Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 4 de abril de 2011

OSWALDINHO DO CEARÁ - DO CRATO PARA O MUNDO - PARTE I

Contar a história de Oswaldinho é contar a história de alguém cuja vida está ligada à música desde sempre. Nada difícil para alguém que viveu num ambiente onde música era o prato do dia. Nascido na cidade de Crato, no sul do Ceará, distante 560 km da capital, não é difícil imaginar que o rádio foi o seu maior incentivador; pois foi através de um programa na Rádio Araripe de Crato, do radialista e folclorista Eloi Teles de Morais (in memorian) que Oswaldinho teve o seu primeiro encontro com a musicalidade nordestina. O autentico forró. Foi ouvindo o programa “COISAS DO MEU SERTÃO” que o sanfoneiro ouviu e se apaixonou pela musica de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Jacinto Silva, Os Três do Nordeste, Marinês, entre tantos outros. Foi paixão à primeira vista.

Seu pai, jornalista conhecido na região, sempre o levava à tiracolo em suas viagens. Assim, Oswaldinho pode conhecer de perto e ter uma amistosa convivência com artistas do naipe de Nozinho do Xaxado, Bilinguim (Os Três do Nordeste), Patativa do Assaré, Severino Januário (irmão de Luiz Gonzaga), o violeiro Pedro Bandeira, as Bandas de Pífaros e do saudoso Luiz Gonzaga, em cuja residencia teve o seu primeiro encontro com a sanfona. A sua paixão se consolidou ouvindo Asa Branca tocada pelo grande mestre do baião.

Aos oito anos de idade, a cidade do Crato se encantava com a música clássica tocada por camponeses na Orquestra do Padre Ágio, o saxofone do Maestro Azul, comandando a banda de música da cidade, ou a musica popular no sax de Idelgardo Benicio nas tertúlias de antanho, com a poesia de Patativa do Assaré (que frequentava a sua casa) ou toque alegre da Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos. O próprio Oswaldinho destaca que “ nascendo na Capital da Cultura o sangue tinha que ser verdadeiramente poético e recheado de influências musicais que iam do Jazz ao verdadeiro forró popular Nordestino, passando pela musica de radio e os dobrados marciais das bandas de música...”

Foi nesse tempo que o músico ouviu uma garota da vizinhança estudando acordeon. A garotinha, também com oito anos, tocava a musica “Tico-Tico no Fubá”. Foi a gota d`àgua. Ao chegar em casa o músico chamou os pais e pediu: “Quero uma sanfona”.

Os Pais o queriam com uma formação acadêmica e não viam com bons olhos o fato de que ele seguisse a carreira musical. Diziam que sanfoneiro não tinha futuro, apesar de gostarem bastante da musica nordestina principalmente de Luiz Gonzaga. “ O meu Pai e a minha Mãe queriam que o estudo estivesse em primeiro lugar, porém, nas viagens jornalísticas com meu pai sempre que tinha alguma inauguração, novena, etc, lá estava eu, levado por ele, tocando em palanques improvisados, em cima de carrocerias de caminhão”... O pedido foi atendido com uma exigência: a prioridade seria os estudos.

Exigência acatada, saíram à vizinha cidade de Juazeiro do Norte onde a pai comprou um acordeon de oito baixos. O inusitado desta história é que ao receber o acordeon, no caminho de volta para o Crato, dentro do carro do Pai, Oswaldinho passou a tocar Asa Branca sem nunca ter tocado nenhum outro instrumento desta natureza.

Coisas da vida? Ou coisas do talento? Reflitam.

Na cidade de Crato passou a estudar musica e instrumento com Dona Leda, uma professora de musica da cidade, vindo a formar a sua primeira banda com o filho da professora, Rogério Proença e os amigos de infância Doquinha, Telito e Susa. A partir daí vieram as primeiras apresentações em festas no colégio, aniversário de amigos, festinhas em casa de parentes; oportunidade em que exibia o seu talento no acordeon e também como baterista.

