Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

VIAJANDO PELA BR 116

Coragem ou loucura?
- Claude Bloc -


Comprei a passagem. Vir ao Crato é sempre uma alegria e por isso o entusiasmo me privou da razão. Comprei, então, essa passagem às cegas. Não atentei para um detalhe importantíssimo: o roteiro.

Pois é, nessa bobeira acabei vindo pela BR 116. Jaguaribe, Icó... Chegando na cidade de Icó a chuva começou a engrossar. Buracos à parte até aí a viagem foi normal. Vim de “Executivo” que deveria ter um mínimo de paradas e um certo conforto. Acostumada com o “lombo” dos ônibus dormi até esse ponto.

Depois disso, um senhor começou a bodejar. Parece que na parada havia tomado “chá de chocalho”. Contou mil histórias de “unha de gato”, chuva, roça, caminhão atolado, Brejo Santo alagado... Eita, uma verdadeira enfieira de histórias intermináveis. Creio que em outra situação eu até tivesse gostado de ouvir aquilo, mas em plena madriugada, olhos pesados de sono e o frio tomando conta da gente, embaçando os vidros, realmente não dava pra aguentar. E não adiantava tapar os ouvidos...

O tal senhor desceu em Milagres. Mas aí o ônibus seguiu rumo a Brejo Santo. Saindo de lá ainda debaixo de chuva, foi a hora de passar por uns 5 km de estrada de terra, (desvio), ou melhor, de lama. Barro e piçarra. E a chuva caindo. O ônibus parecia um barco em alto mar, andando a uns 5 km por hora e bambeando para um lado e pra outro. Um martírio para quem tem trauma de atoleiro.

Saindo de Fortaleza às 21:45, cheguei ao Crato às 8 da manhã. De Juazeiro ao Crato fui a única passageira. Crato? debaixo d’água. Rua José Carvalho um verdadeiro rio. Eu? De volta ao Crato.

Às 13:30h, na URCA, meu curso de Especialização. Depois de um baião com pequi.

Claude Bloc

Lua (Tributo a Zé do Norte) - Aloísio





Lua
(Tributo a Zé do Norte)


Quisera ser um poeta
E poder cantar-te oh lua!
Orgulhosa e benfazeja
Em todas as fases tuas
Dizendo: desça daí, venha cá!
Pra eu poder te abraçar

Nos alegres devaneios
De meus sonhos de menino
A lua crescente chegando
O tamanho sempre aumentando
A gente pro terreiro saindo
Pra ficar te espiando

Ficando toda inteira
A lua cheia se mostrava nua
Que ciúmes do São Jorge
Ocupando a casa tua
Mas tu pra mim não olhavas
E eu passeando na rua

A diminuição vinha chegando
E o negror ocultando
Boa parte de teu corpo
Enquanto teimavas em luzir
Quando teu corpo cobria
Nova fase já viria

Assim chegas oh lua nova
Escondida, toda um breu
Provocando assombrações
Nos caminhos já sem luz
A criançada com medo
Chamando Senhor Jesus!



Aloísio

Lua Bonita - Zé do Norte / Zé Martins


Lua Bonita
(Zé do Norte / Zé Martins)

Lua bonita, se tu não fosse casada
Eu preparava uma escada pra ir no céu te beijar
E se colasse teu frio com meu calor
Eu pedia ao nosso senhor para contigo casar

Lua bonita, me faz aborrecimento
Ver São Jorge, n’um jumento, pisando teu quilarão
Pra que casaste com um homem tão sisudo
Que come, drome, faz tudo dentro do seu coração?

Lua Bonita, Meu São Jorge é teu senhor,
E é por isso que ele veve pisando no teu esplendor
Lua Bonita se tu quer o meu conseio
Vai ouvindo, eu tou alheio, quem te fala é meu amor

Deixa São Jorge no seu jubaio amuntado
Vem cá, para o meu lado, pra gente viver sem dor.

