Camaleoa" do Caetano Veloso. Ou seja, começa bem. Em seguida entra a voz em off da Mercedes (papel da Lilia Cabral, a protagonista) resumindo o que vem pela frente: "A gente nasce e morre, e entre uma coisa e outra estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos, adoecemos - ninguém escapa muito desse script".

Mercedes não sabe direito o que vai fazer na terapia, mas certamente é uma tentativa de, se não escapar, ao menos saber se tem potencial para incrementar esse script.

José Mayer está ótimo como o marido Gustavo, Gianechini um colírio como o amante Teo e Cauã Reymond faz uma participação rápida, mas divertida como o garotão Murilo. Alexandra Richter, que fez a melhor amiga de Mercedes na peça e repete o papel no cinema, demonstra que tem competência suficiente para estourar como atriz.

O filme é absolutamente fiel à peça, excetuando-se algumas poucas cenas que Marcelo Saback, o adaptador, inseriu no roteiro. Uma delas dura poucos segundos e é uma jóia: depois da primeira transa com o amante, Lilia está deitada no chão do quarto, nua, deixando-se molhar pela luz da lua.
É filme pra rir, e o pessoal ri à beça. Mas tem momentos que eu pinço como "chaves" do filme. No início, quando ela está no consultório do analista reconhecendo que não sabe direito o que está fazendo ali, diz: "talvez eu esteja com medo de ser feliz pra sempre", sugerindo que o "cumprimento do script" pode ser apenas uma satisfação que damos à sociedade e que isso não basta para dar sentido à nossa vida. Gosto muito também, quando no consultório, ela refere-se ao romance com Teo dizendo: "Não era amor, era melhor", reproduzindo uma das melhores passagens do livro, na minha opinião. E também no consultório, quando o analista sugere alta, ela pergunta: "Alta?? Logo agora que estou me divertindo?", o que pra mim é sintomático: amadurecer significa deixar de levar-se tão a sério.
Ao final da projeção, conversei um pouco com as pessoas da plateia, respondi perguntas. Alguém me inquiriu: você gosta mesmo de tudo? Ora, claro que, como autora do livro em que se baseou o filme, eu tenho meus estranhamentos, meus incômodos com uma frase ou outra que considero desnecessária... coisas pontuais, mínimas, que eu faria diferente. Não é preciso comentar isso, é particular. Impossível estar tão envolvida emocionalmente com um projeto sem ter uma autocrítica mais aguçada. Mas o que importa é que o resultado final me agradou demais e que fiquei verdadeiramente emocionada e envaidecida com esse projeto. "

Zélia Moreira

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Projeto "Água pra que te quero"!- Nívia Uchôa


Cardápio do feriado - Frango Xadrez é a sugestão - Por Socorro Moreira


Hoje esqueci que existe fogão. Resultado , comi péssimo !
É fim de tarde , e a vontade de correr pra fazer um ranguinho é imperiosa. Já tenho frango em cubos, temperados, na geladeira. A proposta é fazer um "frango xadrez" , que o povo da casa gosta. Aliás, esse prato , espaço, pra não abusar. Deve ser horrível deixar de gostar de comida chinesa.
Prepare também, no embalo, uma musse de maracujá. É perfeita como sobremesa.

(Uma lata de leite condensado, suco puro de 4 maracujás e uma lata de creme de leite sem soro. Bater no liquidificador, e pronto. O segredo é não acrescentar, sequer uma gota d'água ,ao suco.)


Frango xadrez

Ingredientes

4 colheres de sopa de azeite de oliva

2 cebolas médias cortadas em cubos

2 dentes de alho esmagados

500g de file de frango sem pele cortado em cubos

Sal à gosto

1 pimentão verde cortado em cubos

1 pimentão vermelho cortado em cubos

1 pimentão amarelo cortado em cubos

1 xícara de cha de cogumelos cortados ao meio

1/4 de xícara de molho shoyo

1 colher de sopa de maisena

1/2 xícara de cha de água

2 colheres de sopa de amendoim torrado
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Modo de Preparo:
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Em uma frigideira ou panela grande, misture a metade do azeite de oliva, a cebola, o alho e deixe fritar
Retire e coloque em um prato.
Na mesma panela, coloque o sal, o restante do azeite e frite os pimentões e os cogumelos por 5 minutos
Tire e coloque em outro prato
Ainda na mesma panela, coloque o frango e frite ate dourar
Coloque todos os ingredientes novamente na frigideira, misture bem com uma colher de pau e refogue por mais 2 minutos
Em uma xicara, misture o molho shoyo, a maisena e a água
Mexa bem e junte à mistura de frango
Cozinhe mexendo constantemente ate formar um molho espesso
Coloque em uma travessa e polvilhe com amendoim
Sirva quente , acompanhado de arroz branco ou macarrão tipo "Yakissoba".
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*Dicas :
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Eu acrescento ao tempero do frango , uma pitada de curry , e outra de gengibre em pó.
Ao molho , se quiser, pode acrescentar uma colher cheia de catchup.
Substituo amendoim por castanhas torradas.
Substituo cogumelos por palmito , couve flor, cenoura ou repolho.
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Di Cavalcanti - Pintor, ilustrador e caricaturista brasileiro




Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 — Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976) .

Nascido no Rio de Janeiro em 1897, fez sua estreia como desenhista no salão das Humoristas em 1916. Após se mudar para São Paulo em 1917, conviveu com Mário e Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Brecheret. Frequentou também o ateliê do pintor impressionista alemão George Elpons.
Foi dele a ideia da Semana de Arte Moderna, que aconteceu no Teatro Municipal de 1922. Era uma época de muitas novidades, como o carro, a fotografia e o cinema mudo. Então a vida das pessoas estava mudando muito rápido, mas a poesia e a pintura continuavam a seguir as antigas regras, em sua maioria francesas.

