Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Federico Garcia Lorca - Um Homem Andaluz


Federico García Lorca é, ao lado de Miguel de Cervantes, o escritor espanhol mais conhecido e lido tanto na própria Espanha, como no resto do mundo. Poeta e dramaturgo, de uma obra intensa, marcada por codificações simbólicas: a lua, a morte, a terra, a água, o cavalo, a criança...

Lorca criou um dos mais belos teatros do século XX, introduzindo em suas peças uma linguagem poética singular. Sua insatisfação diante da vida transformava os costumes abordados em sua tragédia. Centro de um grupo de intelectuais que passou para a história como a “Geração de 27”, congregou com os maiores nomes do universo da arte e cultura da Espanha do século passado, entre o solar dos seus amigos estavam: Luís Buñuel, Salvador Dali, Antonio Machado, Manuel Falla e Rafael Alberti.

Federico García Lorca foi um dos primeiros a ser vitimado pela Guerra Civil Espanhola, sendo abatido pelos nacionalistas, grupo liderado pelo general Franco, que uma vez no poder, levaria a Espanha a uma ditadura de quatro décadas. Durante a ditadura franquista, o nome do poeta andaluz foi banido e proibido em todo o país. Numa época de conservadorismo dos costumes católicos na Ibéria, as idéias de Lorca, juntamente com a sua homossexualidade latente, foram decisivas para o seu fuzilamento. Se a conduta de idéias e as assimilações de vida de Lorca bateram no preconceito de uma nação, assassinando o homem, o poeta e o dramaturgo eternizaram o mito. Mesmo calada a sua obra por décadas, ela voltou com os ventos da democracia, formando um grande vendaval que fizeram das palavras dilaceradas à luz da lua, um grito que ecoou por toda a península Ibérica, tornando-se um dos maiores nomes da literatura espanhola.

Tendências Musicais no Universo do Jovem Lorca

Federico García Lorca nasceu em 5 de junho de 1898, em Fuente Vaqueros, povoação próxima a Granada, na Andaluzia. Filho mais velho de quatro irmãos, viveu uma infância que marcaria para sempre a sua vida e, principalmente, a sua obra. Todas as vezes que questionado sobre o que escrevia, Lorca aludia à infância como fonte de inspiração. Sua família enriquecera com o negócio do açúcar, formando um núcleo de pequenos proprietários e funcionários administrativos. É na figura da mãe que o pequeno Federico mais se espelha, apesar da sua tendência para a depressão. É com ela que inicia os seus estudos e aprende as primeiras letras. A infância corre-lhe feliz dentro do seio desta família andaluz, que trazia homens que gostavam da vida boêmia e da música, e mulheres que liam Vitor Hugo como modismo.

O mundo da arte abraçou desde cedo “el niño“ andaluz, que se dedicava horas a tocar piano, numa demonstração clara de vocação para a música. Por algum tempo acreditou que o pai o enviasse para Paris, onde pretendia continuar os estudos musicais, mas com a morte de seu professor de piano, António Segura Mesa, não teve como convencer a família, que queria para o filho uma profissão mais “útil”.

Terminado o sonho de ser músico na adolescência, o jovem Lorca seguiu para Granada, matriculando-se em Direito e Filosofia. Sem aptidão para os cursos, logo deles se desinteressa. Concluiria com dificuldade o curso de Direito. É desta época o seu primeiro sucesso literário “Impressões e Paisagens”. É em Granada que começa a desenvolver o seu círculo intelectual, travando conhecimento com António Machado e Manuel Falla, estreitando com eles uma longa amizade.

Em 1919 Lorca seguiu para Madrid, para concluir o curso de Direito. As conturbações culturais assolavam a Europa, que acabara de viver os duros anos da Primeira Guerra Mundial. Era hora de refazer os escombros que a guerra deixara, inclusive o cultural. Sob os ecos do horror da guerra, tudo parecia finito, os ventos reluziam mudanças, os símbolos tomavam dimensões no jogo social e artístico, refletidos em Freud e Nietzsche, incitando códigos que respingariam na obra que o jovem García Lorca começava a traçar. Nesta época publica o seu primeiro poema na “Antologia de Poesia Espanhola”, e começa o projeto de um livro de poemas. O escritor matava de vez o músico. Os versos usurpavam as notas musicais, e o maior poeta da Espanha do século XX estava pronto.

Encontro com Salvador Dali

Em Madrid, por recomendação do amigo e antigo mestre, Fernando de los Rios, Lorca foi aceito na Residência dos Estudantes. O local era freqüentado por intelectuais, costumando receber palestrantes famosos, como H. G. Wells, Einstein, Paul Claudel, Bérgson, Paul Éluard, Louise Curie, Stravinsky e Paul Valéry.

Na Residência dos Estudantes, Lorca transforma o seu quarto em ponto de encontro de intelectuais e centro de longas tertúlias. É na capital madrilena que conhece Salvador Dali, Rafael Alberti e Luís Buñuel, que futuramente tornar-se-iam a mais fina flor de intelectuais espanhóis.
Do encontro de García Lorca com Salvador Dali surgiria uma grande amizade, movida por uma forte empatia. Se Lorca era um jovem sensível, de uma alma inquieta, Dali, não lhe ficava atrás, era um homem tímido, que se vestia de uma excentricidade perene. Se para Dali nascia uma grande e profunda amizade, para Lorca nascia algo mais, uma profunda paixão, cerceada pelos meandros sociais e pelos códigos morais que só eles ousavam decifrar além.

Se Madrid borbulha intelectualmente, também Lorca explode a sua obra. Estréia a sua primeira peça, “El Malefício de la Mariposa”, um ano depois de estar na capital espanhola. Apesar de ser sucesso de crítica, a peça é um fracasso, fazendo com que o autor volte-se para a poesia. Em 1921 lança “Libro de Poemas”, grande sucesso que o leva a publicar mais poesia. Nos três anos seguintes dedica-se a escrever várias peças e a elaborar outras tantas. Nesta fase descobre uma nova paixão, o desenho, que lhe rouba bastante do seu tempo.

Ruptura com Dali

O ano de 1927 é intenso para García Lorca. É nesta época que ele e o seu grupo de amigos passam a ser conhecidos como a “Geração de 27”. É o ano que estréia com a companhia da atriz Margarita Xirgú, de quem se torna grande amigo. Será para a amiga que Lorca escreverá, futuramente, as maiores personagens da sua obra teatral, como Yerma e Bernarda Alba.

Salvador Dali organizou, em 1927, os desenhos de Lorca, expondo-os nas míticas galerias Dalmau, em Barcelona. Logo a seguir, Lorca publicou aquele que se tornaria o seu livro mais famoso, “El Romancero Gitano”. O sucesso foi absoluto, sendo aplaudido por todos, aclamado o melhor livro na Espanha. Apesar de ser unanimidade, Luis Buñuel e Salvador Dali acharam o livro profundamente ruim.

A opinião desfavorável de Dali, emitida em uma carta que trazia um tom às vezes magoado, transtornara Lorca. Se a sua obra atingia com sucesso a Espanha, por outro lado Salvador Dali afastava-se cada vez mais. Lorca apercebera-se que Dali desenvolvia um interesse latente por Gala, mulher de Paul Éluard. Amargurado com a falta de solidariedade de Dali, Lorca entrou em depressão. Quando questionado, falava que era por problemas sentimentais por conta de uma desilusão amorosa. Por detrás da depressão, a verdade era só uma, o momento de ruptura com Salvador Dali.