Zé do Norte



Alfredo Ricardo do Nascimento, conhecido como Zé do Norte, (Cajazeiras-PB, 18 de dezembro de 1908 — Cajazeiras-PB, 2 de outubro de 1979) foi um músico brasileiro.
Zé do Norte publicou o livro "Brasil Sertanejo" em 1948 e cinco anos depois atuou como consultor do linguajar nortista e compositor da trilha sonora do filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto (1953). Sua música "Mulher Rendeira" (sobre motivo atribuído a Virgulino Ferreira, o Lampião) ficou mundialmente conhecida após ser incluída no referido filme.
Entre suas mais de 100 composições, a segunda mais famosa é "Sodade Meu Bem, Sodade" (1955), regravada por vários intérpretes, como Nana Caymmi e Maria Bethânia.
Suas músicas foram interpretadas por uma gama variada de artistas, incluindo Raul Seixas (ele gravou uma bela versão de Lua Bonita, no disco A Pedra do Gênesis, de 1988), Caetano Veloso (ele inseriu a música Sôdade, Meu Bem, Sodade, no disco Transa, de 1972, ao longo da execução de sua música It's a Long Way), Geraldo Azevedo (Meu Pião) e Joan Baez (Mulher Rendeira).
Recentemente foi gravado o CD Lua Bonita, com músicas de Zé do Norte, pela cantora Socorro Lira, com participação de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Sandra Belê, Vanja Orico e Zé Paulo Medeiros, em comemoração ao centenário de nascimento ocorrido em 2008.

