Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Corri do mar- por socorro moreira


Morena do Mar
Dorival Caymmi


Ô morena do mar, oi eu, ô morena do mar
Ô morena do mar,sou eu que acabei de chegar
Ô morena do mar
Eu disse que ia voltar
Ai,eu disse que ia chegar,
Cheguei
Ô morena do mar, oi eu, Ô morena do mar
Ô morena do mar,sou eu que acabei de chegar
Ô morena do mar
Eu disse que ia voltar
Ai,eu disse que ia chegar,
Cheguei
Para te agradar
Ai,eu trouxe os peixinhos do mar
Morena
Para te enfeitar,
Eu trouxe as conchinhas do mar
As estrelas do céu
Morena
E as estrelas do mar
Ai,as pratas e os ouros de Iemanjá
Ai,as pratas e os ouros de Iemanjá

O mar
das  suas profundezas
nos traz belezas.
Perto ou longe eu avisto
a partida sem despedida
e o voltar de surpresas.
Minha caixa de Pandora
às vezes vazia
fica cheinha de novo
na chegada e na saída.

socorro moreira


Por Dorival Caymmi


Versos escritos n’água
Dorival Caymmi

Os poucos versos que aí vão,
Em lugar de outros é que os ponho.
Tu que me lês, deixo ao teu sonho
Imaginar como serão.

Neles porás tua tristeza
Ou bem teu júbilo, e, talvez,
Lhes acharás, tu que me lês,
Alguma sombra de beleza...

Quem os ouviu não os amou.
Meus pobres versos comovidos!
Por isso fiquem esquecidos
Onde o mau vento os atirou.

Para uma doce ancestral

Godard



Jean-Luc Godard (Paris, 3 de Dezembro de 1930) é um cineasta franco-suíço reconhecido por um cinema vanguardista e polêmico, que tomou como temas e assumiu como forma, de maneira ágil, original e quase sempre provocadora, os dilemas e perplexidades do século XX. Além disso, é também um dos principais nomes da "Nouvelle Vague".



Quem vem para a beira do mar - José do Vale Pinheiro Feitosa



LIGUE O SOM E LEIA O TEXTO

Vó dava uma bicada na sua tigela de café e com um olho de luz das galáxias transfixava toda a existência. Café torrado com rapadura no caco de um tacho de barro. Café moído na força muscular. E Vó tomava o caldo preto daquela semente de chão. Os grãos de Kafa, no planalto da Etiópia, chegaram até a tigela de Vó e ela dizia:

Não vá para a beira do mar.
Não vá.

E num descuido de trilho, subi num comboio nas altas madrugadas enquanto Vó dormia. E o bicho foi torando os pilares das montanhas, atravessou os vales, serpenteou rios, riachos e levadas. Fui me largando pelo mundo, as manchas doces deixadas pela garapa que caiu pelos cantos da boca no meu bucho sumiram no tempo. E, Vó, nunca mais ouvi teu estalo de beiço sugando o café, a cada intervalo entre o sabor e a voz tão imensa quanto tudo que a Ibéria se espalhou nos sertões desta América.

Não vá para a beira do mar.
Não vá.

Mas vim Vó. Eu vim. Eu estou aqui na beira do mar. Na beira do mar com as ondas e as sereias nas pedras. Na posse de liras prisionais.

Quem vem pra beira do mar, ai
Nunca mais quer voltar, ai
Quem vem pra beira do mar, ai
Nunca mais quer voltar

E quando a madrugada rompe aqui na beira do mar, estou tão amplo como os horizontes ininterruptos. Se pego um rumo para me afastar eu vou, muito longe eu vou, mas como uma onda eu volto à beira do mar. E pego a andar na areia do mar.

Andei por andar, andei
E todo caminho deu no mar
Andei pelo mar, andei
Nas águas de Dona Janaína

Vó e tua tigela era branca ou creme? Era creme ou marrom. Qual era a cor da tigela de barro de Vó? Era de barro, como eu era de barro. E nem sei a minha cor neste levante de dia e nem as ausências de poente das ondas.