Di Cavalcanti foi também um intelectual bem informado sobre as vanguardas artísticas de seu tempo. Em 1921, foi convidado a ilustrar o livro "Balada do Cárcere de Reading", de Oscar Wilde, um dos mais renomados escritores da época. Neste mesmo ano se casa com Maria, sua prima em segundo grau.

A semana de 22 foi uma espécie de festival em que modernistas brasileiros mostraram seus trabalhos. Além de expor suas telas, Di Cavalcanti desenhou o programa e os convites da mostra. Em seguida, em 1923, viajou para a Europa para estudar e lá conheceu e conviveu com grandes mestres da pintura, como Picasso, Braque, Matisse e Léger. Di Cavalcanti também teve influências de Paul Gauguin, de Delacroix e dos muralistas mexicanos. O contato que teve com o cubismo de Picasso, o expressionismo e outras correntes artísticas de vanguarda, contribuiu para aumentar sua disposição em quebrar paradigmas e inovar em sua arte, sem perder de vista uma estética que abordava a sensualidade tropical.

Na volta ao Brasil, retratou temas nacionais e populares, como favelas, operários, soldados, marinheiros e festas populares. Também ficou conhecido por seus belos retratos de negras, fase em que consagrou a modelo e atriz Marina Montini.

Em 1926, já no Brasil, ingressa no Partido Comunista e continua a fazer ilustrações. Após nova viagem a Paris, faz os painéis de decoração do Teatro João Caetano do Rio de Janeiro. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, Di Cavalcanti é preso pela primeira vez. Após ser libertado, se casa com Noêmia Mourão, sua segunda esposa. Em 1950 projetou o mosaico da fachada do Teatro Cultura Artística, a maior obra do artista, com 48 metros de largura por 8 metros de altura.

O pintor recebeu prêmios importantes, como a "Medalha de Ouro" na exposição de Paris (1937) e o título de "Melhor Pintor Brasileiro" na II Bienal de São Paulo (1953), junto com Volpi.

Di Cavalcanti era um artista de muitas habilidades. Além de quadros e ilustrações para revistas, fez desenhos para jóias, tapetes e painéis. Morreu na sua cidade natal em 1976.

Obtido em http://pt.wikipedia.org/wiki/Di_Cavalcanti



Akira Kurosawa - Por : Hadija Chalupe da Silva

"O Luminoso", nascido em 1910, morre aos 88 anos e deixa uma vasta filmografia de 32 filmes. Foi pintor, ilustrador de revistas, publicitário e assistente de direção antes de se tornar cineasta.
É o cineasta japonês mais conhecido no Ocidente, fato que lhe causou alguns problemas, pois muitos japoneses o achavam "ocidentalizado" demais e em contra partida foi quem ajudo a popularizar o cinema em seu país.
Inicialmente Kurosawa trabalha com filmes de Dramas Realistas Contemporâneos, (o Japão estava vivendo no pós-guerra) onde ele evoca o Neo-realismo Italiano; primeiro longa (1943), Sugata Sangiro e A mais Bela (1944).
O apogeu de sua carreira se dá em sua fase Jidaigeri (filmes históricos samurais): Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre (1945), Rashomon (1950) onde recebe o Leão de Ouro no festival de Veneza, Os sete Samurais (1954), Trono Manchado de Sangue (1957), esta fase vai até Barba ruiva (1965), depois deste filme Kurosawa passa por uma fase crítica, sem financiamento e com filmes de pouca repercussão. Irá se reerguer em 1975 com Dersu Usala, em co-produção com a União soviética, onde recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Depois foi apoiado por cineastas norte-americanos como: Francis Forda Coppola, Scorcese, George Lucas, obteve recursos para criar novas obras-primas.
Kurosawa transcendeu a gêneros, períodos e nacionalidades, mas nunca deixou em segundo plano sua própria cultura, isso é percebido na movimentação dos atores, em sua obsessão por cenários autênticos e as influências dos teatros Nô e Kabuki.
Uma das características mais associadas ao perfil de Kurosawa é o de ser perfeccionista e minucioso.
Seu perfeccionismo estava ligado justamente ao fato de o cineasta participar de praticamente todas as etapas do processo de realização de um filme. Ele não apenas dirigia, mas também escrevia os roteiros, desenhava os personagens e as cenas de batalha, ele sempre manteve o hábito de fazer desenhos coloridos das cenas dos seus filmes, que terminavam servindo como storyboard na rodagem, ajudava na fotografia e no posicionamento da câmera e fazia o corte final de suas junto com o montador.
Junto ao caráter minucioso e detalhista no processo de filmagem e ao pragmatismo, objetivo do cineasta no trabalho de edição, outra característica marcante de sua persistência.
"A essência de sua obra está sustentado no tema da vida"
Márcio Alvarenga está dizendo que Kurosawa o que importa é a exposição dos conflitos psicológicos. Ele estuda longamente o ator, preparando-o para que deixe de ser simplesmente um tipo e faz com o ator penetrar na personagem e transcenda seu próprio Eu interpretativo, que interprete toda sua verdade humana.
Esse sentido humano se reforça na tese de que "se você trabalha com homens deve saber formá-los, só assim será possível utilizar seus recursos"
A linguagem cinematográfica de Akira está profundamente interligada ao sentimento humano. Para ele o homem não nascia com direitos sobre o mundo. Para ele nada estava adquirido. Pelo contrário o homem devia olhar de frente o pior do que a humanidade foi e sempre será capaz. Em seus filmes o componente reflexivo, sempre estará presente, que se traduz em mensagens adequadas ao nosso cotidiano, focalizando um homem frente as escolhas éticas e morais.
Clássico na forma e romântico na essência, Akira Kurosawa foi um cineasta eclético, passando dos dramas históricos samurais às adaptações da literatura ou a crítica da sociedade contemporânea, em que o protagonista invariavelmente prefere a honra a qualquer outro valor (como em Os Sete Samurais) sem que isso significasse a ausência de uma constante temática. Todos os meus filmes têm um tema em comum: por que os homens não podem ser mais felizes juntos?
Sua obra densa onde se fundem a alma japonesa e os valores universais, o ideal humanista está subordinado à beleza que jorra em imagens esplendias criadas com notável, senso plástico, eximia e espantosamente simples misan-séne, noção rigorosa de montagem.