Surge o Grande Dramaturgo

Se o momento era de conquista profissional, as perdas sentimentais eram irreversíveis, e Lorca deixa-se deprimir. É neste período que o antigo amigo e mestre Fernando de los Rios, com viagem marcada para os Estados Unidos, convida-o para acompanhá-lo. Lorca sabe que o momento é de rupturas, de transformações e ebulições interiores. Decide aceitar o convite do amigo e deixa a Espanha, partindo para Nova York.

Acostumado às tertúlias intelectuais de Madrid, aos salões culturais europeus, Lorca vê-se perdido e esmagado em Nova York. Rejeita tenazmente o olhar americano sobre a vida. Não só ele vivia uma depressão, como a própria Nova York explodirá a sua bolsa de valores, levando a recessão econômica para o resto do mundo.

Passada à primeira imagem depreciativa da cidade, e também a depressão por sua ruptura com Salvador Dali, Lorca abraçará Nova York com paixão. Entrará em uma grande fase criativa, escrevendo um ciclo de poemas que será agrupado sob o título de “Poeta em Nova York”, além da peça “Assim que Passarem Cinco Anos”.

Quando regressa à Espanha, Lorca entrega-se a um período de intenso trabalho. Ao lado de Eduardo Ugarte funda a companhia de teatro La Barraca. Encena vários dramaturgos espanhóis, percorrendo em itinerância com a companhia, várias regiões da Espanha. A partir de então, escreverá as peças que se irão compor as suas principais obras. Lorca mescla poesia e teatro em uma linguagem única, transformando a forma de encenação das peças nos palcos espanhóis. Sua dramaturgia é marcada pela obsessiva visão de que o desejo e o sexo são os fios condutores da vida e da morte. Lorca declararia que o público de teatro da época só tinha interesse pelos temas social e sexual, e que optara pelo segundo.

É neste contexto que o autor faz rupturas com o teatro burguês, enquadrando-o no seu misterioso mundo particular, jogando no palco a dolorosa e solitária visão da vida. É no palco que se despede dos amores impossíveis, da tragédia dos sentimentos escondidos em quartos clandestinos de amantes que desafiavam o mundo. Será assim em “Bodas de Sangue”, quando a mulher abandona o marido para seguir o amante, causando-lhes a morte; em “Yerma”, a esterilidade enlouquece a mulher, que termina por matar o marido; ou ainda, “A Casa de Bernarda Alba”, em que a defesa da honra caprichosa impede o avanço dos amores. Nas três tragédias, evidencia-se o autor diante do mundo, preso às impossibilidades sociais diante da sua forma de amar, à esterilidade que a sua homossexualidade o atira, e aos preconceitos que lhe irão, assim como na primeira peça citada, causar-lhe a própria morte.

Abatido Pela Guerra Civil

O último ano de vida de García Lorca é marcado por um fértil momento criativo e atividade profunda, quer como poeta, quer como dramaturgo. Neste ano estréia “Doña Rosita”, além de elaborar aquela que seria a sua última obra teatral acabada, “A Casa de Bernarda Alba”. A estréia da peça estava marcada para julho de 1936, mas alguns imprevistos causaram atrasos que empurraram a estréia para setembro. Por este motivo, Lorca seguiria para Granada para visitar a família.

Os tempos na Espanha traziam uma grande tempestade sobre a liberdade, atirando-a em uma trágica guerra civil.

Ingenuamente Lorca não acreditou que um conflito pudesse acontecer em seu país. Quando chegou a Granada, encontrou um clima tenso, pois a cidade tinha sido palco de alguns confrontos. Dois dias depois de ter chegado à terra natal, a guerra civil eclodiu.

A situação do poeta era delicada, suas posições políticas eram vistas com repúdio pelos conservadores direitistas, o suficiente para pôr a sua vida em perigo. Dias antes de regressar para Granada, subscrevera, a pedido do Comitê dos Amigos de Portugal, um abaixo-assinado em protesto à ditadura de Salazar. Sua homossexualidade era incômoda para os mais ortodoxos moralistas da época.

Sabendo que corria risco de ser morto, Lorca decide sair da Espanha, seguindo para o México, onde já estava a amiga Margarita Xirgú. Mas ele demora muito em executar o plano de fuga, em parte por ainda acreditar que o conflito talvez não se vá estender por muito tempo, ou por temer que a família sofresse retaliações. Por várias vezes teve a hipótese da fuga. Sejam quais forem os motivos, os questionamentos de Lorca naqueles momentos decisivos, a hesitação e demora em deixar a Espanha custar-lhe-ia a própria vida. Quando se sentiu acossado, Lorca refugiou-se na casa da família do poeta e amigo falangista, Luís Rosales. Estava decidida a sua sorte!

Um vulto negro surgiria na vida de Lorca, o sinistro Ramon Ruiz Alonso. Homem conhecido por ser um fervoroso católico, conservador e fascista, Alonso tinha um ódio natural por Lorca. Destacado para fazer a limpeza dos vermelhos de Granada, ele escreve um auto de denúncia contra Lorca, iniciando a sua caçada. Para Alonso, Lorca era “mais perigoso com a caneta do que outros com revólver”. O algoz inicia uma operação militar de captura a Lorca. As ruas foram fechadas, as casas cercadas e franco-atiradores foram postos nos telhados. Lorca foi preso.

Assustado, Lorca foi informado que Alonso decidira que seria executado. Ao saber do seu destino, Lorca chorou, fazendo um último pedido, que lhe fosse chamado um confessor, pedido que lhe foi negado. Solitário com os símbolos e as palavras que fizera da sua vida o sentido dos homens talhados para os mitos, Lorca passou a última noite de vida na prisão, a rezar, a esperar pela tragédia, vivida no seu próprio palco. Tão logo a lua, companheira eterna da sua obra, em quarto minguante, retirasse-se do céu, restar-lhe-ia a morte como sorte.
Logo pela manhã do dia 19 de agosto de 1936, Federico García Lorca, uma dos ícones da Espanha, foi levado da prisão pelos Nacionalistas do general Franco. Foi posto debaixo de uma oliveira e ali abatido com um tiro na nuca. Já no chão, ainda disse: “Todavia estoy vivo”. Foi quando um dos seus executores deu-lhe um tiro de misericórdia no ânus, porque assim deveria morrer os “maricones”.

Morto aos 38 anos de idade, García Lorca teve o corpo deixado em um ponto de Serra Nevada, em uma vala comum no barranco de Viznar, em Granada. Após o fim do franquismo, durante décadas a família de Lorca impediu que a vala onde o corpo foi deixado fosse aberta e o corpo exumado. Uma resolução do juiz Baltasar Garzón, de 2008, obrigou que a família voltasse atrás na sua decisão. Segundo o juiz, ali estão outros corpos de homens que também foram mortos pela guerra civil, e as famílias desses homens querem prestar-lhes uma homenagem justa e enterrá-los com dignidade cristã, o que era impedido pela recusa da família de Lorca.

O governo ditatorial de Franco tentaria explicar em vão a morte de Lorca diante da Espanha e do mundo. O assunto sempre foi tratado pelos franquistas com ressalvas e apontado como um lamentável acidente de guerra, já que Lorca era apartidário. Segundo os franquistas, o escritor caíra apanhado no turbilhão confuso dos primeiros dias de guerra. Se a morte de Lorca tinha sido um lamentável engano, como afirmavam, a proibição da encenação das suas peças durante o franquismo era uma realidade tenaz. Possuir livros do autor era considerado subversivo, trazendo perigo para quem teimava em ler o poeta andaluz. Mas a voz de Lorca ultrapassou a vala que seu corpo tinha sido atirado, cumprindo a profecia das suas palavras, que dissera anos antes de ser abatido: “Um morto na Espanha está mais vivo como morto que em nenhum outro lugar do mundo”.

