Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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domingo, 6 de dezembro de 2009

Na Daslu - recebido por e-mail



Sempre tive vontade de conhecer essa tal de Daslu. Já que estava em São Paulo, por que não ir? Ainda mais depois que me disseram que lá não existe nenhuma peça que custe menos de três dígitos, resolvi dar uma de São Tomé e ver para crer. A entrada já foi um problema. O segurança perguntou pelo meu carro - ou motorista. Quem já foi sabe muito bem: Na Daslu, acreditem, não se entra a pé, somente motorizado. Fingi que não era comigo e entrei.
Fui recepcionado por uma loira escultural com sorriso de anúncio de dentifrício, uma sósia escrita e escarrada da Ana Hickman, com direito a 1m30 de pernas, chapinha no cabelo, olho azul e muito mais.
'Where are you from?'
'Quixeramobim'.
'I beg your pardon!'
Tava na cara que eu não era paulistano. Mas daí a me confundir com gringo, já é demais. Eu lá tenho cara de estrangeiro! Como um cão sabujo, onde eu ia, ela ia atrás. Dos milhares de itens que admirei boquiaberto, um em particular me encantou. Uma bolsa tiracolo Prada pra lá de maneira que imaginei que coubesse no meu orçamento. Ressabiado, indaguei o preço.
'Nove, apenas nove. E o senhor pode dividir de três vezes no cartão'.
'Nove o quê?'
'Nove mil...'
' Arre Égua!'
A pequena ficou tão assustada com minha reação que cheguei a pensar que fosse chamar os seguranças. Mas não.. Acho que ela sacou que daquele mato não sairia cachorro, no máximo um carrapato. Fechou a cara, deu meia-volta e sumiu. Já que estava na chuva, resolvi me molhar. Entrei num salão onde só tinha Armani. Como já estava enturmado, perguntei o preço de um 'vestidinho' de festa. Adivinhem? R$ 100 mil. Tu és doido?! Uma estola de zibelina? R$ 60 mil. Fico imaginando quantos bichinhos foram sacrificados para
esquentar o lombo de uma madame. Um blaser Ermenegildo Zegna, e isso lá é nome de grife?, R$ 13 mil. Um óculos Gucci, R$ 4, 5 mil. Uma cuequinha básica doValentino, R$ 260. Com direito a ouvir essa pérola do vendedor:
'Leve logo meia dúzia, tá na promoção!'. Imaginem quanto ela custava antes.
Na adega climatizada não foi diferente. Um 'Romaneé-Conti', safra 2000, aquele do Lula, estava por módicos R$ 8 mil a unidade. Uma garrafa de 'Johnnie Walker Blue', envelhecida 80 anos, uma das raras existentes no planeta, R$ 55 mil.
Fiz as contas e verifiquei que no final saí no lucro. 'Charlei', vi gente famosa, coisas bonitas, tomei mineral Badoit, Capuccino, Prosecco, Champanhe Taittinger, fartei-me de canapés, fois gras, blinis com caviar, não era Beluga. Sou duro, mas sei o que é bom. Até 'confit de canard' tracei. De quebra, profiteroles e apetitosos bombons trufados. As horas passaram voando. Minha acompanhante finalmente apareceu e perguntou:
'Vamos almoçar?'
'Almoço? Estou almoçado e jantado!'
Depois de conhecer quase tudo descobri que a Daslu é uma espécie de zoológico sem grades. Só que os bichos somos nós. Eu e você.
Acabado, me esparramei num confortável sofá. Enquanto esperava o resto da turma chegar, abri um livro e relaxei. Mal virei a segunda página, dois novos ricos falando alto, com mais sacolas do que mãos, sentaram ao meu lado esnobando:
'- Amanhã vamos para o nosso haras em Catanduva. - O réveillon será no Guarujá'.
Me deu uma raiva...
Peguei meu celular e resolvi mentir um pouco:
'- Fulano, não encontrei nenhum 'Summer' para o réveillon. Abastece o jatinho. Partimos amanhã cedo para Paris. Essa Daslu tá um lixo!'

A cara que os dois fizeram, não tem preço.
(autor ignorado)

Para Rosa Guerrera - do/a seu/sua amigo/a secreto/a



Abraço,

Eu

À todos meus amigos do Cariricatura


Natal: sentimento que preenche o abismo do universo, com seu esplendor, com o olhar feliz
de uma criança, até o emotivo gesto de um adulto. FELIZ NATAL e um ANO NOVO pleno
de alegrias e felicidades junto aos seus seres queridos.

