Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 10 de abril de 2010

Vincent ( Starry Starry Night ) - Don McLean

Noite Estrelada
(Vincent van Gogh, 1889 - óleo em tela
73,7 × 92,1 cm
Museu de Arte Moderna de Nova York )


Pinte sua paleta de azul e cinza
dê uma olhada em um dia de verão
com os olhos que conhecem
a escuridão em minha alma

Sombras nas colinas
Esboce as árvores e os narcisos
sinta a brisa e os calafrios de inverno
nas cores da terra de linho enevoado

Agora eu entendo
o que você tentou me dizer
e como você sofreu pela sua sanidade
e como você tentou libertá-los

Eles podem não ter escutado,
podem não ter sabido
como talvez ouçam agora...
Noite estrelada
Flores flamejantes
brilhando em chamas
nuvens circundantes
em um embaçamento violeta
refletidas nos olhos azul-claro de Vincent

Cores oscilantes
campos amanhecidos de grãos cor de âmbar
faces deterioradas alinhadas em dor
tornam-se realidade
pelas adoráveis mãos do artista

Agora eu entendo o que você tentou me dizer
e como você sofreu pela sua sanidade
e como você tentou libertá-los
eles podem não ter escutado,
podem não ter sabido como talvez ouçam agora

Para aqueles que poderiam não te amar
mas ainda assim seu amor foi verdadeiro
e quando não havia mais esperança em vista
naquela noite brilhante
Você tirou sua vida
como os amantes fazem com freqüência

Mas eu poderia ter te contado,Vincent,
Esse mundo nunca foi significante
para alguém tão lindo como você

Noite estrelada
Retratos pendurados em salas vazias
cabeças disformes em paredes enomeadas
com olhos que observam o mundo
e não podem esquecer como os estrangeiros que você conheceu

O homem calejado em roupas batidas
O espinho prateado das rosas sangrentas
enterrado quebrado e esmagado,
na neve virgem

Agora acho que sei o que você tentou me dizer
como você sofreu pela sua sanidade
como você tentou libertá-los
eles não ouviram,

eles continuam não ouvindo
talvez eles nunca ouçam...



PS.O quadro "Noite Estrelada" foi pintado aos 37 anos, quando o artista esteve em um asilo em Saint-Rémy-de-Provence ( 1889-1890).
"Vincent" é uma canção de Don Mc Lean escrita em sua homenagem .
É também conhecida por sua linha de abertura," Starry, Starry Night ",uma referência à pintura de Van Gogh "Noite Estrelada".A Canção também descreve outras pinturas do artista.

Mac Lean escreveu a letra em 1971, depois de ter lido um livro sobre a vida do artista.No ano seguinte, a canção se tornou o Hit nº 1 no Reino Unido, e alcançou o 12º lugar nos Estados Unidos.


sabor e perfume da alma

Não sei por quanto tempo
este corpo sólido,
sisudo.

Não conheço a vastidão
nem dentro da bota
nem na asa da xícara.

Suponho, então, minha morte
(a queda do corpo)

para que este vazio se diga
pronunciável pelas palavras

longe do silêncio
ou de qualquer outra farsa.

Os cabelos brancos
chegaram à barbicha.
Agora um pleno lunático.

Van Gogh - Galeria

Auto Retrato

( 30 de março de 1853 - 29 de julho de 1890 )










Noite Estrelada ( O meu preferido )


Imagens:

Google Imagen

Vincent Van Gogh

Nasceu na Holanda, na cidade de Groot Zundert, no dia 30 de março de 1853, numa aldeia tão pequena que não aparece nos mapas. Filho de pastor calvinista, Van Gogh passa sua infância numa casa ampla, abastada, mas antiga, sem luz, muito triste. Segundo alguns biógrafos, foi uma infância enfadonha, melancólica, tediosa.
*
Rebelde, solitário, desde cedo se mostra insociável, rejeita a realidade e a sociedade em que vive. Profundamente desajustado, procura saída através do trabalho, em julho de 1869 vai trabalhar em Haia na Galeria Goupil, que comercializa livros e obras de arte. Três anos mais tarde vai para Bruxelas onde passa dois anos e meio. A falta de sol e a calma dos países nórdicos o enerva, sonha com Paris. Em 1975 consegue a transferência para Paris. Encantado com a cidade luz, lê Flaubert, Dumas, Hugo, Rimbaud, Baudelaire; admira as campinas românticas de Courbet e os heróis de Delacroix.
*
Em 1876, demitido do grupo Goupil, volta para casa, frustrado e sem perspectivas, decepção para os pais, somente Theo, o irmão mais moço, nascido em 1857, o entende.
*
Ano muito difícil para Vincent, extremamente depressivo sofre seguidas crises nervosas, longos períodos de mutismo e solidão, que o levam a um violento misticismo, levando-o desejar a carreira de pastor. Mas pastor entre os pobres. Em 1878 vai para o Seminário Teológico da Universidade de Amsterdam. Reprovado segue um curso trimestral na Escola Evangélica em Bruxelas, onde a pedido do pai consegue o lugar de pregador missionários nas minas de carvão de Burinage, na Bélgica. Numa tentativa de aproximar-se dos mineiros começa a trabalhar nas minas, onde acaba adoecendo. Volta para casa, convalescente, conclui que não é essa sua vocação.
Instala-se em Cuesmes onde desenha de memórias cenas de Burinage. Afinal encontra sua vocação, vai ser pintor.
*
Nesse tempo, Theo já é um dos dirigentes da Galeria Goupil, em Paris. Manda dinheiro a Vincent que estuda anatomia e perspectiva. Entusiasmado com Millet, pintor realista contemporâneo, passa os dias desenhando. Manda dizer a Theo “Eu não quero pintar quadros, quero pintar a vida”. Vida para ele são paisagens e gente, camponeses e mineiros, campos e trigais. Mas os quadros ainda retratam a realidade que pintor vê, sombria e cinzenta. Cristine a namorada o abandona. Entra novamente em crise, Theo consegue levá-lo para casa em Nuenen, onde se recupera, lendo, passeando, desenhando, pintando. Tranquilidade interrompida pela morte do pai em março de 1885.
*
Apesar de seus quadros ainda serem sombrios, em tons escuros e empastados, Van Gogh está apaixonado pela cor, pela luz. Ele escreve: “A cor expressa algo em si, simplesmente porque existe, e deve-se aproveitar isso, pois o que é belo é também verdadeiro”.
*
Em Antuerpia, Van Gogh se apaixona definitivamente pela cor, descobre Delacroix e a pintura japonesa. Escreve a Theo: “O pintor do futuro será um colorista como nunca foi possível antes”.
*
Em fevereiro de 1986 chega a Paris onde encontra trabalhos de Hokussai, Hirochige, Utamaro, impressiona-se pelo que chama de “uma nova maneira de representar os objetos e o espaço”.
*
Mora com Theo, e este é o período mais sociável de sua vida. Faz amizade com Toulouse-Lautrec e Bernard, familiariza-se com os impressionistas, Monet, Renoir, Pissarro. Mais tarde conhece Gaughin.
*
Depois de 2 anos, a saúde de Vincent não resiste mais a Paris. Seguindo conselho de Toulose-Lautrec, vai para o campo, para a Provence. Em fevereiro de 1888 está em Arles, pintando ao ar livre. Entra na fase mais produtiva de sua carreira. “Eu quero a luz que vem de dentro, quero que as cores representem as emoções”. Em outubro chega Gaughin, desestabilizado, Van Gogh se deixa levar por crises de humor, discussões e agressões com Gaughin vão minando seu equilíbrio, sofre de mania de perseguição, numa crise tenta ferir Gaughin com uma navalha. Arrependido, corta de propósito uma pedaço da orelha.
*
Após dez dias no hospital Saint-Paul para doentes nervosos, volta para casa onde pinta o famoso Auto-Retrato com a Orelha Cortada. Em maio de 1889 ele mesmo pede a Theo que o interne. Vai para o hospital de Saint-Remy. Quando as crises voltam, rola no chão, tem alucinações de natureza mística, briga com demônios.
*
Em 1890 Theo consegue que o Dr. Gachet, psiquiatra e pintor, cuide dele em Auvers. Segundo críticos, seus melhores trabalhos são feito nessa época, a amizade com o Dr. Gachet anima Vincent, escreve a Theo que agora está feliz. Mas, no dia seguinte, entra em crise e acusa o médico de tentar matá-lo.
*
No dia 27 de julho de 1890, domingo, sai para o campo de trigo com um revólver, e dá um tiro no peito. Socorrido pelo filho do Dr. Gachet, está lúcido e tranqüilo, no dia 29, morre segurando a mão de Theo cinco minutos depois de dizer ao irmão: “A miséria não tem fim”.
*
Em vida Van Gogh vendeu apenas um quadro "A Vinha Vermelha", no dia de sua morte, no sótão da Galeria Goupil, em Paris, 700 quadros de Van Gogh amontoavam-se sem comprador.