Federico García Lorca, assim como as tragédias que escreveu, encerrou a vida dramaticamente, como mártir de uma sangrenta guerra que devastou a liberdade da Espanha. Em Granada ele encontrou a inspiração para a sua obra, a lua da Andaluzia iluminaria o palco das suas palavras. A mesma Andaluzia que lhe serviu de berço e de vala funerária, a mesma Granada que deu à luz e tragou um dos mais valorosos poeta e dramaturgo da literatura universal.

Poema de Garcia Lorca

Se Minhas Mãos Pudessem Desfolhar

Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber a lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.

E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as
estrelas
e mais dolente que a mansa
chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez?
que culpa
tem o coração?

Se na névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!

http://virtualia.blogs.sapo.pt/31383.html

Maria Quitéria de Jesus, a "Heroina da Independência"

Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro



Maria Quitéria de Jesus (Feira de Santana, 27 de julho de 1792 Salvador, 21 de agosto de 1853) foi uma militar baiana, heroína da Guerra da Independência. Considerada a Joana D'Arc brasileira, é a padroeira do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

As discordâncias por parte dos historiadores começam em relação a sua filiação. O mais provável é que tenha sido a primeira filha dos brasileiros Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus, que morreu quando a filha tinha apenas nove anos. A criança assumiu o comando da casa e a criação dos dois irmãos mais novos. Preocupado com os filhos, Gonçalo casa-se pela segunda vez, mas sua esposa morre pouco tempo depois. A família se muda e o pai se casa pela terceira vez. Tem outros três filhos com a nova esposa, que nunca aprovou os modos independentes de Maria Quitéria.

Mulher bonita, altiva e de traços marcantes, Maria Quitéria montava, caçava e manejava armas de fogo. Torno-se soldado em 1822, quando o Recôncavo Baiano lutava contra os portugueses a favor da consolidação da independência do Brasil. O historiador Bernardino José de Souza, autor de Heroínas Baianas, explica que no dia 6 de setembro daquele ano, instalou-se na Vila de Cachoeira, a 80 km da Serra da Agulha, local onde morava a família de Maria Quitéria, o Conselho Interino do Governo da Província. O Conselho defendia o movimento pró-independência da Bahia e visava obter adesões voluntárias para suas tropas.

Maria Quitéria mostrou-se interessada em se alistar, mas foi advertida pelo pai de que mulheres não vão à guerra. Ela então fugiu e, ajudada por sua irmã Teresa, cortou os cabelos, vestiu a farda de sue cunhado e ainda tomou emprestado seu sobrenome, Medeiros. Ingressou no Regimento de Artilharia onde permaneceu até ser descoberta, semanas depois. Foi então transferida para o Batalhão dos Periquitos e à sua farda foi acrescentado um saiote.

Sua bravura e habilidade no manejo das armas foram destaques desde o começo de sua vida militar. No combate da Pituba, em fevereiro de 1823, atacou uma trincheira inimiga e fez vários prisioneiros. Em abril do mesmo ano, na barra do Paraguaçu, ao lado de outras mulheres e com água na altura dos seios, avançou contra uma barca portuguesa impedindo o desembarque dos adversários. Em julho seguinte, quando o Exército Libertador entrou na cidade de Salvador, foi saudada e homenageada pela população. No dia 20 de agosto foi recebida, no Rio de Janeiro, pelo imperador D. Pedro, que lhe ofereceu a Condecoração de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e um soldo de alferes de linha. Maria Quitéria aproveitou a ocasião para pedir a Dom Pedro uma carta solicitando ao pai que a perdoasse.

Retornou à fazenda Serra da Agulha e, meses depois, casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma única filha, Luísa Maria da Conceição. Em 1835, já viúva, mudou-se para Feira de Santana, a fim de intervir no inventário de seu pai. Com a morosidade da Justiça, foi para Salvador, onde morou até o final da vida sobrevivendo unicamente com seu soldo de alferes.

Faleceu no dia 21 de agosto de 1853.Existe uma medalha militar e uma comenda na Câmara Municipal de Salvador que levam seu nome. Sua imagem está presente em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares do país por determinação ministerial. Por decreto presidencial de 28 de junho de 1996, foi reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro, um dos poucos que acolhem oficiais do sexo feminino.
A heroína da Independência

Por seus atos de bravura em combate, o General Pedro Labatut, enviado por D. Pedro para o comando geral da resistência, conferiu-lhe as honras de 1º Cadete.

No dia 20 de agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, com seguinte pronunciamento:

"Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro".
recantodasletras.uol.com.br/biografias/108245 -

Natureza - Por Emerson Monteiro


Feliz aniversário, Lupeu !

Existem luzes nos seus escuros
Existem poemas no seu olhar
Existem fogueiras no seu coração,
que nunca se molham
.
Existe Lupeu na memória do Crato
Ele é temperado
"no alho e no sal",
e tem a pimenta ,
no contrapeso da vida,
que o torna inimitável.
.
- Artista, amado amigo !
.Socorro Moreira
* foto de Lupeu Lacerda

Lupeu Lacerda - Por: Gustavo Rios



Ele possui livros beat nas estantes. Uma literatura furiosa e atenta. É artesão, escritor. Já foi vocalista de banda de rock, carteiro, dono de bar, editor de fanzines e lançou “entre o alho e o sal” (editora Kaballah, 2007) seu primeiro livro. Um puta livro de poemas que, ainda que eu tentasse, não conseguiria descrever de forma sincera e convincente. Ao menos nessas poucas linhas introdutórias. As perguntas abaixo servem para apresentar ao leitor um pouco desse sujeito. Seu nome é Lupeu Lacerda. Ou Paulo Luiz Matos de Lacerda. Mais eu não digo.


Gustavo Rios – Fale um pouco sobre sua trajetória como poeta e artesão. E seu livro? Como ele chegou a ser publicado?Lupeu Lacerda

- Bom, digamos que você não me conhecesse. Daí eu diria, caso fosse de meu interesse: meu nome é Paulo Luiz Matos de Lacerda. Nasci no ano de 1965, no mês das bruxas e dos maus olhados: agosto. Vim assim: a gosto. Quando conheci a rua fui rebatizado. Virei Lupeu. Ou talvez, me viraram Lupeu. Era um Zé Mané em matéria de esportes – ainda sou – daí que entre ser o babaca que nunca alcançava a bola e o babaca que se enfiava na biblioteca, optei pela biblioteca. Sempre detestei José de Alencar, Machado de Assis e todos os outros escrotos que me obrigavam a ler. Mas me amarrava em livros estranhos. Um dia vi uma menina bonitinha recitando. Acredito que deve ter sido o início de minha adolescência eterna. Me imaginei recitando também. Escrevendo também. Começou daí essa punheta diária: rabiscar, rabiscar, rabiscar. O artesanato entrou na minha vida pela veia aberta do Cariri. Tenho um amigo muito querido, que é - sem sombra de dúvida - o melhor escultor do Brasil em porcelana fria. O nome dele é Pebinha, e ele tem um trabalho do caralho, exposto em um blog chamado "fécula e arte". Bom, eu tava fodidão da vida, ainda era casado e tinha que sustentar um monte de gente. Eu tinha um bar. E por conseguinte, bebia todo o meu lucro e muitas vezes meu capital também. Um dia ele me perguntou: quer aprender? Quis. Até hoje continuo querendo. Até hoje o imito. Até hoje sou muito grato a ele. E é assim. Meu livro, na realidade nunca foi publicado. Saca? É que sinto que a "prosa" porra louca que em mim habita é irmã bastarda da "poesia" que me invade, como uma militante das Farc cheia de pó até os ossos. O "entre o alho e o sal" é parte desse livro. Que escrevia antes de sonhar que ele existia, e que continuo escrevendo. Mesmo sem saber se um dia ele vai terminar, continuar, mudar. O que sei é que ele me muda. É a porra da minha escrita que fala por mim. Aliás, minha escrita é minha porra.