A onda do mar leva
A onda do mar traz
Quem vem pra beira da praia, meu bem
Não volta nunca mais

Vó! Será que tu já foi? Já voltou? Ainda está naquela porta de casebre? Eu espero que os filhos de Maria, tua neta, já não se assentem na porta de um casebre. Como tu, Vó, na porta do casebre, tua tigela de café de Kafa. E não fui mesmo para a beira do mar prá nunca mais voltar?

Cariricaturas- Edição Especial


Título e capa, em estudo ( aceitamos sugestões)
Prefácio de José Flávio Vieira
Contracapa de José do Vale Feitosa


-Sem ônus para os escritores.
-Número de textos por autor : 2 + release + fotografia
-Reciprocidade : 5 livros para cada autor.


Autores convidados: todos os nossos colaboradores !


-Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella ,até no máximo, 15 de Dezembro de 2010.
-Fase de revisão : o tempo necessário .

- stelasiebra@yahoo.com.br

PARTICIPEM DESSE BANQUETE POÉTICO !

Os três cavalos - Emerson Monteiro

O escritor cearense Gustavo Barroso, que conheci no início da década de 60, em Crato, conta num apólogo, gênero literário de animais e coisas ganhar personalidade e se manifestar como seres falantes, que viajavam três cavalos por longa travessia de região desconhecida; um cavalo velho e dois potros fogosos.
Andaram que andaram até chegar a uma bifurcação de estrada que lhes deixou na dúvida quanto a que rumo tomar para seguir até o lugar que procuravam.
Perante a dúvida, sem atinar no mínimo sobre o palpite ideal, os potros começaram discussão demorada em torno da melhor alternativa. Cada um indicava a opção contrária do outro, estabelecendo-se acalorada divergência. Os ânimos esquentaram e nenhuma conciliação parecia solucionar o impasse.
Enquanto isso, o cavalo velho, silencioso, apenas observava o desenrolar dos acontecimentos, sem tomar qualquer partido. Após analisar as razões dos dois camaradas, aceitou, no entanto, de ambos a certeza, e, dirigindo-se a um deles, asseverou:
- Já que acha certo o caminho da direita, siga nele. Quanto ao senhor, - falou ao outro, que tem a certeza de que o caminho da esquerda levará aonde queremos, siga nessa direção.
E ainda ponderou: - Quanto a mim, dotado de menos reservas físicas para aventuras, permanecerei à espera do que seguiu o lado errado, porquanto haverá de passar de novo aqui neste lugar.
Assim se verificou. Depois de horas, aguardando deitado à sombra de algumas árvores, o cavalo velho assistiu voltar um dos animais, o que tomara o caminho perdido. Vinha trôpego, esgotado; suava em bicas, latanhado de espinhos e coberto de poeira.
- É verdade, aquele potro estava certo, - falou desconfiado e ofegante. – O caminho que seguiu por certo levará aonde pretendemos, uma vez que provei não ser certo o que escolhi.
Nessa hora, experiente e descansado, o cavalo velho sentenciou: - Bom, agora sabemos com clareza qual nossa orientação. Enquanto isto, o senhor aproveitará para descansar um pouco, que logo retomaremos a caminhada.
Gustavo Barroso, por seu turno, concluiu a narrativa resumindo que os que erram ensinam mais do que os que acertam, porquanto sempre voltam para reiniciar as tarefas equivocadas, a demonstrar seus equívocos. Os que acertam estes quase nunca retornam para contar das suas vitórias, levados que são para longe, nas asas imensas do sucesso.

Curtas. Liduina Belchior.

Afeto - desafeto.
Carinho - rancor.
A partilha será
A comunhão dos viventes.

Foto de Nívia Uchôa


Pessoa
Arnaldo Antunes


Coisa que acaba. Troço que tem fim. Sujeito. Que não dura, que se extingue. Míngua. Negócio finito, que finda. Festa que termina. Coisa que passa, se apaga, fina. Pessoa. Troço que definha. Que será cinzas. Que o chão devora. Fogo que o vento assopra. Bolha que estoura. Sujeito. Líquido que evapora. Lixo que se joga fora. Coisa que não sobra, soçobra, vai embora. Que nada fixa. A foto amarela o filme queima embolora a memória falha o papel se rasga se perde não se repete. Pessoa. Pedaço de perda. Coisa que cessa, fenece, apodrece. Fome que se sacia. Negócio que some, que se consome. Sujeito. Água que o sol seca, que a terra bebe. Algo que morre, falece, desaparece. Cara, bicho, objeto. Nome que se esquece.

