Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 31 de março de 2012

Silêncio - Emerson Monteiro



Vago nas profundidades
deste silêncio extremo
de bela tarde morena,
a ouvir, longe, bem longe,
só um inquieto pássaro
a emitir quaisquer notas
que ainda não ouso escutar.

BOM DIA CARIRICATURAS

Artista e ex-aluno de Dom Bosco escolheu o Brasil

Por Marcos Antonio Vanceto
(Publicado na revista "Boletim Salesiano", nº março-abril 2012)

Agostinho Balmes Odísio foi oratoriano e aluno da Escola Profissional Domingos Sávio, em Turim, na Itália, e conheceu Dom Bosco. O Santo dos Jovens marcou profundamente a vida do escultor, discípulo de Rodin que deixou a terra natal para espalhar sua arte pelo Brasil.

Animado pelos 70 anos de fundação da igreja matriz da Paróquia do Senhor Bom Jesus do Monte, em Piracicaba, SP, iniciei em 2007 uma pesquisa detalhada sobre sua história. Descobri que o Cristo Redentor da torre da igreja foi esculpido por Agostinho Balmes Odísio, que residia em Limeira, SP. A imagem, de 5m de altura, de cimento armado, começou a ser montada por ele em 19 de abril de 1932 e foi inaugurada entre os dias 5 a 15 de novembro do mesmo ano. Até então, pensava que o autor da obra era um escultor qualquer, de uma cidade vizinha.
As coisas começaram a ficar surpreendentes depois que conheci a neta de Agostinho, Vera Odísio Siqueira, que esteve em Piracicaba em 2007 em busca de informações sobre a obra de seu avô para um livro que estava escrevendo. Recebi em agosto de 2011 um exemplar do livro De Dom Bosco a Padre Cícero, lançado no Memorial Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, CE, em 19 de julho de 2011.
Confesso que fiquei impressionado com a saga desse ex-aluno de Dom Bosco e com as junções históricas e as coincidências com a Família Salesiana, na Itália e no Brasil. Prova de que Dom Bosco e Maria Auxiliadora agem nas pessoas com a sabedoria que transcende os dias, os anos, os séculos.


Ex-aluno de Dom Bosco - Agostinho nasceu em 1º de maio de 1881, em Turim, Itália. Estudou na Escola Profissional Domingos Sávio, fundada por Dom Bosco; serviu na Companhia dos Bersaglieris e integrou a banda do primeiro Oratório Festivo de Dom Bosco, em Valdocco. Sim, ele conheceu São João Bosco em vida e, aos 7 anos, ele e sua mãe Maria foram ao enterro de Dom Bosco, que faleceu aos 72 anos, em 31 de janeiro de 1888.
Ao deixar a Itália, em 1913, seu destino era Buenos Aires, na Argentina, onde residia seu único irmão. Porém, o navio aportou em Santos, SP, onde Agostinho conheceu Natale Frateschi, imigrante italiano da cidade de Lucca, dono de uma loja de Armador e Marmoraria em Franca. Frateschi logo ofereceu ao já então conhecido artista italiano oportunidade de trabalho. Na cidade de Franca, Agostinho conheceu Dosolina, uma das filhas de Natale, com quem se casou. Da união nasceram sete filhos, dois homens e cinco mulheres.

Franca foi a primeira cidade paulista a ganhar obras de Agostinho. Depois vieram São Paulo, Campinas, Caçapava, Guaratinguetá, Jundiaí, Limeira, Piracicaba, Pindamonhangaba e São José dos Campos, entre outras. No Rio de Janeiro e em Minas Gerais, passou por Camanducaia, Itajubá, Juiz de Fora, Ouro Fino, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Santos Dumont, Três Corações, Uberaba e muitas outras. Em 1934, mudou-se para o Ceará. Deixou sua obra registrada em mais de 30 cidades, entre elas Juazeiro do Norte (terra de Padre Cícero) e a capital Fortaleza. Pelo Nordeste, circulou ainda nos estados da Paraíba e do Piauí
Dom Bosco e Padre Cícero - No Brasil, Agostinho tornou-se um dos fieis defensores e seguidores de padre Cícero, conselheiro e guia espiritual do povo do sertão, que destinou seus bens aos Salesianos para que dessem continuidade ao seu trabalho. Dom Bosco e padre Cícero foram duas grandes influências na vida de Agostinho. Na página 19 do livro encontramos a evidência: "Sua formação foi guiada pelos Salesianos e ele sempre manteve uma ligação forte com Dom Bosco, procurando, em toda a cidade que morava ou trabalhava, a família salesiana. Em Fortaleza, sua oficina tinha o nome de Dom Bosco com uma imagem na fachada".

A genialidade de Agostinho ficou mesmo registrada na escultura e na arte sacra. Mas ele atuou também em outras áreas. Como arquiteto e engenheiro, projetou, construiu e reformou igrejas e logradouros públicos. Escreveu ainda peças teatrais e óperas.
Antes de vir para o Brasil, já era um artista reconhecido na Itália. Em 1912, esculpiu o busto de Vittorio Emanuelle II, no Palazzio Venezia (Roma), obra com a qual conquistou o primeiro lugar de um concurso e uma bolsa de estudos na França. Estudou na Escola de Belas Artes e Arquitetura de Paris, onde foi discípulo de Auguste Rodin, um dos maiores escultores da nossa história. Em sua terra natal, deixou belas obras, como o nicho em homenagem a Dom Bosco na Escola Profissional Domingos Sávio e trabalhos na Igreja de São Genésio, magnífico templo da região do Piemonte.
Não tinha o hábito de assinar suas obras, o que, segundo sua neta, dificultou um pouco o mapeamento de sua produção. Agostinho faleceu em 29 de agosto de 1948, deixando importante patrimônio histórico e cultural para o Brasil.

Marcos Antonio Vanceto
Fonte: Boletim Salesiano


Nota do Postador
Em Crato, Agostinho Balmes Odisio foi também autor de outros projetos, como o monumento do Cristo Redendor (foto acima), Palácio Episcopal, busto de Dom Quintino, na Praça da Sé; altar-mor e altar da capela do Sagrado Coração de Jesus, ambos na Catedral; gruta de Nossa Senhora de Lourdes e estátua de São Geraldo, no Colégio Santa Teresa de Jesus; altar-mor da capela do Seminário Diocesano São José, dentre outros. Em Juazeiro do Norte, Agostino Balmes Odísio trabalhou na reforma da Igreja-Matriz de Nossa Senhora das Dores (hoje Santuário Diocesano e Basílica Menor) onde projetou os altares e esculpiu estátuas, medalhões e painéis daquele templo.

sexta-feira, 30 de março de 2012

HOJE - Sexta-Feira, dia 30 - Dihelson Mendonça é entrevistado no Programa Cariri Encantado da Rádio Educadora do Cariri

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HOJE, Sexta-Feira, dia 30 de Março
Horário: 14:00
Rádio Educadora do Cariri
O programa pode ser ouvido pelo Blog do Crato ou qualquer site da Rede Blogs do Ceará que tenha o player da Rádio Chapada do Araripe - Ex. Cariricult, Cariricaturas, Blog do Sanharol, Beto Fernandes, etc, ou pelo site da Rádio Educadora:

www.radioeducadoradocariri.com

quinta-feira, 29 de março de 2012

Tudo positivo - Emerson Monteiro

No dia em que chegar à paz definitiva da luz no coração do ciclone, e muito mais, haverá tranquilidade no mundo de em todos nós. Enquanto não vier esse dia radioso, haverá longa estrada de oportunidades sem fim a percorrer os passos, em todos os sentidos externos e internos, a circular o espaço das dimensões. Possibilidades de festa, porém, floreiam esse tempo de espera nas árvores, no luar, nas portas abertas aos meios utilizados em seguir trilhas adentro das dimensões inesgotáveis.