http://www.artistanet.com.br/artigos/user_exibir.asp?ID=516409

Sangue

Ao afastar com o braço
o ópio e o vinho
sobre a mesa

ao ouvir o som surdo
da loucura e do espanto

sem estardalhaços
sem cacos de vidro
sem máculas

cruzei a ponte
mudei de margem.

Agora os dias uma só morte.
Uma só rocha à porta do sepulcro.

Não dou ouvidos às vozes
debaixo do chuveiro.

Meus fantasmas sabem
que a clareza queima.

Ao derrubar do púlpito minha sombra
somente minha voz profere os sermões.

Sei que sou eu mesmo o vulto.
A verdadeira pele do sinal.

Meu lábio cortado.
Meu escárnio e meu lírico soluço.

Ao renunciar o ópio e o vinho
penetrei pela rachadura da parede.

Ainda não encontrei a moeda encantada.
Mas permanecem minhas asas
lisas, pardas, leves.

História de Renato - por Eurípedes Reis

Em 1978 com o falecimento da mãe, o pai, devido ser alcoólatra, perdeu a guarda dos filhos: Jonas; Josué; Cibele; Rogério; Vagner; Marcelo e Renato. Somente o filho mais velho, Gervásio, permaneceu com o pai.

Os demais foram encaminhados para o Instituto de Amparo ao Menor de Indaiatuba onde foram internados. Devido ser diferente, Renato, em seguida, foi encaminhado para a FEBEM (existia – na época – uma unidade da FEBEM perto do Pacaembu, própria para receber menores não infratores). Somente após algum tempo descobriu-se que o Renato era deficiente mental. O governo do estado, devido a falta de estrutura para tratar deficientes mentais, buscou uma instituição especializada. Inicialmente ele foi encaminhado para a Casa de David e, logo depois, foi transferido para as Casas André Luiz. O pai, alguns poucos anos mais tarde, faleceu. Ninguém da família sabia o paradeiro do Renato, que, na época da internação, era um bebê.

Jonas ao completar 14 anos saiu do abrigo e começou a trabalhar. Foi morar com Gervásio (irmão mais velho). Fizeram um esforço e desinternaram todos os irmãos e assumiram a responsabilidade pela criação deles.

Após alguns anos, Jonas foi trabalhar nos Estados Unidos (Chicago). Anos mais tarde, levou alguns dos outros irmãos para trabalhar nos Estados Unidos, onde conseguiram alcançar sucesso profissional e, consequentemente, financeiro. Somente o irmão mais novo (Marcelo) permaneceu no Brasil. Se casou, constituiu família, conseguiu um bom trabalho. Mas sempre manteve contato com os outros irmãos que foram para o exterior.

Eles, embora muito crianças quando o fato aconteceu, lembravam-se que tinham um irmão que havia sido encaminhado para São Paulo. Mas não tinham a menor idéia do paradeiro do Renato, nem que ele era deficiente mental.

A esposa de Marcelo estava providenciando o passaporte, porém teve problemas com a sua documentação (erro no sobrenome do marido) e entrou com um processo judicial, para resolver o problema. Marcelo que se envolveu no processo, para ajudar a esposa, ficou curioso e além de ajudar a esposa resolver o problema do passaporte, foi em busca de obter maiores informações da história de sua família, e, entre outras coisas, para conseguir localizar o Renato, o irmão caçula que havia sido encaminhado para São Paulo. Foi uma luta e uma busca que, de inicio, se mostrou frustrante. Tentativas de localização, através de pesquisa de informações de RG, CPF, Título de Eleitor, não deram em nada.