Religião e folclore no pé-de-serra - Heládio Teles Duarte



Festa de padroeira da "petit ville" do Arajara . Leilão com direito a galinha caipira, bolo de puba, e outras oferendas como música e alegria !



Leioloeira Boneca .Uma graça ! A boca no microfone e a cerveja no copo. Oferta crescente e decrescente. E haja festa !


Nosso trio , apreciando as delícias da festa : Aderson Tavares, eu (Heládio) e Marcondes Justo.



Heládio Teles Duarte


Lunático Encantado - Domingos Barroso

Acordei com vontade
de abraçar todas as plantas da varanda

beijar os pés da minha mãe
lavar os jeans da minha irmã

adotar um cãozinho
limpar seu xixi
e sua merdinha.

Acordei com o coração afoito
pulando os bancos da praça

escorregando no lodo
dando piruetas.

Yupiii,
Yupiii!

Quem quer alfenim de graça
depois algodão-doce?

Acordei com um riso sereno
saindo pelo canto dos lábios

os dedos trêmulos de coragem
dos olhos nem falo

é muita luz colorida
atravessando a vidraça.

Yupiii,
Yupiii!

Alguém deseja
um pouco de churrasco
ao molho tinto fermentado
por boas lembranças?

Domingos Barroso

E deu flamengo. por José do Vale Pinheiro Feitosa

Ali pelas três da tarde o Rio começou a esvaziar suas ruas. Não tanto quanto uma copa do mundo, mas uma evidente vazão. A não ser as poças de gente ao redor dos bares, em praças.

Agora aqui no entorno do meu ouvido só escuto a festa do povo. Buzinas, tambores, gritos, cantos, fogos, até o céu permanece azul apesar de já estarmos com um intenso dourado no pôr do sol. O Rio viveu um dia especial de futebol: o Vasco voltou à primeirona, o Botafogo e o Fluminense não se rebaixaram.

Mas o grito que ecoa nos céus é o flamengo. Meu filho, de volta do marcanã, acaba de me telefonar ainda da estação do Largo do Machado: foi sofrido pai. Ouviu Carlos Esmeraldo, foi sofrido, o Grêmio não deu mole não. Não tinha motivo para dar mole. Claro que tinha motivo de derrubar esta potência de torcida em pleno Maracanã. Não quero exagerar, mas seria igual a um Uruguai (aliás são tudo daquela região mesmo) nos tirando a copa de 50 em pleno Maracanã.

E o melhor de tudo. Sabe pela cabeça de quem? De um caririzeiro. De um caririense. De um cabra humilde que, chorando, disse para as câmaras da globo: é algo especial, eu como jogador, eu como torcedor do flamengo viver este momento. Nesta horas eu queria ter a cabeça de um Ronaldo Angelim.

Natal sem ouro,incenso ou mirra.por João Marni



Foram tantas visitas que realizei a lares muito pobres nos sítios,com nossa equipe do PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA, tendo observado as pessoas no interior desses diminutos casebres de chão batido serem ainda capazes de sorrir com nossa presença, sem nenhuma vergonha ou constrangimento por não saberem mais o que vestir porque não sabem se estão nuas, sempre à procura de algo a nos oferecer (como se fôssemos algum deus), e crianças sentadas com os pratos entre as perninhas, de colher em punho, passando-nos a impressão de que o alimento pouco é que faz o tempero, deixando a certeza em mim de que Jesus jamais saiu da manjedoura...Que o natal é exatamente o nascimento continuado de cada uma dessas crianças que sobrevivem sem brinquedos, sem perus ou panetones, à espera tão somente de um ato de solidariedade e de respeito à condição humana. É impossivel distinguir dentre elas qual seja o menino Jesus!

Essas pessoas humildes dispensam árvores natalinas porque já têm cajueiros e mangueiras que frutificam, dispensam também Papai Noel, porque em sua enorme sacola não há e nem caberiam a dignidade de que precisam, mais coragem ainda para seguir em frente face às dificuldades, e a saúde que as levem até a velhice com qualidade de vida. Já lhes bastam a esperança e a fé inabalável em Deus. O que me fez lembrar a resposta da mãe de Casemiro de Abreu, quando este perguntou-lhe: ”...quem pode haver maior que do que o oceano ou que seja mais forte do que o vento, mãe?” -Sua mãe a sorrir olhou para os céus e respondeu: ”Um ser que nós não vemos é maior que o mar que tememos, e mais forte do que o mais forte dos ventos..É Deus meu filho!!!”

Feliz Natal para todos!