Poucos parágrafos definiriam o céu das criaturas, espécimes na divina formação, sentimentos vivos e fortes, a vontade acesa dos rios de plasma. Observe, pois, neste meio termo de poucas palavras, o potencial valioso de crer na infinitude dos dias solto nas mãos dos indivíduos. Orações pronunciadas de olhos abertos, à luz do dia, pelos peregrinos dessa caravana das estrelas rasgando o véu do Mistério através do sagrado difuso nos campos e cidades, terras e mares. Seres soltos pelo ar, pisadas calmas, no chão das flores no si próprio, emoção boas invés dos batalhões nas guerras cruas e infundadas.

Isto pesa na forma da indignação que machuca a alma quando corrupções e vaidades ferem de mágoa os sonhos. A pouca justiça entre os homens, nas instituições ainda imperfeitas, dos mendigos queimados em praça pública nos pontos de ônibus, nas portas de lojas para não espantar a freguesia nos dias ensolarados seguintes, os políticos infiéis, os traficantes, as falhas no sistema que quer avançar a troco da eliminação das vidas pelo aborto consentido, e passar em branco, que tange ao retorno do que precisam devolver após cobrar os impostos e esquecer-se dos que padecem às portas dos hospitais, com o sofrimento e a fome rompendo a paciência das gentes.

Erguer os olhos por fim de reconhecer necessidades extremas de profundas transformações, mesmo que nessas práticas impiedosas. Pedir, porém agir no íntimo através dos passos à frente, no transcurso precioso das horas de felicidade que aguardam os méritos de milhões, bilhões de criaturas inteligentes vagando por vezes só a esmo, batendo cabeça nas paredes do destino, inconscientes da prudente plantação de sementes melhores, o que somos.

Isto, sim, promover o crescimento da virtude – despertar os valores essenciais à paz coletiva e à tranquilidade, nas consciências das cavernas de nós. Saber acreditar no alvorecer das gerações, agora missão depositada nas mãos desses atuais representantes da colheita presente.

PASSANDO A LIMPO - Por Edilma Rocha


Às vezes nos deparamos  com tantas perguntas,
e que de alguma maneira
terão um dia, de ser respondidas.
Ou pelo menos, ter tentado...
No decorrer do tempo percebemos
quanta luta tivemos  que percorrer no tempo
e depois refletir
se valeu a pena...
Quantos sonhos, quantos sacrifícios,
quantas alegrias e quantos sofrimentos...
Em alguns momentos
seguimos caminhos errados,
mas com a certeza de que foi
tentando acertar...
Se cheguei até este momento
deixei as marcas da dor e da saudade no meu peito.
Marcas que se transportaram até o meu rosto
cansado e maquiado de luz
para continuar sorrindo, apesar de tudo...
Uma base, um lápis, um batom
e um grande sorriso
escondem as amarguras da vida
como se quisessem unir a solidão e a tristeza
com os risos e os aplausos da vitória
perdida na inocência e na juventude...
Os meus olhos refletem a luz que eu não soube ver.
Talvez se voltasse atrás
pudesse novamente sentir o perfume das flores cerradas
Pudesse ouvir através da música da pequena cachoeira
a mensagem verdadeira.
Pudesse ver a lua brilhar no céu escuro
e contar as estrelas.
E durante o dia, proteger meu filho do sol e da chuva.
Lhe oferecer uma cama macia
e aquecer seu coração com amor de mãe...
Iria escolher a árvore mais bonita
para deixá-lo dormir
embaixo da sua sombra.
E ali repousar meu corpo frágil,
sofrido.
E certamente o vento levaria para longe
 o som das cantigas de ninar
conduzindo-o para  o mundo da imaginação.
E agora fico passando a limpo
 uma vida que poderia ter sido diferente e não foi...
Pensar, sentir,
e calar.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Pedra de peixe, é pedra ou é peixe? - Uma proposta para divulgação da Paleontologia

(Divulgado no site da Funcap)

Há aproximadamente 120 milhões de anos, existia, no Cariri, um sistema de lagos e lagoas afro-brasileiros onde cardumes de pequenos peixes e outros maiores viveram, morreram e se fossilizaram. Esses fósseis, abundantes na região, são chamados pela população local de "pedras de peixe" e fazem parte tanto da vida cotidiana dos moradores mais antigos quanto das crianças da região. As "pedras de peixe" serviram como tema para a elaboração do livro infantil "O peixinho de pedra", de autoria da jornalista cearense Socorro Acioli, que recebeu, em 2007, a menção de Altamente Recomendável pela Fundação Nacional da Literatura Infantojuvenil (FNLIJ).
Apesar de muitas pessoas já reconhecerem e colaborarem para a preservação desses fósseis, grande parte da população do sul do Ceará ainda não tem acesso a informações científicas e desconhece o processo de formação dos fósseis da Bacia do Araripe. A carência de informações é ainda maior para o público infantil, pois são poucos os trabalhos de divulgação da Paleontologia voltados para crianças.

Foi pensando nesse público que a pesquisadora Lana Luzia Maia Nogueira resolveu elaborar como trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Paleontologia e Geologia Histórica pela Universidade Federal do Ceará, a monografia "Pedra de peixe, é pedra ou é peixe? - Uma proposta para divulgação da paleontologia", por sugestão da coordenadora local do curso, Dra. Maria Helena Hessel. O curso foi realizado em parceria com a Universidade Regional do Cariri (Urca) e com o patrocínio da Funcap. A pesquisadora elaborou uma proposta de cartilha infantil para divulgação da paleontologia do Araripe, com objetivo de disseminar informações científicas de forma lúdica e em linguagem coloquial, para crianças entre seis e dez anos.

De acordo com Lana, o uso da cartilha pode multiplicar o conhecimento através da leitura e da narração de histórias e contribuir para o desenvolvimento da oralidade e da socialização da criança. "O material paradidático é um grande recurso para entender uma leitura de cunho científico e estabelecer uma comunicação destas mensagens com maior facilidade. A proposta da cartilha pode consolidar novos processos de interdisciplinaridade fundamentais para uma divulgação diversificada de seu conteúdo e da Paleontologia", afirma a pesquisadora.

Como metodologia, foi efetuado, em parceria com o Grupo de Pesquisa da Chapada do Araripe (Urca), um levantamento bibliográfico de publicações relacionadas à paleontologia do Araripe. Além disso, foram realizadas visitas aos locais com ocorrências de fósseis da Formação Santana, a museus e exposições, para embasar a elaboração da cartilha, que é constituída de dezesseis páginas ilustradas com desenhos de traços simples e com informações em linguagem de fácil compreensão abordando a formação dos fósseis de peixes contidos dentro das concreções calcárias.

Assessoria de Comunicação da Funcap
Twitter: @FuncapCE
Facebook: www.facebook.com/Funcap
Blog: http://fciencia.funcap.ce.gov.br

terça-feira, 27 de março de 2012

Os teus atos refletem em mim

Os teus atos refletem em mim
Se você chora
Eu choro
Se sente dor
Tenho dor
Lembre-se só um pouquinho de mim
 
Pois estou todas as horas com vocês
Hoje quero te agradecer
Pois quando você esta feliz
Eu sempre fico assim


  
                                                                                      Daniel Hubert Bloc Boris (Jacques)

                                                                                         Artista Plástico















sábado, 24 de março de 2012

Um cratense do Piauí -- por Pedro Esmeraldo


Hoje, sábado, 24 de março de 2012, data de grande importância para o Crato, porque será homenageado e contemplado com o título de novo cidadão cratense o senhor Kilson Pinheiro de Rezende por essa razão tornamo-nos alegres, já que o Crato anda ressentido de líderes autênticos e que precisamos enaltecer com novos líderes de grande escol para juntar-se aos líderes da terra a fim de proteger a cidade.