Marcelo foi até o abrigo de Indaiatuba, na tentativa de resgatar informações, porém o abrigo não funcionava mais. Foi encaminhado para o Fórum da cidade para localizar a documentação. Os prontuários estavam lá, e ele, além do seu prontuário, localizou também o prontuário do Renato, mas, não liberaram o prontuário de Renato para Marcelo tirar cópia. Mesmo assim ele visualizou as palavras “espírita” e “Guarulhos” no prontuário e foi pesquisar. Após intensa busca, pela Internet, localizou as Casas André Luiz e entrou em contato telefônico conosco para obter informações. Perguntou se tinha um interno de nome “Renato”. Perguntado o nome da mãe ele então teve a certeza de que havia localizado o irmão.

No dia 04/03/2009, Marcelo esteve na instituição para visitar Renato. Foi um reencontro emocionante. As funcionárias do Serviço Social, quando viram o Marcelo, não tiveram dúvidas que ele era irmão do Renato (devido a semelhança física). Começou a se estabelecer um vínculo amoroso e fraterno. Começou, então, pelo Serviço Social e Psicologia, a ser desenvolvido um programa para fortalecer estes vínculos. É um trabalho lento já que existe alguma insegurança por parte da família, pois não sabem como cuidar de um deficiente. Eles, aos poucos, estão sendo capacitados para entender o Renato. Está nascendo neles um sincero desejo em desinternar o Renato. Isso tem que ser feito com muito cuidado, não só estando atentos para com a família, mas também com o Renato, para o qual a situação é muito nova. Afinal ele passou 31 anos nas Casas André Luiz, sem saber da existência de sua família. Tem apenas um ano que ele está vivenciando uma situação diferente.

Atualmente Renato vai, praticamente, todo final de semana para a residência do irmão em Indaiatuba e os parentes participam do desenvolvimento biopsicossocial. A família vem apanhá-lo na nossa Instituição, recebe as instruções e medicação a ser ministrada a ele. Demonstram ter o maior carinho para com ele. Após o reencontro com a família o Renato esbanja felicidade e está se comunicando melhor com todos os colaboradores e seus colegas na instituição.

Renato possui cadeira de rodas motorizada (importada), doada pelos irmãos a qual utiliza no dia-a-dia para locomoção, realização de suas atividades de vida diária e ir aos atendimentos setoriais. Desloca-se, independentemente em todas as áreas da Instituição, participa de eventos, passeios e atividades externas no seu equipamento. Ela é o seu orgulho.

Eles, desde que localizaram o Renato no ano passado têm o maior desejo de que ele viaje para os Estados Unidos, para visitar os parentes (ou outros irmãos e sobrinhos)

Esta viagem, eventualmente, poderá fortalecer os laços e facilitar o processo de desinternação, que é o nosso objetivo, mas tudo está sendo feito com muito cuidado.

Euripedes

*Eurípedes é colaborador do Cariricaturas desde o nosso início . Foi atraído pela profunda e antiga amizade, que nos liga.

Fim de tarde

Sábado entardecendo. A exemplo do que acontecia na casa da minha mãe , hoje foi dia de faxina. Exagerei nos encargos, mudei os móveis do quarto, da sala e da cozinha. Nem faltou lavar paredes, nem pintar uma delas, em tom vermelho. Matei as saudades dos meus CDs, e fiz torta de limão pra merenda das 2 horas. Victor ainda perguntou : esse serviço vai custar? E a gente não vai passear , na casa de João Marni e Fátima?
Pois é , quem manda ser bem tratado ? Eu fico com um buraco, no sábado, quando não vou., mas esse costume nunca pode virar vício.
No mais, tudo rosa no horizonte. Dia de abraços e cheiros .... Até a chuva , ameaçou molhar telhados, mas nada pingou. A roupa da semana tá lá, no varal estendida , chamando o vento e o estio pra evitar o bolor.
Essa é a vida de uma doméstica aposentada , no interior. Sombra, cadeira de balanço, uma rede armada , um tempinho, no computador.
Ninguém apareceu nessa data... A casa ficou pronta , e ninguém chegou !

