Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Sou tão antiga que, no dia de hoje , escuto Glen Miller.


Vamos dançar ou brindar ?

Porcelana

Pode ser, meu bem
que na virada de ano
eu cumpra meu desejo
e apague a luz do quarto

(sem loucura
e sem tristeza)

no escuro
ouvindo música
pelo fone de ouvido

pensarei no beijo
e sorvete

que só inventei
para fazer feliz
a minha alma
(tão tolinha) .

Mas felicidade é o raio
a cruzar os céus nessa noite

então subirei ao telhado
e gritarei seu nome

(queira deus não caia
nenhuma estrela)

ADÉLIA DIZ QUE :

“Uma das mais remotas experiências poéticas que me ocorre é a de uma composição escolar no 3º ano primário, que eu terminava assim: “Olhai os lírios do campo. Nem Salomão, com toda sua glória, se vestiu como um deles…”.
A professora tinha lido este evangelho na hora do catecismo e fiquei atingida na minha alma pela sua beleza. Na primeira oportunidade aproveitei a sentença na composição que foi muito aplaudida, para minha felicidade suplementar. Repetia em casa composições, poesias, era escolhida para recitá-las nos auditórios, coisa que durou até me formar professora primária. Tinha bons ouvintes em casa. Aplaudiam a filha que tinha “muito jeito pra essas coisas”. Na adolescência fiz muitos sonetos à Augusto dos Anjos, dando um tom missionário, moralista, com plena aceitação do furor católico que me rodeava. A palavra era poderosa, podia fazer com ela o que eu quisesse.”

Professora, começou a escrever em 1950, após a morte de sua mãe, Ana Clotilde Corrêa. Em 1973 forma-se em filosofia, um ano após a morte de seu pai, o ferroviário João do Prado Filho.
Por essa época, entediada de seu próprio estilo, começa a escrever de forma torrencial, dando veios às influencias literárias recebidas das leituras de Drummond, Guimarães Rosa, Clarisse Lispector.

Na opinião de Carlos Drummond de Andrade, “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis”.

O que mais chama a atenção na literatura produzida por Adélia Prado é a religiosidade embutida e/ou subentendida em seus textos. Ela trata e retrata as coisas do cotidiano com perplexidade, entendimento e pureza.
Sua obra é atemporal, moderna, transformando em lúdico a realidade descrita, fazendo com que os fatos mais corriqueiros ganhem uma beleza poética de grande extraordinariedade.

Adélia costuma dizer que o cotidiano é a própria condição da literatura. Morando na pequena Divinópolis, cidade com aproximadamente 200.000 habitantes, estão em sua prosa e em sua poesia temas recorrentes da vida de província, a moça que arruma a cozinha, a missa, um certo cheiro do mato, vizinhos, a gente de lá.

“Alguns personagens de poemas são vazados de pessoas da minha cidade, mas espero estejam transvazados no poema, nimbados de realidade. É pretensioso? Mas a poesia não é a revelação do real? Eu só tenho o cotidiano e meu sentimento dele. Não sei de alguém que tenha mais. O cotidiano em Divinópolis é igual ao de Hong-Kong, só que vivido em português.”

Qual a contribuição de Adélia Prado para a literatura brasileira?

Para a época em que sua poesia foi divulgada : a revalorização da identidade feminina, como ser pensante e ser maternal. Aqui, o grande valor desta poeta. Ou seja, Adélia conseguiu conciliar a intelectual com a mãe, esposa e dona-de-casa; ela conseguiu o equilíbrio entre o feminismo ( movimento agressivo) com o feminino (natureza intrínseca).
Em seus poemas, estão muito bem colocadas as figuras masculinas ( pai, marido, filho), sem observamos sinais de conflito, fato este que não se observa nas poetas mais atuais.


A característica de sua poética?

Lírica, suave, simples, leve. E com um estilo próprio, diferente de Cecília Meireles (considerada, ainda, o grande expoente feminino da poesia brasileira).