A lenda de São Nicolau


S. Nicolau nasceu em 350 d.C., em Patara, uma cidade com um porto movimentado e viveu em Mira, na Lícia, no sudoeste da Ásia Menor (onde hoje se situa a Turquia).

Filho de Eipifânio e Joana, devotos cristãos, recebeu o nome de Nicolau que significa “pessoa virtuosa”.

Nicolau pertencia a uma família abastada e, segundo a lenda, cedo deu sinais da sua bondade. Uma das histórias mais conhecidas sobre a sua generosidade relata que, ao saber que na sua cidade um homem bastante pobre estava decidido a encaminhar as suas três filhas para a prostituição, já que não tinha dinheiro para lhes dar um dote, Nicolau decidiu deixar às escondidas um saco cheio de ouro para a filha mais velha, já que esta estava em idade de casar e logo era a que necessitava mais do dote. Nicolau repetiu o acto por mais duas vezes, ou seja, sempre que uma das filhas atingia a idade para casar. Segundo a mesma lenda, Nicolau colocava o saco dentro da casa pela chaminé, onde secavam algumas meias (daí o hábito das crianças, em alguns países, deixarem meias na chaminé à espera dos presentes).

Os pais de Nicolau morreram cedo. Então, por recomendação de um tio, que o aconselhou a ir visitar a Terra Santa, Nicolau decidiu viajar até à Palestina e depois ao Egipto. Durante a viagem, houve uma tempestade, que segundo a lenda, acalmou milagrosamente, quando Nicolau começou a rezar com toda a sua Fé. Foi este episódio que o transformou no padroeiro dos marinheiros e pescadores.

Quando voltou da sua viagem, decidiu que não queria viver mais em Patara e mudou-se para Mira, onde viveu na pobreza, já que tinha doado toda a sua herança aos mais pobres e desfavorecidos.

Mais tarde, quando o bispo de Mira morreu, os anciões da cidade não conseguiam decidir quem seria o seu sucessor e decidiram colocar o problema nas mãos de Deus.

Segundo a lenda, nessa mesma noite o ancião mais velho sonhou com Deus, e Este disse-lhe que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte seria o novo bispo de Mira.

Como Nicolau tinha o hábito de se levantar cedo para ir rezar à igrejal, foi o primeiro homem a entrar nela e logo foi indicado bispo.

S. Nicolau morreu a 6 de Dezembro de 342. Em meados do século VI, o santuário onde este foi sepultado transformou-se numa nascente de água. Em 1087, os seus restos mortais foram transferidos para a cidade de Bari, na Itália., que se tornou num centro de peregrinação em sua homenagem. Milhares de milagres foram creditados como sendo sua obra.

Actualmente S. Nicolau é um dos Santos mais populares entre os cristãos e milhares de igrejas por toda a Europa receberam o seu nome (só em Roma existem 60 igrejas com o seu nome, na Inglaterra são mais de 400).

Fonte: www.pititi.com

São Nicolau
A tradição diz que São Nicolau, bispo de Mira, é proveniente de Petara, na Ásia Menor (Turquia), onde nasceu na segunda metade do século III, e faleceu no dia 6 de dezembro de 342. A ele foram atribuídos vários milagres. Daí sua popularidade em toda a Europa como protetor dos marinheiros e comerciantes, santo casamenteiro e, principalmente, amigo das crianças.

De São Nicolau, bispo de Mira (Lícia) no século IV, temos um grande número e notícias, mas é difícil distinguir as autênticas das abundantes lendas que germinaram sobre este santo muito popular, cuja imagem todos os anos é reproposta pelos comerciantes nas vestes de Papai Noel (Nikolaus na Alemanha e São Claus nos países anglo-saxões), um velho corado de barba branca, trazendo nas costas um saco cheio de presentes.

Sua devoção difundiu-se na Europa quando as suas relíquias, roubadas de Mira por 62 soldados de Bari, e trazidas a salvo subtraindo-as aos invasores turcos, foram colocadas com grandes honras na catedral de Bari a 9 de maio de 1807. As relíquias eram precedidas pela fama do grande taumaturgo e pelas coloridas lendas: "Nicolau – se lê na Lenda Áurea – nasceu de ricas e santas pessoas. No dia que tomou o primeiro banho, levantou-se sozinho na bacia...", menino de excelentes qualidades e já inclinado à ascese, pois conforme acrescenta a Lenda, nas quartas e nas sextas-feiras rejeitava o leite materno. Ficando um pouquinho maior desprezava os divertimentos e vaidades e freqüentava mais a igreja.