Kilson Pinheiro de Rezende nascido em Piripiri-PI receberá hoje a mais nova comenda que a cidade lhe outorgará com gratidão pelo amor que tem a sua nova terra.

Orgulhamo-nos com certeza que o senhor Kilson irá juntar-se aos líderes mais afoitos a fim de reconquistar com brilhantismo todo o patrimônio perdido ao longo dos anos e que por ora precisamos de luta com coragem e com amor à terra, com isso irá unir-se o útil ao agradável.

Kilson, essa figura impoluta, tornou-se amante desta cidade e aqui fez sua residência angariando com amizade um trabalho eficaz em defesa da sua terra. Foi um homem polivalente dos seus empregos, galgou várias posições elevadas através de seu trabalho eficiente e atingiu a meta esperada com elevação no seu emprego, tornando-se um senhor respeitado no trabalho árduo e eficiente.

Chegou ao Crato no final do século passado, angariou a amizade que pode se dizer que foi um homem que soube elevar-se espiritualmente com muita simplicidade, conquistando profundos conhecimentos no decorrer da permanência de sua nova terra.

Reverberou-se com precisão no meio social da cidade, acautelou-se com dignidade no meio dos mais ásperos recantos, galgando a simpatia de homem sério e honesto.

No decorrer do tempo, notamos que o Crato precisa unir-se a outras pessoas de boas qualidades morais e que venham amealhar outras amizades que façam jus, vibrando-nos com o trabalho preciso de amor, juntando-se aos mais ardentes conterrâneos que queiram bem a nossa terra. Aqui temos certeza, o senhor Kilson nos acompanhará, não permitirá que nos separe diante dos poderosos fracos por que precisamos de pessoas fortes e corajosas. Queremos formar uma multidão de amigos que venham brigar sem esmorecimento e aparecendo com sensatez no trabalho de pessoas dignas que queiram acompanhar o desenvolvimento da cidade.

Mostraremos com força que não somos acomodados, mas somos pessoas vibrantes e lutadoras. Por isso confiamos que o senhor Kilson venha juntar-se a nossa gleba de homens que queiram defender a cidade e agora com toda certeza Kilson não nos abandonará e entrará no rol de homens que tem amor e ânsia de trabalhar com precisão pela terra comum.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Momento da Poesia - Por Claude Bloc

PALAVRAS

As palavras se calam
Porque já é dia
Porque não sei mais
Onde encontrar a rima
Onde cortar o verso.

De noite a chuva,
de dia os ventos
e essa saudade, puro entorpecente !
E só então escrevo
E só então me atrevo
A viajar sem medo
ao clarear
do dia...

Viajo pelos sóis de outros tempos
pelos dias eternos de meus sentimentos
e só então,
ao nascer do dia
embalo as estrelas
com a magia de um verso
- esse sonho disperso -
que se despetala
nesse livro aberto.


(Claude Bloc)

Há 200 anos nascia George Gardner -- por Armando Lopes Rafael

O próximo dia 2 de maio assinalará os 200 anos de nascimento de George Gardner, Naturalista, Botânico Memorialista, Intelectual, Pesquisador, Escritor, Ensaísta e Cientista inglês, nascido em Glasgow, Escócia, no dia 02 de maio de 1812. Naquela cidade, ele iniciou seus primeiros estudos. Graduou-se em Medicina e Botânica. Muito jovem, aos 24 anos, iniciou uma visita de estudos ao então Império do Brasil.

Fruto dessa viagem – feita com o objetivo de estudar, observar e pesquisar o Império dos Trópicos – foi a publicação, em 1846, três anos antes da sua morte, de um livro somente um século depois traduzido para o Português por Albertino Pinheiro, com o título Viagem ao Interior do Brasil. (São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1942. 468 p.)

Uma vida breve e rica! Assim poderia ser sintetizada a existência de George Gardner!

Chegada ao Cariri

Ao final da tarde do dia 9 de setembro de 1838, após ter cavalgado sobre terra plana e arenosa, de ter contemplado grandes plantações de cana, onde sentiu o cheiro do mel vindo dos engenhos de rapadura, a invadir a atmosfera com seu aroma adocicado, George Gardner avistou Crato. Extasiado com a beleza da localidade, ele escreveu as linhas abaixo:
 “Impossível descrever o deleite que senti, ao entrar neste distrito, comparativamente rico e risonho, depois de marchar mais de trezentas milhas através de uma região que, naquela estação, era pouco melhor que um deserto.

A tarde era das mais belas que me lembra ter visto, com o sol a sumir-se em grande esplendor por trás da Serra do Araripe, longa cadeia de montanhas, a cerca de uma légua para Oeste da Vila, e o frescor da região parece tirar aos seus raios o ardor que pouco antes do poente é tão opressivo ao viajante, nas terras baixas.

A beleza da noite, a doçura revigorante da atmosfera, a riqueza da paisagem, tão diferente de quanto, havia pouco, houvera visto, tudo tendia a gerar uma exultação de espírito, que só experimenta o amante da natureza e que, em vão eu desejava fosse duradoura, porque me sentia não só em harmonia comigo mesmo, mas “em paz com tudo em torno”.

Números que enganam – por Armando Lopes Rafael

(Escrevi este articuleto em 2002, há dez anos. Incrível, mas ele ainda mantém a atualidade. Minha intenção era, tão somente, mostrar como o povo brasileiro é manipulado pelas informações que recebe. Caro leitor:  qualquer retificação ou incorreção aqui constante será bem recebido pelo autor do escrito)


   Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu novo presidente do Brasil por esmagadora maioria dos eleitores, certo? Errado.

     No primeiro turno, segundo a imprensa, Lula obteve 46,44% dos votos. Verdade? Puro engano, como demonstrarei a seguir.

O nosso colégio eleitoral tem 115.253.447 votantes. O candidato do PT recebeu 39,4 milhões de votos que representam 34,2% da preferência eleitoral. Ou seja: 65,8% dos eleitores brasileiros não queriam Lula como presidente. No primeiro turno, José Serra obteve 19,700 milhões de votos (17,1%); Garotinho foi votado por 15,175 milhões de brasileiros (13,2%); Ciro conseguiu 10,167 milhões (8,8%). Votaram em branco 2,873 milhões de brasileiros, enquanto os nulos somaram 6,975 milhões. E se abstiveram de votar 20,473 milhões de pessoas(17,8%), superando assim a votação dada a José Serra.

No segundo turno, Lula obteve 52.793.364 votos (45,8% do colégio eleitoral) enquanto Serra foi votado por 33.370.739 eleitores (28,9% dos aptos a votar). Se eu estiver errado, por favor, corrijam-me. Mas deixemos de lado as eleições presidenciais deste ano, fato consumado, e reflitamos sobre o processo eleitoral em si.

José Maria Pemán, um brilhante intelectual espanhol, no livro "Cartas a um céptico sobre as formas de Governo", escreveu: "Em princípio, não há processo de designação mais contrário à essência da magistratura suprema do que o eleitoral: deve ser uma magistratura para todos – e é eleita por um partido; deve ser um poder imparcial e sereníssimo – e nasce das paixões da luta; deve ser um símbolo unanimemente respeitado – e expõem-no durante o período que precede a sua ascensão, que é o do combate eleitoral, a todos os embates da crítica, da discussão, da caricatura e do libelo" (Edições Gama, Lisboa, 1941, p.71).