O estudo da musica o levou à SCAC – Sociedade de Cultura Artística do Crato, sob a direção da maestrina Divani Cabral, mantenedora de um Coral Infantil. Lá, Oswaldinho aprimorou os estudos de voz, piano e bateria. Pois passou a ser, por vários anos, o baterista oficial do Pequeno Coral do Crato, continuando a tocar acordeon nas festas do seu colégio, o Colégio Diocesano do Crato. Nesta época, um outro instrumento passou a fazer parte do seu dia a dia: o violão. Oswaldinho Passou a estudar o segredo das cordas com um professor chamado Batista; um excelente músico da minha terra que hoje continua animando várias festa por lá.

O tempo foi passando e os estudos o obrigaram, aos 16 anos, a migrar para Fortaleza, capital do Estado. O período em que cursou o pré-vestibular até concluir a faculdade de Fisioterapia, aliado a um período de dois anos na faculdade de Música, passou longe do acordeon. Confessa que não foi fácil suportar a situação mas, as atividades profissionais preenchiam o vazio deixado pela distancia do seu instrumento.

Foi exatamente no exercício da profissão que se deu o reencontro com o acordeon. Anos se passaram até que num presente do destino, fui levado a atender um casal de idosos: Dona Ana e Seu Farias. Certo dia Dona Ana me pegou pelo braço, me levou até o seu guarda roupa, abriu a porta e me disse: meu filho toquei acordeon quando era jovem, como você enche os olhos toda vez que fala da sua infância tocando acordeon então este instrumento é seu...

São palavras do músico Oswaldinho: “Algo muito forte me tocou naquele momento e eu senti a presença muito forte de Luiz Gonzaga. A única coisa que me veio à cabeça naquele momento”.

OSWALDINHO DO CEARÁ - FORRÓ DO CRATO PARA O MUNDO PARTE II


...CONTINUAÇÃO

A decisão de voltar a tocar foi imediata. Agora, dono da sua vontade, poderia decidir seu destino. Estudou por muito tempo com um professor chamado Rodolf Forte, um dos nossos grandes mestres do acordeon e que teve brilhante contribuição na sua formação, estudando também com Valmir do Acordeon que foi professor do músico Waldonys quando era criança.

O reinicio foi despretensioso. Conta o músico que não pensava em montar banda ou ocupar os palcos, a exemplo de tantos ídolos seus. Pretendia tocar em ambientes familiares e reuniões com amigos. No entanto, numa reunião de família, onde estava presente o professor Walmir do Acordeon, Oswaldinho passou a tocar zabumba para acompanhá-lo, e foi seguido pelo triângulo de um primo. “Era uma festa na casa de Tia Loura, ficamos tocando eu, seu Walmir e um primo meu chamado Paulinho, no triangulo”...
Foi o estopim.

Oswaldinho passou a dividir a atividade profissional como médico fisioterapeuta e músico. Ressalte-se, estre as suas proezas, a ocupação de Professor universitário. Oswaldinho é ainda inventor e criador de diversos equipamentos na área médica. O aparelho desenvolvido atualmente é um biofeedback RD5( REEDUCADOR MUSCULAR DIAFRAGMÁTICO ).

A partir daquele dia, o músico procurou se inserir no ambiente artístico da capital cearense. Sem medir esforços, passou a tocar em bares, restaurantes, festas em ambientes fechados, comemorações de amigos, enfim, tratou de ocupar espaços e trilhar caminhos até então desconhecidos por ele. Estava definitivamente na estrada com uma banda formada por um grupo de amigos. Confiantes, eles buscavam o espaço que lhes era devido pela qualidade que apresentavam nos seus trabalhos.

Foram dias, meses, anos de ensaio e boa vontade. Acreditavam no que faziam. Confiavam na força e no talento daquele abnegado músico que agora, cheio de vontade, carregava pendurado nos ombros, fora do peito, o instrumento que sempre carregou dentro desse mesmo peito...no coração: UM ACORDEON. Daí em diante, o talento e a objetividade foram decisivos para a sua carreira. A força de vontade lhe rendeu bons frutos.

