Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 5 de julho de 2011

Programa Cariri Encantado Sonoridades – 06/07/2011

J. Flávio Vieira: Mistério e Encantamento na Literatura Infantil Regional

O conhecido escritor, que também é renomado médico, J. Flávio Vieira, ou simplesmente Zé Flávio, é um velho guerreiro da contemporânea Tribo Kariri. E como membro antigo desta neo-tribo, José Flávio é uma espécie de xamã, pois faz o papel de repositório do saber, da tradição e da memória locais. Desta forma, Zé Flávio vem, de longo tempo, escrevinhando uma profícua e interessante obra relacionada com estas temáticas culturais.

Ele iniciou-se na carreira de escriba no jornal “Vanguarda”, já nos anos de 1960; passando pelos jornais “A Ação” e Folha de Piqui e pelas revistas “A Província” e “Itaytera”, todos do Crato, até se firmar como um assíduo colaborador da Rádio Educadora do Cariri, para onde escreve, aos sábados, desde 1997.

Sua biografia relacionada à produção cultural e artística é extensa, com destaque para sua participação nos festivais regionais da canção do Cariri, na década de 1970, como autor de poemas musicados, e pela sua incursão na dramaturgia, como autor da peça “A terrível peleja de Zé Matos com o bicho babau nas ruas do Crato”. Além do mais, Zé Flávio lançou o elogiado livro de crônicas “Matosinho vai à guerra”.

Agora, Zé Flávio “aprontou” mais uma (numa boa). Contemplado com o Prêmio Rachel de Queiroz de Literatura Infantil, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, Zé Flávio produziu e publicou um arrojado projeto lítero-musical que vai ser lançado amanhã, quinta-feira, às 19 horas, no Teatro Municipal Salviano Saraiva Arraes. Trata-se do livro infantil “O mistério das treze portas no castelo encantado da ponte fantástica” que vem acompanhado de dois Cds: um disco contendo a versão musical do livro, trazendo poemas de Zé Flávio musicados por compositores da região; e outro, um áudio livro, com a narração interpretada da estória.

O programa Cariri Encantado Sonoridades desta quarta, 6 de julho de 2011, antecipará para os ouvintes uma seleção das músicas que integram o projeto musical do livro, com destaque para a participação de compositores, músicos e intérpretes da região do Cariri, a exemplo de Abidoral Jamacaru, Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Leninha Linard, Pachelly Jamacaru, João do Crato, Ibbertson Nobre, Ermano Moraes, Maestro Bonifácio Salvador, João Neto, Fatinha Gomes, Luis Fidélis, Zé Nilton Figueiredo, André Saraiva, Amélia Coelho, João Nicodemos, Elisa Moura, Ulisses Germano e mais alguns.

Onde ouvir
Rádio Educadora do Cariri AM 1020 e www.radioeducadoradocariri.com

Humor...leve

O “OVIGOPÓLIO” (De: Luis Fernando Veríssimo)

O ladrão(L) foi flagrado roubando galinhas do vizinho e o levaram para a delegacia, onde se deu o seguinte papo com o Delegado(D):
D- Que vida mansa, hein, vagabundo sem vergonha? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai ficar um bom tempo enjaulado, seu escroque!
L- Não era pra mim não, doutor. Era pra vender.
D- Pior, muito pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha, fdp !
L- Mas eu vendia mais caro.
D- Mais caro, como ?
L– É que eu espalhei o boato que as galinhas do vizinho eram bichadas e as minhas galinhas, não. E que as do galinheiro dele botavam ovos brancos, enquanto as minhas botavam ovos marrons.
D- Mas eram as mesmas galinhas, seu marginal ordinário.
L- É que os ovos das minhas eu pintava.
D- Que grandessíssimo pilantra. Ainda bem que te capturamos. Já pensou se o dono do galinheiro te pega ???
L- Já me pegou, já me pegou, doutor. Fiz um acerto com ele. Comprometi-me a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um “ovigopólio”.....
D- E o que você faz com o lucro do seu negócio, mestre ? (olha só a mudança no tratamento).
L- Bem, doutor, eu especulo com dólar, euro e libra. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas e também comprei alguns deputados e uns oito ministros do Supremo Tribunal Federal. Com isso, consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação escolar do governo e, claro, superfaturo os preços.
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Nisso, deu-se a guinada definitiva: intrigado, o delegado mandou pedir um cafezinho para o preso, perguntou-lhe se estava bom de açúcar, se a cadeira em que ele estava sentado tava confortável, se ele não queria uma almofada e tal, e depois indagou:
D- “Doutor” (olha a reversão na mudança de tratamento), não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
L- Trilionário, doutor, trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
D- E com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
L- Às vezes. Sabe como é...
D- Não sei não, excelência. Por favor, se não for incômodo, explique-me.
L- É que em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. Do risco, doutor, daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. E só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão de verdade, atuante; e isso é excitante, indescritível. Mas, como agora fui preso, finalmente vou para a cadeia, ver o sol nascer quadrado. Vai ser uma experiência nova.
D- O que é isso, excelência? Que conversa sinistra é essa ??? O doutor não vai ser preso, não. Só se for por cima do meu cadáver.
L- Mas eu fui pego em flagrante, pulando a cerca do galinheiro!
D- Sim, sim, tudo bem. Mas o “Doutor” é primário. E com esses antecedentes, então...
Aceita um cigarrinho, uma cervejinha gelada, um wyskie ???