Elevado à dignidade episcopal por inspiração sobrenatural dos bispos reunidos em concílio, o santo pastor teve cuidado do seu rebanho, distinguindo-se sobretudo pela sua generosa caridade. "Um vizinho seu chegou a tal extremo de pobreza que mandou suas três filhas virgens venderem o próprio corpo para assim não morrerem de fome..." Para que fosse evitado esse pecado, São Nicolau, passando três vezes à noite diante da casa do pobrezinho deixou cada vez uma bolsa cheia de moedas de ouro e com esse dote cada uma das filhas teve um bom marido. [...]

São Nicolau, Arcebispo de Myra em Lycia
São Nicolau Taumaturgo da cidade de Mira, da província de Lícia, é um santo especialmente querido pelos ortodoxos, e em particular, pelos russos. Ele ajuda ràpidamente em diversas calamidades da vida e perigos das viagens. Nasceu na Ásia Menor no final do séc. III, e desde a sua infância, demonstrou a sua profunda religiosidade e aproximou-se do seu tio, bispo da cidade de Patara sendo, ainda jovem, ordenado sacerdote.

Após a morte dos seus pais, Nicolau herdou uma grande fortuna a que começou a distribuir entre os pobres. Ele se empenhou em ajudar secretamente, para que ninguém pudesse agradecer-lhe.

O seguinte caso mostra, como ele ajudava aos infelizes:
Havia na cidade de Patara um rico comerciante com 3 filhas. Quando as suas filhas chegaram à maturidade, as transações comerciais de seu pai fracassaram e ele chegou a completa falência. Teve então ele a idéia criminosa de usar a beleza das filhas para conseguir meios de sobrevivência. São Nicolau ficou a par do seu plano e decidiu salvar, a ele e as filhas de tal pecado e vergonha. Aproximando-se durante a noite da casa do comerciante falido, jogou pela janela aberta um saquinho com moedas de ouro. O comerciante, achando o ouro, com grande alegria preparou o enxoval da filha mais velha e arranjou-lhe um bom casamento. Passado um pouco de tempo, São Nicolau novamente jogou na janela um saquinho com ouro, o suficiente para o enxoval e o casamento da segunda filha. Quando o jogou o terceiro saquinho com ouro para a filha mais nova, o comerciante já estava a sua espera . Prostrando-se diante do Santo, agradeceu-lhe com lágrimas pela salvação da sua família de um horrível pecado e vergonha. Após o casamento das três filhas, o comerciante conseguiu recuperar os seus negócios e começou a ajudar aos próximos, imitando o seu benfeitor.

São Nicolau desejou visitar os lugares santos e embarcou num barco de Patara para a Palestina. O mar era calmo, mas ao Santo foi revelado que em breve haveria uma tempestade e ele avisou aos outros viajantes. Veio uma tremenda tempestade e o barco virou um brinquedo indefeso nas ondas violentas. Como todos sabiam que São Nicolau era padre, pediram que rezasse pela salvação dos que ali estavam. Após a oração do Santo, o vento se acalmou e veio uma grande calmaria. Depois disto, um dos barqueiros foi derrubado pelo vento do mastro ao convés e morreu. São Nicolau, com suas orações, fez voltar à vida.

Após a sua peregrinação a lugares santos, São Nicolau queria se isolar num deserto e passar sua vida inteira longe dos homens. Mas não era esta a vontade de Deus que o escolheu para ser o pastor de almas. São Nicolau ouviu uma voz que ordenava a ele voltar à sua pátria e servir àquele povo.

Não querendo morar na cidade onde foi tão bem conhecido, São Nicolau dirigiu-se a uma cidade vizinha, Mira, capital da província de Lícia e sede episcopal, estabelecendo lá como um pobre. Com profundo amor pela Igreja, visitava-a diariamente, logo cedo quando eram abertas suas portas.

Nesta época o bispo de Mira faleceu e os bispos vizinhos se reuniram para eleger o seu sucessor.Como não conseguissem chegar à unanimidade na escolha, um deles aconselhou: "O Senhor deve Ele mesmo nos indicar a pessoa certa. Assim, irmãos, vamos rezar, jejuar e esperar pelo escolhido de Deus." E, ao mais velho dos bispos Deus revelou, que a primeira pessoa a entrar na igreja após a abertura das portas devia ser o eleito para ser o bispo daquela sede. Ele contou o seu sonho aos outros bispos e, antes da missa da manhã, ficou vigiando a porta e esperando pelo escolhido de Deus. São Nicolau, como de costume, chegou cedo para para fazer suas orações. Vendo o Santo, o bispo lhe perguntou: "Qual é seu nome?" E, com humildade, São Nicolau prontamente lhe respondeu. "Siga-me, meu filho" - disse o bispo, e tomando-o pela mão, conduziu-o até a igreja dizendo-lhe que seria ordenado bispo de Mira. São Nicolau não se sentia a altura de tão elevado cargo, mas finalmente cedeu à vontade dos bispos e do povo.