Pedofilia

Este assunto tem ocupado a mídia televisiva, rádios e jornais e inúmeras publicações em blogs e afins, pela rede internacional de computadores, a INTERNET. É um tema de triste repercussão, onde nem sempre são abordados os malefícios a que são expostas as vítimas dos abusos e violências praticados. SOBREVIVENTES, este é o termo utilizado para designar crianças e jovens, que foram atacadas e tiveram sua história de vida profundamente alterada por tal violência.

Uma criança que teve a infelicidade de ser vítima de violência sexual terá em sua formação um trauma psicológico que a influenciará por toda sua vida causando grande sofrimento. Terá prejudicado seu desenvolvimento afetivo, acarretará crises de auto-estima, sentimentos de culpa e, em casos extremos, é possível levar ao suicídio. O fato de que vítimas de abuso sexual se transformam em agressores e agentes de crimes semelhantes não é incomum.

Do ponto de vista da saúde, mental e social, a pedofilia pode ser considerada um “desvio comportamental”, uma doença e seus praticantes, devem receber tratamento.

Do ponto de vista legal, é considerado crime, no Brasil e na maioria dos países do mundo, e aquelas pessoas que a praticam são julgadas e, dentro dos parâmetros da lei, condenadas.

Os Envolvidos.

Há outras formas de envolvimento com a pedofilia, como a produção de material fotográfico, vídeos e outras formas de divulgação desse tipo de imagem. Acessar páginas da Internet que veiculam imagens desta categoria representa uma forma de “consumo” e conivência. O costume de vestir crianças com modelos de roupas dos adultos, muitas vezes provocativas, e inadequadas à infância, embora comuns entre grande parte da população, sujeita pessoas desequilibradas a ter pensamentos libidinosos.

Não temos conhecimento de estatísticas que revelem os números do comércio desse material, mas certamente seriam dados assustadores.

Vivemos atualmente uma onda de permissividade onde imagens “eróticas” invadem, via TV, lares, escolas e ambientes públicos sem o menor pudor. Cenas em novelas, e os ditos “reality show” apresentam exemplos de comportamento que seriam inimagináveis algumas décadas atrás. Parece natural que letras de música induzam ao consumo de drogas, à prática de sexo explicito, adultério e até pedofilia. Talvez por isso, temos visto algumas pessoas com dificuldades em compreender a gravidade e abrangência das conseqüências da prática da pedofilia. Há quem sinta pena dos agressores, considerando-os doentes e dignos de compaixão, mas é preciso pensar nas crianças, traumatizadas para toda uma existência, e nas famílias que igualmente sofrem as conseqüências. Basta colocar-se no lugar da criança ou de seus pais, para perceber melhor a gravidade da situação.

Algumas denúncias contra o Clero têm sido noticiadas, às vezes com ensacionalismo, mas malgrado a disputa pelos fiéis que norteia alguns canais de televisão, tudo deve ser esclarecido para que a sociedade possa se corrigir e se desenvolver na direção do progresso moral e do aperfeiçoamento das relações entre os cidadãos, o Estado e as instituições civis e religiosas.


Cavidades

Euforia contida:
algo semelhante
a uma xícara fria.

O cafezinho desprezado
já perdido no abismo
das entranhas.

O tempo abafado
no quarto sala

entre unhas
e micose.

Também um território
bastante explorado.

Tudo que escrevo é passado.
Apesar do frescor dos meus cabelos brancos.

HOMENAGEM A CORA CORALINA

Hoje faz 25 anos que a poetisa e doceira Cora Coralina virou estrela no céu. Não temos mais os doces feitos pelas mãos calejadas na labuta do campo e da cozinha, mas temos seus poemas, retratos de sua alma singela e bela. Ela era uma mulher da terra, que trabalhava a terra e a amava com um "velho amor consagrado". Cora Coralina: mulher antiga, mulher de roça, semente, pedra, mato, paiol, cana, água, terra: amor. (Stela Siebra Brito)


(trechos do poema A GLEBA ME TRANSFIGURA de CORA CORALINA)