G.R. – O que anda achando da poesia que é feita hoje em dia? Ainda há chances de coisas verdadeiramente boas surgirem ou, de fato, estamos vivendo um período de literatura medrosa, sem aquele arrebatamento, aquela pegada?L.L.

- A poesia feita hoje... certeza cara. Tem muita coisa boa. E muito lixo também. Muita merda adocicada pela mídia. Até porque escrever ficou fácil pra caralho: o cidadão tá entediado em casa, liga o computador, escreve lá meia dúzia de "drops de anis" e sai feliz e satisfeito. Leio de tudo cara. Fuço sites de poesia, blogs, e mais uma porrada de livros que me caem nas mãos e tenho uma certeza: a "pegada" vem da luta. Da rua. Do conhecimento "explícito" da dor, do amor, da putaria, do filme, da briga, do porre, etcéteras eternas. E essa "pegada" o cara reconhece de cara. No estalo. Você pega um livro do Manoel de Barros, ou do outro Manuel, o Bandeira, e "vê" a pegada. O arrebatamento. A ligação total do cara que escreveu com o que foi escrito. Até porque sem pegada? O livro vira coisa. Papel rabiscado no chão da sala. Coisa pra enfeitar estante.

G.R. – De alguma forma sua escrita já foi tachada de anacrônica ou setentista? Se foi, o que justificaria tais opiniões?L.L.

- Tenho isso como carma meu camarada: discuto como um anarquista. Sou fã dos tabus alheios. Escuto rocks daqueles gordões, cheios de notas e solos e vocais aloprados. Tenho em minha estante uma porrada de livros "beat". Dizer que isso não é influência, é piada. Considero isso até um elogio. Ser considerado anacrônico em um tempo em que se compra "áudio book" por preguiça de ler, é genial. E sobre os anos setenta, os fabulosos anos setenta... pra mim, meu amigo, os anos setenta são o "iluminismo" do fenômeno pop. Da melhor tradição do pop. Tudo foi mais ou menos esquentado na panela dos setenta: o sexo sem botão de stop, as drogas maravilhosas, a arte sem algemas. Que mais posso dizer? Quem diz que sou setentista diz com sabedoria. Quem me chama de anacrônico, tem moral pra dizer. Porque "moral"? Por que só pode fazer um comentário desses se me ler. E aí meu amigo, a vantagem é minha.

G.R. – O que poderia justificar a tradição que a região do Cariri tem de movimentar cultura nas diversas formas? Isso ainda hoje te influencia? L.L.

- O Cariri é minha Pasárgada. E lá eu não sou amigo do rei. Mas todos os réus são meus amigos. Se ligue numa coisa, Guga: crescer em uma terra em que o artesanato é fonte de renda. Ter como vizinha uma cidade carinhosamente batizada de “Craterdã” (em homenagem a mais famosa: Amsterdã). Pra mim, o rock de verdade é o que é feito lá. A música de lá é mais bonita. Os escritores são mais viscerais. A cerveja é mais gelada. A cocaína é mais batizada. Poderia te citar um monte de nomes, de pessoas que são ainda hoje uma puta referência pra mim, pro Ceará e se bobear até pro Brasil. Mais ia ficar longo demais o texto. Pra quem interessar, procura o Cariricult, o Blog do Crato, o blog do Carlos Rafael Dias, do Marcos Vinícius. Porra! Só entre esses poucos você vai achar cinema, jazz, poesia, prosa, crítica ácida e acima de tudo: beleza e honestidade. Se influencia? E como meu amigo. E como.

G.R. - Recentemente, na revista / blog Cariricult (www.cariricult.blogspot.com), li textos em que você critica participantes que lá escrevem – alguns até amigos seus, se não me engano -, chamando-os de "doutorzinhos". Você acha que a cena do Cariri anda menos poética? Qual seria o motivo? L.L.

- A parada da "porrada" nos doutores-zinhos na Cariricult (www.cariricult.blogspot.com) foi coisa minha. Pessoal. É mais uma fissura de ver textos menos "pró-LIXO". De poder falar de arte e cultura sem meter meia dúzia de títulos como se isso alavancasse um discurso de merda. Quando a porra é verdadeira, um motorista de táxi ou Wim Wenders tem o mesmo peso: uma história legal pra contar. Quando não tem punch, pode botar em letra dourada que dá na mesma merda.

G.R. - No seu blog Séquiço Sacro e em teu livro, dá para sacar uma sinceridade absurda. Voltando aquela velha história da verdade e da literatura misturada com a vida, existe possibilidade de diferenciar o narrador Lupeu – o cara que escreve meio distante da coisa – e o sujeito Lupeu, que escancara as portas e coloca a alma em jogo?L.L.

- No Séquiço Sacro eu sou o gerente, né? Daí que eu nem meto mais o pé na porta. Eu arranco as dobradiças. O Séquiço serve pra que eu teste personagens do romance que estou escrevendo, serve pra brincar de Deus, pra esculhambar, pra dar porrada e levar algumas. A coisa que você vê, a "verdade" em cada palavra, é sofrida pra caralho às vezes. No dia que escrevi pra me despedir da minha vó, eu chorei aquelas palavras. O Séquiço Sacro é a minha asa de Ícaro. Pode até não me levar até perto do sol. Mas dá pra dar uns rasantes bem legais.

G.R. – Você viveu num tempo em que para se ter algo "publicado" – ou para ser lido por outras pessoas - era necessário recorrer aos aparentemente extintos Fanzines. Fale um pouco sobre essa época.L.L.

- Os fanzines... o Séquiço Sacro nasceu fanzine. Puta que pariu!!! Datilografar a poesia, recortar, colar em cima de uma figura, montar a boneca, ir atrás de patrocínio, xerocar a porra toda, meter debaixo do sovaco e recitar na rua. Lembra da menininha que falei? A que recitou e eu me apaixonei? Pois então. Ela não gostou quando me viu recitando. O Séquiço Sacro "fanzine" durou um bom tempo. Por isso, quando pensei em montar um blog, o nome era óbvio. Tinha de ser "séquiço" por que mesmo envelhecendo continuo gostando de putaria. E "sacro", porque toda literatura, até a ruim, é sagrada.

G.R. - Atualmente existe literatura marginal? E a famosa tríade "Sexo, Drogas e Rock and Roll", ainda motiva a sua literatura? Quem você anda lendo?L.L.