Fonte: Wikipedia / CD Lua Bonita, Zé do Norte – 100 Anos, Socorro Lira

Os cinemas do Crato - Emerson Monteiro

O derradeiro filme que vi num dos cinemas cratenses foi Dança com lobos, com Kevin Costner, no Cine Cassino, pertencente a Mário Correia, durante sessão noturna de meio de semana. Com isso, para mim se fechavam as cortinas dos históricos cinemas, nesta terra de cultura e educação.
Ainda lembro com intensidade grandes filmes que vi no Cine Moderno, sessões das 16h dos sábados e domingos. As séries das 14h, no Cassino, no Moderno, superlotadas, gente em pé, corredores tomados, assobios, gritos, palmas, calor de saúna, suor de escorrer pelo pescoço, fachos dos projetores cruzando o escuro da sala, pessoas frenéticas em movimento constante quase a sessão toda, enormes fila na entrada, meninos vendendo revistas em quadrinhos, tabuleiros de bombons, carros de pipoca do lado de fora, ventiladores de coluna zoando alto, recepcionistas com laterna indicavam as poltronas vazias aos retardatários e a sonorização característica para abrir as cortinas (zuuuuuuuum, num sinal elétrico demorado), em preparação ao espetáculo, etc. A reforma do Moderno pelo seu derradeiro proprietário, Macário de Brito Monteiro, sucessor do tio Ormínio de Brito, foi acontecimento que marcou época e a história da cidade.
Depois, abriria suas portas em noite memorável o Cine Educadora. Um outro teatro de inolvidáveis películas trazidas a público. Na sua inauguração, exibiu Os cavaleiros da távola redonda, com Robert Taylor e Ava Gardner, onde não pude entrar por ter menos de 14 anos. Era uma sala confortável, cheia de janelas venezianas, de poltronas estufadas, espaçosa, um luxo só.
Já sumira o Cine Rádio, da Rádio Araripe, na Rua Nélson Alencar, onde assistira O cangaceiro, sucesso mundial do diretor brasileiro Lima Barreto, junto com meus pais. Também até 14 anos, mas acompanhado conseguira entrar com o coração aos pulos. Uma semana antes da idade mínima ainda cheguei a ser barrado na entrada do Moderno, para minha contrariedade. O Comissariado de Menores, ao qual depois pertenceria, funcionava com presteza e eficiência, terror da garotada ansiosa pelos filmes proibidos, sempre os mais procurados.
Nesse meio tempo de salas de exibição maiores, uma experiência de cinemas menores aconteceu em paralelo. José Hélder França (o poeta Dedé França), na década de 60, chegara a iniciar, pelos bairros, rede alternativa que exibia filmes na bitola 16mm, no entanto a proposta durou poucos meses.
Lembro desses cinemas menores, um na esquina de cima do Colégio Diocesano (Rua Ratisbona), o Cine São Francisco, e outro no Bairro do Seminário, o Cine São José. Se a memória não me engana, houve também outro nas imediações da Igreja de São Miguel, na Rua da Cruz, ainda a ser confirmado pelos memorialistas.
Em um dos armazéns existentes no final da Rua Santos Dumont, proximidade dos postos de Antônio Almino de Lima, quiseram, na primeira metade da década de 60, também montar um cinema em 16mm. Porém a tentativa frustrara nas primeiras sessões; a máquina emperrava após iniciada a projeção. Na primeira noite, recebemos saídas para a noite seguinte. Voltamos, eu e um operário de meu pai. De novo não passou da metade do filme. Retornamos na terceira e última noite. Pois, quando a máquina quebrou deu-se por perdido e até o dinheiro dos presentes eles devolveram.
Tenho notícias de outro cinema do Crato, que não cheguei a conhecer. Sei dele através dos escritos de Florisval Matos, o Cine Paraíso, que funcionou em prédio da Praça da Sé, no quarteirão onde ora existe a loja Hippie Chic e que antes abrigara a Cooperativa do Banco do Brasil e a Biblioteca Municipal.
Jackson Bola Bantim por sua vez nos informou que seu bisavô, Luiz Gonzaga de Oliveira (Gonzaguinha), nascido no Crato na segunda metade do século 19, fotógrafo, aqui acompanhou a visita de um grupo francês que exibia filmes pelo interior cearense. Interessado na nova arte, viajou a cavalo até Fortaleza, lá adquiriu um projetor e fundou, no prédio n.º 25 da Rua Miguel Limaverde, o primeiro cinema cratense, denominado Lanterninha Mágica, isso bem nos primeiros anos do século XX.
Eis, portanto, ligeiro apanhado da história das salas de cinema no Crato, anotada nesta fase em que aguardamos o retorno de um estabelecimento que corresponda, em nossa comunidade, ao progresso avançado da apreciada e resistente Sétima Arte no resto do mundo, pois no momento, para contrariedade dos muitos apreciadores, não há um único lugar de exibição de filmes em nossa cidade.

Alice Ruiz




Então é você Música:
Estrela Ruiz Leminski

Letra: Alice Ruiz

Então é você
que bem antes de mim
diz o que eu queria dizer
tão bem quanto eu diria.
E quem diria?
ainda melhor

Acho que teu nome é poesia
e por isso todos te chamam

Então é você
tua simples presença
preenche a minha existência
me faz ver o que eu não via.
E quem diria?
ainda melhor

Acho que teu nome é vida
e por isso todos te querem

Então é você
que quando fala
instala a compreensão
de tudo que eu seria.
E quem diria?
Ainda melhor

Acho que teu nome é amor
e por isso todos te amam

E quando todos te chamam
quem sou eu pra não chamar?

E quando todos te querem
quem sou eu pra não querer?

E porque todos te amam
“eu sei que vou te amar"

Eduardo, você se lembra?





Juriti
Tripa Lipa

Meu coração tem um desejo imenso
de ver o dia nascer pelo avesso(2x)

Meu coração, mão de pilão
Tem o jeito do avoaaaaaar!

Bota água na bacia
que a cara do dia tá querendo vir,
tira a tranca da janela
que de manhã cedo eu quero veer
o vôo da juritiiii(2x)

Meu coração tem um desejo imenso
de ver o dia nascer pelo avesso(2x)

Meu coração, mão de pilão
Tem o jeito do avoaaaaaar!

