Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 23 de novembro de 2011


APENAS PARA ENCONTRAR PALAVRAS

(Claude Bloc)

 
Posso dizer muitas vezes que me alimento das palavras. Encontro-as por aí escritas, faladas, proferidas ao vento, em todas as partes por onde passo. Encontro-as nos finais de tarde ou até nos dias mais ou menos vazios...  Às vezes percebo-as lá fora ao relento, ou mesmo na ausência das horas que me controlam, e que, por um algum motivo, ficaram presas no relógio de parede atrás de mim e para onde nem sequer me lembro de olhar...

São apenas palavras… E, muitas vezes, vou deixando-as ficar para que possam ser admiradas por todos e colecionadas como num dicionário, com todos os seus sentidos, (in)definidos, mesmo que não se saiba muito bem o que fazer com elas...

Palavras, às vezes, mudam de cor e de roupagem e nos acenam com sorrisos engraçados e infantis. Outras são esquisitas, mas nos enchem os olhos de alegria. E nesse deleitoso banquete de palavras me delicio... ainda que paradoxalmente lhes confesse: palavras não são tudo…

Claude Bloc

Duas reflexões – por dom Henrique Soares da Costa (*)


O Ditador da Venezuela, Hugo Chávez, está com câncer e seu estado é grave. Não lhe resta muito de vida. Ele tinha um projeto de poder eterno na Venezuela: tanto mal fez ao seu país, destruindo as instituições nacionais, aparelhando o Estado, criando uma máquina ditatorial e despótica de corrupção e demagogia, perseguindo e escarnecendo da Igreja, arrogando-se até em deus... Chávez é conhecido pela empáfia, a fanfarronice, a petulância... Segundo fontes seguras, corre o risco de sequer estar vivo em outubro do ano próximo para concorrer nas eleições...

José Luís Zapatero, o socialista primeiro-ministro da Espanha, que fez mais que ninguém nos últimos anos no seu país para erradicar os traços de cristianismo da sociedade espanhola, perdeu miseravelmente as eleições no último domingo. Seu infame projeto virará vento; seu poder fugiu-lhe das mãos; a Igreja continuará, mesmo após a sua morte...

Não quero dizer que estes personagens infelizes estão sendo castigados. Não! Longe de mim pensar isto, pois gente muito boa, grandes amigos de Cristo também sofrem, perdem eleições e adoecem gravemente. O que desejo salientar é bem outra coisa: estes personagens demonstraram desprezo por Deus, embriagados de si próprios e se julgaram acima do próprio Deus, como senhores do bem e do mal.
(*) Dom Henrique Soares da Costa, Bispo  Auxiliar de Aracaju (SE).

Convite para lançamento do livro do Dr. Wellington Alves de Sousa

Nesta 5ª feira, dia 25, haverá lançamento literário na cidade de Crato. Ficam todos convidados para o evento, abaixo detalhado:

Livro : Inventário de Poesias
Autor - Wellington Alves ( Ton-Ton)
Apresentação : J. Flávio Vieira
Performance / Leitura de Poemas : Luiz Carlos Salatiel
Data - 25 /11/11 ( Quinta-Feira)
Local : Auditório do SESC / Crato
Hora - 19 Horas

(enviado por e-mail por Dr. José Flávio Vieira)                                

GRATA RECORDAÇÃO


Pedro Esmeraldo

No início dos anos 30, meu pai iniciou o plantio da cana de açúcar no Sítio São José. Considerando-me uma pessoa privilegiada, pois tive a sorte de conviver no meio da bagaceira, já que meu pai possuía dois engenhos, um em Crato e outro no município de Barro-CE.

Deixou-me como legado um patrimônio auspicioso que foi a educação. Esse engenho teve início em 1930. A princípio, de forma rudimentar, movido a tração a bois. No meio da década de 30, mudou para o engenho a vapor que perdurou até a vinda da energia elétrica de Paulo Afonso no ano de 1970, quando desapareceu o predomínio da rapadura que foi substituído pelos alimentos sofisticados dos tempos modernos.