Passou a receber convites para apresentações e, assim, veio o primeiro CD intitulado SER NORDESTINO, gravado no ano de 2007. A partir daí, Oswaldinho passou a ter contatos profissionais com aqueles que eram antes os seus ídolos. Cantores, músicos, sanfoneiros famosos que até então achava distante da sua realidade, pois que já eram artistas renomados como Waldonys, a saudosa Marinês, Dominguinhos, Flávio José, Dorgival Dantas, entre outros.

Afirma que foi felizardo ao receber do grande compositor, saudoso José Clementino, uma fita com várias canções e poder dividir com ele por telefone, ideias, poesias músicas, chegando a fazer uma parceria em uma canção bastante conhecida na região do Cariri chamada “Hino da Exposição do Crato”.

O segundo trabalho, também em CD, foi gravado em 2007 produzido por Dorgival Dantas com o tema Dois Lados da Paixão. Já atuando no cenário da musica no Nordeste, foi batizado musicalmente por Dorgival Dantas como o “DOUTOR DA SANFONA”, recebendo tambem o nome artístico “OSWALDINHO DO CEARÁ” pelo grande sanfoneiro e cantor Flávio José.

Entre a atividade profissional, e já convidado a fazer shows pelo Nordeste, gravou o seu terceiro trabalho no ano de 2009. Em 2010, passou a trabalhar na produção do seu primeiro DVD que será lançado em Abril de 2011, com o titulo PALAVRAS DE AMOR. Nele o músico reúne o que há de melhor no seu trabalho como músico e compositor alem de relembrar sucessos do Rei Luiz Gonzaga e musicas de amigos. O trabalho sai tambem em CD.

É forró autêntico, do bom, qualidade à mostra. Vale a pena conferir.

Preconceito e discriminação - Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Sabemos que o preconceito, a discriminação e o racismo existem há milhares de anos e estão interligados entre si. O dicionário de Aurélio define o preconceito como: “conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou maior conhecimento dos fatos; idéia preconcebida.” No meio em que vivemos, podemos reconhecer vários tipos de preconceito e discriminação: o social, religioso, sexual, racial e muitos outros. Quase todos os dias nos noticiários, tomamos conhecimento de denúncias de preconceito, até com agressões físicas de ordem sexual ou racial. É indigno o ser humano agir assim com o outro, levando-o a exclusão. Ninguém quer reconhecer que é preconceituoso. A arrogância do ser humano em se achar superior ao outro é imensa. Observamos que dentro de famílias que se dizem tradicionais, em uma cidade grande ou pequena, o preconceito e a discriminação são gritantes. A superioridade de certas pessoas que encaram os que têm menos dinheiro ou menos estudo com discriminação é muito triste, já que somos todos iguais diante de Deus. Isso ocorre dentro das famílias, de parentes para parentes. Pessoas que tratam os outros componentes da família, como se fossem inferiores, só porque têm menos dinheiro, ou porque não possuem um diploma de curso superior. Essas pessoas não entendem o quanto se tornam pequenas agindo assim. O que faz um ser humano importante, é o caráter, a humildade, a bondade, a simplicidade e a honestidade, entre outros valores. O nome de família não tem nenhuma importância. Já ouvi alguém afirmar que foi morar fora do Crato, quando ainda pequena, e quando voltou, a primeira pergunta que ouvia era: de que família você é?

Um humilde trabalhador honesto, mesmo que seu sobrenome não seja tão conhecido, ou não tenha um diploma universitário, tem tanto valor quanto um doutor. Grande parte das famílias que compõem a elite dominante de nossa sociedade são preconceituosas, racistas e discriminatórias. Deveriam se envergonhar de um comportamento tão impróprio para uma pessoa que se diz de família tradicional. Em Crato e em Fortaleza tenho amigos valorosos que não pertencem a famílias importantes, não têm diploma universitário, não são ricos e que dão grande exemplo de vida, com a sua dignidade, retidão, honestidade, bondade e solidariedade. Estão sempre a ajudar ao próximo, principalmente os mais necessitados. Essas pessoas fazem a diferença em um mundo tão cruel, violento e cheio de preconceito, racismo e discriminação.