Muita gente afirma que as eleições representam a expressão da verdadeira vontade popular. Os mais fanáticos chegam a dizer "vox populi, vox Dei" (a voz do povo é a voz de Deus). Mas será que sempre ganham os melhores e os mais preparados? Será que sempre ganha quem tem mais experiência, os mais honestos, os mais sábios ou os mais competentes?

Na eleição que Pôncio Pilatos fez para o povo escolher entre Barrabás e Jesus Cristo, este último foi fragorosamente derrotado, pois a massa ignara sufragou Barrabás, o homicida. Como bem afirmou o bispo fluminense dom Fernando Arêas Rifan: O povo pensa. A massa é manobrada. Nem sempre podemos dizer que a eleição seja expressão da vontade do povo. Talvez seja só da massa."

terça-feira, 20 de março de 2012

Crucifixo, chatice e intolerância – por Carlos Alberto di Franco

(publicado n’O Estado de S.Paulo)

Carlos Brickmann, jornalista arguto e politicamente incorreto, decidiu entrar no vespeiro do despejo do crucifixo de todas as dependências do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul. Vale a pena registrar o seu comentário.
"Há religiões; também há a tradição, há também a história. A Inglaterra é um estado onde há plena liberdade religiosa e a rainha é a chefe da Igreja. A Suécia tem plena liberdade religiosa e uma igreja oficial, a Luterana Sueca. A bandeira de nove países europeus onde há plena liberdade religiosa exibe a cruz.

O Brasil tem formação cristã; a tradição do país é cristã. Mexer com cruzes e crucifixos vai contra esta formação, vai contra a tradição. A propósito, este colunista não é religioso; e é judeu, não cristão. Mas vive numa cidade que tem nome de santo, fundada por padres, numa região em que boa parte das cidades tem nomes de santos, num país que já foi a Terra de Santa Cruz. Será que não há nada mais a fazer no Brasil exceto combater símbolos religiosos e tradicionais?
Se não há, vamos começar. Temos de mudar o nome de alguns Estados e cidades como Natal, Belém, São Luís e tantas outras. E declarar que a Constituição do País, promulgada 'sob a proteção de Deus', é inconstitucional.

Há vários símbolos da Justiça, sendo os mais conhecidos a balança e a moça de olhos vendados. A balança vem de antigas religiões caldeias. Simboliza a equivalência entre crime e castigo. A moça é Themis, uma titã grega, sempre ao lado de Zeus, o maior dos deuses. Personifica a Ordem e o Direito.

Como ambos os símbolos são religiosos, deveriam desaparecer também, como o crucifixo?"
Em São Paulo, cidade cosmopolita e multicultural, basta bater os olhos nas estações da Linha Azul do Metrô: Conceição, São Judas, Saúde, Santa Cruz, Paraíso, São Joaquim, Sé, São Bento, Luz, Santana. E aí, vamos ceder ao fervor laicista e mudar o nome de todas elas?
Carlos Brickmann foi certeiro. Mostrou a insensatez e a chatice que estão no fundo da decisão de um Judiciário ocupado com o crucifixo e despreocupado com processos que se acumulam no limbo da inoperância e do descaso com a prestação da justiça à cidadania. Na escalada da intolerância laicista, crescente e ideológica, não surpreenderia uma explosão de ira contra uma das maravilhas do mundo e o nosso mais belo e festejado cartão-postal: o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

sábado, 17 de março de 2012

Tempos apocalípticos -- por Paulo Brossard (*)

Minha filha Magda me advertiu de que estamos a viver tempos do Apocalipse sem nos darmos conta; semana passada, certifiquei-me do acerto da sua observação, ao ler a notícia de que o douto Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado, atendendo postulação de ONG representante de opção sexual minoritária, em decisão administrativa, unânime, resolvera determinar a retirada de crucifixos porventura existentes em prédios do Poder Judiciário estadual, decisão essa que seria homologada pelo Tribunal. Seria este “o caminho que responde aos princípios constitucionais republicanos de Estado laico” e da separação entre Igreja e Estado.

Tenho para mim tratar-se de um equívoco, pois desde a adoção da República o Estado é laico e a separação entre Igreja e Estado não é novidade da Constituição de 1988, data de 7 de janeiro de 1890, Decreto 119-A, da lavra do ministro Rui Barbosa, que, de longa data, se batia pela liberdade dos cultos. Desde então, sem solução de continuidade, todas as Constituições, inclusive as bastardas, têm reiterado o princípio hoje centenário, o que não impediu que o histórico defensor da liberdade dos cultos e da separação entre Igreja e Estado sustentasse que “a nossa lei constitucional não é antirreligiosa, nem irreligiosa”.

É hora de voltar ao assunto. Disse há pouco que estava a ocorrer um engano. A meu juízo, os crucifixos existentes nas salas de julgamento do Tribunal lá não se encontram em reverência a uma das pessoas da Santíssima Trindade, segundo a teologia cristã, mas a alguém que foi acusado, processado, julgado, condenado e executado, enfim justiçado até sua crucificação, com ofensa às regras legais históricas, e, por fim, ainda vítima de pusilanimidade de Pilatos, que tendo consciência da inocência do perseguido, preferiu lavar as mãos, e com isso passar à História.

Em todas as salas onde existe a figura de Cristo, é sempre como o injustiçado que aparece, e nunca em outra postura, fosse nas bodas de Caná, entre os sacerdotes no templo, ou com seus discípulos na ceia que Leonardo Da Vinci imortalizou. No seu artigo “O justo e a justiça política”, publicado na Sexta-feira Santa de 1899, Rui Barbosa salienta que “por seis julgamentos passou Cristo, três às mãos dos judeus, três às dos romanos, e em nenhum teve um juiz”… e, adiante, “não há tribunais, que bastem, para abrigar o direito, quando o dever se ausenta da consciência dos magistrados”. Em todas as fases do processo, ocorreu sempre a preterição das formalidades legais. Em outras palavras, o processo, do início ao fim, infringiu o que em linguagem atual se denomina o devido processo legal. O crucifixo está nos tribunais não porque Jesus fosse uma divindade, mas porque foi vítima da maior das falsidades de justiça pervertida.

Não é tudo. Pilatos ficou na história como o protótipo do juiz covarde. É deste modo que, há mais de cem anos, Rui concluiu seu artigo, “como quer te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde”.

Faz mais de 60 anos que frequento o Tribunal gaúcho, dele recebi a distinção de fazer-me uma vez seu advogado perante o STF, e em seu seio encontrei juízes notáveis. Um deles chamava-se Isaac Soibelman Melzer. Não era cristão e, ao que sei, o crucifixo não o impediu de ser o modelar juiz que foi e que me apraz lembrar em homenagem à sua memória. Outrossim, não sei se a retirada do crucifixo vai melhorar o quilate de algum dos menos bons.

Por derradeiro, confesso que me surpreende a circunstância de ter sido uma ONG de lésbicas que tenha obtido a escarninha medida em causa. A propósito, alguém lembrou se a mesma entidade não iria propor a retirada de “Deus” do preâmbulo da Constituição nem a demolição do Cristo que domina os céus do Rio de Janeiro durante os dias e todas as noites.

(*) Paulo Brossard, ex-senador da República, ex-ministro da Justiça, Ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Artista Plástico Cratense representará o Ceará no SARAU CHATÔ 2012, em Brasília


Um dos mais importantes eventos artísticos de Brasília


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O artista plástico cratense George Macário seguirá para Brasília nos próximos dias, onde representará o Ceará num dos mais cobiçados eventos artísticos, o SARAU CHATÔ, ponto de referência cultural na capital da república, destinado a eventos culturais.

Inaugurado em abril de 2008, o Espaço Chatô é um canal de comunicação para manter acesa a chama de Assis Chateaubriand, no que se refere ao seu ideal de elevação do nível cívico e cultural do povo brasileiro, motivando sempre o debate das grandes questões nacionais e o incentivo ao desenvolvimento da educação.