Após a sua ordenação, São Nicolau resolveu: "Até agora pude viver para mim mesmo e para a salvação de minha própria alma, mas daqui em diante, todo o tempo da minha vida deve ser dedicado aos outros." E, esquecendo-se de si mesmo, abriu a porta de sua casa a todos, tornando-se o verdadeiro pai dos órfãos e pobres, defensor dos oprimidos e benfeitor de todos. Conforme testemunho de seus contemporâneos, ele era humilde, pacífico, vestia-se com simplicidade, alimentava-se com o estritamente necessário e uma única vez por dia, à noite.

Quando, no reinado do imperador Diocleciano (284-305) teve a perseguição da Igreja, São Nicolau foi encarcerado. Na prisão ele também esquecia-se de si mesmo, indo ao encontro de dos mais fracos e necessitados, animando-os com suas palavras e seu exemplo aos que com ele sofriam. Mas, certamente, não era desígnio e vontade de Deus que ele sofresse o martírio. O novo imperador Constantino era benévolo aos cristãos e deu à eles o direito de abertamente confessar a sua fé e suas convicções religiosas. São Nicolau pode assim retornar ao seu povo.

Seria uma tarefa quase impossível enumerar todos os seus feitos, de ajuda ao próximo e de milagres que se fez por seu intermédio:

Aconteceu na Lícia uma grande fome. São Nicolau apareceu em sonho a um comerciante que, na Itália, carregava seus barcos com trigo, dando a ele moedas de ouro e mandando-lhe navegar para a cidade de Mira na Lícia. Ao acordar, o comerciante achou moedas de ouro em sua mão e, possuído de um grande temor, não ousou desobedecer à ordem do Santo. Trouxe seu trigo para a Lícia e contou aos habitantes o seu milagroso sonho, graças ao qual chegou lá.

Naquele tempo, em muitas igrejas, teve início uma forte agitação sobre a heresia de do arianismo que negava a Divindade do Senhor Jesus Cristo. Para apaziguar a Igreja, o imperador Constantino, o Grande, convocou o Primeiro Concílio na cidade de Nicéia, em 325. Entre os bispos deste Concílio estava também São Nicolau. O Concílio condenou a heresia de Ário e estabeleceu o Credo onde, com palavras bem claras expressa a fé ortodoxa em Nosso Senhor Jesus Cristo, como Filho Unigênito, da mesma essência do Pai. Durante os debates, São Nicolau, ouvindo a blasfêmia ariana ficou tão indignado que agrediu seu opositor diante de todos. Pela indisciplina, o Concílio retirou a dignidade episcopal a São Nicolau. Logo após este incidente, porém, alguns bispos tiveram uma visão em que Senhor Jesus Cristo entregava à São Nicolau Evangelho e a Virgem Mãe de Deus impunha-lhe Seu manto. Os bispos entenderam como contrária a vontade de Deus a heresia ariana, reintegrando São Nicolau em seu múnus e sede episcopal.

Da hagiografia de São Nicolau sabemos que uma vez o imperador condenou à morte 3 dos seus chefes. Estes se lembraram dos milagres de S. Nicolau e mandaram-lhe um pedido de ajuda. O Santo rezou piedosamente e, no sonho, apareceu ao imperador ordenando que libertasse seus fiéis servos, ameaçando, caso contrário, de castigos divinos. Quem és tu - perguntou o imperador - que ousas dar ordens aqui?" - "Eu sou Nicolau, arcebispo de Mira," respondeu o Santo. Não ousando desrespeitar a ordem, o imperador reviu com atenção o caso dos seus chefes, libertando-os com as devidas honras.

Aconteceu, que saiu do Egito para a Líbia um barco. Em alto mar começou uma horrível tempestade e o barco estava já quase afundando. Algumas pessoas se lembraram de São Nicolau e começaram a rezar a ele. Viram claramente como o Santo corria em direção a eles por sobre as ondas enfurecidas e, entrando no barco, tomou o leme com as suas mãos. A tempestade acalmou e o barco chegou a salvo no porto.

São Nicolau morreu já muito idoso em meados do século IV, mas com a sua morte, não cessou sua ajuda aos que a ele recorrem. Durante mais de 1500 anos, muitos são os que atribuem a ele grande ajuda em atenção às suas orações e pedidos de intercessão. Estes testemunhos constituem uma vasta literatura, e o amor dos cristão ortodoxos por este Santo cresce a cada dia.