COR - A plasticidade do filme
No cinema a cor nos possibilita uma interpretação poética interligada a imagem a ao som. O processo de comunicação, via cor, tem um efeito premonitório, que contribui para a valorização do clima que o diretor deseja transpassar para o público e o cinema de Kurosawa é um dos maiores representantes, pois a cor e não a forma que determinava o conteúdo expressivo de seus filmes.
Para ele a objetividade era o requisito mais importante no trabalho de edição:
Não importa quanta dificuldade você encontre para obter determinada tomada, o espectador jamais entenderá isso. Se não for interessante, simplesmente não será interessante. Você pode ter-se tomado de grande entusiasmo ao filmar determinada tomada, mas se esse entusiasmo não é transmitido na tela, você deve ser pragmático o suficiente para cortá-la.
As cores têm uma realidade sensorial, uma marcante atuação na emotividade humana. No conto Demônio Chorão, do filme Sonhos de Akira Kurosawa, o ambiente é todo sombrio, com predominância dos tons de cinza, pois não há mais luz no planeta esse conto apresenta para o espectador os horrores de uma mundo pós-apocalíptico em conseqüência da bomba atômica e em Povoado de Moinhos, também do filme Sonhos, a seqüência final é de um funeral de uma senhora de 100 anos, ninguém chora por sua morte, a contrário todos estão cantando e dançando, suas roupas são colorias e nas mãos há fitas e flores, expressando vida e alegria.
"Em vez de tentar reproduzir exatamente o que eu tenho diante dos olhos, eu uso, a cor mais arbitrariamente, de forma a expressar-me vigorosamente" .
Um dos pintores que influenciou os filmes de Kurosawa foi o holandês Vincent van Gogh, admiração que resulta em mais um conto do filme Sonhos, Os Corvos, onde o alter-ego do diretor está visitando um museu, ela transporta-se e aparece caminhando pelos quadros de van Gogh e o encontra pintando, tenta conversar com ele, mas van Gogh diz que não tem tempo e sai para pintar.
Além de a cor tentar expressar as terríveis as terríveis paixões da humanidade ela da a possibilidade da sensação de movimento, uma dinâmica que envolve e se torna compulsiva.

Rashomon (1954) - A pluralidade do ser humano
Três homens que durante uma temporal, se abrigam sob um local em ruínas e conversam sobre a história de um duplo crime: ao passarem por uma floresta, a noiva de um samurai tem relações sexuais com um bandido e o samurai morre em circunstâncias não claras. Não se sabe se ela foi estuprada ou consentiu com o ato. Se ele havia sido assassinado ou se suicidado por causa da desonra. O fato é reconstituído quatro vezes, de acordo com o ponto de vista de quem a estava contando (noiva, ladrão, espírito do samurai e um lenhador).
A relatividade da verdade e a inútil tentativa do ser humano de buscar a verdade, é a base de Rashomon, estruturado em forma de flaschbacks foi a forma com que Kurosawa mostrou os vários pontos de vista da narrativa. Foi também a primeira vez que uma câmera filmou o sol diretamente.
Outro ponto importante é a fotografia, onde foi aproveitada a luz natural para realçar os vários caminhos da floresta, como que refletindo os vários caminhos da história, e a caracterização das personagens partindo do exterior para o interior delas, ou seja, o meio interferindo no ser humano.
Com Rashomon, Akira foi premiado com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza.


Sonhos (1990)
Um filme que investiga, em oito episódios, alguns dos fantasmas do inconsciente humano. Expressa de forma poética as imagens e fantasias que as pessoas constroem dentro de si.
Ele fala ao olhar e ao coração, como um grito de alerta ao homem para não destruir seu planeta. Há as grandes causas pelas quais se tenta apelar: o amor, a natureza, o entendimento entre as pessoas, os riscos da guerra nuclear e a lição e a experiências de quem sabe ver o mundo com o olhar simples de um centenário aldeão.
É através de Sonhos que a preocupação do diretor com a plasticidade pode ser representada.
"Decupagem" de cenas selecionadas do filme Sonhos.
Pomar de Pessegueiros
Seqüência em que o Imperador japonês e seus súditos começam a dançar para o menino.
Esta seqüência é acompanhada por uma música tradicionalmente japonesa, ao som de sopros bem agudos, em alguns momentos aparece a percussão e há também um instrumento que lembra o som de bambu.
Eles estão dispostos em um morro que parece uma grande escada, uma escada com quatro degraus, esses degraus representam a hierarquia do império japonês, essas pessoas que estão dançando para o menino são os espíritos das árvores de pessegueiro que foram cortadas. Seus trajes são típicos dos grandes impérios japoneses, com aquela maquiagem branca no rosto, roupas suntuosas e muitos acessórios (a roupa e os acessórios estão de acordo com o papel da pessoa nessa hierarquia). O menino de mais ou menos 12 anos que os está vendo a dança está vestindo um kimono azul.
Eles estão dançando para o menino, essa dança representa o florescimento das árvores de pêssego (no caso o último florescimento), seus movimentos são lentos e leves, no ritmo da música.
Em um dado momento começa a chover pétalas da flor de pêssego. Tudo é muito colorido com o predomínio das cores verde, vermelha e branca.
Começa a ser alternado planos das pessoas dançando, com planos das árvores de pessegueiro floridas (flores rosas, mas a árvore não tem folhas). Até que todo o campo onde estão as pessoas é substituído por pessegueiros. A música de fundo muda, passa a ser uma música clássica ocidental, ao som de órgão, num tom bem alegre.
O menino está com uma expressão de admiração perante aquele campo todo florido. Essa cena mostra a alegria do menino em ver o último florescimento dos pessegueiros, e é representada pelo tom da música e pelas cores que compõe a cena.