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Na foto acima: Galeria George Macário, em Crato

O artista plástico cratense George Macário já realizou exposições em diversas cidades brasileiras, e suas obras são elogiadas pela crítica especializada. Um dos seus maiores entusiastas é o internacionalmente conhecido artista Bruno Pedrosa, que reside na França, e cujas exposições transitam nas maiores galerias do mundo; De Nova York a Paris, de Londres a Tokyo.

George Macário estará no Sarau Chatô no dia 22 deste mês de março e deverá levar algumas das suas mais recentes obras para uma exposição. O Sarau Chatô possui uma intensa programação de exposições, lançamentos de livros e apresentações musicais, e é parte integrante da estrutura da Fundação Assis Chateaubriand, localizada no Setor de Indústrias Gráficas, Quadra 2, Lote 340, no edifício-sede do Correio Braziliense, em Brasília (DF). O local dispõe de um salão de 80,35 m², margeado por agradável varanda de 745 m².


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George Macário mescla diferentes estilos: Pós moderno e Impressionismo:

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Após décadas nos estilos tradicionais, nos últimos anos, amadureceu a idéia de que unir a pintura com a escultura. Seus mais recentes trabalhos mostram relêvo, e cada vez mais o uso de projeções tridimensionais, formas abstratas que saltam da tela para o mundo real:

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Recentemente o artista desenvolveu uma série de esculturas derivadas da sua própria forma de concepção visual

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Dihelson Mendonça com informações do Sarau Chatô.

O ghostoso da simplicidade - Emerson Monteiro

Acharam, pois, de artificializar tanto, e de tal forma, as categorias gramaticais que de regra obesa ninguém vive mais o prazer das primeiras vezes, nessas murrinhas rodeadas na moldura dos cabelos amarfanhados, parafinados, que só aprisionam a boneca da velha civilização. Onde eles esconderam o desgosto do amor aberto das praças e a paixão dos filmes ardentes, as flores miudinhas abandonadas ao vento, o inesperado das cenas, os sambas clarividentes de Chico Buarque?

A emoção definitiva dos jornais de antigamente que chuva levou para sempre, então? E as máquinas sabidas de dar corda, os brincos de argola pendurados perto dos lábios de mel, olhos acesos de desejo às menores carícias, os brejos dos canaviais ondulantes, as cores vivas dos tetos de telha das choupanas e suas chaminés esvoaçantes tingindo de cinza o verde da matas em festa animada? Os pirilampos, as cabrochas, os sugares das concertinas, estalidos de comboeiros conduzindo cargas de rapadura em travessias de sertão? Que é disso, daquilo e doutros tamanhos blocos de granito que jamais imaginou sumirem?

E o ghostoso das mínimas atenções que escorregou dos dedos a preço de inutilidades, a troco de nada, sem botão de respostas saracoteando nas histórias estrangeiras das conversas pra boi dormir dos vídeos games e tudo?! Argumentos falsos desconfiados dessa gente que repete as produções, no lucro incessante em jeito sabido, incutindo colesterol nas barrigas esfomeadas dos subdesenvolvidos e carrões platinados!?...

Começaram tocando nas rádios assuntos desconhecidos em músicas de línguas desconhecidas, e venderam fácil aos índios geniais camaradas, samurais enferrujados. Passaram que passaram turnos de mercadorias ilustradas, sarapintadas no sabor de artificial, e encheram maneiro o canteiro da moçada efusiva.

Depois era ver e crer o quanto sucata emprenha o teto dos armazéns, casas e dormitórios. Nisso, o barco segue tingindo o mar dos puxadores da guerra, nos exteriores das fazendas de gado, na superpopulação do tecido social. Cultura mesmo adormeceu preguiça no território de um globo inteiro, que esmoreceu nas calças. Bossa abusada que fuça, fuça, a estrutura caduca na farra de ração que atocha de hormônio o tanque da macacada sideral.

Há tempo, sim, nas folhas dos calendários... No treme-treme dos relógios. Ia esquecendo falar a saudação de fechar a carta.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Hugo Linard - Emerson Monteiro

No dia em que iniciava estudos junto ao Colégio Pio X, localizado na Praça da Sé, em Crato, ali por volta dos meus 10 anos, logo antes do início das aulas observava um dos garotos para mim desconhecidos nas animações e intensas atividades. Um deles era Hugo, que depois seria meu amigo e companhia de bons instantes, naquela época. Logo soube que tocava acordeom, gostava de jogar bola e marcava o grupo pela facilidade em liderar os demais garotos. Sempre criativo, guardava boas surpresas e demonstrava alegria contagiante.

Noutras horas, saíamos em caminhadas pela cidade, quando, inclusive, me traria a conhecer o Bazar de Dona Zulmira, loja de brinquedos e variedades que havia na Rua Miguel Limaverde, na época apenas um beco típico do centro antigo do Crato, de belas casas revestidas de azulejo português, herança mais adiante desfeita na urbanização da cidade. A visita ao bazar marcaria bem os olhos de menino qual aparição mágica com mimos quase de tudo ignorados, dada a beleza dos brinquedos raros que oferecia. Isto conduzido pelas mãos do colega e amigo.

Hugo significava em Crato menino prodígio que iniciara a história de musicista logo aos seis anos de idade. Em cada sessão de arte do colégio detinha presença fiel, a executar com maestria as páginas do cancioneiro popular de maior sucesso, número apreciado nos programas de auditório das emissoras cratenses, Araripe e Educadora, atração respeitada por legião de fãs.

Seguiu carreira promissora, merecendo o apoio dos pais, que com ele montariam, nos anos 60, o grupo Ases do Ritmo, conjunto que marcou os bailes do Cariri durante fase inesquecível das tertúlias semanais, junto de Hildegardes Benício , Os Tops e Os Águias.

Além de músico virtuoso nos teclados, Hugo possui dotes para o desenho, havendo mostrado trabalhos nos Salões de Outubro de 1977 e 1978, e no Salão de Maio de 1978, em Crato, ocasiões quando auxiliei na organização dos tais eventos, e expus colagens e pinturas, o que exercitava naquele momento.

Dias atuais, e acompanho as atividades intensas de Socorro Moreira, junto de outros animadores culturais cratenses, para realizar, dia 14 de abril, no Crato Tênis Clube, a festa dos 60 anos de carreira de Hugo Linard, laurel merecido e justo, sobremodo vindo deste reconhecimento público a quem tantas emoções ocasionou durante a boa geração de contemporâneos.

A Hugo Linard o meu abraço de júbilo, satisfação e melhores sentimentos, visto o exemplo de pai de família e profissional exímio que nos lega e que lhe credencia ao destaque que usufrui nas artes da nossa Região.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia da Poesia

Hoje é dia
Dia da Poesia
Rios carregam letras
Ventos transportam frases
Sinos cantam rimas
O cordel se arruma todo
O livro já se perfumou
A viola da seu grunido
O pandeiro lhe responde
A caneta pula e dança
O papel ligeiro deita
Sonhadores da poesia acordam
Registrando a cultura nossa
Imortalizando a alma do poeta
e dos amantes da POESIA 


Daniel Boris (Jacques)
Artista Plástico
 

segunda-feira, 12 de março de 2012

 Por que me abres velhas cicatrizes?
Se o meu não nunca te fere
por que esse perfume antigo?
Se sabes que odeio esse passado torto
por que me olhar atravessada?
Se o teu ódio não te faz andar
por que esse riso torpe? Por que?
A duvida não te permite gostar
Não te deixa sentir...nem sonhar
Por que fazer-se distante?
Se Eu te vejo aqui,
embora fora de mim
longe assim..
Que ventos nos deixou
num viver sem respostas?
mesmo que o caminho
se feche em paliçadas
qual paredes opacas
sem brechas para palavras
ou espaços para sonhos
ou perdão...
ainda assim podemos caminhar
mesmo que caminhemos
em sentidos contrarios
por estradas opostas
num viver sem respostas
sem tempo nem coragem
nem mesmo pra dizer
adeus.
Por que?