Quando passo pelas ruínas do antigo engenho, no sítio pau seco, neste município, tenho grandes recordações daqueles tempos áureos de minha infância. Há mais ou menos 50 anos era um lugar aprazível, aconchegante e que favorecia uma relação harmoniosa de paz de espírito.

Convivi naquele local no meio de pessoas humildes, com comportamentos inusitados, constituído de várias naturezas, com semblante rústico, precisando de muita sutileza no equilíbrio emocional, decorrente da fadiga pela luta árdua e das canseiras diárias.

Meu pai, um cidadão sério, agricultor arrojado, praticava as atividades agrícolas por vocação. Sabia projetar com equilíbrio o trabalho agrícola. Conduzia com perfeição as manhas dos trabalhadores, mas manejava com altivez e bom senso crítico. Livrava-se dos perigos, utilizando palavras hábeis. Fugia com muita tranqüilidade das pessoas ardilosas que o obrigavam a se comportar com o máximo grau de bondade que o respeitavam e o obedeciam com sinceridade as suas ordens.

Como já relatei acima, meu pai, homem destemido e hábil, tinha o cuidado de colocar trabalhadores certos nos lugares certos.

Autodidata por natureza, dirigia com perfeição e conhecimento todos os trabalhos inerentes ao campo agrícola, saindo-se muito bem nessa atividade espinhosa, levando com brilhantismo e com direção arejada a luta do campo; sempre acompanhado de trabalhadores experientes, a fim de adquirir melhoria de produtividade, já que desejava aumentar o seu patrimônio dentro da tecnologia aperfeiçoada.

Seus trabalhadores tinham uma conduta séria e de comportamento exemplar, por isso granjeou muitas amizades, projetando bom desempenho, mostrando que com trabalho sério e honestidade o homem chega a ter sucesso em seu serviço.

Esses trabalhadores rudes que mais guardo na recordação da minha memória, são vistos pelo seu comportamento zombeteiro que foram indubitavelmente os cambiteiros: eram irrelevantes com procedimentos duvidosos, senhores absolutos, anarquistas, visto que desrespeitavam a pessoa humana. Tornavam-se figuras intolerantes em seus trabalhos com a posição de homens irregulares no campo de transporte de cana do brejo para o engenho. Nem tudo era desprezo para essa classe de trabalhadores rudes já que desempenhavam com muita satisfação à sua tarefa.

Trabalhavam sem cessar, como prestadores de serviço, pois tinham por obrigação conduzir com 5 (cinco) animais atrelados com arreios rústicos, como: cangalha, peça de madeira artesanal que seria colocada no lombo do animal, revestido de forro e pano de algodão e coroa de frade, embutido com produto cactáceo existente nas caatingas do nordeste, cilha (fita de couro que prendia a cangalha na barriga do animal), focinheira (espécie de cabresto) para facilitar o manejo dos animais, rabichola, que prendia a cauda do animal à cangalha, cambitos, peça de madeira que facilitava o transporte da cana.

Devido à rusticidade do trabalho, os cambiteiros se tornavam intolerantes pelos habitantes aos arredores dos engenhos. Ninguém gostava de sua conduta. Possuidores de comportamento repreensível, tornavam-se os intolerantes comprovados pela anarquia que, por natureza, ninguém o suportava de bom grado, eram os zombeteiros, intrigantes, quando iam pela estrada se desesperavam e não queriam saber quem viesse a sua frente; se a pessoa não se submetesse ao seu comportamento cairia no ridículo. Certa vez, observava uma cena que me deixou intrigado e que sempre preservei em minha memória esse comportamento desses anarquistas que vou relatar neste trabalho: um dia, chegava ao engenho um senhor de tez branca, querendo conhecer o movimento do engenho, mas de jeito afeminado, foi logo observado pelos cambiteiros o seu andar duvidoso: ai então um deles gritou: olha pessoal, como ele é delicado! Aí a vaia comeu de esmola e aos gritos o pobre homem saiu desesperado sem nunca mais pisar em bagaceira. Apenas desejei lembrar e repassar para os amigos como era o regime dos cambiteiros que ainda hoje sinto saudades dos velhos tempos de outrora que não voltam mais e jamais poderão ser substituídos por este modernismo desequilibrado e algumas vezes intolerante.

10 de Março de 2009.