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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 6 de setembro de 2009

Independência ou Morte

Por Carlos Rafael Dias

7 de setembro: eis uma data emblemática. Pelo menos, na minha memória. Sou da geração dos que nasceram em plena ditadura militar e que passou a infância respirando antimonio, mesmo sem noção da periculosidade que era aquele cheiro pesado de chumbo. O pior (mas que na época achava o máximo) era participar do desfile cívico, marchando, com altivez, pelas ruas centrais da cidade. O "independence's day" começava bem cedo, ainda no escuro e com aquela excitação pueril. Após o desjejum reforçado (caldo de carne com ovo, acompanhado de cuscuz), vestia a farda escolar bem limpa e engomada. A escola ficava próximo de onde eu morava, e da porta mesmo dava pra avistar a pequena multidão padronizada que chegava. Da escola, íamos em formação e marchando para a Praça da Sé, onde todas as escolas concentravam-se. Lá, enquanto aguardávamos o início do desfile, éra-nos permitido sair da formação e dar uma volta para sondar o terreno: ver como as outras escolas estavam organizadas e, também, dar uma espiadela nas garotas-balizas e porta-bandeiras, invariavelmente as mais bonitas, usando shortinhos e botas que iam até o joelho. E o fundo musical, além do inconfundível rataplã dos tambores, era tocado nos alto-falantes, sistematicamente: o lindo Hino da Independência, sobre o qual cantávamos uma paródia politicamente nada correta: 'japonês tem quatro filhos. Todos quatro aleijados. Um é surdo, o outro é mudo. E os outros dois são barrigudos..."

Um comentário:

socorro moreira disse...

Dentre as balizas, lembro das mais famosas : Edilma Rocha, Fátima Maia, Fátima Figueirêdo, Fátima Lins e Fátima França. Naquele tempo pra ser baliza tinha que ter pernas perfeitas, e as fátimas tinham ! Edilma era "or concour".
Vc lembrou uma musiquinha que foi cantada no filme "Meu pé de laranja lima". Detalhe : esse filme passou no Moderno, justo na semana da Pátria de um ano que eu não lembro mais. Década de 60, com certeza !
7 de Setembro de antigamente era um dia de colocar os pés num escaldado, depois da parada. Mas a gente ainda não perdia a praça, se fosse um dia de domingo.


Nasceu depois, hem bichinho ? A vantagem é que pegou os raios de lá , e ainda os solta cá.


Abraços.