LEMBRANÇAS DO ASSARÉ - Por Edilma Rocha

Nos tempos de criança a simplicidade do lugar se completava com a companhia dos parentes mais próximos. Uma  cidade com poucas casas em torno de  uma só Praça, que já continha o próprio comércio.

Um mercado que exibia as carcaças do gado abatido dependurado pelos ganchos de ferro lá no alto, enquanto os vira-latas famintos aguardavam deitados pelas sobras, pacientemente. Em cima das bancadas a matança era completa. Cabritos, leitões e uma fileira de galinhas caipiras com porções de sangue em pequenas tigelas, agurdavam a freguesia. O ritual da faca do açougueiro lambendo a pedra de fogo me fazia tremer de medo.

A pequena loja de aviamentos enfeitava nossos cabelos com laços de fita de cetim e tafetá de diversas cores. Era o luxo das meninas que desfilavam nas calçadas todas as tardes.

Lembro de uma loja que vendia de tudo. Dos  pavios  das lamparinas até alguns móveis. Ali no meio da pequena cidade tinha  tudo que os moradores pudessem com pouca ambição, levar para casa.

Pela manhã acordávamos com o cheiro forte do café da torrefação do lado e aquele aroma se misturava com a brisa fria do despertar de mais um dia de férias. Ao abrir a janela já se encontravam os primeiros alimentos do dia. O pão quentinho embrulhado em papel e a garrafa com leite puro  que ficavam ali somente para a disposição da freguesia matutina. O lugar mais importante da cidade era o Largo da Matriz de Nossa senhora das Dores. E o respeito das pessoas pelo Vigário  era grande, como a de um prefeito ou delegado, que atudo dava a palavra final de conciliação.

Certa vez, no sermão da missa das cinco da tarde, comentou o desparecimento dos pães em algumas janelas das casas. Coisa que nunca havia acontecido.  Foi logo contratado um vigilante noturno que passaria a mudar o sossego de todos com um apito insistente nos despertando dos sonhos. Mas graças a Deus durou só uma noite pois o ladrão dos pães era um jumento que resolveu trocar o capim seco da Praça pelo pão  do nosso desejum.

Na Casa grande morava uma moça cria da casa, como era chamada, que fazia os trabalhos domésticos. Acordava bem cedinho, antes de todos e a primeira tarefa era apanhar água para o consumo do dia.
Decidi acompanha-la ao trabalho. Uma lata de Querosene vazia e bem limpa com um apóio de madeira, uma cuia e um pano torcido que chamava de rodilha, para proteger a cabeça. era tudo que levava nas mãos. O caminho não era curto, mas íamos conversando e a minha companhia parecia que lhe enchia de orgulho na apreciação do seu trabalho. Entramos  por um portão de madeira e encontramos uma mata verde que protegia um pequeno lago. Ela ficou de cócoras em cima de uma pedra plana e começou a fazer movimentos com a cuia afastando as pequenas plantinhas aquáticas que cobriam a água. E aos poucos enchia cuidadosamente a lata com água. Eu observava aquele lindo lugar com todo o verde e a pureza da água que não podia ser poluída com o suor do nosso corpo. Era um lugar sagrado. Descobri que todos da cidade dependiam da pequena lagoa. Por lá não existia água encanada, torneira e nem chuveiro.  A água era levada na cabeça da moça que não perdia a graça e equilibrava com força em 3 caminhadas de casa até a lagoa.

Ao chegar enchia primeiro os potes de barro da cozinha e depois uma tina no quartinho dos fundos que chamavam  de banheiro. Aquele líquido precioso não podia ser desperdiçado e na lavagem da louça serviam para o manuseio duas bacias de alumínio. Toda a sobra iria para o pé de uma antiga laranjeira ficanda entre as pedras do quintal.
Era um lugar de poucas chuvas naquele sertão e ao meio dia o calor do sol forte tornava quente o descanso do almoço, razão porque os telhados eram tão altos.

Ao descobrirem as minhas façanhas no amanhecer do dia no trajeto das água, fui severamente repreendida. E no sermão fiquei sabendo de que não podia acompanhar a moça no serviço da casa, pois era visita importante da cidade vizinha e não ficava bem.
_ O que iriam pensar ? Dei com os ombros...
Eu é que iria pensar daquele dia em diante sempre que abrisse ou fechasse uma torneira naquela moça bonita, de sorriso largo e que em nenhum momento se queixou da vida que levava. Pensar na importância que seria para mim tomar uma chuveirada deliciosa com as águas que corriam através dos canos vindo lá da nascente do Crato.

Edilma Rocha
( Ofereço mais uma vez este texto ao amigo Evaldo)




Tributo a Nélio Clayton Barbosa Falcão - Por Claude Bloc

Nélio Clayton Barbosa Falcão – Meu mestre, meu ídolo
(Claude Bloc)

Nélio (à esquerda) - no Rio
Ao escrever este texto, em alguns momentos, vou ceder, certamente, à emoção, pois sei perfeitamente que cada dia é mais um dia roubado da noite e cada noite é tempo de reflexão e de espera. Em nenhum sentido, me considero aqui intelectual: escrevo impulsionada pela história das coisas e das pessoas, e procuro lembrar delas com todas as células de meu corpo, como se na minha vida sempre estivessem.

O que escreverei hoje aqui é como se fosse uma névoa úmida de saudade. As palavras podem vir como sons transfundidos de lembranças que se cruzam de forma díspar, rendas no tecido do tempo, pauta, música e musicalidade. O que tenho aqui é a história de um homem que o tempo não me deixou esquecer.

Eu sei que eu estou segurando a narrativa, como se pudesse segurar a emoção. É que esse meu escrito deveria ser composto sem palavras: como se aqui eu tivesse à minha frente apenas fotografias mudas que contassem sozinhas uma história, como um silêncio que fala, ou melhor ainda, como uma pauta onde desfilassem melodias puras, com clave de sol.
Zé Flávio Teles e Roberto Piancó com Nèlio - Radio Aararipe

De toda essa argamassa de lembranças que me atiça a memória, aparece enfim essa pessoa de que falo: Nélio Clayton Barbosa Falcão. Tinha-o/tenho-o como um ídolo. Nas festas em que “Hildegardo e seu Conjunto” ilustravam com uma maestria divina, estavam lá meus olhos voltados para aquele homem que empunhava seu instrumento de cordas, dedilhando, ora com leveza, ora com uma vibrante euforia, as notas das melodias que eu dançava ou que simplesmente escutava, enquanto sonhava com algum príncipe (des)encantado. Eu queria aprender a tocar as cordas de um violão com aquela agilidade e nelas encontrar o tom exato dessa sinfonia que me empolgava e ao mesmo tempo me apascentava.

Desde pequena, sempre fui ligada (embrionariamente) à música. Tentei praticar acordeom, mas o peso do instrumento foi desaconselhado para uma menina em crescimento, com escoliose, devido ao fato de ser canhota. Foi então que, aos 15 anos, soube por Sarah Cabral que havia aulas de violão na Educadora. Ela era a professora de teoria (leitura e solfejo) e Nélio o professor de violão (aula prática). As aulas ocorriam numa daquelas salinhas, no topo da rampa, e era lá onde eu ia assisti-las com João Roberto de Pinho e Gracinha Pinheiro.