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CLASSIFICADOS DOS “CASADOS”

01) Um homem anunciou nos classificados; Procura-se esposa.
Dia seguinte recebeu centenas de cartas, num mesmo teor: Pode ficar com a minha.
02) Filho: Pai, quanto custa para casar??? Pai: Não sei, filho, ainda estou pagando.
03) Filho: Pai, é verdade que na Arábia o homem não conhece sua esposa antes de casar? Pai: Aqui também é assim filho.
04) Marido: Se não fosse pelo meu dinheiro, essa casa não estaria aqui. Esposa: Querido, se não fosse pelo seu dinheiro, EU não estaria aqui.
05) Judite: Fui eu que fiz o meu marido milionário. Clarice: E o que seu marido era antes ? Judite: Bilionário.
06) Alberto: Eu tinha tudo – dinheiro, casa bonita, carro esporte, o amor de uma linda mulher e, então...tudo acabou. Joaquim: O que aconteceu ? Alberto: Minha mulher descobriu.
07) Sérgio entra em casa correndo e grita: Marta arrume suas coisas. Acabei de ganhar na loteria. Marta: Você acha melhor que eu leve roupas para frio ou calor ? Sérgio: Leve tudo, você vai embora.
08) Pense bem: se não fosse pelo casamento os homens viveriam pensando que nunca erram. Pessoalmente, acho que uma das melhores coisas do casamento é que, como pai e marido, posso dizer o quer quiser lá em casa. Ninguém liga mesmo...
09) Um homem disse que o seu cartão de crédito havia sido roubado, mas que ele havia decidido não avisar à polícia; é que o ladrão gastava menos que a mulher.
10) Valter: Minha mulher é um anjo. Gonzaga: Você tem sorte; a minha ainda está viva.
11) Qual a semelhança entre a Av. Paulista e o casamento ? É que ambos começam no Paraíso e terminam na Consolação.
12) Dois tipos de pessoas felizes: homens solteiros e mulheres... casadas.
13) Semelhança entre um casamento e um submarino: ambos bóiam, bóiam, mas foram feitos mesmo pra afundar.
14) Casamento: o dobro da despesa com a metade da diversão.

Lua e Vênus, a conjunção cósmica do AMOR – Por Heládio Teles Duarte

Foto: Heládio Teles Duarte

SERRA VERDE - MISSA DE DOMINGO.

Local: Serra Verde.

Nada é mais como nos tempos áureos. O movimento cessou, o turbilhão movido a trabalho entrou em colapso, mas nossa alma se enche ainda de emoções e de alegria quando nos reunimos nessa terrinha abençoada. Parece até que conseguimos captar aqui e ali as palavras de Hubert e Janine Bloc Boris - nossos pais - fazendo delas um eco e com elas nos (re)vestindo de uma energia forte e transbordante. Tony Bloc falou uma coisa séria e que nos faz refletir: "Depois que esta nossa geração Bloc-Boris se for, a Serra Verde se perderá." Nossos descendentes não mais se ligam à terra, não têm amor àquilo ali. Então, vai ficar sem jeito. 