Fonte:http://www.amulhernaliteratura.ufsc.br/

Azul sobre amarelo, maravilha e roxo- Adélia Prado

Desejo, como quem sente fome ou sede,
um caminho de areia margeado de boninas,
onde só cabem a bicicleta e seu dono.
Desejo, como uma funda saudade
de homem ficado órfão pequenino,
um regaço e o acalanto, a amorosa tenaz de uns dedos
para um forte carinho em minha nuca.
Brotam os matinhos depois da chuva,
brotam os desejos do corpo.
Na alma, o querer de um mundo tão pequeno,
como o que tem nas mãos o Menino Jesus de Praga.

Adélia Luzia Prado Freitas (nasceu em Divinópolis, Minas Gerais em 13 de dezembro de 1935).

Uma das músicas que mais gosto, interpretada por uma das cantoras que mais gosto- Para Aloísio, que também gosta !

Mário reis- Por Norma hauer


MÁRIO REIS, O PRECURSOR DA BOSSA NOVA

Foi a 31 de dezembro de 1907 que nasceu o cantor MÁRIO REIS, que seria o verdadeiro precursor da "bossa-nova", por seu modo diferente de cantar, em plenos anos 30.

MÁRIO REIS foi "descoberto" por Sinhô, que viu que ali "nascera" o cantor perfeito para interpretar suas músicas.
Em 1927 as gravações, antes mecânicas, passaram a ser elétricas, dando condições ao aparecimento de cantores diferentes de Vicente Celestino (o maior "vozeirão" desta terra) ou Francisco Alves (o "Rei da Voz"). Nas gravações mecânicas eram necessários os "dós de peito", caso contrário, as vozes não apareciam. As gravações elétricas apareceram como "milagrosas" e aí surgiu Mário Reis.

Seu primeiro disco, em 78 rotações, gravado em 1927 foi "Carinhos do Vovô" , de Sinhô.

Aquela vozinha, muito afinada, chamou atenção de Francisco Alves que lhe propôs um desafio: cantariam juntos. E não é que deu certo? Começaram com "Nem é Bom Falar" e "De que Vale a Nota sem o Carinho da Mulher", de Ismael Silva. Daí para o sucesso de uma dupla inusitada foi um passo.

Passando a se apresentar solo, Mário Reis gravou um samba que se tornou um dos clássicos do carnaval de todos os tempos: de Bidê (AlcebÍades Barcelos) e Marçal (Armando Marçal), "Agora é Cinza".

Você partiu, saudade me deixou...
Eu chorei.
O nosso amor foi uma chama
Que o sopro do passado desfaz.
Agora é cinza
Tudo acabado e nada mais."

Mário Reis abandonou as gravações durante vários anos, até que foi convidado para participar de um espetáculo teatral, a ter lugar no Theatro Municipal, de nome "JouJoux e Balagandans"
. Depois gravou um único LP com músicas que foram antigos sucessos seus e retirou-se definitivamente da vida artística residindo, até o fim de sua vida, no Copacabana Pálace.
Ali faleceu em 5 de outubro de 1981, sem completar 74 anos.

Ele era de família rica e nunca viveu de suas interpretações em palcos ou em discos.

Norma

01 - CADÊ MIMI
02 - O DESTINO DEUS É QUEM DÁ
03 - FLOR TROPICAL
04 - QUANDO O SAMBA ACABAR
05 - AGORA É CINZA
06 - SOFRER É DA VIDA
07 - PELO TELEFONE
08 - LINDA MORENA
09 - DORINHA MEU AMOR
10 - GAVIÃO CALÇUDO
11 - FORMOSA
12 - JURA

Sobre César de Alencar- Por Norma Hauer

CESAR DE ALENCAR E A RÁDIO NACIONAL

Socorro,

Segundo consta e Mário Lago publicou uima cópia na capa de seu seu livro "Bagaço à Beira da Estrada" César de Alencar , juntamente com Hamilton Frazão e Celso Teixeira, denunciaram vários artistas da Rádio Nacional como "elementos perigosos" à segurança da emissora foram todos demitidos sumariamente.