Com meta - por socorro moreira


Tudo às pressas
Correndo para não perder
Um possível gran finale
Adiamos o desencontro
O beijo incompleto
Viajou em busca de flor
Rosa amarela tem na casa dela
Meu amor
Por que não voltou?
Fecho a porta devagar
Que os astros não descubram
O que deixei passar

A póesia de Lupeu Lacerda -(Deliciosa irreverência !)


Há em você, um profundo apego pelos contrastes
Os opostos, vão sempre lhe causar fascínio
A volubilidade lhe domina, confesse
A coerência é uma bolacha com gosto de ontem!
O silencio lhe acalma, mas é seu grito a necessidade primeira
A verdade faz sua cabeça, mas a mentira brinca no seu palco,
E é perfeita!
Sua distração é marca, totem, mas sua esperteza brilha
Estrela de primeira grandeza em um céu escolhido na véspera
Quando tranqüila, um desastre! Mas mãos divinas quando quer fazer
Certo sempre! Mas o errado é um amigo bacana, quê que tem falar com ele?
Que o mundo esteja certo, mas suas dúvidas te estimulam
E você diz: “penso antes de agir”
Mas a impulsividade é teu verbo conjugado em primeira pessoa
Reta? Pode até ser. Mas o caminho torto tem seus encantos
Discreta, por natureza.
Mas irreverente até o tutano.
A pobreza dos filhos da puta que não sabiam qualé? Te comove
Mas o dinheiro te excita: é uma montanha! Uma praia! Um sonho em tecnicolor!
A bondade, esta em você, mas ser má (de vez em quando)
Te faz muito bem, eu sei
Chora? Talvez. Mas é alegria que te move.
Responsável? Sempre! Mas sempre pronta a mandar tudo pro inferno
Romântica? Sim, num filme bacana, num beijo bacana,
Mas a razão é teu deus mais que perfeito
É um poço de pureza, e tem o pecado como o doce na prateleira, bom de pegar
Você é, exatamente
O que você não é
exatamente


lupeu lacerda

O Sangue da terra - Livro lançado por José Carlos Brandão.

Repassando uma excelente notícia !

Amiga Socorro,

recebi e-mail agora há pouco, da Secretaria de Cultura do Ceará, informando-me que ficaram reservados 100 (cem) exemplares de O Sangue da Terra para meus amigos do Cariri.

Pedem-me que avise quem vai buscar e quando. Veja se é possível conseguir alguém que vá a Fortaleza e possa faz\er-nos esse favor. Depois você distribuiria para os interessados em poesia.

"Assim, gostaria que você nos informasse quando seus amigos poderiam vir aqui para pegar seus livros e que nos avisasse quem os são para que possamos liberá-los."

Se não for possível, avise-me também. Então comunicarei à SECULT que os livros podem ficar com a Secretaria para a conveniente distribuição.

Um grande abraço,
Brandão.

Amigo,
Edilma Saraiva, residente em Fortaleza, encontra-se no Crato por poucos dias. Vou repassar para ela, pessoalmente, essa missão/prtazer. Comunico-lhe dos  próximos  resultados.

grande abraço,

Socorro Moreira



--

Churrasco, peixe e pizza...tudo encantado! Por:Manoel Severo


Aos amigos Zé Flávio e Antonio Morais, dois maravilhosos contadores de história...

Um dia destes lembrei-me de um episódio no mínimo curioso. Havia um estabelecimento comercial; tipo restaurante; se é que posso me permitir chamá-lo dessa forma; que se localizava exatamente no meio do trajeto entre meu apartamento e meu trabalho. O inusitado “serve selvice” bem na beira da pista, estava sempre cheio de gente; era de manhã, tarde e noite. Quando eu passava, acabava sempre me surpreendendo com o grande número de carros, motos, bicicletas, carroças, e animados fregueses, quase todos sentados em uma das mais de oito, ou dez mesinhas bem alinhadas, obedecendo o trajeto do meio fio da calçada.