- A tríade é moral. Ainda tem peso. Até porque os caras que importam, mesmo, na literatura dita "nova" estão todos beirando os quarenta. São caras que tiveram a sorte de ter na tríade uma possibilidade de se conhecer. De conhecer os "da tribo". De assimilar o gueto. De até, em alguns casos, sobrepujar o gueto. Se tornarem populares sem perder o peso e a "sustança". Lógico que não dá pra dizer a essa galera nova que sexo, drogas e rock and roll tornam alguém melhor escritor. Porque isso não é verdade. Nunca foi. Toda forma de estímulo é só isso: um estímulo. A noite é uma droga bacana. A velocidade é uma droga do caralho. Mas a escrita, a arte, vem com o artista. Daí que rola o trabalho braçal. E o que é bom, às vezes se sobressai. Sempre vai ser isso velho: talento? Dez por cento. Os outros noventa? É subir ladeira carregando pedra. Eu continuo lendo uns caras porra louca, meu querido. "Confissões de um comedor de ópio" de um cara chamado Thomas de Quincey, e "Bom dia para os defuntos", do Manuel Scorza. Dois petardos de literatura. Aconselho e recomendo.

G.R. - Morar em Juazeiro da Bahia, longe dos chamados "centros" ou das famosas "metrópoles", onde supostamente tudo acontece, te limita de alguma forma? Ou não muda muita coisa?L.L.

- Juazeiro da Bahia, Petrolina. São cidades em que não é fácil se morar, meu camarada. Lógico que quem mora aqui e gosta de arte fica puto de quando em vez. Mas fazer o quê? Tem a sobrevivência. O trampo que paga as contas. Entre outras cozitas. Com relação à limitação eu não acredito. Quem tem um trabalho, ou quer fazer um trabalho, acho que independe do local onde está. Faz o trabalho. Se ele se justifica, a mágica ajuda. No meu caso, no "entre o alho e o sal" a mágica rolou pela mão de Ângelo Roncalli e parou nas mãos de Sidney Rocha. Acho um puta livro. Bonito. Que foi gerado entre dois juazeiros, o da Bahia e o do Ceará. Tudo interior, né? É que meu interior é exterior geral meu camarada.

G.R. – Fale de seu novo livro em andamento. Alguma previsão de publicá-lo? L.L.

- O novo livro é um mistério até pra mim. Sei que é um condomínio. Onde todos os meus fantasmas (inclusive os vivos) moram. Sei que rolam poetas e músicos. Que rolam freaks e filhos da puta. Que morrem e matam com desenvoltura. Que escutam bebop e heavy metal no café da manhã. São sujos, e tomam banho demais. São santos e vão todos pro inferno. Viu? É um mistério. Que já tem quase cinqüenta páginas. E que ainda não tem um corpo definido. Viu? É isso meu camarada amigo. O livro novo é minha vida. E minha vida é isso.

Serviço

Livro: “entre o alho e o sal”



Blog: www.sequicosacro.blogspot.com

Contatos: lupeulacerda@gmail.comEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo
Sobre o livro: http://www.overmundo.com.br/overblog/a-poesia-incendiaria-de-lupeu-lacerda

21/08/1989 "O Dia em Que a Terra Parou"



"Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida."

( Raul Seixas )


RAUL SEIXAS nasceu em 28/06/1945, em Salvador- Bahia. Filho de família classe média era extremamente caseiro e adorava devorar livros.



Também escrevia suas histórias, todas elas tinham como personagem fixo um cientista maluco: Melô.



Na adolescencia desperta o interesse pela música de Luiz Gonzaga, Elvis Presley e Jerry Lee Lewis. Levado por uma necessidade de "dizer as coisas" funda em 1960 o grupo Rauzito e os Os Panteras.Os shows vão surgindo e tornam-se a banda de rock mais popular da Bahia. Até um convite para gravar um disco pela Odeon no Rio de Janeiro.

O LP Raulzito E Os Panteras resulta num grande fracasso de vendas e nada dá certo, voltando Raul para Salvador.Novamente no Rio, agora para ser produtor da CBS (atual Sony Music) grava o LP anárquico 'Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das Dez' com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. Perde o emprego e acaba participando do FIC (Festival Internacional da Canção, 1972).

Sua música "Let Me Sing Let Me Sing" foi uma das classificadas. No ano seguinte o compacto Ouro de Tolo é sucesso e rende a Raul um contrato com a gravadora Polygram para gravação do LP Krig Ha Bandolo. Por causa da sua Sociedade Alternativa ele é convidado a sair do país. "Através da música expunha meu ponto de vista sobre a humanidade.Na foto lendo para 300 mil fãs..."
O final dos anos 70 e boa parte dos 80 serão marcados por alguns hits esporádicos (Plunct Plact Zumm, Rock das Aranha), denunciando uma carreira afetada por problemas de saúde.Mesmo assim Raul participou de 3 importantes Festivais de Música em Águas Claras, São Paulo, (II, III e IV Festival de Iacanga em 1981, 1983 e 1984, respectivamente.

A história de Raulzito segue por mais 21 Lps, dezenas de compactos, contratos em todas as gravadoras majors do país, um livro, "As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor", cinco mulheres e três filhas.Depois de enfrentar muitos problemas pessoais, o alcoolismo foi o causador de uma pancreatite aguda que o levou à morte em 21 de agosto de 1989 ( São Paulo ).
Raul Seixas fundiu o tal rock'n roll com todas as variações rítmicas brasileiras, do xote ao baião, ajudando a criar a cara do rock nacional. Raul falava dele mesmo; tudo o que ele disse ou cantou eram coisas que ele acreditava. Ele era acima de tudo sincero.
Passados estes anos desde sua grande viagem, Raul Seixas continua mais vivo do que nunca. Desde seu falecimento, o número de pessoas interessadas em sua vida e obra vem aumentando considerávelmente. Grupos de todas as faixas etárias e classes sociais se organizam em inúmeros fã clubes criados para homenageá-lo. Casas culturais, praças, ruas e viadutos recebem seu nome Revistas, posters e cerca de 13 livros enfocando a sua obra foram lançados no mercado.

Todos os títulos de sua imensa discografia já foram relançados em CD e novas coletâneas alcançaram vendas de 100.000 cópias de alguns títulos, e até 250.000 CDs de outros.

Programas de rádio e TV, romarias ao Cemitério Jardim da Saudade em Salvador, passeatas (a maior feita anualmente é a da Praça da Sé, em São Paulo) e inúmeros eventos acontecem em ;todo Brasil nas datas de nascimento e morte, 28 de junho e 21 de agosto, respectivamente .
Sua penúltima mulher, Kika, já produziu um livro do cantor (O Baú do Raul), baseado em escritos dos diários de Raulzito desde os 6 anos de idade até a sua morte.






Uma Maçã

não mexo o traseiro
da cadeira giratória

mudei de túnica
tirei os tênis

meus pés
sobre os chinelos
buscam cumplicidade
nas correias frágeis

nessas horas
em que a maçã mordida
mostra ainda mais sua carne

tiro as dúvidas
da minha alma
da minha morte

sei que a vida mente
sei que a gripe passa

não mexo o traseiro
da cadeira giratória

fico quieto na alcova
com meus calafrios
com minha febre

pavio consumido
é sempre amigo
das chamas.