Os Corvos
O Alter-ego de Kurosawa está procurando van Gogh, começa a caminhar sobre seus quadros, os dois primeiros são desenhos, sendo que o primeiro é desenhado dó em marrom, o desenho é composto pelo conjunto de linhas, pontos e traços que vão formando paisagens de casas, ruas, árvores; o segundo é um desenho só em azul, do terceiro desenho para frente já são os quadros de sua fase pós-impressionista, onde o amarelo, o azul e o verde são as cores predominantes, é possível perceber a textura da tinta, a direção, camadas e intensidade das pinceladas, você tem a impressão que Eu vai atolar o pé nas tintas e vai manchar o quadro.
Toda a seqüência é acompanhada com som forte de piano, uma melodia quase que predominantemente com uma nota só, música forte, grave em alguns momentos esse clima tenso é quebrado por uma nota mais grave ainda.

Monte Fugi em chamas
Houve a explosão de três usinas nucleares e só restaram cinco pessoas, uma mãe com duas crianças e, mais dois homens. Eles estão na beira de um penhasco que de um lado há o nada (chão coberto pelas coisas das pessoas que desapareceram) e do outro lado o mar.
Neste momento começa a aparecer fumaças coloridas, são as fumaças da radiação que causão câncer, mutação e morte. Nessa cena há uma contradição muito forte, entre as cores da fumaça (vermelha, verde, azul) que normalmente significam alegria com o seu real significado que é a chegada da radiação, a beleza associada ao caos, a imprudência do homem.
Rapsódia em Agosto (1991)
Neste filme o diretor nos convida e pensar, refletir, sobre os horrores da bomba, segundo as lembranças de uma senhora, vítima da bomba atômica. Neste filme Kurosawa transforma o horror em poesia, apresentando a bomba atômica de uma forma poética.
"Decupagem"
Seqüência em que a avó conta aos seus netos como ela viu a bomba.
Ela está de frente para as montanhas que logo atrás está Nagasaki, ela está descrevendo para seus netos como foi que ela e seu irmão viram a bomba. As crianças olham fixamente em direção as montanhas, a avó continua a falar e sua expressão é de espanto e desespero, como se ela estivesse vivendo aquele momento novamente.
Ela descreve a fumaça da bomba, como um grande olho "um grande olho que olhou ferozmente para nós dois" . Ela diz que seu irmão ficou possuído por aquele olhar e "não conseguia ver mais nada" e passou a fazer desenho de olhos, pelo resto da vida. Ela também não consegue esquecer aquele olhar, quando ela diz isso o plano muda para uma visão subjetiva da avó, que vê a explosão novamente, entre as duas montanhas o céu fica vermelho (o vermelho do céu e da bomba representa a intensidade da ferocidade da bomba), sob aquela fumaça formando o cogumelo da bomba quando inesperadamente aparece um olho entre as montanhas, esse olho é uma metáfora da bomba, é o olho do mundo, o olho de Deus, do Universo, vendo a atrocidade que o homem acaba de cometer. O próximo plano é a avó voltando em direção a casa, aterrorizada com o fato que acaba de vivenciar novamente. Em toda a seqüência as crianças ficam em silêncio olhando na mesma direção da avó, para ver se conseguiam enxergar o mesmo que sua avó, mas não conseguiam. Quando a avó volta para a casa as crianças continuam olhando em direção as montanhas, ainda tentando enxergar e sentir o que a avó lhes acaba de descrever.


Madadayo (1993)
É a história de um mestre universitário Hyakken Ushida e sua relação com seus ex-alunos.
"Decupagem"
Seqüência do mestre com sua esposa em sua casa. Esta seqüência é uma elipse temporal marcada por planos que representam as estações do ano.
Os quatro planos não têm diálogo nenhum, ao fundo uma trilha sonora ao som de violinos e sopro.
O primeiro plano representa o outono. O mestre está escrevendo dentro da cabana (eles perderam sua casa num bombardeio aéreo e a única casa que conseguiu alugar foi uma cabana de um jardineiro), ele está escrevendo um livro e sua mulher está varrendo as folhas que estão em volta da casa. O ambiente é de total tranqüilidade apesar deles estarem no meio da segunda guerra mundial. A fotografia deste plano tem um tom amarelo (outono), as folhas das árvores são amarelas e cobre, o chão e o telhado estão cobertos por estas folhas, os raios solares ao baterem nas folhas que estão no chão refletem essa luz alaranjada, típica do outono de países onde as estações são bem definidas.
Inverno: os dois estão dentro da cabana para se proteger do frio, estão sentados na perto da porta vendo a neve cair. A paisagem está toda branca por causa, não há nenhuma folha nas árvores, e seus troncos estão bem escuros. O branco da neve contrasta com a escuridão dos troncos das árvores e da madeira da cabana. Ele está de preto e sua esposa de branco, cores contrastantes e que se complementam, jogo de claro/escuro. A paisagem por causa dessas cores predominantes dá a impressão de uma foto preto e branco, ambiente escuro, mas onde tem neve a luz está levemente estourada.
As árvores já floresceram (terceiro plano - primavera). O ambiente está mais iluminado. Eles estão sentados um do lado do outro na porta da cabana. Do lado esquerdo há uma árvore com flores brancas e à direita uma árvore de flores vermelhas, (elas não têm folhas).Em frente à cabana estão os destroços das casas bombardeadas o que resulta no contraste do colorido das flores (alegria) com o cinza dos destroços (guerra). Eles estão conversando, mas nós não sabemos o que estão falando, ele fuma um charuto e parecem estar felizes com a chegada da primavera.