E hoje a Serra Verde continua lá sofrendo o abandono e as ranhuras do tempo. Mas somos conscientes de que no momento em que pisamos lá, é lá que queremos estar para absorver a sinfonia serena do nosso passado e para entender as dificuldades que nos vêm com a chegada destes dias de hoje.

A cada vez que atravessamos o portal da Fazenda, voltamos um pouco a ser crianças, e nos pomos a recordar os bons momentos que lá vivemos e a fazer da saudade apenas um alento.

Domingo foi dia de missa. A capela da Serra Verde foi doada à diocese de Caririaçu há algum tempo para que fosse cuidada e não caísse no abandono total. Tony cobrou a atenção a esse acordo tácito: a celebração da missa. A capela idealizada por Hubert Bloc - inclusive as imagens desenhadas e projetadas por ele - foi devidamente cuidada e os maribondos que povoavam o seu interior foram enxotados devidamente.
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Para assistir à missa, vieram pessoas do Sítio Jardim (da família Botelho), de Caririaçu e da própria Serra Verde. Tony veio com Dominique de Sobral, Francois, Regina e eu (Claude Bloc) fomos de Crato.

Atenções à palavra de Cristo. Reflexão e paz de espírito.

Flagrante. Contrição. Sorriso contido.
Momento íntimo de encontro com Deus. Lembrança presente dos ausentes.

Unidos num só pensamento. Serra Verde acolhe a todos.


Claude Bloc

O conflito das duas naturezas - Emerson Monteiro

Vezes outras e imaginava o que aconteceria no íntimo dos que escolhem trilhar a vida religiosa. Deixar de lado o glamour desse filão do corpo e da carne, e entrar nos universos do imponderável absoluto. Largar as paixões, as imprevisões saborosas dos sentidos, os devaneios da satisfação imediata, e mergulhar, sem retorno, sob o manto desconhecido das aspirações profundas, inescrutáveis, do mistério divino.

Poucos dias atrás, numa folhinha de calendário li citação do jornalista e político Artur da Távola de que opção não é escolha, é renúncia. Dada tal veracidade, repito a frase, pois noto quanta renúncia existirá nas opções que se fazem no decorrer das jornadas deste chão. Ninguém trocará de lugar que não tenha de largar o sonho dos lugares antigos, pois optar implica abandonar as outras possibilidades deixadas para trás.

Ao resolver seguir o percurso da renúncia, há méritos. A prática do casamento, por exemplo, define bem tais avaliações. Ali nubentes fecham as portas das histórias individuais do que poderiam ser e abrem as portas do que acontecerá, viagem só de ida, conquanto zerem o passado a fim de começar outro presente.

Nisso, as duas naturezas, de voltar os olhos para as virtudes, que significará desistir das ilusões e dos vícios, e decidir andar certo; adeus às torturas. Eis o motivo da afirmação bíblica que ninguém servirá a dois senhores.

A alegria da carne cumpre apetites físicos fugazes, charmes da juventude, nas altas voltagens dos fliperamas das festas. Ao passo que a alegria do religioso traz o pouso das luzes suaves nas afastadas capelas, longe do burburinho de multidões infebrecidas.

Parte-se do princípio de que a virtude cruzará portas estreitas, ao tempo em que largas são as portas da perdição... Perdição face ao panorama espiritual fervoroso do outro aspecto. Duas alegrias distintas, o preço da vida física e suas emoções fantasiosas e velozes, e o custo sacrificante da imaterialidade, nos propósitos ideais da perfeição, desistência de tudo o que alimentava as saudades vencidas, escolha em si dos termos físicos rejeitados. Assunto semelhante a depositar tesouro onde a traça e a ferrugem não possam destruir, das orientações de Jesus.

A fronteira destas duas alegrias estabelece de modo particular as leis dos dois países vizinhos no campo das batalhas individuais. Padrões diferentes de práticas exigem, pois, autenticidade nos momento da grave decisão de seguir. E após o passo definitivo, a sorte resta lançada. Ainda lembro, para concluir, destas palavras: O castigo do vício é o próprio vício; o mérito da virtude é a própria virtude. Adeus às ilusões, em nome da Luz superior.