Bota água na bacia
que a cara do dia tá querendo vir,
tira a tranca da janela
que de manhã cedo eu quero veer
o vôo da juritiiii(2x)

São Lázaro



São Lázaro

Discípulo e amigo de Jesus, irmão de Marta e Maria, residentes em Bethany, subúrbio de Jerusalém em Israel. Morreu e foi ressuscitado por Jesus vários dias após a sua morte a pedido de Marta onde Jesus por varias vezes se hospedou e a considerava uma excelente cozinheira. Teria sido a inabalável fé de Marta que teria dito "Não tem importância, Jesus vai cura-lo apesar de já estar morto. Vão chama-lo ". Diz a tradição que Lázaro já estava fedendo quando Jesus chegou para salva-lo. Não há dúvida que foi o maior milagre de Jesus.

Segundo uma das varias tradições, Lázaro, Marta e Maria vão a França onde ele se torna o primeiro bispo de Marselha antes de ser martirizado. Em outra versão Lázaro e suas irmãs vão para Chipre onde ele se torna bispo de Kition ou Lamaka. As suas supostas relíquias teriam sido transladadas para Constantinopla e varias igrejas e capelas foram erigidas em sua honra na Síria.

A Basílica de São Lázaro, santo padroeiro de Lanarka, construída em 890 DC era um templo cristão do quinto século no qual existia um sarcófago com a inscrição: "Lazarus, o amigo de Cristo". Isto reforça a tradição que ele viveu sua "segunda vida ressuscitado" em Kition, Lanarka.

A devoção a Lázaro era muito comum na Igreja antiga

wikipédia

Fechada a lista de poarticipantes do Cariri II

Pensamento para o Dia 17/12/2010


“A influência desconcertante de Maya (ilusão) é a consequência das ações acumuladas das vidas anteriores de uma pessoa. Você pode escapar de Maya através das boas ações. Se boas ações marcaram as vidas anteriores, qualquer tendência pecaminosa pode e será dominada pelas tendências virtuosas nesta vida. Você terá fé na divindade, se conectará com o Divino e passará a vida amparada no Divino. Por outro lado, aqueles que cometeram crimes horríveis em vidas passadas têm a visão terrivelmente escurecida, e isso os impede de ver o Divino. Essa pessoa nunca se lembra de Deus e de Sua obra, nunca anseia pelo seu próprio bem e pelo bem dos outros. Eles vêem as coisas com um ponto de vista falso. Deleitam-se na iniquidade e envolvem-se em atos perversos.”
Sathya Sai Baba

PÉ D'ÁGUA EM FLOR - por Ulisses Germano

Hugo Linard (Exposição do Crato - Foto: Nandi Riguero)
                                 
                       Escrevi e musiquei o xote Pé d'água em Flor no ano de  2007 aqui na cidade do Crato. Letra na mão, melodia na cabeça, sai a procura de um sanfoneiro que pudesse embelezar ainda mais o xote dedicado ao casal amigo Josenir e Miguel e a maior riqueza natural do Cariri: a Água. Perguntava pedindo  pra todo mundo  o nome de um sanfoneiro de primeira linha. A resposta era sempre a mesma: Hugo Linard! Foi o  Dr. Macário  quem me apresentou Hugo Linard pelo telefone. O xote foi gravado nos estúdios de Ibertson e teve o acompanhamento do precioso Tico da Zabumba. Teve também a participação de Tâmera, neta de Josenir e Miguel. É daqui do CARIRICATURAS que eu desejo um Feliz Natal para o sanfoneiro que, esticando o fole por inteiro, abraça feito Luiz Gonzaga o nosso povo festeiro.
                               