O último plano é o verão, ele está sentado à porta esperando ela terminar de limpar seu sapato (ele vai sair, vai encontrar com seus ex-alunos para comemoração de seu 61º aniversário). As árvores já estão com folhas, o ambiente já está mais claro, e verde novamente (esperança). Ele se levanta da porta olha para o relógio de bolso, se despede de sua esposa, que fica vendo-o ir ao seu encontro.

Conclusão
O mais tocante da obra se Kurosawa está na grandeza de sentimentos.
Em seus últimos filmes (Sonhos, Rapsódia em Agosto e Madadayo), são pinceladas intimistas sobre o tempo, a morte e a velhice. Perguntaram uma vez a ele sobre "o que faria se tivesse o poder de influenciar a sociedade e mudá-la" e ele disse:
Daria o melhor de mim para aproveitar minhas habilidades como artista. Eu me sinto responsável, verdadeiro e honesto para com minha profissão e estou consciente disso. Eu estou primeiro lidando com a sociedade japonesa e tentando ser cândido ao lidar com nossos problemas. Eu espero que você entenda isso sobre mim quando vir o filme. Como um contador de histórias, não tenho segredos.
E faz com que seu cinema encontre aí a sua razão de ser, para ele um filme não existia por si só, por jogo ou prazer, um filme devia também ao mundo, como um reparo a dívida e abater o déficit que temos com o mundo, sendo menos divertido, mas também essencial.

"Qualé, meu irmão ?"- Brincando com as expressões- Socorro Moreira

cara, dancei legal.
Ela deu moleza, e eu fui na onda.
A figura era muito louca. Escondeu o jogo, deu em cima, fiquei paradão , e acabamos dando um rolé. Foi maus ! Mas é isso aí, meu irmão ! Podes crer, na próxima eu fico ligado , e livro as caras.
grilado , mas na boa. Negócio é o seguinte: paz e amor... Podes crer !
Vou nessa .Vou me ligar num som , ouvir Pink Floyd , e dar um giro por aí, viver a frescura da tarde , enquanto os coroas dormem. A vida é o maior barato...Faça fé !

Um diálogo enrolado , abstraído da incompreensão geral. Vida é natureza. Som e cores. Olhos alterados pela dor de sentir e dela fugir.
O medo de ser livre acovarda os acordados. Preferem dormir, sem gritos de liberdade.Despertam enquadrados, sonhando com uma vidinha certinha, quadradinha... Lua, estrela e sol triangulares !
Parece que fuma, parece que bebe?? Nem percebem que a lombra de tudo é a cabeça cismada com o mundo?
Valeu, brodher ! A gente cresceu , mas a maluquice de vida feliz, ainda rola...Tem azul , arcoíris e infinito, em tudo que existe !

" O MODELO BIOMÉDICO E CARTESIANO NA MEDICINA"

Tive a distinguida honra de ser orientado na minha dissertação de Mestrado pelo Cubano Prof. Dr. Fernando Luis Gonzáelz Rey - Psicólogo Clínico de renome internacional -. Durante os anos de convívio de orientação consolidamos uma estreita amizade que perdura até os dias de hoje. Ao término dos trabalhos me convidou a ir a Cuba tendo sido seu hóspede por inesquecíveis três meses. Passava horas em sua seleta biblioteca e sob suas indicações lia Capra, Foucault, Descartes, e a me apaixonar perdidamente pelos clássicos gregos e principalmente pela História da Medicina, disciplina que ministro em Cursos de Pós Graduação. Em nossas longas conversas ao fim da tarde debatíamos acerca do Modelo Biomédico. O artigo de hoje trás reminiscências desse colóquio.

No decorrer de toda a ciência ocidental, o desenvolvimento da biologia caminhou de mãos dadas com o da medicina.. Por conseguinte, é natural que, uma vez estabelecida firmemente em biologia à concepção “mecanicista da vida”, ela dominasse também as atitudes dos médicos em relação à saúde e à doença. A influência do paradigma cartesiano sobre o pensamento médico resultou no chamado modelo biomédico, que constitui o alicerce conceitual da moderna medicina científica. O corpo humano é considerado uma máquina que pode ser analisada em termo de suas peças; a doença é vista como um mau funcionamento dos mecanismos biológicos, que são estudados do ponto de vista da biologia celular e molecular; o papel dos médicos é intervir, física ou quimicamente para consertar o defeito do funcionamento de um específico mecanismo enguiçado. Três séculos depois de Descartes a medicina se baseia como escreveu Engel: “nas noções do corpo como uma máquina, da doença como conseqüência de uma avaria na máquina, e da tarefa do médico como conserto dessa máquina”. Ao concentrar-se em partes cada vez menores do corpo, a medicina moderna perde freqüentemente de vista “o paciente” como ser humano, e, ao reduzir a saúde a um funcionamento mecânico, não pode mais ocupar-se com o fenômeno da cura. Essa é talvez a mais séria deficiência da abordagem biomédica. Embora todo médico praticante saiba que a cura é um aspecto essencial de toda a medicina, o fenômeno é considerado fora do âmbito científico; o termo “curar” é encarado com desconfiança, e os conceitos de saúde e cura não são discutidos normalmente nas escolas de medicina. O motivo da exclusão do fenômeno da cura da ciência biomédica é evidente. É um fenômeno que não pode ser entendido com termos reducionistas. Isso se aplica à cura dos ferimentos e, sobretudo, à cura das doenças o que geralmente envolve uma complexa interação entre os aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais da condição humana.