O professor, antes de tudo, já era para mim um exemplo, não só pelo seu desempenho como músico, mas também pela sua paciente e terna postura para com seus alunos. Eu sonhava em ter, como ele, a mão ágil e hábil nas cordas de uma guitarra ou de um violão. Aquela dança dos dedos em bemóis e sustenidos era da cor da minha ansiedade. Confirmei há poucos dias pelo seu próprio filho – Nélio Junior - que minha intuição, já naquela época, não prescindia de um grande senso de observação. Segundo seu filho, o nosso grande Nélio, tinha “grande intuição musical; era amoroso; paciente e muito pacato." Era, então, assim  que esse pai passava zelosamente seu tesouro para os filhos amados: a música, a arte!

A vida de Nélio Clayton foi tão arraigada de amor ao Crato, que eu o imaginava cratense – e ele certamente o era, de coração. Mas me surpreendi ao saber que ele nasceu em Fortaleza - em 04.06.1928. A vida dele foi pontilhada pela música desde cedo, e a ela devotou seu sucesso e seu arrojado trabalho. Em todos os seus passos e gestos estavam essa delicadeza e a harmonia de uma pessoa que veio semear o bem.

São sempre emocionados os depoimentos das pessoas que passaram de alguma forma pela sua vida. Foi essa sua herança, mas curta sua missão. Como a um anjo, Deus o levou cedo (aos 45 anos) e de repente. Quem sabe, para ouvi-lo mais de perto...

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Histórico sobre a vida de Nélio Clayton Barbosa Falcão

Hildegardo e seu Conjunto (no Colégio Madre Ana Couto)


Nélio Clayton Barbosa Falcão
Nasceu em Fortaleza em 04.06.1928
Faleceu em Crato em 27.07.1973

Criado num meio familiar musical, desde cedo habituou-se com os acordes do violão.
Ainda jovem fez parte de grupos musicais que se apresentavam em Fortaleza, quando teve participação ativa nos tempos áureos da PRE-9/Ceará Rádio Clube.

Seguindo os passos do irmão Nilo, que integrava o famoso Conjunto 4 Ases e um Coringa, viajou para o Rio de Janeiro, onde na companhia do Maestro polonês Arnaldo Salpeter formou um Conjunto Regional.

Chegou ao Crato no ano de 1950, trazido pelo Maestro Arnaldo Salpeter, formando o Trio Jangada juntamente com o acordeonista Luzimar Alves, quando da fundação da Sociedade de Cultura Artística do Crato e Escola de Música Branca Bilhar, da qual foi professor de violão.
Mais tarde, formou também no quarteto Jangada juntamente com Maestro Arnaldo Salpeter, Hildegardo Benício e Hildelito Parente.

Integrou ainda "Hildegardo e seu Conjunto" e "Azes do Ritmo", e, por vários anos, também tocou em programas de estúdio e auditório das Rádios Educadora e Araripe. Nesta última, foi um dos seus pioneiros, juntamente com um dos seus grandes amigos, o radialista Wilson Machado.

Apaixonado pelo Crato, faleceu prematuramente aos 45 anos de idade - vítima de infarto fulminante - deixando muitos diletos amigos nos meios musical e social da cidade.
Sobre o Crato, falava sempre que vivia no paraíso (é onde está sepultado).

Foi casado com Maria Almira Brito Siebra e teve quatro filhos: Nélio Júnior, Nelmira, Neyla e Neylton.


domingo, 11 de março de 2012

Pedro Bandeira em livro

Dentro da Programação da Semana do Padre Cícero, que acontecerá entre os dias 18 a 24de março, será lançado o livro “O poeta Pedro Bandeira mostra Juazeiro ao Mundo”, no dia 22, às 19h00, no Memorial Padre Cícero, e contará com apresentações artísticas: performance de André de Andrade e repentistas contextualizando o trabalho de edição do mais novo livro sobre a poesia do poeta repentista Pedro Bandeiras de Caldas, que está sendo coordenado pelo prof. Mestre em Ciências da Educação, Franco Barbosa que também é escritor. O evento conta com o apoio da Secretaria de Cultura, Secretaria de Turismo e Romaria, de Juazeiro do Norte, e Fundação Memorial Padre Cícero.

Franco Barbosa escolheu dentre os seus mais de mil cordéis e trabalhos publicados, seguindo sua própria metodologia de edição de seus livros, com capítulos e numa sequência que possa agradar o leitor. Cada capítulo vem com um tema e seus textos estão dentro de um mesmo master mind (pensamento mestre). O poeta e apresentador Wellington Costa apresentou Pedro Bandeira como ícone vivo de nossa cultura popular, destacando suas produções como as mais perfeitas nos últimos tempos aqui do Cariri.

O livro será lançado no Triângulo Crajubar, em São José de Piranhas, na Paraíba, terra onde nasceu o poeta Pedro Bandeiras; Campina Grande; Fortaleza; Natal e Brasília, na Casa do Ceará.

O projeto de edição deste livro tem como objetivo primário trazer para as novas gerações, a poesia popular mais pura, genuína e singular de Pedro Bandeira, evidenciando o valor do repentista, por realizado um trabalho de corpo a corpo no Brasil a fora, divulgando no nome do Padre Cícero, de Juazeiro e do Cariri. Uma mídia ambulante realizada nas terreiradas pelos sertões adentro, debaixo dos juazeiros, nas casas de famílias, nos clubes, na TV, no rádio, na imprensa de uma forma geral. Pedro Bandeira cantou para o Papa João Paulo II em 1980, em Fortaleza. Esteve presente a vários eventos no Palácio do Planalto, cantou para vários presidentes da República, “todavia ele está acima das questões políticas, é uma unanimidade que atrai o respeito e o carinho de quem o conhece” enfatiza o coordenador da edição Franco Barbosa.

Um livro com 135 páginas, sete capítulos, compilado dos mil cordéis lançados por Pedro Bandeira nos seus 56 anos de poesia popular. Onde a essência, o encantamento e arte deste grande repentista se tornam um fenômeno.

sábado, 10 de março de 2012

Lutar! Para que lutar? – por Pedro Esmeraldo

Encontrava-me com um cidadão culto, professor, em plena tarde desta semana, quando ele se dirigiu a mim com clamor: "Olha a situação do Crato, com progresso debilitado, deixando o povo inconformado com a falta de apoio das autoridades...estas até parece  que têm omo objetivo estrangular o Crato, transformando-o numa cidade ormitório".

É triste, é infamante, desprezar esta cidade, já que é considerada a mola propulsora do desenvolvimento da Região Sul. Ninguém olha para aqui. Tudo é desprezo, é um abandono intrigante e ninguém pode entender esse descaso, pois isto é uma injúria que as autoridades de Fortaleza, juntamente com o pessoal de outra praga inimiga do Crato, que tenta arruinar a cidade para conseguir se elevar à custa do chapéu alheio. Também pudera, isto é feito com ajuda e apoio dos políticos desrespeitadores que contribuem com sua parcela do entreguismo e favorece o arruinamento desta cidade.

Agora, relembro que esta queda de asas em favor de outro município é intolerante e ainda digo: quem quer voar, voe por si mesmo, com suas próprias asas e não venha atrelar-se a outros municípios, prejudicando o Crato, retirando daqui o nosso patrimônio.

Eainda querem que o povo que se acostume a entregar os pontos com facilidade...

Outro dia, conversava com um senhor na Praça 3 de maio e ele vaticinava: o povo desta cidade deveria lutar com eficiência, visto que está entregando os pontos facilmente, sem luta e sem movimentar-se. Parece que todos baixam a cabeça e dizem amém.