Quando, em 1087 a província de Lícia foi devastada, o Santo apareceu em sonho a um padre em Bari, na Itália pedindo que suas relíquias fossem trasladadas para aquela cidade. Esta ordem do Santo foi rapidamente atendida e, desde aquela época, suas relíquias repousam na igreja de Bari. Delas vertem bálsamo que cura os doentes. Este acontecimento é comemorado em 22 de maio de cada ano (9 de maio no antigo calendário).

Fonte: www.ecclesia.com.br

Pavê de Natal



Ingredientes

1 l de leite
1 lata de leite condensado
3 colheres de sopa de maizena
2 colheres de chocolate em pó solúvel
1 lata de creme de leite
Nozes picadas
Chocolate ralado
Biscoitos champanhe

Modo de Preparo

Dissolva a maizena em um copo do leite e reserve.

Coloque o leite em uma panela de fundo grosso, com o leite condensado e o chocolate em pó, e coloque para ferver, assim que levantar fervura coloque o leite com a maizena devagar e mexendo sempre. Deixe engrossar e cozinhar um pouco sempre mexendo. Deixe esfriar.

Depois de frio acrescente o creme de leite sem o soro e mexa com uma colher.

Molhe os biscoitos em uma solução de leite com achocolatado.

Monte em um refratário de vidro, uma camada de biscoitos, uma camada de creme, uma camada de chocolate ao leite ralado e uma camada de nozes.

Faça quantas camadas que desejar.

Servir bem geladinho.

Rendimento
8 Porções

Torcida da vida ...- Carlos Drummond - Colaboração de Vera Batista

'Mesmo antes de nascer, já tinha alguém torcendo por você.

Tinha gente que torcia para você ser menino. Outros torciam para você ser menina.
Torciam para você puxar a beleza da mãe, o bom humor do pai.
Estavam torcendo para você nascer perfeito.

Daí continuaram torcendo. Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela
primeira palavra , pelo primeiro passo. O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida.
E de tanto torcerem por você, você aprendeu a torcer.
Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel.
Torcia o nariz para o quiabo e a escarola. Mas torcia por hambúrguer e refrigerante.

Começou a torcer até para um time.
Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de
você.
Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes,
estudar inglês e piano.
Eles só estavam torcendo para você ser uma pessoa bacana.

Seus amigos torciam para você usar brinco, cabular aula, falar palavrão.
Eles também estavam torcendo para você ser
bacana.
Nessas horas, você só torcia para não ter nascido.
E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.
Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.

E quando os hormônios começaram a torcer, torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.
Depois começou a torcer pela sua liberdade. Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua.
Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.
Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos
professores e para qualquer opinião dos seus pais. Todo mundo queria era torcer o seu pescoço.

Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro. Torceu para ser médico, músico, advogado.
Na dúvida, torceu para ser físico nuclear ou jogador de futebol.

Seus pais torciam para passar logo essa fase.
No dia do vestibular, uma grande torcida se formou. Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.

Na faculdade, então, era torcida pra todo lado. Para a direita, esquerda, contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.
E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para ela.

Primeiro, torceu para ela não ter outro.

Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito magro.
Descobriu que ela torcia igual a você.

E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho.

Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de lua-de-mel
E daí pra frente você entendeu que a vida é uma grande torcida.

Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.
Mesmo com toda essa torcida, pode ser que você ainda não tenha conquistado algumas coisas.
Mas muita gente ainda torce por você! Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa), mas a poesia (inexplicável) da vida.'

.
Carlos Drummond de Andrade







A arte contemporânea como base para um mundo globalizado. - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Que os canais do mundo se comunicam ninguém mais duvida. Muito mais do que juntar estas várias cidades que compõem uma megalópole, criando uma idade que parece torná-las uma só, há no mundo algo que efetivamente globaliza.

Não sei o limite deste algo, mas certamente as ondas eletromagnéticas se deslocando ponto a ponto e o processamento eletrônico dizem muito disto. Filosoficamente a necessidade de uma identidade mundial, como conseqüência ou indutora desta tecnologia não importa, muda toda a cultura e, por conseguinte, as artes.

Em que sentido muda? Vou burilar alguns recursos evidentes. A arte até o quanto a compreendemos (falo da maioria) é um componente urbanístico. Nasceu e se desenvolveu para dar sentido à vida urbana. Como um componente predial e do que ocorre no interior destes. Assim foi a pintura, a escultura, a poesia, a literatura, a música, etc.