No livro do Gênesis, podemos observar que o ponto alto de toda obra criadora de Deus é o sexto dia, quando Ele cria a humanidade. “E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher.” (Gn 1,27). Nesse trecho podemos entender que todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus. A Bíblia nos ensina que Deus nos ama a todos sem distinção. E sabemos que Ele mandou seu filho Jesus para nos salvar. E Jesus veio nos ensinar a amar e nos manda amar o nosso próximo. Mas o homem na sua prepotência e orgulho se acha melhor do que os outros. No capítulo 25 do Evangelho de Mateus, Jesus diz que tudo o que fizermos com o menor dos nossos irmãos será feito a Ele. Portanto se maltratarmos uma pessoa é a Deus que estamos maltratando.

É maravilhoso sonhar com um mundo melhor e mais humano. A vida seria mais harmoniosa se todos reconhecessem a igualdade entre as pessoas e que não existisse essa doença impregnada na sociedade que é: o preconceito, a discriminação e o racismo. Dias melhores virão, essa deve ser a nossa esperança.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

VERSOS E REVERSOS - Pedro Esmeraldo

Antes desejo comentar um artigo de um cidadão cratense (José Anísio de Oliveira), funcionário público, ex-integrante do antigo Departamento dos Correios e Telégrafos – DCT, que versou sobre o assunto do desenvolvimento das duas cidades do Cariri – Crato e Juazeiro do Norte. Dizia que o desenvolvimento do Juazeiro é mais acelerado e vibrátil porque aquela cidade foi beneficiada pelas instalações de duas emissoras de televisão e duas emissoras de rádio difusora. Por isso, assim dizia: o Juazeiro sobrepujou o Crato na fase desenvolvimentista do Século XXI. Discordo do amigo em alguns detalhes. Lembro-me que desse acontecimento o Crato tinha de tudo para dominar e portar-se como cidade líder da região centro-nordestina que são: poder político, liderança bem conceituada, trabalho sério e uma natureza favorável que se adaptava muito bem para expandir a agricultura através do plantio de cana-de-açúcar e do algodão. O que ocorreu, porém, é que o rurícola cratense não possuía manejo técnico para desenvolver essas duas culturas de projeção agrícola pela qual o agricultor cratense se perdeu quando houve a queda desses dois produtos agrícolas e o cidadão permaneceu aparvalhado, quieto sem saber conduzir-se com perseverança o seu próprio trabalho. Portanto, não soube aclimatar-se com o trabalho técnico, sem procurar adaptar-se aos novos métodos da agricultura moderna, ruiu-se depressa, desmoronou-se com um baque bem grande que fez tremer toda a zona rural do Cariri. Observa-se porém que os mesmos produtores permanecem apagados, perdidos, sem ter a honra de enfrentar com altivez todas as dificuldades que surgiram no correr do período administrativo. Daí então, facilitou para que os astuciosos manobrassem com entusiasmo todo o patrimônio do Crato e arrebatassem tudo para si. Por sua vez os políticos cratenses ficando cabisbaixos, deixando todos caírem de roldão. Não esboçou nenhuma reação, já que entregaram totalmente o Crato aos inimigos rancorosos, pois da penetração do homem político aqui, arrebatando os votos dos trouxas cratenses e que sem possuir habilitação política, entregaram o Crato facilmente a esses abutres que tem como costume deixar a cidade marchando à toa, sem saber conduzir-se no caminho da perseverança e do trabalho com amor e coragem. Agora, devem se lembrar que aqui no Crato apareceram duas nações de pessoas: a nação dos políticos passados que entregaram a cidade a outra nação, denominada “nação troglodita”, astuciosa, atoleimada, fanfarrônica e muitas vezes intolerante em seu comando administrativo. Muitas e muitas vezes, pensavam que o mundo era deles e praticavam toda sorte de destempero administrativo. Praticavam medidas estapafúrdias e entregavam a cidade aos abutres que por aqui surgiram. Convém notar que entre essas duas nações encontram-se dois corpos que se repeliam entre si – cada qual procurava rastejar no escuro sem se entenderem. Eis aí meu amigo, o que foi a queda vertiginosa do Crato. Até logo.