                     Aproveitando o pé d'gua de hoje, eis a letra:


PÉ D'ÁGUA EM FLOR
Letra e Música: Ulisses Germano
Daqui a pouco vai cair um pé d'água 
Uma chuva grossa de fazer doer
O raio avisa e o trovão confirma
E a chapada adorna o aviso do chover

Vai ter batata feijão verde e de corda
Milho verde, macaxeira, pequi e sapoti
Mas se o pé d'água descer muito pesado
Morador desavisado não vai ter pra onde ir

As coisas certas não dependem da sorte
Quem quiser driblar a morte é melhor se prevenir
A água abraça e também abate
Eu já vi pé de abacate na chuva grossa cair

Quem se acha feio morre cedo ligeiro
Sem saber qual o segredo que essa chamad'água tem
Seu gosto neutro guarda um mistério
Que as sereias nem na morte contam pra ninguém

Tem pé de bode, pé de cabra ligeiro
Sanfoneiro, moça pobre deixando de lamentar
Miguel sabia que o bom tom do mundo
É ter o amor profundo de alguém a quem zelar

Chutando água na cada dos oito
Sendo afoito na faxina inteira
Do interior do meu lar
É quando o amor transborda no peito
Que o coração meio sem jeito
Acha um jeito certo de perdoar

Paro por aqui senão ninguém decora
A letra que ora implora o desejo de Josenir
É bom saber que tem alguém no mundo
Que zela pelas águas que banham o cariri

O papel do Estado no Direito à Saúde - José do Vale Pinheiro Feitosa

Como em todo sistema capitalista os papéis públicos e/ou sociais no direito à saúde oscilam entre a finalidade e o processo de acumulação de riquezas pelas empresas e pessoas de negócios. Ao contrário do que dizem os virtuosos do mercado, é mais comum haver contradição entre os papéis e o processo do que igualdade entre os dois.

Como o papel do Estado não é tornar médicos e empresários da saúde em milionários, com carros importados caríssimos, casas espetaculares em alguma ilha de Angra dos Reis, apartamentos em Miami e contas bancárias em paraísos fiscais, fica a primeira lição de quem deseja analisar a gestão de saúde no Brasil. É que a saúde virou um negócio tão estúpido que estamos em vias de perder o direito a ela em face de uma ganância por acumular lucros.

Agora mesmo, com capitais da Bradesco Seguros, o Laboratório Fleury está adquirindo a Rede de Laboratório Dor, numa transação de um bilhão de reais. Para o mercado isso é estimulante, mas para o cidadão, especialmente aquele que detém planos de saúde, pode apenas significar monopólio, preços altos e redução de pontos de atendimento. Diga-se que no Rio de Janeiro isso é pedra de cal dos últimos anos de laboratórios associados a pioneiros destes meios diagnósticos como Helion Povoa, Maiolino e Sergio Franco.

Aí é que entra o papel do Estado e especialmente do Ministério da Saúde que parece ter se tornado apenas num grande gestor de planos de saúde público. Ao contrário cabe ao ministério todos os assuntos espinhosos da sociedade, entre epidemias como a Dengue e o monopólio de agentes privados que põem em risco a economia popular.

Os quase cinqüenta milhões de brasileiros que têm planos de saúde sofrem em consultas médicas rasteiras, de uma epidemia de exames desnecessários e de uma restrição, contraditoriamente, em exames essenciais que são caros. Sofrem nas emergências dos hospitais privados, não têm acesso a medicina intensiva e problemas com cirurgias, até mesmo eletivas.

Há um movimento de concentração de empresas gestoras de planos de saúde, compras de carteiras e medidas, até mesmo do agente regulador do Estado numa idéia que a concentração dar sustentação ao mercado sem o devido contraponto à monopolização danosa à economia. O Estado que sofre a erosão da corrupção em suas verbas, também recebe o “assédio” destes agentes que tentam apenas concentrar poder e dinheiro cada vez mais.