Um mês do CaririCaturas - Por : Cariricaturas

O cariricaturas completa hoje o seu primeiro mês de construção.
Com 46 colaboradores, noventa por cento dos quais, atuantes, fecharam o mês com quase 600 postagens, perfazendo uma média de 19 postagens / dia. Nesse primeiro mês fomos visitados, diariamente, por uma média de 160 pessoas, o que muito nos honra e alegra.
O processo de crescimento e excelência é gradual. Esperamos contar com o bom senso, talento, empatia, e consciência crítica de todos, no decorrer dos próximos tempos. De natureza essencialmente democrática, esperamos sugestões e críticas, que na medida do possível, serão absorvidas e adotadas, na transformação de um espaço , sempre mais, congregador e amigo.
Agradecimentos a todos que de uma forma ou de outra, contribuíram e contribuem para o êxito do nosso Blog.
Menção honrosa ao Mestre Bernardo Melgaço, primeiro a postar, e pela assiduidade perseverada, de lá até cá. Textos com ensinamentos de qualidade superior: forma e conteúdo.
Em igual proporção, colocamos os colaboradores: José do Vale Feitosa, Carlos Rafael, Zé Flávio Vieira, João Marni Figueiredo, Corujinha Baiana, Armando Rafael, Domingos Barroso, Zélia Moreira, Ana Cecília S. Bastos, Nilo Sérgio Monteiro, Liduína Vilar, Emerson Monteiro, Pachelly Jamacaru, Joaquim Pinheiro, Stela Siebra, Edilma Rocha, Everardo Norões, Roberto Jamacaru, Francisco de Assis Lima, Tiago Araripe, César Augusto, Poesia da Luz (Nívia Uchôa), João Nicodemos, Glória Pinheiro, Marcos Leonel, Lupeu Lacerda, Sávio, Chagas, Vera Barbosa, Carlos e Magali Esmeraldo, Anita Dubaim, Elmano Rodrigues, Ângela Lobo, A. Morais, Edmar Cordeiro, Eurípedes, Dihelson Mendonça, Zé Nilton Mariano, Kaika, Dimas, Jayro e Hermínia (Sem ordem de preferências).

.
Um abraço aos que fazem o CARIRICATURAS (colaboradores e visitantes).
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Claude Bloc e Socorro Moreira (articuladoras)
Apoio técnico e logístico: José do Vale Pinheiro Feitosa e Carlos Rafael.

Do Mundo Virtual ao Espiritual


Frei Betto


Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã... '. 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena - a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!' Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, ­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus; se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório; mas se não pode comprar certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático'. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!".

Cura

As lágrimas se foram
da mesma forma
que sumiu

a última chuva
pela janela de vidro.

Agora sou outro
com mais rugas

e mais elástico
nas juntas.

Só espero
que não custe tanto

outra desilusão
outra carnificina

pois meus sonhos
precisam do barro
da cova aberta -

A porta bem trancada,
as chaves à margem oposta.

Para evitar câncer, comece pelos boatos

(http://br.noticias.yahoo.com/s/19082009/11/saude-evitar-cancer-comece-pelos-boatos.html)

Qua, 19 Ago, 04h39

Dr. Alessandro Loiola*/Especial para BR Press (BR Press) -

Não raramente, atendo pacientes assustados após terem lido que "a radiação do telefone celular pode causar câncer no cérebro e vim aqui fazer um preventivo, né doutor?". Respiro fundo, agradeço em silêncio o valor da consulta e respondo que a fórmula para o câncer é bem mais simples que isso: ela quase sempre inclui refeições cheias de calorias temperadas com cigarro, obesidade, falta de exercícios e consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Coloque tudo em uma panela sem acompanhamento médico por 10 anos, adicione uma pitada de tomografia e sirva ainda quente na unidade de quimioterapia mais próxima.

Alguém falou em telefones celulares? São as pequenas escolhas que você toma que farão a diferença. A maioria dos casos de câncer resulta de anos de maus-tratos ao seu próprio corpo e a última coisa que você precisa é esconder-se da verdade, acreditando em mitos e boatos que não adicionarão benefício algum à sua saúde. E será que você sabe identificar o que é mito e o que é notícia de verdade? Faça o teste abaixo e veja quantas respostas você é capaz de acertar:

• O câncer e contagioso?: Não é, mas, por mais incrível que possa parecer, é comum deparar com pessoas que evitam ter contato com familiares que estão sofrendo de câncer. Abraçar uma pessoa com câncer não fará você pegar a doença, mas é provável que a pessoa abraçada pegue seu carinho.

• Comer churrasco aumenta o risco para câncer?: Substâncias presentes na carne de churrasco parecem aumentar o risco de câncer, mas as evidências não são conclusivas. De qualquer forma, é prudente reduzir o consumo de carne feita na brasa. Mas atenção: se você faz parte do meu clube e não deseja abrir mão de um bom churrasco, recomendo consumir boas quantidades de vegetais e frutas junto com a carne (ex.: brócolis, cenouras, batatas, mamão, manga). Estes alimentos reduzem a absorção das substâncias potencialmente cancerígenas.

• Adoçantes causam câncer?: Em 1969, o ciclamato foi banido dos Estados Unidos acusado de aumentar o risco de câncer na bexiga. Pesquisas realizadas mais tarde não confirmaram esta suspeita, mas o mito já havia se espalhado. Atualmente, os adoçantes artificiais são considerados seguros e não estão associados a aumento do risco para câncer.

• Viver em uma cidade polúida é mais arriscado que fumar um maço de cigarros por dia?:Tenho muitos pacientes fumantes que adoram dizer isso no consultório: "De que adianta parar de fumar e continuar respirando esse ar poluído, doutor?". Fique sabendo que o risco de câncer associado à poluição é 100 vezes menor que o risco trazido pelo cigarro. Largue este hábito maldito agora.

• Equipamentos eletrônicos podem causar câncer?: Não causam. Boatos sobre plásticos que liberam substâncias cancerígenas quando colocados no forno de microondas também são comuns. Pura bobagem. Acorde: o problema está na qualidade do que você come. Não culpe o plástico ou o forno de microondas.

• Desodorantes causam câncer na mama? Desodorantes e antiperspirantes não causam câncer na mama. Fique à vontade para comunicar isso ao sujeito no ônibus de pé ao seu lado.

• O uso regular de protegor solar diminui o risco de câncer de pele?:Sim, diminui. Se você tem a pele clara, utilize um protetor com fator acima de 15. Aplique-o pelo menos 30 minutos antes de sair de casa, renovando a aplicação a cada 2 horas.

Pensamento para o Dia 20/08/2009


“É o apego à propriedade ou à posição, nascido de um sentimento de posse, que é a causa da tristeza e da infelicidade do homem. Para experimentar a felicidade duradoura, o homem deve se esforçar para livrar-se desse sentimento de “eu” e “meu”. Quando tudo parece ir bem, o homem esquece tudo, incluindo a si mesmo. Seu ego aumenta, como resultado de suas realizações e aquisições. Ele deveria perceber que é apenas um beneficiário temporário do que possui, e que não tem qualquer direito permanente sobre isso. Ele deveria considerar o poder ou a posição social como uma responsabilidade moral, com a obrigação de cumprir os deveres relativos a ela. Somente quando todas as ações são realizadas com esse espírito de moral, o homem pode experimentar felicidade e satisfação genuínas.”
Sathya Sai Baba

Projeto água pra que te quero! - Nívia Uchôa


BNB - Programação dos seus centros culturais

FORTALEZA, 19.08.2009 – O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) acaba de
lançar o edital de seleção de propostas artísticas para participação
nas programações dos Centros Culturais BNB-Fortaleza, Cariri (em
Juazeiro do Norte, região sul do Ceará) e Sousa (no alto sertão
paraibano), durante o ano de 2010.

Com o objetivo de orientar os artistas, produtores, gestores culturais
e demais interessados no preenchimento dos formulários-proposta do
referido edital, os Centros Culturais BNB-Fortaleza (rua Floriano
Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108), Cariri (rua São Pedro,
337 – Centro – Juazeiro do Norte – fone: (88) 3512.2855) e Sousa (rua
Cel. José Gomes de Sá, 7 – Centro – fone: (83) 3522.2980) realizarão
um elenco de seis oficinas, no período de 25 de agosto a 08 de
setembro próximo.