Sou árvore, sou tronco, sou raiz, sou folha,
Sou graveto, sou mato, sou paiol
E sou a velha tulha de barro.
Amo a terra de um velho amor consagrado
através de gerações de avós rústicos
A gleba está dentro de mim. Eu sou a terra.
Identificada com seus homens rudes e obscuros,
Enxadeiros, machadeiros e boiadeiros, peões e moradores.
Juntos rezamos pela chuva e pelo sol.
Assuntamos de um trovão longínquo, de um fuzilar
de relâmpagos, de um sol fulgurante e desesperador,
abatendo as lavouras carecidas.
Festejamos a formação no espaço de grandes nuvens escuras
Minha identificação com a gleba e com a sua gente.
Mulher da roça eu o sou.
A gleba me transfigura, sou semente, sou pedra.
Pela minha voz cantam todos os pássaros do mundo.
Sou a cigarra cantadeira de um longo estio que se chama Vida.
Sou a formiga incansável, diligente, compondo seus abastos.
Em mim a planta renasce e floresce, sementeia e sobrevive.
Sou a espiga e o grão fecundo que retornam à terra.
Eu sou o velho paiol e a velha tulha roceira.
Eu sou a terra milenária, eu venho de milênios.
Eu sou a mulher mais antiga do mundo, plantada e fecundada
no ventre escuro da terra.

Por João Nicodemos

não fui um menino prodígio
vivia trepado na mangueira
tocando gaita num pente

desce daí menino, você cai!!!

não caí...

fui um menino sabiá
vivia cantando...

não fui um menino
prodígio
mas acho que
estou me transformando num
velhinho prodígio.


por Nicodemos

Poema do Nicodemos

pressinto que você sente
que alguma coisa comprime,
entre o teto e o chão,
seu coração...

mas a vida é assim:
dói,
depois passa...

Tudo passa
e Nada fica

sendo assim:
fico com Nada
quem não passa
não fica.


por Nicodemos

Berinjela ao forno - ( à minha moda)





Corte uma berinjela grande em fatias finas , e ponha de molho num recipiente com água salgada, por 15 minutos. Enxugue-as , passe na farinha de rosca, no ovo batido, e frite-as.
Tempere a carne moída e acrescente cebola picada, azeite, pimentão , molho de tomate e manjericão.
Numa assadeira alterne camadas de berinjelas com molho e queijo mussarela. Polvilhe com queijo parmesão ralado, e leve ao forno por 20 minutos. Sirva com arroz branco.

INGREDIENTES
500 g de carne moída
1 beringela grande
1 pimentão médio
1 cebola
1 lata de molho de tomate
30 g de mussarela
queijo parmesão ralado
folhinhas de manjericão
farinha de rosca e ovos para empanar
Óleo ( o mínimo possível) para fritar

*Gente, acabei de retirar do forno. Quem quiser degustar, pode chegar !
Abraços a todos, e um fim de semana cheio de boas surpresas !

"Até Sangrar"




Ouvir "Até Sangrar", segundo disco da cantora Áurea Martins - mas primeiro a ser lançado por uma major, a Biscoito Fino, num esquema mais profissional - é praticamente uma viagem em alguma máquina do tempo que nos leva a uma época passada. Mais precisamente, à época das grandes cantoras do rádio - Elizeth Cardoso, Zezé Gonzaga, Emilinha Borba, Aracy de Almeida, Dalva de Oliveira...

A voz de Áurea, como as grandes divas daqueles tempos, exala elegância e uma certa melancolia bonita (isso sem contar o timbre aveludado, impecável), que não se encontram facilmente nas cantoras de hoje, chamadas de "divas", muitas vezes, por imprudência ou por total desconhecimento das caracteristicas que tornam uma artista diva de verdade. Áurea não teve até hoje o reconhecimento merecido, apesar da carreira longeva - iniciada ainda na década de 1960 - e do reconhecimento dos colegas da música - "Lembro quando Jamelão me cochichou, quando você foi convidada pra cantar numa reunião caseira: ‘Essa aí sabe das coisas’. Deu pra entender porque a Divina Elizeth saía de casa à noite (coisa rara!) pra ouvir outra cantora. E essa cantora era você", escreveu Hermínio Bello de Carvalho, no encarte de "Até Sangrar" .