Muitas veze me perguntava o que aquele simpático arremedo de restaurante teria de tão apetitoso e que conseguia fidelizar tamanha plateia e admiradores. Não importava o dia; pela manhã ficava eu a imaginar o que deveria vender a famosa palhoça ? Tapioca com leite de coco? um café forte e quentinho? talvez um caldo de mocotó? e eu pensava : não era possível já aquela hora da manhã tivesse tanta gente de ressaca ! A hora do almoço era um Deus nos acuda, o trânsito nas imediações, chegava a concorrer com o pior momento das horas de “pico” dos grandes centros, e a noitinha lá tava o imponente estabelecimento novamente lotadinho da silva. Quem sabe uma boa carne de sol, ou de gato? Um baião de dois ou de dez? Meu Deus, eu precisava conhecer os quitutes daquele lugar.

Depois de quase dois meses de ininterruptas observações, acompanhando aquela arrumação; um companheiro de trajeto me chamou a atenção: Severo você já reparou no nome do restaurante? Caramba! Como eu não havia reparado antes? Ainda mais com aquela placa gigantesca completamente colorida e com as solenes: Marca, logomarca, etc e etc. Na alto da fachada do prédio lá estava: “Churrascaria Peixe Encantando, a Melhor Pizza da Cidade” . Que coisa, como não ter notado tamanha maravilha antes? Depois da descoberta da placa, só nos restava visitar e conhecer o atraente espaço.

Era uma sexta-feira, final do dia, acho que lá para as 19 horas, ancoramos na Churrascaria Peixe Encantado, a mlehor pizza da cidade, só não sabia se pediríamos churrasco, peixe ou mesmo pizza. Então, começamos pelo começo: A um dos simpáticos garçons, de nome Jonh Lennon, sim; todos dois, possuíam crachás, pedimos uma cerveja e perguntamos qual o churrasco que tinham. Num tom respeitoso fomos informados que não vendiam churrasco, bem, então nos restou uma boa e apetitosa peixada; nem exigimos que o peixe fosse tão encantado assim; mas o simpático garçom beatle mais uma vez nos informava: “não temos peixe!” . E agora?! Bem, com certeza, não haveria dúvidas: O sucesso do lugar só poderia ser as pizzas. Apesar do temor, nos aventuramos: “Amigo traz o cardápio das pizzas, por favor.”

_”Cidadão nós não estamos mais trabalhando com pizzas...o senhor não quer pedir outra coisa não?????????? ”

Por:Manoel Severo

FÉRIAS NO CARIRI - O melhor lugar do mundo é aqui

Lembrança de um Natal - Por Rosa Guerrera



Sempre que se aproxima o Natal eu lembro de um presente lindo que a vida um dia me ofertou. Um presente que não veio embalado numa caixinha colorida , nem acompanhado de um ornamentado cartão de boas festas .
Um presente que se fez presente nos meus dias e que coloriu de pingentes doirados paisagens até então movimentadas apenas pelo correr dos ponteiros de um relógio.
Um presente que o acaso me trouxe naquele dia, hoje distante ....e que eu chamei de “ VOCÊ “
E é uma pena que tenha durado tão pouco , mas tão único na minha vida!

 por rosa guerrera

O Mito de Deméter e Perséfone- Por Alexandre Quinta Nova teixeira



1 - O MITO:

No Olimpo ( lugar onde moravam os deuses ) Deméter se casa com Zeus e geram Core (a jovem). Um dia Core estava brincando em Elêusis (lugar onde mora os mortais) e vê uma flor de narciso no qual ela fica encantada e acaba cheirando esta flor. Ao cheirar esta flor Core fica tonta (NARKÉ=Narcótico) então a terra se abre e Plutão vem numa carruagem para raptar Core e leva-la para o Hades ( mundo dos mortos), pois Plutão se apaixonou por Core.
Deméter sente a falta de sua filha e fica louca a sua procura. Com isto Deméter (Mãe Terra) sai do Olimpo e vai em busca de sua filha pelo o mundo inteiro. Durante nove dias e nove noites a deusa fica a procurar sua filha sem nenhuma pista. Enquanto Deméter está a procura de sua filha a terra fica sem vegetação e sem fertilidade.
No décimo dia Hélio (deus do sol) diz a Deméter que viu Core ser seqüestrada em Elêusis por Plutão. Com isto Deméter se transforma em uma ama e vai conhecer Céleo e Metanira, que são reis de Elêusis , e cuida do filho do casal ( Demofonte ). Deméter decide transformar Demofonte em deus , para adotá-lo, levando ele ao fogo para sua purificação, mas sua mãe descobre e impede este processo com um grito.
Deméter diz que só volta ao Olimpo quando encontrar sua filha e pede a Zeus. Este manda Hermes, o deus do caduceu de ouro, ir para Hades e convencer Plutão de devolver a filha de Deméter. Então Hermes convencer ao irmão de Zeus à devolver Perséfone, mas este dá uma romã para ela comer. Deméter vai ao encontro de Core e ao abraça-la Deméter sente sua filha diferente e pergunta se ela comeu algo em Hades. Core diz que comeu uma romã e por causa disso ela terá que passar um terço do ano em Hades . Com isto Core se transforma em Perséfone que é esposa de Plutão.
Antes de voltar ao Olimpo Deméter ensina os seus rituais para Célio e seu filho Triptólemo . Ao voltar ao Olimpo a terra volta a ter vegetação e a ser fértil.
Célio funda os grandes mistérios de Elêusis que faziam parte dos rituais de fertilidade da Grécia no anos 1500 AC até 300 DC. Nestes mistérios qualquer pessoa que falasse grego poderia participar. Os iniciantes assistiam o mistério que era apresentado pelos sacerdotes. No final do mistério acontece a " GRANDE VISÃO " que era apresentada a espiga de milho, que simboliza a fertilidade. Depois de assistir ao mistério não se podia falar de nada o que aconteceu ou a pessoa seria desmentida
Antes de se passar para os grandes mistérios tinha que se passar pelos pequenos mistérios e a ponte de Guéfria, onde se falava vários palavrões até chegar aos grandes mistérios.

2 - INTERPRETAÇÃO DO MITO:

Antes de amplificar este mito eu darei o significado dos principais deuses do mito (Deméter , Perséfone e Plutão).
Deméter significa " a mãe-terra ". Esta deusa simboliza um excesso de proteção. Ela traz o dom da empatia, compreensão emocional e física das necessidades da pessoa. Tem a tendência de tratar os outros como se fossem seus filhos e sua preocupação principal está centrada na família. Deméter é regida pelo Eros(amor), o não-verbal, saciando as necessidades de seus filhos e tem como principio o corpo e o material. Em síntese Deméter representa o arquétipo da mãe.
Perséfone é a rainha do mundo dos espíritos onde existe o que há de mais profundo no psiquismo humano. Ela vive no Hades e entra em contato com os conteúdos reprimidos, estando num fase profunda do inconsciente.
Plutão é o rei do Hades. Com isto ele rege o mundo inconsciente e as riquezas interiores. Sua missão é conduzir as pessoas para o caminho do auto-conhecimento e a integração levando-as ao seu processo de individuação. Este deus é regido pelo logos ( leis e limites ), ética, principio espiritual, voltada ao verbal e ao auto-conhecimento. Plutão representa o arquétipo do pai.
Podemos amplificar este mito com a fase inicial do desenvolvimento do homem.
No inicio quando Core ainda era um feto havia uma simbiose entre a Deméter e Core. Nesta fase Jung se refere ao termo "URÓBOROS" onde temos como símbolo a serpente que morde a própria cauda e o inicio da vida. No uróboros o feto vive em equilíbrio e totalidade. O corpo da mãe e da criança se misturam onde não podemos definir um e outro.
Quando a criança nasce, nós não conhecemos todas as forças que entrelaçam, cercam e enredam os relacionamentos entre mãe e o bebe pequeno. Só a mulher tem o dom da fertilidade dando a luz e a vida de um novo ser. O mesmo acontece entre Deméter e Core. A menina tinha o amor, a proteção e a satisfação das suas necessidades que só a Grande Mãe pode proporcionar ao sua filha. Com isto não só Core mas todos as crianças pequenas vivem no Olimpo, ou seja "O paraíso da infância ", que simboliza a consciência. Nesta fase o bebe assume uma posição horizontal vivenciando o arquétipo da mãe que foi representado no mito pela Deméter "A MÃE-TERRA".
Quando Core cheira a flor de narciso ela fica tonta e desta forma é seqüestrada por Plutão. Com isto a flor de narciso simboliza uma armadilha para que Core seja raptada.
Este rapto está relacionado a primeira experiência sexual onde Core sai do" paraíso da infância " para entra em contato com o mundo dos mortos ou o seu inconsciente. Com este rapto Core (a jovem) se transforma em Perséfone que é a esposa de Plutão e rainha do inferno. Por ser rainha do inconsciente ela lida com o que tememos e reprimimos. Se ela estiver muito aflorada pode levar a uma psicose. Com isto Perséfone entra em contato com o arquétipo do pai.
Deméter sente falta de sua filha e Zeus manda que busque Perséfone. Plutão permite volte a se encontrar com a mãe mas dá uma semente de romã para ela comer. Esta semente representa simbolicamente a sexualidade e a repressão de Plutão sobre Perséfone. Por causa desta semente Perséfone fica sempre entre o consciente e o inconsciente.
Este mito é constelado em pessoas com traços infantis sempre precisando de outras pessoas para tomar as decisões por ela. No caso de Perséfone ela depende da mãe ou do marido. Desta forma ela não tem maturidade, tendo a recusa a crescer. Por isto ela tem medo de assumir sua própria individualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDÃO,J. - In: Mitologia Grega - Volume 1- Ed Vozes, Petrópolis, RJ, 1996
KERENYI, K. - In: Os deuses Gregos - Ed:Cultrix, São Paulo, SP
WAIBLINGER, A. - In: A grande mãe e a criança divina: o milagre da vida no berço e na alma - Ed:Cultrix, São Paulo, SP