Reincorporar a noção de cura à teoria e prática da medicina, significa que a ciência médica terá que transcender sua estreita concepção de saúde e doença. Isso não quer dizer que ela tenha que ser menos científica. Pelo contrário, ao ampliar sua base conceitual, pode tornar-se mais coerente com as recentes conquistas da ciência moderna. A saúde e o fenômeno da cura têm tido significados diferentes conforme a época. O conceito de saúde, tal como o conceito de vida, não pode ser definido com precisão. Os dois estão intimamente relacionados. O que se entende por saúde depende da concepção que se possua do organismo vivo e de sua relação com o meio ambiente. Como essa concepção muda de uma cultura para outra, e de uma era para outra, as noções de saúde também mudam. O amplo conceito de saúde necessário à nossa transformação cultural – exige uma visão sistêmica dos organismos vivos e, correspondentemente, uma visão sistêmica da saúde. Para começar, a definição de saúde dada pela OMS no preâmbulo de seu estatuto poderá ser útil: “A saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doenças ou enfermidades”. Embora a definição da OMS seja algo irrealista, pois define a saúde como um estado estático de perfeito bem estar, em vez de um processo em constante mudança e evolução – ela revela, não obstante, a natureza holística da saúde, que terá de ser apreendida se quisermos entender o fenômeno da cura.


A medicina ocidental emergiu de um vasto reservatório de curas tradicionais e populares, e propagou-se subseqüentemente ao resto do mundo; acabou por transformar-se em vários graus, mas conservou sua abordagem biomédica básica. Com a extensão global do sistema biomédico, vários autores abandonaram os termos: “ocidental”, “científica” ou “moderna” e referem-se agora, simplesmente, à “medicina cosmopolita”. Mas o sistema médico “cosmopolita” é apenas um entre muitos. A maioria das sociedades apresenta um pluralismo de sistemas de crenças médicas sem nítidas linhas divisórias entre um sistema e outro. Além da medicina cosmopolita e da Medina popular, ou curandeirismo (os pesquisadores biomédicos tendem a desprezar as práticas dos curandeiros populares, relutando em admitir sua eficácia), muitas culturas desenvolveram sua própria medicina, algumas de elevada tradição. A semelhança da medicina cosmopolita, esses sistemas – indiano, chinês, persa e outros – baseiam-se numa tradição escrita, usando conhecimentos empíricos, e são praticados por uma elite profissional. Sua abordagem é holística, se não efetivamente na prática, pelo menos na teoria. Além desses sistemas, todas as sociedades desenvolveram um sistema de medicina popular – crenças e praticas usada nos seio de uma família, ou de uma comunidade que são transmitidas oralmente e não requerem curandeiros profissionais. A prática da medicina popular tem sido tradicionalmente uma prerrogativa das mulheres, uma vez que a arte de curar, na família, está usualmente associada às tarefas e ao espírito da maternidade. Devo lembrar aqui a odisséia dos xamãs, pagés, benzedeiras, sacerdotes de todas as culturas arcaicas e da antiguidade, a mitologia das deusas arte de curar greco romanas, etc. Os curandeiros, por sua vez, são mulheres ou homens em proporções que variam de cultura para a cultura.Não têm uma profissão organizada; sua autoridade deriva de seus poderes de cura – freqüentemente interpretadas como o acesso deles ao mundo do espírito - Basta o leitor de debruçar sobre a história dos nossos índios e dos índios das Américas e terá um panorama esclarecedor, ou então, mais próximo no nosso Cariri as “rezadeiras e benzedeiras”.


Com o surgimento da medicina organizada, de longa tradição, entretanto, os padrões patriarcais se impuseram e a medicina passou a ser dominada pelos homens. Isso é verdadeiro tanto para a medicina chinesa ou grega clássica quanto para a medicina européia medieval, ou a medicina cosmopolita. No próximo artigo vou abordar a maior revolução do setor educacional e da medicina, ocorrida nos EUA e que reforçou o patriarcalismo e o racismo naquele País, embora a reestruturação de ensino médico em particular, tenha trazido incomparáveis avanços dentro do modelo que leva o nome do seu coordenador Flexner. Na história da medicina ocidental, a conquista do poder por uma elite profissional masculina envolveu uma longa luta que acompanhou o surgimento de uma abordagem racional e científica da saúde e da cura. O resultado dessa luta foi o estabelecimento de uma elite médica quase exclusivamente masculina e a intrusão da medicina em setores que eram tradicionalmente atendidos por mulheres, como o parto. Esse patriarcalismo foi sendo paulatinamente derrubado pelos movimentos de emancipação feminina ao longo do tempo e até culminar hoje com a consciência do domínio do seu corpo e alma e eu lugar na sociedade machista intra e extra muros das universidades. Elas reconheceram nas lutas travadas principalmente no campo da medicina que o controle patriarcal era exercido como controle de seu próprio corpo e estabeleceram como um dos seus objetivos centrais a plena participação das mulheres na assistência à sua própria saúde.