E ali estavam relacionados quase todos os artistas importantes da Rádio, como o próprio Mário Lago, Paulo Roberto, Jorge Goulart, Nora Ney, que nunca esconderam ser simpatizantes (mas não atuantes) do Partido Comuinista, como mais de 50 funcionários, cantores (até Orlando Silva) , locutores (Celso Guimarães) radio-atores (Gerdal dos Santos) , cujos nomes estão relacionados na cópia do documento que os demitiu, publicada nas páginas 234, 235 e 236 do referido livro.

Ali está claro que as demissões foram provenientes das denúncias de César de Alencar e os outros dois.

No livro "César de Alencar- A Voz que Abalou o Rádio", de Jonas Vieira, este, tentando "apagar o sol com a peneira" desmente o que está provado na cópia do documento publicada no livro de Mário Lago, enviado ao então responsável pelas empresas incorporadas ao Patrimônio Nacional pelo Diretor da Rádio Nacional, nomeado no dia 2 de abril de 1964.

O sonho de César de Alencar era assumir a direção da Rádio, o que fez no dia 1° de abril. Já no dia 2 Mário Neiva Filho assumiu a Direção.

César de Alencar "não caiu", por outra pessoa, ele "caiu" sozinho no primeiro de abril. Assim como "caiu" no ostracismo até o fim de sua vida, em janeiro de 1990.
A seu enterro pouquíssimos "amigos" compareceram.

Delatores (dedos duros) são sempre antipatizados pelos dois lados, pelos que foram delatados, como pelos que receberam a delação. Daí, ter recebido "um chute" dos militares e sumido do meio artístico.

Foi um "burro". Como pode um homem que foi um dos maiores vultos da Rádio Nacional, tendo sido o maior animador de auditório, fazer essa "burrada"?.
Os militares (inimigos de traidores), passaram a ignorá-lo.
O povão também.

Norma

Por Eduardo Galeano

Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vemos, se vão ?

Feliz 2011 - Aloísio


A todos que fazem o Cariricaturas acontecer, Feliz 2011, como diz um amigo meu, com saúde e paz, que o resto a gente corre atrás.
Ou então inspire-se na música de abaixo, tenha um ano diferente, esqueça as formas antigas e “caia fora do banal”.

Procura-se um Samba
(Rosa Passos / Fernando de Oliveira)

Quero um samba diferente
Forte e quente como o que
Que me fale mansamente
Da saudade de você
Pode ser um tanto louco
Bem malandro, mas decente
Dissonante meio rouco
Mas que embale docemente

Quero um samba popular
Que não chegue a ser sambão
Mas nos salve de escutar
Sambas de televisão.
Que não seja bossa nova
(Meus respeitos ao João)

Sei que samba é forma antiga,
Definida e coisa e tal:
Não se importe minha amiga,
Novidade não faz mal.
Jogue um foco de luz negra
Sobre um quadro de Chagall
Vá em frente, minha nega,
Caia fora do banal.

Pensamento para o Dia 31/12/2010


“Nunca se sinta deprimido quando for pressionado por dificuldades. Deus nunca irá impor-lhe provas que não possa suportar. Ele testa seus devotos de várias maneiras. Teste é o "sabor" de Deus. Nunca tema qualquer teste. Esteja pronto a sacrificar até mesmo sua vida pelo amor de Deus. Somente então é que Deus o protegerá. Não há defeitos em Deus. Todas as palavras e ações de Deus são perfeitas. O que você vê é a reação, reflexo e ressonância de seus sentimentos. Eles são de natureza psicológica. Deus sempre nos concede apenas o bem-estar. Compreenda e experimente essa verdade.”
Sathya Sai Baba

Sinto-me de férias !

Nesta madrugada dos suspiros de 2010, abraço todas as possibilidades de encontros e reencontros.
Que 2011 tenha um sentido especial pras nossas vidas.Que a paz seja cultivada e o amor nos domine.
Estou cheia de esperanças ... Uma delas é estar pronta para transformações constantes.
Até sempre !

Abraços carinhosos em todos os amigos.