Não é possível uma democracia com acesso universal à saúde do modo como o Estado está sendo usado para facilitar negócios concentrados, albergar “fornecedores” que não passam de lobistas, muitos dos quais no caixa das campanhas de deputados e senadores, a “vender” normas que obrigam o consumo de certos “produtos de saúde”. O problema da saúde pública brasileira não é má gestão, isso é desculpa para privatizar ainda mais. O problema é não enfrentar a contradição entre o processo de acumulação das empresas de saúde que se tornaram mais poderosas e capitalizadas após a Constituição de 1988

Carisma e magnanimidade - José Nilton Mariano Saraiva

Definitivamente, apesar da ira, inveja e rancor dos “eternamente do contra”, ele jamais deixará de ser o “cara”. Tanto é que, “nunca antes na história desse pais” um Presidente da Republica, ao final de longevos oito anos de mandato, conseguiu o que muitos consideravam impensável: ser considerado e divulgado (até mesmo pela sempre raivosa mídia e institutos de pesquisa adversários) o melhor e mais bem avaliado dentre tantos que já sentaram no “trono” presidencial desde que o Brasil transformou-se em “república”.
Ao contrário dos infelizes antecessores, que praticamente escorraçados foram da função pública ao final dos respectivos mandatos (que o diga o prolixo FHC), ele prepara-se para deixar o cargo com índices de aprovação recordes e estupendos (e em todas as regiões do país, frise-se), tanto em relação ao seu governo, como no tocante à sua conduta pessoal. E vai deixar saudades. Muitas. Estrebuche quem quiser.
Não é sem razão, pois, que por onde anda, por ande passa, por onde trafega, o SEU povo faz questão de prestigiá-lo, saúda-lo, aclama-lo, paparica-lo e mostrar-lhe reconhecimento e gratidão pela auto-estima reconquistada (só comparável ao tempo de JK), pela respeitabilidade que o país hoje merecidamente desfruta no cenário internacional, pelo astral positivo que se apossou dos mais necessitados e, enfim, pelo muito que foi feito pelo país nesses últimos oito anos, especialmente pela sofrida classe trabalhadora.
Carismático e originário do seu núcleo (da classe trabalhadora), disso ele se orgulha e sempre faz questão de lembrar, aqui ou nos mais sofisticados e nobres salões mundo afora. Assim como demonstra, e não poderia ser diferente, conhecer a fundo, no íntimo e em detalhes, seus anseios, certezas, sofrimentos, agruras, incertezas e momentos felizes.
Sabe, por exemplo, porque o vivenciou no dia-a-dia e durante anos a fio, que para o “trabalhador” (pertencente a qualquer categoria profissional) não tem dia mais sacal, longo, cansativo e extenuante do que uma segunda-feira (e todos que labutamos sabemos disso: a segunda é um dia sofrido, que parece “não acabar mais”); além do que e principalmente, tem consciência plena que após um final de semana onde exagerou e se esbaldou a não mais poder com a família (principalmente agora, que tem renda pra isso), o que o “trabalhador” mais quer ao final de uma pavorosa segunda-feira, é chegar em casa o mais rápido possível, tomar um banho revigorante, “forrar” o estômago, deitar em sua rede, assistir sua novela e privar de um merecido e justo repouso(se possível sonhando com os anjos).
Pois bem, a reflexão acima tem a ver com a notícia de que o presidente Lula da Silva esteve no Crato, na noite de segunda-feira (13), mas (segundo maldosamente espalharam seus desafetos), teria evitado congraçar com a população, preferindo participar de uma festinha privada (não esqueçamos que, em oportunidades outras, baixaram o malho e exacerbadamente o criticaram, rotulando-o de populista, de querer aparecer de qualquer jeito, de ser um demagogo e por aí vai, por fazer exatamente o contrário: procurar e fazer questão de congraçar com o SEU povo).
Se houvesse, pois, neste momento, pelo menos uma gota de bom-senso e parcimônia, se presente se fizesse um resquício apenas de boa vontade, se prevalecesse um átimo de sabedoria, saberiam seus desafetos que, se assim o quisesse, o Presidente Lula colocaria, sim, o SEU povo nas ruas do Crato, em plena meia-noite ou mais tardar; que o SEU povo acorreria, sim, em massa ao seu chamamento (entupindo suas ruas e avenidas), bastando, para tanto, que houvesse sido autorizada a divulgação da sua passagem pela cidade.
E, no entanto, o constatável é que assomou mais uma vez a “magnanimidade” do estadista Lula; que se fez presente o profundo respeito que devota ao SEU povo; que emergiu, porque carismático, a compreensão simplória de que o SEU povo, que passara um final-de-semana a queimar calorias em justas e merecidas atividades outras (levantamento de copo, deglutição de uma paneladazinha básica e por aí vai), agora, após uma segunda-feira de ressaca braba, necessitava de repouso, de descanso, de tranqüilidade, de paz.
Desnecessária a exteriorização do sentimento gratulatório em plena calada da noite, já que ELE e o SEU povo não precisavam demonstrar o que todos sabem e os números não permitem esconder: “jamais na história desse país” (excetuando-se os tempos de JK), um Presidente da República gozou de tamanho afeto, carinho e reconhecimento público.
O resto ??? O resto é perfumaria barata. De quinta categoria.