O clássico "The More I See You" . Quem amou ao som de Nat?



Verse:

Each time I look at you is like the first time,
Each time you're near me, the thrill is new.
And there is nothing that I wouldn't do for
The rare delight of, the sight of you, for;

Chorus:

The more I see you, the more I want you,
Somehow, this feeling just grows and grows;
With ev'ry sigh I become more mad about you,
More lost without you,
And so it goes;
Can you imagine how much I love you,
The more I see you, as years go by?
I know the only one for me can only be you,
My arms won't free you,
My heart won't try.


Cada vez que te vejo é como se fosse a primeira vez.
Cada vez que estás perto de mim a emoção se renova.
E não há nada que eu não faria por esse raro prazer da tua visão, porque:

Quanto mais te vejo, mais te desejo
E de certa maneira este sentimento só aumenta
Em cada suspiro, eu me torno mais louco por ti,
mais perdido sem ti e o tempo passa
Podes imaginar quanto eu te amo
quanto mais eu te vejo, ao passar dos anos?
Eu sei que és a única para mim
Meus braços não te deixarão longe de mim
Meu coração não desistirá de te adorar.
(Tradução livre)

Quem comprou esse LP? Quem dançou ao som de Chriz Montez?



The more I see you, the more I want you,
Somehow, this feeling just grows and grows;
With ev'ry sigh I become more mad about you,
More lost without you,
And so it goes;
Can you imagine how much I'll love you,
The more I see you, as years go by?
I know the only one for me can only be you,
My arms won't free you,
My heart won't try.

Aspectos humanos de D.Hélder - Inácio Strieder- Colaboração de Joaquim Pinheiro

( Publicado hoje ,no Jornal do Comércio)
Como caracterizar D.Hélder? Muitos desejam elevá-lo aos altares. Mas, como ele ainda não foi reconhecido pela Igreja como um santo, nos moldes tradicionais, por enquanto, sua estátua fica ao nível do chão. A dignidade dos altares ainda não lhe cabe. Mas, por que trabalhar para que dom Hélder ocupe os altares? Será que ele não preferiria permanecer ao nível da humanidade, pisando o pó da terra? Com certeza, o seu canto predileto seria: "Se mil vidas me fossem dadas, mil vidas viveria entre os meus irmãos"! Isto se pode concluir do estilo de vida que dom Hélder viveu. Ele assumiu plenamente a sua humanidade. A ele pode-se aplicar, com justiça, a sentença milenar do pagão Terêncio (185-159 a.C): "Sou homem, e nada do que é humano me é estranho". Pois, diante da imagem e semelhança com Deus, que é o ser humano, dom Hélder também repetiria esta sentença antiga "que criatura agradável é o homem, quando ele é um homem".

A D.Hélder interessava tudo que afetava os seres humanos. Muito sofreu com a morte de vários de seus irmãos, quando ainda menor. Passou pela disciplina necessária para se ilustrar e abrir a mente, estudando filosofia e teologia, sempre curioso em relação aos acontecimentos do mundo e ao progresso das ciências. Procurou ser um cristão melhor, um líder cristão, ordenando-se presbítero (padre). Mas não queria ser um padre escondido nas sacristias. Foi para o meio dos homens, assumiu liderança no desenvolvimento educacional do povo cearense. Envolveu-se com uma ideologia, que, inicialmente, lhe pareceu um bom caminho para os seus objetivos de dignificação integral do ser humano. Verificou, posteriormente, que esta ideologia era integralista-fascista, e se afastou dela. No Rio de Janeiro, não se inibiu de encontrar bispos e cardeais, deputados, senadores e o Presidente da República, subiu também aos morros. Cada vez mais se convenceu de que o ser humano é "um animal político", como havia aprendido em Aristóteles. E que a política era a arte de viver dignamente em sociedade. "Ninguém salva a si mesmo", "ninguém educa ninguém, nós nos educamos conjuntamente", como dizia Paulo Freire. Envolveu outros em suas ideias e práticas. Fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o que, posteriormente, motivou também a criação do Conselho Episcopal Latino-Americano. Animou os jovens, ativando a Juventude Universitária Católica, a Juventude Operária Católica, Juventude Estudantil Católica. Tentou dar dignidade aos favelados com projetos concretos. Criou o Banco da Providência, para dar apoio financeiro aos mais pobres. Bastava que alguém sinceramente respeitasse o rosto do ser humano para que merecesse o estímulo de dom Hélder, para objetivar em todos os seres humanos, ainda que os mais humilhados, a imagem e semelhança de Deus.

Posteriormente, como arcebispo de Olinda e Recife, denunciou ao mundo as humilhações de homens e mulheres pela tortura, as injustiças de um capitalismo selvagem. Em toda a parte, e em todas as situações, onde acontecia a desfiguração da dignidade do ser humano, lá estava dom Hélder. O seu engajamento pela dignidade dos homens foi reconhecido pelos mais poderosos políticos do mundo: reis, rainhas e presidentes, democratas, monarquistas e ditadores. Os líderes religiosos expressaram sua admiração por dom Hélder : monges do Tibet, budistas, protestantes, espíritas e até os papas, todos eles viam em dom Hélder um ser humano admirável. Mais de trinta universidades lhe conferiram o título de Doutor Honoris Causa. O reflexo de sua liderança humana, política e religiosa, ainda hoje repercute pelo mundo. Mas não foram os confins da terra, a cúpula dos poderosos mais procurados por dom Hélder, ele queria estar próximo ao rosto de cada pobre ao seu redor. Em todas as dezenas de favelas do Grande Recife havia iniciativas da presença. de dom Hélder. Recebia em particular a quem batesse em sua porta, na Igreja das Fronteiras. Permitia e incentivava o amor de quem estivesse amando. Apoiava e incentivava tudo que era digno e humano.