Lutar, para que lutar? Se o povo entrega os pontos aos políticos mafiosos, que não fazem acordo e não praticam a seriedade; que compram seus votos com maldade, com a finalidade de arrefecer o desenvolvimento do Crato e não permitir que o povo lute dignamente por sua terra.

O povo acompanham esses homens com promessas ocas. E se amedronta com com a insasiedade dos cabos eleitorais, que vem empurrando o barco do povo sem nenhum critério, promovendo somente a cidade do Juazeiro do Norte. Afirmando: o que é bom para lá é bom para o Cariri.

Essa balela o Crato não deveria aceitar jamais, pois ninguém acredita em conversas contagiosas. Porque essas são enfiadas goela abaixo, através da mentira e da calúnia. A finalidade disso tudo é dilacerar o Crato.

Agora sim, o povo está revoltado e mais orientado. Ninguém aceita mais essa discórdia desmerecedora e o cratense vai com seriedade lutar com o fito de readquirir o seu prestígio, sem pieguice, sem maldade e sem a prática do clientelismo doentio que é o costume dessa gente.

Todos agora têm por obrigação votar com dignidade e amor à terra. Longe desse povo a falta de dignidade e o assédio eleitoral.

sexta-feira, 9 de março de 2012

JÁ TEM DOCE PRONTO ? Por Edilma Rocha

Sua voz era grave e rouca. Cabelos claros, olhos azuis, saia rodada, um avental surrado e arrastava um par de chinelos de couro pelo chão.
Meus olhos infantis mergulhavam no cenário da casa de lanche do interior. A cozinha no fundo do quintal abrigava um enorme fogão à lenha e as labaredas do fogo tremiam sob o meu olhar de espanto.  Por cima das lascas de lenha as línguas de fogo pareciam dançar saltitantes entre amarelos e vermelhos. O calor era sentido a certa distância e me deixava incomodada e curiosa.
Todo o trabalho iria começar : A tradicional merendeira trazia nas mãos com certa dificuldade e cuidado um grande tacho de bronze onde iria depositar uma quantidade de leite puro e perfumado. De uma lata retirava varias medidas de açúcar um pouco escuro e ia aos poucos misturando. Diante da alta e forte cozinheira eu parecia mais franzina e pequena do que  era na realidade. Olhos atentos observavam o vai e vem  da grande colher de pau que por um instante mais parecia um remo de um barco.
As paredes eram cobertas por fuligem negra e eu via as teias de aranhas no alto do telhado, brancas e brilhantes. Aos poucos se ouvia o borbulhar do doce que começava a encher a velha casa de um aroma delicioso que despertava a fome do meu estômago. A cor do leite se tornara acaramelado e se ouvia o som da colher de pau raspando o fundo do tacho. Era o sinal de que o doce estava ficando no ponto.
_ Está quase pronto ! Falava com sotaque e rouquidão.
Em silencio, sentada num pequeno tamborete, eu aguardava à chegada dos fregueses...
Eram retirados os pedaços da lenha e por cima das brasas depositado um flande que iria manter  a temperatura por um tempo. O doce era servido quentinho.
Tinha apenas uma mesa na sala e algumas cadeiras arrumadas sobre o chão de tijolos vermelhos. Curiosamente observava que a maioria dos fregueses eram homens e chegavam sempre no mesmo horário e com a mesma pergunta :
_ Dona Hortência, já tem doce pronto ?
Pequenos pratinhos iam saindo um a um cheios de doce de leite e eu corria feliz para levar as colheres de latão. Os sorrisos agradecidos e satisfeitos se estampavam nos seus rostos com a promessa de retornarem no dia seguinte.
E agora estava chegando o momento tão esperado por mim. Primeiro, lavar a louça, depois guardar em potes de vidro o restante do doce e em seguida, raspar o tacho com uma colher estranha que de tanto uso, só tinha uma banda. A raspa era escura, diferente do da freguesia, mas o sabor, especial. Sentávamos à mesa e Madrinha Hortência cantarolava um bendito da Igreja enquanto fazia pequenas bolinhas das sobras e as depositava num prato grande.
Finalmente eu saboreava o mais delicioso doce que a minha memória guardou para sempre...

Edilma Rocha
( Texto dedicado a Evaldo, amigo de infância dos arredores do Assaré )


quinta-feira, 8 de março de 2012

Willie Nelson - All of me

Para alegrar a noite ...


 

DENÚNCIA - Fachadas Históricas do Crato estão sendo Destruídas (Postado no Blog do Crato)


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2pg8WEcYQG-0ZxoXiRkCD5F78kXHroOzI0QBlfnKubMPCxaHnCoNpa5M7EHPGwnfgeic5sb2xydcoK4LUWm55hnL11a0O4zVz0DqwRF5NlR93NC1S3yGUbhy6L8iZm7MeiVfOzkD978w/s1600/fachada650.jpg

 
Absurdo! - Um problema grave está acontecendo aqui na cidade do Crato. Não sei se vocês já perceberam; Alguns proprietários de imóveis antigos estão operando de um jeito muito peculiar quando querem destrui-los para construir novas edificações. Eles trabalham calados, derrubando primeiro a parte interna do imóvel e mantendo a fachada intacta até que no final, quando o prédio já está todo construído por dentro, finalmente derrubam a fachada. 

Foi isso que fizeram recentemente, num casarão antigo que existia ali quase na esquina do BUBBA´S na Praça Siqueira Campos, mais propriamente na Rua Senador Pompeu. Há poucos dias eu ainda passei por lá e vi a fachada. Agora, não mais... FIQUEM DE OLHO. E aqui fica registrada a nossa indignação e conclamamos os órgãos fiscalizadores, - Se é que existem -, para que tomem uma providência imediata. O prédio da foto situa-se na Praça da Sé. 

A foto é de Ulisses Germano, que aliás, tem contribuído muito para mostrar os absurdos da nossa cidade.

www.blogdocrato.com
Há 7 Anos, o Crato na Internet

HOMENAGEM À MINHA MÃE - ESSA MULHER SEM IGUAL

Um anjo! 
 (Claude Bloc)


Deus trouxe um anjo à terra...regou a semente, conduziu os seus passos e deixou-o pelo mundo a praticar o bem.

Deu-lhe um nome – Janine – deu-lhe também uma missão difícil: o perdão...

E assim, esse anjo tão humilde quanto simples, lançou-se em busca dessa trajetória. Sofreu as agruras da guerra, a grande miséria dessa vida, e perdoou os que lhe trouxeram essa dor.

Voou pra outras terras, amou o seu Hubert, lhe deu filhos... viveu em pleno sertão e perdoou a ausência de seus entes queridos e a saudade da França.

Foi boa, generosa, desprendida e se fez amor por todos os que passaram de alguma forma em sua vida. Era fácil amar esse anjo!

O tempo, a distância, as pessoas, lhe trouxeram muitos sorrisos e muitas lágrimas de alegria e de tristeza e ela sempre perdoou, mesmo aquilo que não entendia. Não conseguia guardar dentro de si o rancor e sempre tinha pronto em seus lábios um sorriso que abrigava  a dor e confortava a alma. Mesmo quando abatida pela amargura, levava adiante sua missão e enchia-se de força. Sorria!

E diante dessa doçura, perante a paz que distribuía aos passantes, todos se voltavam pra ela acolhidos pelo bem que semeava.

Mas... Deus achou que era hora de voltar pra junto d’Ele. Tomou o anjo em seus braços e soprou ao seu ouvido: “ É hora!” ... e embora deixasse aqui na Terra essa dor imensa que é sua ausência, poupou-a. Não a deixou sofrer mais. Tocou a semente do perdão e espalhou-a pelos corações dos que a amavam. Voltou-se para o anjo com doçura e  fê-lo alçar seu derradeiro vôo.