Edmond Rostand



Edmond Eugène Alexis Rostand (Marselha, 1 de abril de 1868 — Paris, 2 de dezembro de 1918) foi um poeta e dramaturgo francês.
Rostand era filho do biólogo Jean Rostand. Diplomado em direito, jamais exerceu a profissão e, desde o início da faculdade, freqüentou as rodas literárias, conhecendo aí seu grande amor, a poetisa Rosemonde Etiennette Gérard, autora do livro As Flautas. Em 1888, Rostand escreveu sua primeira obra, a peça A Luva Vermelha e em 1890, casou com Rosemonde.
Em 1891, escreveu a peça Divagações e, em 1893, Os Dois Pierrôs, mas apenas em 1894 conseguiu a fama, com a peça Os Românticos, encenada pela Comédie-Française.
Suas peças seguintes, A Princesa Longínqua, A Samaritana e O Filhote de Águia foram interpretados, na época, por Sarah Bernhardt, considerada a maior atriz de teatro de seu tempo.
Estátua dedicada a Edmond Rostand em Cambo-les-Bains.

Sua obra máxima, a peça Cyrano de Bergerac, que estreou com estrondoso sucesso em 1897, em Paris, no Théàtre de la Porte-Saint-Martin, também foi encenada por Sarah, mas apenas em Londres, em 1901. Rosemonde Gerard escreveu, entusiasticamente, em seu livro Edmond Rostand, "Por que, durante semanas e meses, os porteiros chamarão todo mundo de meu príncipe (...). Por que, amanhã, todos os vendedores de flores terão todas as flores frescas? (...) Porque, nesta noite, representava-se, pela primeira vez, Cyrano de Bergerac, no Théàtre de la Porte-Saint-Martin!"

Cyrano de Bergerac transformou Rostand num verdadeiro ídolo do público francês, tornando-o membro da Academia Francesa, em 1904. Vítima de uma pneumonia, porém, ele se retirou em Cambo-les-Bains, na região basca, onde viveu por nove anos, discretamente. Só voltou aos palcos em 1910, com Chantecler, a história de um galo que acredita que é o seu canto que faz nascer o dia.

Rostand ainda escreveu uma última peça, A Última Noite de Don Juan, que ficou incompleta, mas foi aos palcos em 1921, três anos após sua morte em Paris, em 1918.

wikipédia

Ética e moral - Leonardo Boff




Publicado no jornal O POVO, dia 04 de julho de 2003



Que é ética, que é moral? É a mesma coisa ou há distinções a serem feitas? Há muita confusão acerca disso.