É fundamental que esta expressão do homem humano em dom Hélder não seja dualisticamente supressa por aqueles que querem elevá-lo aos altares, afastando-o da realidade da terra. O verdadeiro sentido de sua presença memorial entre nós é sua presença cristãmente humana.

» Inácio Strieder é professor de Filosofia da UFPE

Michelangelo Buonarroti, O Poeta


Que Michelangelo Buonarroti é um dos maiores gênios produzidos pela espécie humana disso ninguém duvida. O que se poderia dizer menos do autor da Pietà e dos afrescos da Capela Sistina? Suas mãos moldaram esculturas e compuseram pinturas que, em última análise, foram hábeis o suficiente para expressar a grandiosidade da sensibilidade da qual o seu espírito era feito, uma síntese aprimorada do melhor que a espécie foi capaz de engendrar em seu percurso em busca da perfeição.
Para além da pintura e da escultura, Michelangelo deixou também cerca de trezentos poemas em italiano vernáculo, que escreveu entre 1501 e 1560. Os seus poemas são marcados por uma forte carga homoerótica. Porém, esta foi alterada na primeira edição da sua poesia, em 1623, publicada pelo seu sobrinho Michelangelo, o Jovem. Em 1893, John Addington Symonds traduziu os poemas originais para inglês.

Pois os brasileiros agora podem ver como Michelangelo encontrou na poesia um modo de dar vida àquilo que só as palavras podem expressar. A editora Ateliê coloca nas prateleiras das livrarias o livro Cinqüenta Poemas, com tradução (Italiano/português), de responsabilidade de Mauro Gama, alguns dos principais sonetos produzidos pelo gênio. É onde as palavras, reflexo materializado do pensamento feito linguagem, revelam um Michelangelo pouco conhecido.

Graças ao rigorismo responsável e ao competente trabalho do tradutor, Michelangelo demonstra que, das mesma forma que os cidadãos que compõem a sua obra-prima existencial no cotidiano da sobrevivência, sua essência abrigava os mais recorrentes dilemas humanos consubstanciados
na solidão, no abandono a que qualquer individuo está condenado, seja quem for.
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni
* Caprese, Itália – 06 de Março 1475
+ Roma, Itália 18 de fevereiro de 1564
Cinquenta Poemas apresenta os sonetos considerados mais representativos da produção de Michelangelo, que chegou a cerca de 300 poemas.
Cinqüenta Poemas representa, portanto, a oportunidade para se conhecer a dimensão verbal do trabalho desse autor que Arnold Hauser definiu como "o primeiro artista moderno". Representante máximo da transição entre a visão de mundo escolástica e a percepção moderna da realidade, Michelangelo buscou na poesia um "pensamento
mediador" que conciliasse "sua consciência de si mesmo e da sociedade dos homens, sua angústia entre as promessas do cristianismo e a miséria da nossa condição". Por isso, ao mencionar versos em que ele estabelece um paralelo entre o ferreiro, o demiurgo e o escultor-poeta –
"Só com fogo o ferreiro estende
à idéia cara e seu melhor lavor,
nem sem fogo um artista o ouro, em fervor,
no seu mais alto grau afina e rende:

nem mesmo fênix outra vez se prende
se antes não arde. E eu, se morrer no ardor,
mais claro espero entre esses me repor
que a morte acresce, e o tempo não ofende"
–, Gama chama a atenção para o fato de que "essa capacidade de materializar o que é imaterial (a eternidade, ou a ressurreição), ou de concretizar o abstrato, é tanto mais nova e admirável em alguém que consegue, num contexto como o seu, sentir a fundo a realidade de sua contingência". Como se pode ver no trecho acima citado, a versão de Mauro Gama procura produzir em sua tradução não apenas a relação (que toda poesia estabelece) entre semelhança fonológica e parentesco semântico, mas também uma analogia entre o contexto histórico-lingüístico de Michelangelo e seu correspondente na cultura lusófona. Para tanto, Gama verteu o original italiano para o português da mesma época – trabalho de recriação que, tendo como referência a métrica e as rimas de Luís Vaz de Camões, consegue reproduzir o efeito de modernidade que Michelangelo teve sobre a língua de seu tempo.
Soneto
Michelangelo Buonarroti
(Trad. de Jorge de Sena )

Forçoso é que a piedade enfim me venha,
pra que d’alheias culpas mais não ria,
seguro em meu valor, sem outro guia,
alma perdida que de si desdenha.

Não sei que outra bandeira me mantenha
não vencedor, mas salvo da porfia
com que o tumulto adverso me seguia,
se não é Teu poder que me sustenha.

O carne, ó sangue, ó lenho, ó dor extrema!
Justo por vós se torne o meu pecado
do qual nasci e os pais que foram meus.

Só Tu és bom: socorra tão suprema
piedade o meu predito iníquo estado:
tão perto a morte, e ainda tão longe Deus.
A produção poética do autor da emocionante escultura ’Pietá’, registra sonetos inspirados pela angústia religiosa e pelo amor. Já sexagenário, se mantinha fortemente apaixonado, de forma platônica, por Vittoria Colonna, “a divina”, para quem escreveu sonetos.Vittoria, também era poeta. Imortalizada, na poesia pelo gênio renascentista, provocou incendiária paixão que o transformou de escultor em poeta.
Fontes