Aliás - e tomara! -, que o novo disco, já que lançado com o suporte da Biscoito Fino, cumpra com a missão de apresentar a um público mais amplo o calibre de Áurea Martins. Bons atributos para isso o lançamento tem: beleza nos arranjos - assinados, em maioria por Francis Hime ou pelo Terra trio -, interpretação emocionante de Áurea e repertório que, ao misturar canções de Lupicínio Rodrigues ("Um Favor" e "Volta"), Herivelto Martins ("Edredon Vermelho"), Herbert Vianna e Paula Toller ("Nada por Mim") e Chico Buarque e Francis Hime ("Embarcação") dialoga perfeitamente com a trajetória da cantora das boates da antiga boemia do Rio de Janeiro.

Outro ponto alto de "Até Sangrar" é o time de amigos que Áurea trouxe para compartilhar desse trabalho. Nos bastidores, ela contou, por exemplo, com o dedo de Olívia Hime na direção artística. Na hora de entrar em estúdio, recebeu músicos do naipe de Cristóvão Bastos, João Donato, Alcione, Francis Hime e Emílio Santiago - os quatro últimos emprestam suas vozes em faixas que fazem o ouvinte entrar numa dor de cotovelo gostosa, até mesmo por essa evocação de um passado que faz lembrar de uma época em que música se fazia mais com o coração que com o bolso.
OVERMUNDO

Vocês conhecem Áurea Martins ?

Embarcação - Pérola da MPB




Embarcação

Composição: Francis Hime/Chico Buarque

Sim, foi que nem um temporal
Foi um vaso de cristal
Que partiu dentro de mim
Ou quem sabe os ventos
Pondo fogo numa embarcação
Os quatro elementos
Num momento de paixão

Deus, eu pensei que fosse Deus
E que os mares fossem meus
Como pensam os ingleses
Mel, eu pensei que fosse mel
E bebi da vida
Como bebe um marinheiro de partida, mel
Meu, eu julguei que fosse meu
O calor do corpo teu
Que incendeia meu corpo há meses
Ar, como eu precisava amar
E antes mesmo do galo cantar
Eu te neguei três vezes
Cais, ficou tão pequeno o cais
Te perdi de vista para nunca mais

Mais, mais que a vida em minha mão
Mais que jura de cristão
Mais que a pedra desse cais
Eu te dei certeza
Da certeza do meu coração
Mas a natureza vira a mesa da razão

Cora Coralina




Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa e contista brasileira.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiás.

Começou a escrever os seus primeiros textos aos quatorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça.

Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Viveria no estado de São Paulo por quarenta e cinco anos, inicialmente nos municípios de Avaré e Jaboticabal, e depois em São Paulo, para onde se mudaria em 1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer algumas semanas trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade. Em 1930, presenciou a chegada de Getúlio Vargas à esquina da rua Direita com a praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932.

Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente mudou-se para Penápolis, no interior do estado, onde passou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.

Ao completar cinquenta anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do medo". Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás.

Durante esses anos, Cora não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada. Ela chegou ainda a gravar um LP declamando algumas de suas poesias. Lançado pela gravadora Paulinas Comep, o disco ainda pode ser encontrado hoje em formato CD.

Cora Coralina morreu em Goiânia. A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.


Wikiquote

Por Cora Coralina

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
"Poeminha Amoroso"
Cora Coralina


Se temos de esperar,
que seja para colher a semente boa
que lançamos hoje no solo da vida.
Se for para semear,
então que seja para produzir
milhões de sorrisos,
de solidariedade e amizade.
Cora Coralina

Cora Coralina - Poema Mulher

Saber Viver


Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar

Cora Coralina

Janelas Abertas

Correio Musical . Pra você ...

Ali Kamel Tratorando a Serviço Eleitoral - por José do Vale PInheiro Feitosa

Ali Kamel é o diretor da Central Globo de Jornalismo. Há alguns anos defendeu um decreto estadual que proibia obras e políticas públicas em favelas. A definição básica de favela é toda ocupação urbana cujos ocupantes não têm a posse da terra. Acontece que a lógica do tempo de ocupação já tornou todas as favelas do Rio de Janeiro, historicamente legítimas do ponto de vista da posse da terra. Não é legal, mas aí o problema é da lei e não das pessoas.