Tentemos um esclarecimento. Na linguagem comum e mesmo culta, ética e moral são sinônimos. Assim dizemos: Aqui há um problema ético ou um problema moral . Com isso emitimos um juízo de valor sobre alguma prática pessoal ou social, se boa, se má ou duvidosa.

Mas, aprofundando a questão, percebemos que ética e moral não são sinônimos. A ética é parte da filosofia. Considera concepções de fundo, princípios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convicções. Dizemos, então, que tem caráter e boa índole. A moral é parte da vida concreta. Trata da prática real das pessoas que se expressam por costumes, hábitos e valores aceitos. Uma pessoa é moral quando age em conformidade com os costumes e valores estabelecidos que podem ser, eventualmente, questionados pela ética. Uma pessoa pode ser moral (segue costumes) mas não necessariamente ética (obedece a princípios).

Embora úteis, estas definições são abstratas porque não mostram o processo como a ética e a moral, efetivamente, surgem. E aqui os gregos nos podem ajudar.

Eles partem de uma experiência de base, sempre válida, a da morada entendida existencialmente como o conjunto das relações entre o meio físico e as pessoas. Chamam à morada de ethos (em grego com a letra e pronunciada de forma longa). Para que a morada seja morada, precisa-se organizar o espaço físico (quartos, sala, cozinha) e o espaço humano (relações entre os moradores entre si e com seus vizinhos), segundo critérios, valores e princípios para que tudo flua e esteja a contento.

Isso confere caráter à casa e às pessoas. Os gregos chamam a isso também de ethos. Nós diríamos ética e caráter ético das pessoas. Ademais, na morada, os moradores têm costumes, maneiras de organizar as refeições, os encontros, estilos de relacionamento, tensos e competitivos ou harmoniosos e cooperativos. A isso os gregos chamavam também de ethos (com a letra e pronunciada de forma curta). Nós diríamos moral e a postura moral de uma pessoa.

Ocorre que esses costumes (moral) formam o caráter (ética) das pessoas. Winnicot, prolongando Freud, estudou a importância das relações familiares para estabelecer o caráter das pessoas. Elas serão éticas (terão princípios e valores) se tiverem tido uma boa moral (relações harmoniosas e inclusivas) em casa.

Os medievais não tinham as sutilezas dos gregos. Usavam a palavra moral (vem de mos/mores) tanto para os costumes quanto para o caráter. Distingüiam a moral teórica (filosofia moral) que estuda os princípios e as atitudes que iluminam as práticas, e a moral prática que analisa os atos à luz das atitudes e estuda a aplicação dos princípios à vida.

Qual é ética e a moral vigentes hoje? É a capitalista. Sua ética diz: bom é o que permite acumular mais com menos investimento e em menos tempo possível. Sua moral concreta reza: empregar menos gente possível, pagar menos salários e impostos e explorar melhor a natureza. Imaginemos como seria uma casa e sociedade (ethos) que tivessem tais costumes (moral/ethos) e produzisse caracteres (ethos/moral) assim conflitivos? Seria ainda humana e benfazeja à vida? Eis a razão da grave crise atual.

Esconderijo



Esconderijo
Ana Cañas
Composição: Ana cañas

Procuro a solidão
Como o ar procura o chão
Como a chuva só desmancha
Pensamento sem razão
Procuro esconderijo
Encontro um novo abrigo
Como a arte do seu jeito
E tudo faz sentido
Calma pra contar nos dedos
Beijo pra ficar aqui
Teto para desabar
Você para construir

Dundarundê aunde iê

Candura - espelho poético Por Socorro Moreira





Não dura o deboche
Nem faz parte da face

O olhar que exprime a calma
É fruto da alma

Pégaso
-Transporte coletivo da poesia
Pasta  de sonhos
Versos bastam-lhe
Antepasto nas estrelas
-Lombra sideral

Sorriso doce
Margarida(n) no coração?

De volta às calçadas?
Pare em certa casa
Tem água do pote
Café coado no pano ...

Aquiete as botas voadoras
A paz é o prato principal
Momento amoroso
É sobremesa na boca.

As formigas não se escondem em seus buracos,
quando existem folham que carregam vida.