É claro que isso já vem desde os impérios urbanísticos da antiguidade e se projetou em volume descomunal na emergência das urbes com suas igrejas e os prédios coletivos do poder dominante. Seja este um reinado, um ducado ou uma cidade república. E também é claro que preencheu o tempo da ociosidade urbana, que não tem de conduzir o tempo de sol a sol como na zona rural.

Como também é claro que desde a emergência do capitalismo financeiro e industrial que esta coisa tem mudado. Durante todo o século XX começamos a fazer estudos mais profundos da comunicação, nos apropriamos dos movimentos de massa. Entendemos e vimos grandes eventos na cultura, seja pelo braço da política ou do artístico propriamente dito, em que pese que estas duas coisas também não são separadas assim.

Então podemos dizer que efetivamente a cultura com a arte e a política não tem mais o urbano como espaço. Agora é o próprio planeta e as sociedades para tomarem sentido nisto precisam de uma arte que seja essencialmente de comunicação. Quando falo em essência não digo exclusividade, pois a cultura ao longo do tempo não são compartimentos separados. Apenas digo que a contemporaneidade na arte é expressão e comunicação.

Um simples olhar sobre uma programação de Turim na Itália agora neste segundo semestre de 2009 já revela isso. O “Comtemporary Art – Torino Piemonte” tem um forte componente de “arti visive” com design, teatro, dança, cinema, vídeo e música.

Os instrumentos e materiais clássicos como pincéis, cinzéis, mármore, argila e assim por diante dão lugar ao digital. Á performance. Ao experimento “comunicacional” (pode ser designado por outro nome). Veja apenas alguns exemplos: Il Teatro Dela Performance; The Gam Underground Project (pesquisa, análises e experimentações cruzadas entre si); Artissima Accerare L´Ascolto (artista buscando as relações entre artes visíveis e o teatro); Torino Design Week; Giuseppe Penone – Il Giardino delle Sculture Fluide em que um maestro mistura peças musicais seiscentistas com a contemporaneidade num espaço de um jardim imenso o qual tem uma fonte.

Não vou me alongar mais. Apenas dizer que nossas universidades regionais devem garimpar a contemporaneidade onde estiver. Essencialmente refletir a emergência que não é de hoje mas que se torna cada vez mais assim de um mundo global cuja matriz é expressão e a comunicação.

Lembrando um velho filme dos anos setenta, menos pelo seu roteiro e mais pelo seu título: 2001 uma Odisséia no Espaço, acrescento, global, já é uma realidade.

Maracanã Cheio: FLAMENGO CAMPEÃO - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O sábado foi concentrado. Choveu a maior parte do tempo. À noite explodiram as luzes da Árvore de Natal da Lagoa. Pareciam anunciar o espetáculo do dia seguinte. Somos milhões ali no quarto em que ouvia os fogos, no apartamento de baixo e no de cima, na esquina, belo bairro, na cidade e no Brasil.

O domingo acordou claro com nuvens brancas numa brejeirice de chorinho. São tantas esperanças. A vitória e o campeonato depois de tantos anos. Mandingas. Afeições aos objetos com os quais se viram as vitórias que conduziram os flamenguistas até hoje. Atos de fé. Tudo como uma imensa certeza, pendente dos deuses do futebol, imprevisíveis e marotos.

O Grêmio cede. Ninguém no futebol pode passar para a história fazendo corpo mole. O Peru passou uma boiada de gols argentinos na copa de 78 e até hoje amarga uma decepção de sua torcida. O Equador e a Bolívia têm muito mais graça. Contando, é claro com a localização de suas capitais, pois Lima fica no nível do mar igual ao Rio de Janeiro.

O flamengo tem de ser campeão com as próprias pernas. Comandado pelo Andrade aquele do timaço dos anos oitenta. O primeiro negro a comandar um time de futebol no olimpo da pelota brasileira. As coincidências são tantas e os desejos iguais que o domingo de Maracanã ficará para a história. Será o grande evento antes do gigante adormecer para reformas até a copa do mundo aqui no país.

Á noite, rouco, com a alegria plantada bem aqui no meu peito. Estarei vitorioso. Terei conquistado o mundo. A vida, a posição no arco das incertezas do improvável mundo. Certo que nesta noite tudo estará resolvido. Encaixado. O mundo é bem luminoso como ontem foi a árvore de natal da Lagoa.

Mas e se não for assim? Se a derrota baixar como um temporal no meu ser? Se a noite se prolongar no silêncio dos torcedores do flamengo? Se nos bares chorarmos os lances que poderiam e não foram? Se for uma madrugada de frustrações e a segunda uma enxurrada de gozação dos adversários?