O que temos feito de nossos caminhos? Por:Manoel Severo

Sabemos qual nosso caminho? Que caminho a seguir? Sabemos pelo menos onde queremos chegar? Rimos quando nos provocam dizendo: “Quando não sabemos onde queremos chegar, qualquer caminho serve...” Ou mesmo quando nos falam; que "todos os caminhos levam a Roma"...Porque todos os caminhos levam a Roma? O que deveríamos mesmo fazer mesmo em Roma?

São tantos os caminhos, todos eles acabam sempre nos levando a algum lugar, alguns nos proporcionam ir à frente, outros; nos fazem retroceder, há ainda aqueles que nos imobilizam, não nos deixam sair nunca... Nunca mais.

Que caminhos temos escolhido para nós?

Muitas vezes queremos que os caminhos nos tragam respostas, respondam as angústias de nosso coração, as incertezas de nossa alma... Ah... Isso não acontece, na verdade os caminhos nos mostram nossas próprias respostas, as respostas construídas não a partir de um único passo, mas as respostas construidas ao longo de uma vida... Ou de muitas, inúmeras vidas.

Como cobrar do caminho tamanha responsabilidade?

Como não saber e entender que quem acaba fazendo o caminho são os caminhantes? Somos bons ou maus caminhantes? Estamos caminhando? O que temos feito de nossos caminhos?

Por: Manoel Severo

Boas Festas!

"Que bobagem falar que é nas grandes ocasiões que se conhece os amigos! Nas grandes ocasiões é que não faltam amigos. Principalmente neste Brasil de coração mole e escorrendo. E a compaixão, a piedade, a pena se confundem com amizade. Por isso tenho horror das grandes ocasiões. Prefiro as quartas-feiras."
(Mário de Andrade)


Como o poeta, também sou avessa a datas marcadas e tudo o que é muito divulgado, elaborado e programado. Gosto mesmo é do inusitado, a espontaneidade da surpresa, delicadezas da descoberta. Entretanto, em se tratando de final de ano, nunca é demais ressaltar a importância de certos valores, aos quais sinto-me intimamente ligada e com os quais procuro pautar minhas relações. Afinal, nos dias atuais, o ter é a meta e o ser ficou para segundo plano; claro, com raras exceções. O fato é que vivemos num mundo de consumo e superficialidade, no qual os laços de amizade, caráter e respeito têm se desfeito com uma naturalidade que me assombra. Nessas poucas - mas profundas - linhas, venho para lhes dizer quanto tem sido bom lhes conhecer melhor, pois, para mim, é indispensável e gratificante ter afinidade. Mais que sempre, ela é o que me move. Infelizmente, tive um ano turbulento e não pude ser tão presente quanto gostaria, mas estive ligada ao Cariricaturas na medida do que me foi possível, e o fiz por nossas afinidades, a cumplicidade que criamos. Esse é o elo! E baseada nesses tênues e significativos detalhes, trago-lhes os votos de dias felizes e de paz. Dias em que possamos dar as mãos e contribuir por um mundo melhor, mais humano e solidário, um mundo de gentilezas e afinidades!

Boas festas! Um novo ano feliz.
Com flores, poemas e canções!


Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim,
Vera Barbosa