À frente desta Central, aproveitou-se da tragédia das chuvas que barafundeou a Região Metropolitana do Rio para atacar os partidos políticos que defendem políticas públicas para as favelas. Por tabela, no clima da perplexidade e da revolta, descer a encosta de risco da consciência humana sobre os pobres e favelados. Na boa manipulação, parecendo que Fátima Bernades e Bonner estão indignados com o desamparo aos pobres.

Esta inversão é clássica na propaganda política e quem melhor a desvendou foi George Orwel no seu “big brother” do romance “1984”. Algumas manipulações que evidenciam a trama: a) a tragédia atingiu várias cidades, mas o trato ao prefeito Eduardo Paes, que aplica remoção aos favelados, é diferente daquele ao prefeito Jorge Roberto de Niterói e do PDT; b) a principal palavra de ordem é a remoção, relembrando a política única de Carlos Lacerda; c) esconderam que o Lixão de Niterói foi posto daquele modo na gestão do prefeito Moreira Franco o qual a Globo manipulou numa artimanha contra as eleições para governador em 1982; d) não denunciam a situação de “lixões” iguais em milhares de cidades pelo Brasil; e) quando o problema é em São Paulo a leitura dos fatos é intempérie da natureza, a não ser que surja uma oportunidade para acusar os pobres das “ocupações irregulares”.

Além do mais, trouxeram o relatório do TCU para fazer propaganda para o candidato de oposição à atual situação brasileira. O TCU não é tão independente assim, está pleno de ex-deputados e “assessores” de políticos, todos a serviço de determinados projetos políticos. Por isso a matéria sobre uma pequena parcela das verbas federais para melhorar a situação de habitação dos mais pobres é tão manipuladora. A má fé é literalmente semântica: nos orçamentos toda verba tem nome e esta, tinha nome de prevenção de desastres, não sendo a única verba federal que tem este efeito. No clima da calamidade pública, trouxeram a matéria como se a culpa da situação do Rio de Janeiro fosse essa nesga de verbas. O pior de tudo: bastaram as chuvas passar sobre Salvador para que as barreiras e inundações ocorressem e foi contra isso que o TCU se insurgiu? No dia seguinte o “relator da matéria” ficou doente e não deu entrevista.

São estas retro escavadeiras da política menor que levam à desgraça popular. A tese do Kamel é muito bem costurada. Puseram o Jorge Roberto a falar das obras para a população que foi soterrada. Ora, Jorge e todo o poder decisório e quem sabe até técnico da prefeitura erraram em não denunciar o lixão, não remover as casas que estavam lá, mas erraram no limite daquela comunidade. Não erram quando fazem políticas públicas, inclusive de contenção de morros e escoamento das partes baixas da cidade. O povo precisa é de mais recurso para melhorar sua situação, no local em que vivem e como decidiram viver.

Não existe diferente entre este tipo de jornalismo e aquele que justificou a invasão do Iraque por armas de destruição em massa que não existiam.

Quero risos e cheiros - por Socorro Moreira

Eu quase sempre não beijo... Eu cheiro !
Eu cheiro no ar...
Café, chuva e pimenta de cheiro !
O passante diz
ou pensa da calçada...
A comida dessa mulher
tem cheiro !
O cheiro do jasmim
eu gosto sempre,
um pouco longe de mim!
Conheci teu cheiro ...
Em um, em dois, três abraços,
mas foi teu riso,
que ficou em mim !
Me dá um cheiro ?
Eu gosto tanto
desse cheiro em mim !
Silêncio
- Claude Bloc -
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O silêncio não impede a poesia,
nem se embrenha na noite
sem dar aviso.
O silêncio perfuma os sonhos,
e chora as mágoas
de um verso desgarrado.

O silêncio leva minha rima,
e nasce da súplica
de um amor insensato.
O silêncio
amanhece e tarda
e anoitece com a lua
entre a verdade e o encanto,
no momento da criação,
e faz crescer o poema.
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Claude Bloc