Não tem nada não. Numa sociedade que nos obriga a ser vencedor. Que detesta os perdedores. Que vangloria as estrelas. Numa sociedade tão competitiva como nos vendem, estarei coletivamente entre os derrotados. Somos tantos e milhões que a nossa derrota se torna a limpeza destas derrotas a conta gotas do dia-a-dia em nossas profissões e no salário que não termina o mês.

O Beijo da Lua - Por Claude Bloc

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A lua nascia. Em volta da casa, as árvores velavam o sono inquieto dos cães. A noite chegava por entre silvos, chiados e coaxares, parecendo desprovida de laços temporais.
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Ainda sonolento, ele se levantou em meio àquela quase absoluta escuridão. Não havia percebido a chegada da noite. Ficara ali sentado pensando por tanto tempo que o sono lhe viera sem aviso. Simplesmente fechara os olhos. Os pensamentos e as lembranças foram se embaralhando com os sonhos, fluindo por entre os vapores oníricos de seu íntimo. Abandonara-se àquele sonho, sentindo-se livre, verdadeiramente livre porque liberto das amarras da razão. Sonhos e desejos cingidos num abraço carnal, abrasados pela vontade do encontro. Esperara durante muito tempo por esta, finalmente palpável, possibilidade.

Alongou o corpo massageando a nuca. Ficara por quanto tempo ali? Não usava relógio, mas imaginava que por mais de uma hora estivera preso àquele mergulho emocional. Cada som que ouvira, parecia-lhe sincronizado com a emoção, com as imagens cambiantes e cúmplices que lhe povoavam o íntimo.

Caminhou até a porta. Sentiu, apesar de tudo, certa tristeza por estar ali sozinho naquele momento. Só!

A noite crescia sorrateiramente. Ele parecia encontrar-se com a própria voz sussurrando sutilezas num solilóquio, transitando num inesperado ruído interior. Decidiu ir até o alpendre. O silêncio momentâneo o incomodava. A tensão que sentia revelava o profundo momento reflexivo. Tinha certeza de que preferia a liberdade de uma solidão planejada... Teria sonhado além do possível?

Os cães agora o rodeavam afáveis, mas atentos. Executavam um alegre balé canino. Satisfeitos com a atenção recebida, afastaram-se aos poucos. Seu olhar seguiu os cães agora encobertos pela escuridão. De súbito reparou no rastro de luz que se projetava sobre o gramado ao lado da casa. A lua!

Desceu o batente e agachou-se ao tocar a grama com os pés. Sentiu-se naquele instante encapsulado na pele de um personagem diferente do que sempre fora: onisciente, esquivo, mas internamente dócil e indefeso. Acomodou-se na grama apoiando a cabeça sobre as mãos. Permaneceu imóvel. O detalhe essencial agora ficava por conta do cenário. Procurou conciliar a cena obscura e sua abstração, como se delineasse uma pintura ao natural. Sutilmente foi executando a obra com pinceladas gestuais leves, contidas, na tentativa de capturar o espírito de outras épocas com o filtro das emoções atuais. A tela de repente se envolveu de grandes gotas de luz. Assim, deitado na grama, deixou-se incitar pelas estrelas, cada uma tocando um espaço peculiar em suas lembranças.

Sentiu-se um ponto apenas naquela imensidão. Entregou-se ao êxtase daquele abraço com o universo. Cada célula do seu corpo oscilava entre silêncio explícito e o suspiro da noite. Repassou sua vida, repassou todos os momentos - passado, presente - repassou o tempo à mercê da emoção daquele espetáculo. Escutou o oráculo. Pressentiu as vertigens dos sorrisos, os presságios da tarde finda, o silente apelo da felicidade.

... E seguiu a lua em seu vôo solitário. ...E bebeu-lhe o hálito orvalhado num beijo.


Texto por Claude Bloc
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Sábado Foda - por Domingos Barroso

Tem algo errado
não é de hoje.

Quando criança
meu alimento
barro de parede.

Adulto:
bebida,
sangue,
fuligem.

Dou voltas
em torno da fogueira

e não enlouqueço tanto
o bastante para ser mago.

Tem algo esquisito
há muito tempo
assim mesmo:

criança com medo do escuro
adulto picando as veias.

Pulo a fogueira
nunca tão alto

que não queime
a cauda.

Deus me dispensou
dos seus serviços.

O diabo deu de ombros.

Até a ex-esposa encantada
ausente da minha angústia.