Lula, Doutor Honoris Causa – por Armando Lopes Rafael


"Ora (direis) ouvir estrelas!

Certo Perdeste o senso"!

E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...” (do soneto Via Láctea, de Olavo Bilac)

Alguns objetarão que este Cariricaturas não é espaço adequado para debater paspalhices da política brasileira. Reconheço que essas pessoas estão certas. Aqui pulsa um blog para explanação do que há de elevado ou comovente do patrimônio material e imaterial do nosso belíssimo Cariri. Permita-me quebrar um pouco deste enlevo – pelo menos nesta única ocasião – para tratar de um assunto que traz discrepância e dissensão: a concessão de sucessivos títulos de Doutor Honoris Causa, por diversas universidades daqui e d’além-mar, ao ex-presidente da República Luiz Inácio da Silva.


A priori, lembro que tão logo foi eleito, em 2002, Presidente da República Federativa do Brasil, a Universidade Regional do Cariri – por iniciativa da então reitora Violeta Arraes – concedeu o título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Lula. Talvez por ser uma universidade pequena, de pouca projeção, Lula nunca se dignou vir receber a homenagem. Ele, por diversas vezes, esteve em Juazeiro do Norte, a dez quilômetros de Crato, e só nos últimos dias de seu governo esteve aqui, numa noite, no Sítio Loanda, onde se empanturrou com um pato frito com farinha, como atestaram os poucos convidados para aquele jantar. Diferentemente ele agiu com outras universidades que lhe concederam idêntica honraria...


Reconheço que ao discordar dessas concessões terei o repúdio dos admiradores (sem excluir os reles bajuladores) do ex-presidente, um homem de inegável inteligência que chegou ao mais alto posto da República. Não faltarão os que me tacharão de invejoso, preconceituoso, como sói acontece com qualquer crítica – por mais justa que seja – feita ao político Luiz Inácio da Silva.


Faço minhas as palavras do ilustre professor Délcio Vieira Salomon, da Universidade Federal de Viçosa (MG) quando protestou por idêntica honraria concedida a Lula, por aquela instituição: “A bajulação política não só banalizou a outorga do título “doctor honoris causa”. Transformou em princípio pedagógico e ético o que antes era comportamento repudiável. Que fique bem claro: historicamente um Doutor honoris causa (ou Doctor honoris causa) recebe o mesmo tratamento e privilégios que aqueles que obtiveram um doutorado acadêmico de forma convencional e é conferido a pessoas eminentes, que não necessariamente sejam portadoras de um diploma universitário, mas que se tenham destacado em determinada área (artes, ciências, filosofia, letras, promoção da paz, de causas humanitárias, etc), por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições.

Sublinhe-se: transcendam e não atinjam, por demagogia ou por efeito de marketing, patamar do elogio gratuito”.


“Afinal para quem acompanhou o governo Lula como observador, sem implicações interesseiras, sabe muito bem que aquilo que o Conselho Universitário da UFV chama de “defesa das causas sociais” é, no frigir dos ovos, nada mais que pura e deslavada demagogia. Quando este país aplicar honesta apuração das contas do governo passado, verá, lamentavelmente, que gastos públicos com bolsa família, bolsa escola e programas equivalentes a constituir “defesa de causas sociais” não passam de engodo já varrido para debaixo do tapete, do mesmo modo que se varreu o mensalão e quejandos malabarismos, a despistar a transparência, que nunca houve nos dois governos Lula Inácio da Silva”.

Esta a minha opinião, na qualidade de simples e anônimo cidadão, no tocante ao seriado de títulos de Doutor Honoris Causa que pipocam, de forma orquestrada e unicamente com motivação política, ora concedidos ao Sr. Luiz Inácio Lula da Silva.