Serão ministradas duas oficinas em Fortaleza (dias 25 de agosto,
terça-feira, às 10h30; e 08 de setembro, terça-feira, às 18h), duas no
Cariri (dias 27 de agosto, quinta-feira, às 18h; e 05 de setembro,
sábado, às 14h), e duas em Sousa (dias 26 de agosto, quarta-feira, às
15h; e 05 de setembro, sábado, às 18h).

Os interessados podem apresentar propostas nas áreas de artes cênicas,
artes visuais, literatura, música, atividades culturais infantis,
cursos de apreciação de arte e oficinas de formação artística. Todas
as informações (edital e formulários) para inscrição de propostas
estão disponíveis desde a última segunda-feira, 17, no portal do BNB
(www.bnb.gov.br/cultura).

O BNB recebe propostas até o próximo dia 18 de setembro, e o resultado
da seleção será divulgado em 20 de novembro deste ano. Mais
informações podem ser obtidas pelo e-mail cultura@bnb.gov.br ou pelos
fones (85) 3464.3108 (Fortaleza), (88) 3512.2855 (Cariri) e (83)
3522.2980 (Sousa).

As inscrições devem ser feitas mediante entrega de
formulários-proposta, específico para cada uma das atividades,
devidamente preenchido com letra legível ou digitado, assinado pelo
responsável pela proposta e acompanhado dos respectivos anexos.

Qualquer pessoa física ou jurídica pode apresentar projetos para as
três unidades do CCBNB. A entrega do formulário-proposta pode ser
feita, pessoalmente, nos seguintes locais, dias da semana e horários:

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE-FORTALEZA

Rua Floriano Peixoto, 941 – Centro
Fortaleza-CE
Fone: (85) 3464-3108
(De terça a sábado, no horário de 10h às 20h; e domingo, de 10h às 18h)

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE-CARIRI

Rua São Pedro, 337 - Centro
Juazeiro do Norte-CE

Fone: (88) 3512-2855

(De terça a sábado, no horário de 13h às 21h)

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE-SOUSA

Rua Cel. José Gomes de Sá, 07 - Centro
Sousa-PB

Fone: (83) 3522-2980

(De terça a sexta-feira, no horário de 13h às 21h, e sábado, de 14h às 22h)

Pelo correio postal, os proponentes podem enviar seus projetos, como
correspondência registrada com Aviso de Recebimento (AR), em envelope
lacrado, devidamente identificado com o seu nome e endereço, com data
de postagem não posterior a 18 de setembro de 2009, para qualquer um
dos seguintes endereços:

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE-FORTALEZA

Formulário-Proposta para Programação CCBNB 2010

Rua Floriano Peixoto, 941 – Centro
Fortaleza-CE - CEP 60025-130

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE-CARIRI

Formulário-Proposta para Programação CCBNB 2010

Rua São Pedro, 337 - Centro
Juazeiro do Norte-CE – CEP 63010-010

CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE-SOUSA

Formulário-Proposta para Programação CCBNB 2010

Rua Cel. José Gomes de Sá, 07 - Centro
Sousa-PB – CEP 58800-050

ENTREVISTAS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

· Henilton Menezes (gerente do Ambiente de Gestão da Cultura do
BNB) – (85) 3464.3109 / 8635.6064 – henilton@bnb.gov.br

· Carmen Paula (gerente do CCBNB-Fortaleza) – (85) 3464.3111 /
8635.6031 – cpaulavm@bnb.gov.br

· Lenin Falcão (gerente do CCBNB-Cariri) – (88) 3512.2855 /
8802.0362 – anastacio@bnb.gov.br

· Ricardo Pinto (gerente do CCBNB-Sousa) – (83) 3522.2980 /
8802.3757 – yuca@bnb.gov.br

· Luciano Sá (assessor de imprensa do Centro Cultural Cultural
Banco do Nordeste) – (85) 3464.3196 / 8736.9232 – lucianoms@bnb.gov.br --
Poesia da Luz
Fotografia
Nívia Uchôa
(88) 96127485 / 88488094
SECULT - J. do Norte 3571.5933
http://www.poesiadaluz.blogspot.com

Beatles !





Programa Cariri Encantado desta sexta-feira será com Abidoral Jamacaru

Foto: Dihelson Mendonça

O programa Cariri Encantado desta sexta-feira, 21, trará uma amostra do conceituado trabalho do cantor e compositor cratense Abidoral Jamacaru, um dos mais importantes artistas da cena cultural caririense. Além disso, Abidoral participará ao vivo, falando sobre sua já longa carreira musical, que teve início na década de 1970, quando foi revelado pelo Festival Regional da Canção.

As músicas de Abidoral que serão veiculadas no programa fazem parte dos três discos lançados pelo cantor e compositor: Avallon, O Peixe e Bárbara.

Abidoral Jamacaru é reconhecido como um compositor da primeira linha da MPB pelos cantores e compositores Zeca Baleiro e Chico César.

Será uma oportunidade ímpar de ouvir, pelas ondas do rádio, a música cristalina e bela deste ícone da cultura regional.

O Programa Cariri Encantado acontece com o apoio do Centro Cultural BNB Cariri e é veiculado todas as sextas-feiras, das 14 às 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri, 1020. É apresentado por Luiz Carlos Salatiel e Carlos Rafael Dias.

Leon Trótsky - revolucionário bolchevique


(Ianovka, 7 de novembro de 1879 — Coyoacán, 21 de agosto de 1940)

Nascido em família de origem judaica, Lev Davidovich Bronstein, que mais tarde assumiria o nome de guerra de Leon Trotsky, foi preso pela primeira vez aos 18 anos, por seu envolvimento com grupos revolucionários. Passou dois anos em diversas cadeias czaristas.

Em 1900 casou-se com Alexandra Lvovna Sokolovska e foi deportado para a Sibéria. Dois anos depois fugiu e viajou para Londres, onde entrou em contato com Lênin e outros exilados russos. No mesmo ano conheceu Natalya Sedova, que se tornou sua companheira.

Trotsky voltou à Russia por ocasião de levante de operários de São Petersburgo, em 1905. No ano seguinte, foi preso novamente e deportado. Passou por diversos países, chegando finalmente aos Estados Unidos. Ali recebeu a noticia da revolução de fevereiro, que depôs o Czar e instalou um governo provisório na Rússia. Trotsky voltou a seu país, mas antes ficou detido por algum tempo no Canadá.

Quando chegou a Rússia, assumiu um papel ativo na organização de trabalhadores e soldados. No final de 1917, os bolcheviques, liderados por Lênin e Trotsky, deram um golpe de Estado e derrubaram o governo provisório, dando início ao que chamavam de "ditadura do proletariado" e criando uma República Soviética da Rússia.

De 1918 a 1921 Trotsky exerceu o cargo de Comissário do Povo para a Guerra, numa Rússia em guerra civil. Ao contrário do que gostam de admitir seus admiradores, foi um militar linha dura, que não hesitava em usar a violência contra inimigos ou supostos adversários. Esmagou com mão de ferro uma revolta de anarquistas na cidade de Kronstadt em 1921.

Em 1923 aprofundou-se a cisão entre ele e seu companheiro de partido Stalin, provocada pela ascendência deste na crescente burocracia partidária e por divergências políticas relacionadas aos rumos da revolução. Trotsky propugnava a expansão da revolução por outros países, enquanto Stálin formulava a doutrina do socialismo em um país único.

Com a morte de Lênin, em 21 de janeiro de 1924, começou a corrida pela sucessão. No Comitê Central do Partido Bolchevique, iniciou-se o processo de calúnia e difamação de Trotsky promovido por Stalin e seus principais aliados de ocasião, Kamenev e Zinoviev. Em 1925 Trotsky foi proibido de falar em público e em 1929 foi banido da União Soviética.

Ficou no exílio na Turquia até 1933, na França até 1935 e depois na Noruega até 1937. Finalmente, foi para o México, no dia 9 de janeiro de 1937. Nunca deixou de lado o ativismo político, propondo políticas revolucionárias que se opunham às desenvolvidas pelos partidos comunistas que gravitavam em torno da União Soviética em todo o mundo. Em 1938, escreveu o panfleto "Programa de Transição", que é o programa de fundação da 4a Internacional Comunista.
Stalin, porém, considerava a militância de Trotsky uma ameaça real a sua hegemonia sob o movimento comunista internacional. Assim, infiltrou um agente seu na residência mexicana de Trotsky, Ramón Mercader, que o matou a golpes de picareta em 1940. Mercader jamais assumiu ter agido a mando de Stalin.
As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao trotskismo, corrente ainda hoje importante no marxismo.
UOL.Educação

Salvatore Quasimodo - Literatura Estrangeira


Poeta, tradutor e crítico italiano (20/8/1901-14/6/1968). Prêmio Nobel de Literatura de 1959. Nasce na Sicília, filho de um ferroviário, e inicia seus estudos na cidade de Siracusa. Forma-se matemático em Palermo e, mais tarde, conclui o curso de engenharia em Roma. Ganha a vida como engenheiro e funcionário público nos dez anos seguintes e escreve poesia nas horas vagas até 1935, quando abandona a carreira para ensinar literatura italiana em Milão.
Seus primeiros poemas, publicados em um jornal literário de Florença, revelam sua ligação com os poetas herméticos Giuseppe Ungaretti e Eugenio Montale. São versos curtos, de estilo sofisticado, sobre temas pessoais próprios do intimismo dos poetas herméticos.
Com a publicação da primeira coletânea de poesias Águas e Terras (1930), assume gradativamente a liderança dessa tendência literária até os anos 40. Sua fase hermética termina com o final da II Guerra Mundial e a publicação de Dia Após Dia (1947). A partir daí, detém-se sobre as injustiças do regime fascista e os horrores do conflito mundial. Publica A Terra Incomparável (1958), Toda Poesia (1960) e O Dar e o Ter (1966).
Quasimodo é responsável também por traduções para o italiano de escritores clássicos, como Sófocles e Eurípedes, Catulo, Ovídio e Virgílio, e contemporâneos, como o norte-americano E.E. Cummings e o chileno Pablo Neruda.



BASTA UM DIA PARA
EQUILIBRAR O MUNDO

A inteligência a morte o sonho
negam a esperança. Nesta noite
em Brasov, nos Cárpatos, entre árvores
não minhas, busco no tempo
uma mulher de amor. O mormaço estala
as folhas dos álamos e eu
me digo palavras que não conheço,
derramo terras de memória.
Um jazz escuro, canções italianas
passam tombadas sobre a cor das íris.
No rangido das fontes
se perdeu tua voz:
basta um dia para equilibrar o mundo.

BASTA UN GIORNO
A EQUILIBRARE IL MONDO

L’intelligenza la morte il sogno
negano la speranza. In questa notte
a Brasov nei Carpazi, fra alberi
non miei cerco nel tempo
una donna d’amore. L’afa spacca
le foglie dei pioppi ed io
mi dico parole che non conosco,
rovescio terre di memoria.
Un jazz buio, canzoni italiane
passano capovolte sul colore degli iris.
Nello scroscio delle fontane
s’è perduta la tua voce:
basta un giorno a equilibrare il mondo.

Ver texto integral em:
http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=3924

Inocência - Por Zélia Moreira


Ontem Socorro lembrou-me sobre "o dia da Infância".
Fiquei matutando como poderia ser minha abordagem sobre o tema. O cinema tá cheio de títulos(Sapatinho de Cristal, A Flauta Mágica, Primeiro Amor...!)Ufa!, são tantos!
Não é por eles que gostaria de falar...
Lembrei-me dos meus netos, em plena inocência da infância. O que existe nela(infância) de mágico? O que faz Camila (6 anos), vendo Sherek e Fiona, se apaixonar perdidamente, por dois Ogros feinhos?
Respondo essa de imediato com uma frase de Exupèry , no Pequeno Príncipe : "o essencial é invisível aos olhos, só se ver bem com o coração".
A gente se torna adultos, é inevitável, e bom seria nesse processo crescer,crescer , e não somente envelhecer.
Acredito ser possível , desde que a gente não perca algumas coisinhas : ver beleza nas pessoas além das aparências físicas, ficar feliz a partir de coisas simples,(não existe outra alternativa) cantar e dançar "sem mais e nem porque".., rir, beijar e abraçar, mmuuiittoo!, acreditar no ser humano, esquecer com facilidade...Ficaria elencando outras caractéristicas, mas não sei se me bastariam as linhas ou se teria palavras...E nem preciso tê-las !
Basta lembrar com frequência, que esse período de formação pra vida adulta, só entende a linguagem do amor.
Sejamos poís infantis pra todo o sempre!
Deixo o vídeo cativar, bem oportuno nessa data, num casamento perfeito de um trechinho do Pequeno Príncipe e a música Perfect Day (Maravilhosa!)


Infância - Casimiro de Abreu




Ó anjo da loura trança,
que esperança
nos traz a brisa do sul!
- Correm brisas das montanhas...
Vê se apanhas
A borboleta de azul!...


Ó anjo da loura trança,
És criança,
A vida começa a rir.
- Vive e folga descansada.
Descuidada
Das tristezas do provir.


Ó anjo da loura trança,
Não descansa
A primavera inda em flor;
Por isso aproveito a aurora
Pois agora
Tudo é riso e tudo amor.


Ó anjo da loura trança,
A dor lança
Em nossa alma agro descer.
- Que não encontres na vida
Flor querida,
Senão contínuo prazer.


Ó anjo da loura trança,
A onda é mansa
O céu é lindo dossel;
E sobre o mar tão dormente,
Docemente
Deixa correr teu batel.


Ó anjo da loura trança,
Que esperança
Nos traz a brisa do sul!
- Correm brisas das montanhas...
Vê se apanhas
A borboleta de azul!...

Rio - 1858.
* Fotos de duas lindas crianças - anjos morenos da alegria.
Ela é a minha amiga Stela
A outra é a minha neta Bianca
Que Bianca aprenda com Stela :
a ser feliz para sempre !
(Socorro Moreira)

Instantes - Por Claude Bloc

Viajo nos instantes
Nessas dobras da alma
Que se arqueiam em delírio
Na estrada aonde vou

Sou a consciência
Do todo
De tudo
Do nada
Sou linha transparente
Nesse céu que se apaga

Sou vereda aberta
Sou sertão e sou mar
Sou a verdade e o desvio
O precioso detalhe

Sou a inconsciência
No amanhã
No depois
E nesse paradoxo
Sou o sorriso óbvio
Nesse ritmo perfeito
Onde sonho e me deito

E eu faço e refaço
Infinitos caminhos
E eu coso e descoso
Meu secreto pudor.

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Texto e foto de por Claude Bloc